Meu Amável Vizinho escrita por Sweet Of Style


Capítulo 27
Perigo


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tive apenas dois comentários até agora e ninguém veio me dar ideias para o capítulo bônus, então talvez não tenha.

Espero que gostem, boa leitura.



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No capítulo anterior...

— Onde está o Rafael?

— Não está aqui. — Respondi. — O que quer?

— Tente controlar os ciúmes do seu... namorado, aquilo foi desnecessário e infantil.

— Hm, vou sim. — Abaixei minha cabeça. — Tenho que desligar.

— Até mais.

Hoje era sexta-feira, o que significava que era o último dia de aula — semanal — e eu poderia enfim ter paz!

Depois daquele pequeno incidente entre o Rafael e o Johnathan, eu decidi pensar mais antes de fazer algo, posso acabar machucando ambos, e não quero isso.

Meu relacionamento com o Rafael está mais... normal. E isso chega a ser chato. Digo, não o fato dele ser mais carinhoso, compreensivo, estável, etc.... Mas eu sinto falta das brincadeiras, xingamentos, apelidos sem sentido e até dos nossos beijos sem compromisso.

Talvez eu esteja apenas com saudades de tudo aquilo. No fundo, eu sabia que gostava.

E agora estou aqui, em seus braços, depois de dormir por algumas horas depois de uma longa e entediante conversa com meu pai, sobre o que eu devo ou não fazer agora que os estudos começaram.

O Rafael ainda dormia, seu rosto sereno e tranquilo, como sempre é enquanto ele dorme. O quarto bem escuro não facilitava minha visão, mas sabia que ele estava acordando pelo seu mexer nos braços.

Tentei sair de seus braços, para preparar algum lanche, mas era meio impossível com o peso de seu braço no meu corpo.

Enquanto ele precisava apenas de um, sem fazer esforços, para me deixar intacta, eu precisava da ajuda de meus braços e pernas para apenas diminuir sua velocidade.

Depois de muita luta e fracasso, desisti e continuei ali, em seus braços, alisando seu cabelo quase loiro enquanto ele me apertava ainda mais contra ele, me fazendo suspirar.

Só acho que ele está bem acordado para o meu gosto.

— Worthy? — Chamei-o. — Eu preciso sair.

Vi um sorriso brotar em seus lábios, mas ele apenas continuou na mesma posição.

— Não vou te deixar sair. — Disse, ainda de olhos fechados, esmagando meu rosto com seus lábios.

— Sem brincadeiras. — Disse. — Eu tenho aula, na verdade, nós temos aula, esqueceu?

— Ugh, quem se importa com aulas quando se tem uma professora particular? — Perguntou, ainda com as merdas dos olhos fechados.

— Mas essa professora precisa estudar! E eu não vou dar cola ou fazer o dever por você. — Reclamei. — E abre a droga dos olhos! E pode me soltar!

— Ei, está exigindo até demais. — Revirou os olhos, após finalmente os abrir. — Precisa relaxar Jujuba. — Pegou o celular e o ligou. — Veja, faltam duas horas.

Mostrou-me o celular e vi que tínhamos muito tempo ainda. Mas mesmo assim, continuei com minha cara de papa quente, emburrada em seus braços, procurando uma forma de sair.

— Não sou exigente, apenas quero ser livre.

Sem falar nada, ele me soltou, na verdade, me jogou para fora da cama, pegando o cobertor e se virando para o lado oposto.

— Está livre para fazer o que bem entender. — Disse.

— Sabe que não foi isso o que eu quis dizer. — Revirei os olhos. — Rafael, olha pra mim. — Balancei-o. — Olha pra mim!

— E ainda diz que não é mandona. — Resmungou. — Você não era assim.

— Ah quer saber? Se vira! Continue aí como o babaca que você é! — Joguei todos os travesseiros nele. — É bom que perca o resto das aulas, não passe no vestibular, vire o bêbado seboso, gaste o resto do seu dinheiro com drogas e mais bebidas e acabe morrendo com overdose! Como o seu pai!

Ele se levantou, e eu juro que vi seus olhos ficarem vermelhos, não por querer chorar, e sim de raiva. Ele veio até mim, e eu acho que fiquei mais pálida que o normal quando ele segurou meu pescoço com tanta força, que eu jurava que iria desmaiar ou morrer a qualquer momento.

Os olhos dele de repente tomaram uma colocação negra e escura, eu via através de seus olhos, toda sua dor, todo o sofrimento e me arrependia completamente por ter aberto a boca e ter dito aquilo.

— Nunca. Mais. Repita. Isso. — Disse, com ódio transbordando em suas palavras.

E a cada palavra dita, era uma facada no meu coração. Me sentia um lixo, um porre. Eu sabia que tinha mexido com todo o seu passado, mesmo sabendo de sua dor. E me sentia repugnante quanto a isso.

— Rafael, o que está fazendo? — Perguntei, num sussurro.

E como se aquilo não fosse o bastante, ele segurou meu pulso, com firmeza e me jogou contra a parede do corredor, me tirando do quarto.

Mas o pior, não foi o fato de que ele me jogou, e sim, que eu acabei me desequilibrando e caindo na escada.

E agora sim, eu senti dor, uma dor terrível, e o estalo de um osso se quebrando. Gritei, antes de ver o Rafael em borrões, na minha frente, me balançando.

(...)

Lentamente, eu ia abrindo os olhos. Uma dor horrível na minha cabeça, eu estava tonta, e aos poucos a dor ia se espalhando por todo o meu corpo, ficando cada vez mais forte.

Assim que abri os olhos de vez, me vi no mesmo quarto de antes — ou apenas parecido —, eu estava na urgência do hospital. E como antes, uma enfermeira estava ao meu lado, sorrindo.

— O que... estou fazendo aqui? — Perguntei, tentando me levantar, enquanto a enfermeira me empurrava para que eu deitasse novamente.

— Oh senhorita, não faça esforços, muito menos com a mão esquerda! — Reclamou.

Olhei para minha mão esquerda, assustando-me. Estava enfaixada, na verdade, e tinha um curativo na minha testa.

De repente tudo veio novamente a minha cabeça. Nós acordando juntos, nossa pequena briga, eu falando besteira e ele perdendo completamente o controle.

E agora eu percebi. Eu não posso morar com ele, de jeito algum. Do que o Rafael precisa é de um psicólogo, um psiquiatra, ou algo do gênero. Ele não tem condições de continuar assim.

E eu é quem não vou continuar ali, não depois disso.

— Querida? — Ouvi uma voz grossa e rouca, rapidamente me virei para olhar quem era.

Meu pai.

— Pai?

— Como está se sentindo? — Perguntou, com um tom de voz cansado.

— Já estive melhor. — Suspirei.

— Jullia, querida, eu sei que se sente bem morando em um apartamento sozinha, sem nenhum adulto para te dizer o que fazer, mas eu peço que volte, volte para casa. — Pediu. —Não para morar, sei que não quer, mas, para passar um tempo.

— Eu... não sei, preciso resolver uns assuntos primeiro. — Olhei para meu pulso e depois voltei meu olhar para ele. — Pai, quando vou sair daqui?

— Só quebrou o pulso. — Só?! — Hoje mesmo pode sair.

— Tudo bem, mas para que o soro? — Perguntei.

— Ugh, quase esqueci. Você bateu a cabeça e fez um tipo de corte na sua testa. — Falou com tanta tranquilidade, que achei que estivesse até feliz. — Vou deixá-la descansar.

Saiu do quarto me deixando lá, deitada, sozinha.

Essa proposta do meu pai chega a ser tentadora, afinal, o que eu quero agora é distância do Worthy. O máximo possível.

Claro que todo aquele papo de “eu gosto de você” foi por água a baixo. Depois disso, nosso namoro não existe mais, não para mim.

— Anna? — Me virei, encontrando o Johnathan ao meu lado.

— Johnathan?! — Quase gritei, e ele enfiou a mão na minha boca.

— Fique quieta, eles vão me ver. — Retirou a mão e sorriu, travesso.

— Como entrou aqui?!

— Janela. — Deu de ombros. — A culpa não é minha se eles não me deixaram entrar.

— O Rafael...

— Não, ele está em casa. — Me analisou. — Escuta, ele disse que você escorregou da escada, mas eu não acredito muito nisso. Ele estava preocupado e tenso demais.

— Não foi isso.

— Quer me contar? — Perguntou. — Sabe que pode confiar em mim.

— Posso ficar na sua casa? — Perguntei, notando sua expressão de espanto e curiosidade. — Digo, posso arranjar outro lugar, se eu não puder...

— Está pensando em se mudar? — Perguntou. — É claro que pode ficar lá! O tempo que quiser!

— Sim, eu vou e obrigada John. — Sorri, segurando sua mão. — Mais tarde eu te conto tudo, ok?

— Tudo bem.

(...)

Depois que o Johnathan saiu, recebi várias visitas, até o Rô veio me ver e pediu desculpas por tudo, menos ele. Ele causou isso tudo e não veio nem ver se eu ainda estava viva, simplesmente sumiu.

Como esperado, voltei para casa no mesmo dia e tudo estava normal lá. E quando digo normal, é normal mesmo.

Não tinha um caco de vidro no chão, camas arrumadas, tudo em ordem, mas a única coisa que não estava no lugar, era o Rafael. Ele não estava lá.

E bom, agora também não estou. No momento estou tentando colocar minhas malas no carro de uma forma que não precise ocupar espaço no banco de trás, onde a Avery e o Derek estão, sendo observados diabolicamente pelo John, que não gosta muito da ideia de a irmã namorar.

— Pronto, podemos ir? — Perguntei, após fechar o porta-malas.

— Claro. — Johnathan respondeu, tirando a atenção da irmã e direcionando o olhar para mim. — Tem certeza que não quer falar com ele?

— Não quero nem olhar para sua cara. — Resmunguei, mordendo os lábios e sentando no banco do passageiro.

— Relaxa, Anna! Se você consegue colocar três malas dentro de um carro com um pulso quebrado, consegue ignorar seu ex. — Derek disse, beijando a bochecha a Avery, que sorria se se inclinava para beijá-lo.

— Vou apenas direcionar meu olhar para você, Derek. — Johnathan olhou para Derek, que se afastou um pouco da Avery.

— Pega leve. — Ri com o ciúme dele. — Deixe os dois serem felizes!

— Falando em felicidade, você mora com o seu namorado aí, certo? — Derek perguntou. — Então por que está indo embora?

— Ex-namorado. — Corrigi. — E estou saindo por um tempo indeterminado, não precisa saber dos motivos.

— Temos que conversar depois. — Johnathan disse, colocando a mão na minha coxa, sem desviar o olhar dos carros a nossa frente.

Apenas assenti e fiquei brincando com alguns pingentes da pulseira que ele me deu.

A Avery conversava animadamente com o Derek no banco de trás e o Johnathan hora olhava para eles, hora olhava para mim, mas na maior parte do tempo, sua atenção estava no transito a sua frente, quando na verdade, está em outro lugar.

Dei um longo e cansativo suspiro quando o carro parou na frente da grande casa onde moram apenas o Johnathan e a Avery.

Desci do carro, enquanto o Johnathan já tinha tirado minhas malas do porta-malas e as colocava na calçada. Olhou para mim e sorriu, como se dissesse “vai ficar tudo bem” e abriu a porta a sua frente, nos deixando passar antes.

Entrei na casa e esperei o John entrar, entregando uma mala para o Derek, que com relutância subiu as escadas com ela, indo para o meu “novo quarto”.

(...)

— Você está bem? — Johnathan perguntava, de minuto a minuto. — Não acho que tenha o esquecido de uma hora para outra.

— Não esqueci. — Confirmei.

Estamos deitados na grama da parte detrás da casa. Eu com a cabeça em seu braço, que me apertava, enquanto ambos encaravam o céu azul escuro, estrelado.

— Mas também não vou lamentar. — Terminei, olhando para ele. — Por que me pergunta tanto isso?

— Por que você ainda não respondeu. — Deu de ombros.

— Acabei de responder.

— Não. Você disse que não o esqueceu. — Explicou. — Em nenhum momento disse se estava bem ou não.

— Não, não estou, mas vou ficar.

— Apenas pare de pensar nisso.

— Vou tentar.

Onde será que o Rafael está? Essa é a pergunta que não sai da minha cabeça.

Posso até tentar, mas uma hora ou outra terei que conversar com ele e bom... esclarecer nosso término. Acho que um namoro de mais ou menos duas semanas não deve ter significado muito para ele.

Afinal, pelo que me lembro, ele nunca namorou sério, eram apenas noites de sexo com qualquer garota que ele encontrasse. Claro, tinha que se encaixar em seus padrões.

Acho que foi um erro ter morado com ele. Digo, quem em sã consciência iria dividir um apartamento com um cara que mal conhece? Eu.

Não tem nem cabimento! Imagina se ele fosse um estuprador? Assassino de aluguel? Um traficante de mulheres? Traficante de órgãos! Ou até mesmo um velho seboso?!

Por uma puta sorte do destino, ele não é nenhum deles, mas se fosse, eu não teria me apaixonado.

Ugh como eu queria que o Johnathan nunca tivesse conhecido aquele cara no bar... Ele não teria conhecido o Bob e ainda estaríamos juntos e eu não teria morado naquela droga de apartamento.

E se.... minha mãe, tivesse ficado? Meu pai dizia que ela sempre quis morar no Brasil, talvez eu estivesse lá agora.

— No que está pensando Anna? — Johnathan perguntou, acariciando meu pescoço com o seu nariz. — Está muito quieta.

— Muitas coisas, John. — Olhei para ele e sorri, fazendo-o sorrir também. — Acha que pequenos detalhes podem fazer uma grande diferença?

— Depende. — Riu. — Em que sentido está falando?

— Se você nunca tivesse entrado nesse mundo... ainda estaríamos juntos e eu não conheceria o Rafael? — Perguntei.

— Eu não sei. — Olhou para o céu. — Muita coisa pode acontecer e mudar o futuro, mas sim, se eu não tivesse entrado naquele mundo, conhecido o Bob, nós provavelmente estaríamos nos beijando agora.

— Você... quer me beijar? — Perguntei.

— Não imagina o quanto.

— Então por que não o fez?

— Porque você não quer. Você gosta do Rafael. — Olhou para mim. — Na verdade, você gosta de nós dois, mas não vou ser um canalha como ele e beijar uma garota por um simples capricho meu.

— Isso não é verdade.

— Não? — Perguntou. — Se uma palavra do que eu disse estiver errada, eu juro que nunca mais ouso olhar na sua cara novamente.

Virei a cabeça, envergonhada. Assim como ele, eu sabia que ele estava certo, sabia que cada palavra era verdadeira, mas não iria ferir o restante de dignidade que me sobrara.

— Tanto faz. — Respondi.

— Por que tem essa mania de gostar das pessoas erradas? — Me perguntou. — Vamos admitir que tanto eu, quanto o Rafael, não somos bons exemplos de pessoa.

— Talvez eu goste do perigo. — Sorri.

— Talvez você seja o perigo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Deixem opiniões e me digam sobre o que vocês querem no capítulo bônus.