Happy ending or not. escrita por Naiana Mara


Capítulo 2
A profecia.




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Narrado por Agatha.

Continuei parada por ali. Os olhos fechados, uma mão envolta com a do meu companheiro totalmente desconhecido, a respiração entrecortada como a dele e a espera do término do sonho. Mas, aquilo não acabou. Também senti que meu companheiro esperava a hora que aquele sonho tão conhecido iria acabar. Talvez ele também tivesse esse sonho todo esse tempo, o que tornava tudo aquilo mais sinistro ainda.

– Então não vou acordar? Isso não é um sonho?

Era um garoto.

– Hã... Como assim?

Ele riu mais uma vez.

– Pensei que esse fosse mais um dos meus sonhos. Sabe como é, tudo muito igual. Eu, você, o poço, você fala e eu sou risada e eu acordo. Sempre foi assim. Até hoje.

Um frio percorreu minha espinha. Ele estava descrevendo o meu sonho. Ou melhor, o nosso.

– M-mas eu pensei que só eu tivesse esse sonho.

Ele ficou um tempo calado e assentiu.

– Eu também.

E então o silêncio tomou conta de nós. Ficamos ali, parados por algum tempo, sem coragem pra falar nada. Até que ele começou a falar.

– É bem estranho. Digo, isso tudo. Você e eu? A Princesa Agatha e um reles garoto.

Mais um arrepio. Como assim ele sabia meu nome?

– Você sabe meu nome? Então, realmente temos uma ligação.

Ele começou a rir mais uma vez, o que ja estava me irritando.

– Não, eu só tenho uma televisão.

– Hã?

– Você sabe... Os noticiários. Você é muito famosa, Srta. Agatha. A princesa rebelde. Filha da maravilhosa Cinderela com o príncipe encantado. Nascida do final feliz. Tão... - Bonita, maravilhosa, guerreira, independente?– Clichê.

– Nossa, muito obrigada. E você, querido? Filho de quem? Ah, deixe-me advinhar. Bela e a Fera? Não, não. Anna e Kristoff? Não, pera... Branca de neve e o príncipe?

– Acha mesmo que chamaria você de clichê se fosse filho de algum desses clichês ambulantes? Sou filho da Malévola e um cara que eu não conheço.

– Malévola? A vilã?

– Sim. Por que o espanto? Vilões também fazem...

– Tá, tá. Sem detalhes.

– Não vai ficar com medo de mim, princesinha? Você sabe... Vilões são maus.

– Você é filho de uma vilã. Isso não o transforma automaticamente em um.

Senti que ele se aproximou e mesmo sem vê-lo fiquei com medo, o que era estranho, já que eu não tinha medo de quase nada. A não ser de poços escuros, exatamente como esse.

– Eu sou um problema pra todo mundo, florzinha. - Ele disse, se aproximando mais e falando em meu ouvido.

Fechei os olhos e escutei um barulho, abrindo os olhos em seguida. Agora, tudo estava claro e eu finalmente pude vê-lo. Tinha os cabelos lisos e um na altura dos ombros. Negros demais, assim como seus olhos, tinha barba rala e um sorriso sacana no rosto. Ele causava em mim uma série de reações diferentes que eu preferia não sentir, se pudesse.

– Então, aqui estão. Cresceram tanto.

Foi aí que percebi que uma terceira pessoa havia aparecido. A fada madrinha da minha mãe. Usava um vestido branco, longo e usava os cabelos loiros presos em um coque muito bem feito, mantinha o sorriso no rosto sempre.

– Quem é essa? - O garoto perguntou.

– Fada madrinha!

Corri para abraçá-la. Fazia muito tempo que eu não a via. Era uma pessoa maravilhosa, sem dúvidas, sempre nos ajudando quando precisávamos.

– Ah, Agatha! Olha só pra você. Tão linda e crescida e independente.

– Viu? Não sou clichê. - Disse, dando língua para o garoto. Ele apenas deu um sorrisinho sarcástico.

– E você, Pietro. Se transformou em um lindo garoto.

Pietro? Esse era o nome dele?

– Peraí, como você sabe meu nome?

A fada apenas riu.

– Sou uma fada, meu amor. E eu tenho televisão, assisto aos noticiários.

Pietro olhou pra mim, como se dissesse : " Viu? Eu disse. " e riu mais uma vez.

– Ok, mas... O que nós três estamos fazendo aqui, fada? Eu sempre tive esse sonhos, mas pensei que era só um sonho e...

– Meus amores, é uma longa história e agora não podemos perder tempo.

– Como assim não perder tempo? O que eu estou fazendo aqui? Perdendo o meu tempo com uma patricinha que se acha rebelde porque não segue as regras da mamãe sapatinho de cristal?

– Ei!

– Pietro...

– E não é essa a verdade? Manda logo a real. O que está acontecendo?

– As histórias foram misturadas.

– O que? - Eu e Pietro falamos ao mesmo tempo.

– Todos os contos de fada foram misturados. Branca de neve agora está com a Fera. Cinderela, sua mãe, está correndo perigo por conta da maçã envenenada... Tudo está descontrolado.

– Por que? Quem fez isso?

– Ninguém sabe e só duas pessoas podem consertar tudo isso.

Eu e Pietro nos entreolhamos.

– Espera... Não somos nós, né? - Pietro disse, rindo nervosamente. - Eu não posso fazer isso. Não ligo pro desequilíbrio dos finais felizes e esse blábláblá todo. Eu não tenho nada a ver com isso.

– Sua mãe também corre perigo, Pietro. Todos nós. Até mesmo vocês. Se as histórias não ocorrerem como devem ocorrer, vocês desaparecerão.

– Como assim? - Perguntei.

– Se sua mãe não conhecesse seu pai, Agatha, você não estaria aqui...

Oh, não.

– E o que a gente vai fazer pra consertar isso?

– Ninguém sabe.

– Como assim ninguém sabe? Você veio até aqui dizer que nós somos a salvação e não sabe como e onde isso vai parar?

A fada apenas sorriu e pegou as mãos de Pietro.

– Sinto muito, querido. São vocês que tem que descobrir como. É assim que está escrito na profecia.

– Profecia?

Ela assentiu.

– Sim, Agatha. Havia uma profecia antiga que dizia que em algum momento, um vilão iria desorganizar todos os contos de fada e só o casal mais improvável poderia salvar tudo.

Pietro anuiu, desesperado.

– Casal improvável? Nós dois?

– Filha de princesa e filho de vilã, idiota. Quer algo mais improvável que isso? - Perguntei.

Pietro deu de ombros, encostando na parede do poço.

– Mas, você vai nos levar a algum lugar ou algo do tipo?

A fada assentiu e pegou uma mão minha e a outra de Pietro, juntando.

– Vocês precisam ser fortes e confiar no outro, sempre, ok? Estão prontos?

– Sim, fada. Farei tudo para salvar a todos. - Falei, meio incerta, mas esperançosa. Meu espírito de aventura falava mais alto.

– Temos escolha? - Pietro disse, revirando os olhos.

– Não. Aliás, preparei algumas roupas de frio pra vocês.

Estranhei, enquanto pegava as roupas de frio. Como assim? Pra onde iríamos afinal?

– Pra onde vamos?

A fada riu e levantou a varinha.

– Arendelle. Mandem lembranças à Elsa, por mim.

– Peraí, o...

Mas era tarde demais. Um clarão surgiu e, ao contrário de todos aqueles outros sonhos, eu dormi.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal! Fiquei muito feliz com todos esses comentários apenas no primeiro capítulo. Obrigada mesmo. Espero que estejam gostando. :)



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