I'm replica of me escrita por krolrodriguezz


Capítulo 1
Capítulo 1




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Eu estava encarando Voldemort e sabia que não me restaria muito tempo, ele não poderia querer me presentear quando a sua tão preciosa varinha não funcionara. Os passos arrastados dele me fizeram bambear mais um pouco, eu já sabia o que me aguardava, Nagini aos seus pés e a sede por sangue e poder no seu olhar pareciam já rasgar meu corpo quando ele deu a seu último passo para finalmente possuir o poder que tanto ansiou por todos aqueles anos de escuridão. O sangue saindo do meu corpo manchando o cinza do ambiente, fazendo minha pele pálida perder o resto de cor que a vida havia me proporcionado, enquanto minha alma já não havia mais cor, exceto por um singelo ponto no meu peito, que ela, o meu anjo havia me marcado com aquele ponto de luz. Eu estava novamente sozinho, sem a esperança de vê-la mais uma vez, sem a certeza de que ela iria se lembrar de mim e me amar como um dia ela me prometera, com palavras doces que acalantavam minh’alma, com beijos que reviviam meu corpo morto, com o brilho nos olhos que reacendiam minha vida, dando tons de acobreado para o acinzentado da minha rotina. Um ruído me tirou das minha doloridas lembranças de solidão, com esforço ergui meus olhos e pude ver o trio de ouro aos meus pés, o Potter vinha na dianteira e logo atrás ela, que chorava compulsivamente, tudo o que eu mais queria naquele momento era erguer minha mão e enxugar suas lágrimas, que pareciam partir meu coração ao meio, que machucavam mais do que o ataque que havia sofrido minutos antes, mas eu não conseguia fazer mais nada. Potter se aproximou de mim e tentou conter algo incontível, a morte. Eu pedi para que ele pegasse e salvasse minhas últimas e tortuosas memórias, meus olhos escaparam para ela mais uma vez antes de voltar para ele e poder dizer o que eu nunca permiti que meus lábios soltassem: “Você tem os olhos da sua mãe”. Ali eu me deixava ser levado pela morte, para um dia encontrar Hermione Granger novamente e viver, o amor que eu nunca havia me permitido em vida viver.

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Harry carregava as memórias de Snape como se elas pesassem uma tonelada, ao mesmo tempo em que pareciam frágeis como uma pedra rara. Jogou a penseira sobre a mesa de Dumbledore e despejou tudo o que aquele homem, que nunca fora bom para ele, havia lhe permitido ver. Mergulhou sua cabeça e se deixou levar pelas ondas das lembranças. Eram lembranças recentes, eram de antes da tomada de Hogwarts, antes dele confrontá-lo. Severus observava o que um dia era o seu lar, agora não havia mais vida e esperança no caminhar e no olhar dos que estavam lutando para não abandonar o local em que cresceram, não era somente isso, sua mente estava em alguém, ele conseguia sentir no seu peito a angústia que ele estava sentindo no momento. “Hermione”. Ele sussurrou para o vento, mas o garoto que estava ao seu lado pôde ouvir a dor em cada letra do nome de sua amiga. Então era nela que Severus pensava quando estava ali, no cinza das cores dos dias negros. As memórias mudaram para o dia em que ele matara Dumbledore, ele estava em sua sala e olhava o céu, Harry também sabia o que aquela mudança repentina de clima significava, os olhos negros estavam marejados quando novamente os seus lábios soltaram o nome dela, com tanta culpa e dor, que o menino que estava ao lado do homem chorou, seu antigo professor pedia aos céus que um dia ela lhe perdoasse, aquela imensidão azul profundo parecia ser o seu porto seguro e seu poço de misericórdia, onde ele se apegava quando mais ninguém estava ao seu lado. Enquanto Harry enxugava seus olhos seu ambiente mudou, mas não os personagens, dessa vez Hermione não era só um pedido de misericórdia, ela era a personificação da vida para aquele homem sofrido. Ele se afastava enquanto ela se aproximava dizendo que ele não precisava mais sofrer nas mãos daquele que ele chamava de Lord, que ele ainda podia ser livre e se entregar ao amor. Ele sorriu. Ela chorou. E Harry no meio de toda aquela enxurrada de sentimentos queria gritar e fugir da culpa que parecia ter colocado sobre os seus ombros todo o desprezo e ódio que um dia destilou contra aquele homem. Os dois amantes conseguiram se entender enquanto a luz sumia na escuridão, quando já era noite alta os dois seguiram com ela segurando a mão para lhe dar a força que não conseguia mais expressar em palavras. Tudo escureceu e quando Potter conseguiu enxergar onde estava conseguiu trazer para si suas próprias lembranças daquele dia em que ouvira os gritos de Hermione, que derramavam dor. Ele estava chegando quando viu Hermione sendo torturada, não podia fazer nada, mas por dentro queria afastar e matar todos que encostaram nela. Queria rasgar a pele de todos que causaram qualquer dor na mulher que lhe tirara todo o sofrimento. Harry novamente chorou, não conseguia mais aguentar aquela dor. As pessoas corriam e a lembrança do último confronto que tivera com ele, era uma lembrança compartilhada, mas agora saberia como era a outra versão do que vivera. Eles iriam se confrontar, mas primeiro Minerva se pôs entre os dois, ele havia hesitado, mas ver Hermione entrar junto com todos os outros membros da Ordem o fez novamente sentir que não podia fazer o que fez com Dumbledore, não ali, nunca machucaria a mulher que um dia o acolhera, quase como uma mãe, ainda mais na frente dela, a mulher que ele mais amara e amaria na vida. Não revidou, não atacou, não os seus, mas sim aqueles que ele lutava em segredo, os dois comensais agora eram somente lembranças de dias de lutas constantes para estarem vivos dentro das paredes do local que um dia fora o lugar mais seguro no mundo, depois Gringotes. Harry agora sabia o que havia acontecido, não era a força de Minerva que ele temia, nem mesmo todos os outros membros da Ordem, mas sim, Hermione, em especial ele não queria ver mais uma vez a decepção nos olhos doces dela. As lembranças agora passavam mais rápidas, Snape pedia para Dumbledore, que nunca a incluísse em seus planos malucos, que nunca a colocasse em perigo, mas o velho mago, que um dia Harry achou ser seu melhor amigo, não era tão bondoso, ele queria algo em troca por aquele pedido, Severus como um homem que ama e que receava a definitiva distância de sua amada, caso algo lhe acontecesse, entregou sua vida nas mãos do velho bruxo. Harry se lembrava do local da próxima lembrança, Dumbledore havia mandado Gina e Hermione visitar uma velha residência para ver se encontravam traços de uma amiga, que ele afirmava que ajudaria em demasiado no que enfrentariam agora com a volta de Voldemort, ele também se lembrava de Snape furioso chamando Dumbledore para conversarem no escritório, mas não sabia o que aconteceu entre os dois. Uma mancha negra entrou nos destroços da velha residência que havia sido atacada, a cada degrau que subia, tinha mais medo do que poderia encontrar no fim, no meio do caminho encontrou um comensal morto, havia tido uma batalha e implorava para qualquer um que ouvisse suas preces que aquela tenha sido a única baixa. Mais alguns passos e a viu ali no chão, com o braço marcado com as palavras que um dia marcaram a alma de sua melhor amiga, quando brigaram há tantos anos, não suportou a dor, deixou seu corpo escorregar até o chão e chorou, enquanto Harry observava a cena de lado, sem conseguir se mover, sem conseguir que seu corpo desabasse assim como sua mente estava. Sua mente achou que ele tinha voltado para o escritório, mas era mais uma lembrança, estavam Severus e Dumbledore conversando, ele não via ódio ou fúria nos olhos do Mestre de poções, pelo contrário, ele via dor e preocupação, queria tanto estar ao lado de Hermione, culpava e gritava a culpa sobre o ex Diretor, ele o culpava por cada letra agora marcado no braço dela, uma cicatriz, como a marca negra que ele possuía no braço, que sempre que precisava erguer suas mangas ele se lembrava da desgraça que era sua vida. Ele só fizera mais um pedido, ninguém poderia saber sobre aquele amor, nem mesmo Hermione, ele queria que todas as memórias dela fossem apagadas, modificadas, ele não queria que ela se lembrasse, para não sofrer como ele sabia que ela iria assim que ele cumprisse o que havia dado em troca da segurança dela. As imagens agora ficavam embaçadas, ele sabia que estavam chegando ao fim, mas agradeceu, não aguentaria mais todo o sofrimento que aquele homem, que ele sempre julgara errado, carregava dentro de si e em silêncio. A mão de Dumbledore já estava negra, tanto quando Harry se lembrava, os dois conversavam, Dumbledore contava para Severus que o menino que sobrevivera deveria morrer para que Voldemort pudesse finalmente morrer, Harry então paralisou, ele era somente mais uma peça no tabuleiro de xadrez de Dumbledore, que seria sacrificado pelos reis para protegê-los. Severus não conseguia aceitar, mas faria, porque ele sabia que não poderia fugir de seu destino, mas novamente pediu por ela, pediu para que ela não sofresse mais do que já estaria sofrendo, pediu para que de alguma forma pudesse ajuda-la, o velho bruxo pareceu se assustar, não acreditava que aquele homem tão frio ainda guardasse tanto amor. “Depois de todo esse tempo?”. Severus somente ergueu sua varinha e de lá saiu um patrono, que correu toda a sala, mas antes que pudesse sair aproximou-se de Dumbledore e ele pode sentir todo o amor. “Always”. Foi a última coisa que Harry ouviu antes que voltasse de uma vez para a realidade, nunca poderia imaginar que seria daquele jeito que seguiria sua vida, sabendo que tudo o que vivera foi uma mentira. Seguiu para a batalha que fora preparado toda a sua vida, mas antes pediu para que Hermione subisse até diretoria e visse as lembranças que recebera de Severus. Hermione hesitou, queria acompanhar o melhor amigo, mas quando viu a dor nos olhos verdes obedeceu e mergulhou nas lembranças, quando voltou não conseguia parar de chorar, finalmente descobrira o que era aquele vazio que sentia no peito. Era ele e seu amor.


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