Era hora do almoço na Rússia, e o sol estava a pino. Estava relativamente calor para as temperaturas médias de verão do país.

Belarus se abrigou debaixo da sombra da porta da frente da casa de seu irmão mais velho, Rússia, ou como ela preferia chamá-lo, Ivan. Ela gostava de como o nome humano dele soava bem, forte. Os nomes humanos são para uma nação a coisa mais pessoal que podem ter. Para um país chamar o outro pelo nome humano, é preciso ter uma relação muito próxima e forte. Belarus gostava de pensar que sua relação com seu irmão era assim.

Nos seus braços, estava apoiado um caderno de capa dura e lisa. Ela observou melhor o objeto. Na capa, lia-se “PROPRIEDADE DE BELARUS. Encoste um dedo e me observe enquanto eu corto a sua garganta.” Belarus riu consigo mesma de seu humor negro e sádico. Na primeira página do caderno, podia-se ler escrito numa letra cursiva:

"Guia da Belarus de Como Seduzir o Seu Irmão Mais Velho."

Tinha decidido criar o guia baseado na sua vida e nas suas experiências tentando conquistar o irmão. As pessoas diziam que ela era doente e que incesto era algo abominável, mas ela não via nada disso. Ela amava muito o irmão mais velho que tinha, o admirava em cada aspecto, desde sua força até seus cabelos pálidos. E não via problema nenhum neste amor. Mas aparentemente, o resto do mundo, incluindo seu adorável irmão viam. Convence-lo a casar-se com ela sempre fora uma tarefa difícil. Ela tentava há anos se juntar á ele da forma mais íntima política e humanamente possível. Mas ele sempre a rejeitava, alegando ser errado.

Belarus sabia que Rússia só estava dando uma de difícil por causa dos outros países e do que eles iriam achar da relação incestuosa. Mas ela tinha certeza que um dia iria conseguir conquistar o irmão mais velho.

E foi por isso que tinha montado o caderno. Ela tinha uma plano, constituído de etapas, para conseguir o amor de Rússia, e decidiu que seria injusto não compartilhar sua obra com o mundo. Ela montou o guia e o intitulou “Guia da Belarus de Como Seduzir o Seu Irmão Mais Velho.” Tinha certeza absoluta de que esse manual ainda seria útil para alguém algum dia, não importa o que Lituânia dissesse. Talvez ela pudesse emprestá-lo para Liechtenstein quando terminasse de escrever.

E era o que pretendia fazer hoje. Havia abertamente abdicado a todas as sua importantes e terrivelmente entediantes tarefas como o Estado Bielorrússo em prol de passar a tarde com o irmão, aprendendo mais sobre as artes do flerte e quais funcionavam em irmãos mais velhos.

Ela olhou mais uma vez para a página do caderno. Logo abaixo do título, havia escrito sua primeira dica e etapa no seu plano secreto. Esta era a etapa mais longa, consistia em acompanhamento diário ao irmão em suas atividade e provar companheirismo e confiança, visando ganhar intimidade e talvez um pouco de atenção. Ela leu a primeira dica escrita.

“DICA 1# - Faça com que ele te note.

Porque todas nós sabemos como irmãos mais velhos podem ser um pé no saco quando decidem fingir que nós não exigimos ou nos evitam a qualquer custo. Então, certifique-se de que ele note você com mais frequência do que o usual, perseguindo-o por todos os cantos e lembrando-o sobre o quanto você o ama.”

Vinha praticando esta dica a tanto tempo que se considerava uma expert no assunto. Os outros países diziam que era um comportamento não saudável e preocupante. América frequentemente a chamava de stalker. Belarus não sabia o que isso queria dizer, mas também não ligava.

Bom, o importante é que ele não mais esquecia dela ou a evitava com tanta frequência. Ele estava a aceitando cada vez mais na sua vida, do jeitinho que devia ser.

Belarus sorriu, virou-se para a grande porta de madeira e batendo três vezes.

– Irmãozãããããooo! - ela cantarolou, numa voz tão angelical e fina, que quem não a conhecesse abrira no mesmo instante.

Mas esta era casa de Rússia e ele a conhecia bem demais.

– Ivan? Ivanitch? - ela continuou, batendo cada vez mais forte e rápido. - Vamos, abra pra mim! Eu vim te fazer uma visitinha, passar um tempo com a pessoa que eu mais gosto!

De novo, não ouve resposta.

– Ivan, abra essa porta! - ela falou mais alto, batendo com ainda mais força. - Você sabe que não pode se esconder de mim pra sempre, então abra logo essa droga neste instante! Ivan!

Belarus então fincou suas unhas na porta e arranhou toda a pintura com suas unhas fortes. Seus dedos eram cheios de curativos por causa deste seu “hábito”, e as portas da casa do Rússia, por consequência, eram trocadas toda semana.

Era doloroso, mas fazia um barulho impossível de passar despercebido. Então, valia a pena.

Mas novamente, ninguém atendeu a porta. Não ouvia-se um ruído pela casa, mas ela sabia que Rússia estava lá. Estava a evitando novamente? Mas que droga, quando ela achou que as coisas entre os dois estavam melhorando!

Belarus voltou a gritar, agora xingando o irmão de coisas muito mal educadas. Por que os bálticos não abriam a porta? Sabia que Lituânia tinha um carinho estranho especial por ela, e sempre a recebia na casa. As vezes Rússia o fuzilava com os olhos quando via a visita sentada na sala. Ela não sabia o porque mas não questionava a atitude de nenhum dos dois. Enquanto ela pudesse entrar, ela não reclamaria. Mas agora, ninguém se mexia lá dentro.

Ficou ali por alguns bons minutos, gritando para a porta, arranhando e esmurrando toda a superfície com toda a força e determinação que tinha no seu ser. Eventualmente, o cansaço e a fadiga a venceram. Ela se sentou, as costas apoiadas no elaborado corrimão que levava a porta da frente, e mal percebeu quando os olhos começaram a lentamente se fechar. Ela lutou contra as próprias pálpebras, mas até países se cansavam depois de horas de estresse emocional e sessões repetidas de murros e chutes numa superfície tão dura.

Rússia só a encontraria meia hora depois, carregando as sacolas de supermercado em uma mão e a chave da porta em outra.

– Belarus? - ele largou as compras no chão, se aproximando da garota nocauteada pela exaustão. - O que está fazendo aqui fora?

Ele recebeu um resmungo sonolento em resposta.

Observando as marcas de unha na porta, era fácil deduzir que ela viera atrás dele, mas como ninguém respondia, acabou dormindo na soleira da porta.

Rússia se atreveu a sorrir um pouco. Sua irmã era louca, mas sua determinação era simplesmente adorável.

Ele então a pegou nos braços e abriu a porta. Atravessou a enorme sala de sua mansão e subiu as escadas com a garota aninhada em seu peito e a posicionou confortavelmente em um dos vários quartos de hóspede vazios. Antes de descer para recuperas as sacolas que havia deixado na porta, beijou com ternura a testa da irmã, a desejando bons sonhos.

Rússia não percebeu quando ela sorriu levemente.