No porto, navios chegavam com convidados de todos os reinos aliados a Arendelle. Príncipes, princesas, reis, rainhas, duques... uma infinidade de nobres ansiosos por prestigiar o casamento da princesa de Arendelle. No meio de tantas pessoas que chegavam naquele dia, ninguém percebeu o mendigo encapuzado que desembarcava de um dos navios. Ele era alto, tinha cabelos longos que escapavam da túnica e uma grossa barba ruiva. O que mais assustava era seus olhos verdes e sem brilho que pareciam embebidos em ódio e vingança. Vingança contra a realeza de um certo reino. Hans já não podia ser reconhecido como o belo e elegante príncipe que desembarcara em Arendelle dois anos antes.

Depois de toda a confusão que ele causara, seus irmãos o receberam irritados e decepcionados. Eles nunca imaginaram que Hans pudesse ter quase matado a rainha e a princesa de Arendelle e colocado as Ilhas do Sul em uma situação tão diplomaticamente complicada, tanto com Arendelle, quanto com seus parceiros comerciais e aliados. Hans passou duas noites no calabouço do castelo, irado, mas confiante de que em breve voltaria à sua vida de regalias no castelo. Ele não poderia estar mais errado. Apesar de seus doze irmãos não terem coragem de prender o caçula, decidiram que Hans não deveria ser tratado com impunidade, pelo bem das Ilhas do Sul. Ele foi levado ao exílio para uma das ilhas mais inóspitas doreino, sendo obrigado a viver e trabalhar como um camponês. Para o orgulho do príncipe não havia castigo pior, e o ódio contra seus irmãos, contra Anna e Elsa, não poderia ser maior.

Durante os dois anos, ele planejou sua fuga da ilha e uma forma de conseguir o trono de Arendelle. Essa seria sua vingança. Se infiltraria no casteo coo um empregado, mataria Elsa e tomaria seu trono Depois era a vez de sua “querida” Anna e o rapaz loiro que ajudara a ruivinha a destruir seus planos originais. Logo que se proclamasse rei, trataria de usar o poder comercial do reino para encurralar seus irmãos e exigir o trono. Arendelle e as Ilhas do Sul se uniriam e seus irmãos seriam lançados ao exílio, assim como ele foi.

Para colocar seu plano em ação, Hans precisava fugir. Foram meses esperando a chegada de algum navio, mas finalmente ele conseguiu se infiltrar naquele que trouxera um outro coitado para o exílio e conseguiu rumar para as Ilhas do Sul novamente. Ficou tentado a destruir seus irmãos naquela mesma noite, mas a razão o levou a seguir seu plano. Esperou no cais, dormindo no chão e na areia como um mendigo, até encontrar um navio que rumasse para Arendelle. Não demorou muito até descobrir sobre o casamento de Anna e a ida de um de seus irmãos para prestar as homenagens. Embarcou junto com ele, escondido entre os barris de cerveja e os mantimentos. Durante a viagem, teve o impulso de matar o irmão e sua esposa, mas sabia que assim seria descoberto e seu plano estaria arruinado. Manteve-se em segredo até chegar ao porto de Arendelle, quando saiu e se misturou à multidão.

Durante a viagem, seu plano mudou. Não mataria Elsa logo na primeira noite, já que o reino estaria protegido e infestado de guardas e realezas. Esperaria até que os convidados voltassem às suas terras e que Anna e seu noivo fossem viajar em lua de mel. Elsa estaria sozinha, à mercê de um ataque seu. De qualquer forma, se infiltraria no palácio e esperaria até a hora certa.

A missão não foi difícil, a confusão de gente que entrava pelos portões esperando pela cerimônia confundia os guardas, já um tanto desatentos. Bastou encontrar um traje de camponês estendido em algum varal que fosse de seu tamanho e se misturou à ralé que fazia parte da comemoração. Com a adaga que escondia na cintura, aparou sua barba e roubou um pedaço de fita que decorava a aldeia para prender seus cabelos em um rabo comprido. Apesar de melhor arrumado, ainda não era possível reconhecer o príncipe Hans na figura simples que atravessava os muros do palácio e se misturava à multidão. A vingança começara.