Logo ao perceber que seu irmão o observava, Hans suspeitou que a rainha havia descoberto sua identidade. Saiu da festa rápido, esperando que os guardas o seguissem, mas não foi assim. Hans ainda mantinha o disfarce e o plano de vingança ainda estava em curso. Mas faltava uma aproximação maior de Elsa, em um momento em que seus irmãos não estivessem lá para reconhece-lo, ou Anna para atrapalhá-lo. Precisava se infiltrar como empregado no castelo. Pelos fundos, entrou na ala dos empregados e encontrou rapazes e moças, velhos e matronas, dançando e bebendo. Esperou até que um dos rapazotes saísse bêbado da festa e o espancou, fazendo com que prometesse que não voltaria ao castelo e não contaria nada a ninguém. O rapaz se arrastou para longe, assustado, mas Hans esperou em um recanto escondido do castelo até o amanhecer.

No dia seguinte, pouco antes do almoço, Hans apareceu no portão, pedindo para falar com o mestre dos criados. Ele foi levado pelos guardas até a cozinha onde um senhor alto e magro, de cabelos grisalhos, chefiava todos aqueles que lá estavam.

– Este rapaz diz que quer falar com o senhor. O conhece?

– Acredito que não. Quem é, rapaz?

–Vim para substituir um dos funcionários. Ontem ele sofreu um acidente quando voltava para casa. Caiu e se machucou muito e não poderá vir por uns dias.

– Quem? August? Ora, este rapaz desajustado! E justo quando o castelo recebe visitantes de todos os reinos. Ao menos te mandaram... Vamos rapaz, qual é seu nome?

– Victor – Hans sorriu ao pronunciar o nome que seria seu por um bom tempo.

– Está certo, Victor, não perca mais tempo. Vamos, vá servir as bandejas do dejejum aos convidados.

Hans pegou um carrinho que o mestre apontava e tratou de percorrer os corredores do castelo com as bandejas de sucos, frutas, pães e outras delícias. Já estava dentro do castelo, e muito em breve seu plano estaria cumprido.

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Elsa já estava acordada há muito tempo, e lia um livro em seu escritório, esperando até a hora em que sua irmã e o marido partiriam para a lua de mel. Anna insistira que ela fosse, que conhecesse outros lugares além daquele reino, mas com seus deveres de rainha a ideia era impossível. Ficava feliz em saber que sua irmã estava realizando seus sonhos e passando momentos românticos com o marido. E não faltariam acompanhantes desnecessários para se intrometer na lua-de-mel dos dois, já que Olaf e Sven iriam também. Elsa ainda achava aquilo uma loucura, mas Olaf estava ansioso para conhecer lugares novos, além de Sven e Kristoff serem tão inseparáveis que jamais foi cogitada a possibilidade da rena ficar no castelo. O resultado era a viagem romântica ser transformada em um passeio em família. Ao menos sua irmã e o marido estavam felizes e eram tão ingênuos que não pensavam em arranjo melhor, então Elsa se contentava com isso.

Logo pode ouvir os passinhos de um boneco de neve que a cantarolava animado, imaginando as belezas que encontraria na viagem.

– Elsa! Que bom que te encontrei! Queria te ver antes da lua-de-mel da Anna. Vai ser tão legal! Eu só não sei o que é uma lua-de-mel...

A rainha sorriu para Olaf e o abraçou com carinho.

– Vou sentir saudades de você.

– Oh! Que gostoso seu abraço! Eu também vou sentir sua falta.

Logo entraram Anna e Kristoff, acompanhados de Sven. A ruivinha estava com a mesma roupa que usou quando foi resgatar Elsa no Palácio de Gelo e o rosto radiante de alegria.

– Para viver grandes aventuras. Você sabe como foi agitado na última vez que me vesti assim – disse quando reparou que Elsa olhava para seu vestido.

– Só não arranje confusões, você é muito boa nisso – Anna a olhou contrariada e Elsa riu.

– Não vou deixar que esta maluquinha faça nada de perigoso – disse Kristoff abraçando Anna. Sven também se colocou em guarda, apresentando uma continência à rainha.

– Eu sei que ela está em boas mãos. E se ela não voltar bem, vocês terão que lidar comigo – disse Elsa sorrindo.

Sven e Kristoff assentiram e Olaf se colocou ao lado de Anna. O quarteto era uma imagem tão reconfortante para o coração de Elsa que ela já sentiu a falta da presença deles. Eles eram tão animados que o castelo não seria o mesmo durante as próximas semanas.

– Me escrevam. Eu vou sentir muitas saudades.

– Você não pode ir mesmo? – perguntou Anna, esperançosa.

A loira apenas balançou a cabeça negativamente e Anna não insistiu.

– Divirtam-se – foi a última frase que Elsa disse a eles, depois de abraçar a cada um.

Não demorou muito para que o casal mais amado do reino partisse em um navio com o boneco de neve mais fofo do mundo e a rena mais esperta. Elsa foi a única que ficou. Todos os convidados dos outros reinos deixaram o porto logo depois da princesa desaparecer no horizonte. O príncipe das Ilhas do Sul também partiu com sua esposa, mas foi por pouco que Elsa não teve que aguentar a baixinha tagarela a fazendo companhia por algumas semanas mais, até o retorno de Anna. Sua sorte é que o príncipe conseguiu convencer que ela seria mais importante nas Ilhas do Sul, para o alívio de Elsa. Quando todos partiram, a rainha voltou ao seu quarto e tentou se acostumar com a ideia de ficar longe de Anna mais uma vez.