Elsa caminhava pelo jardim com um sorriso no rosto. Depois de tudo o que tinha acontecido ela finalmente estava em paz. Uns dias antes ela fora falar com Vovô Pabbie que lhe aconselhou a ouvir seu coração. Os trolls também cantaram uma música sobre reparos em que Kristoff e Anna não conseguiam parar de rir, enquanto Elsa era arrastada para lá e para cá. Foi Olaf quem explicou toda a situação dizendo que os trolls eram especialistas em amor. Elsa, no fundo, sabia que eles estavam certos e sentia isso toda vez que olhava para Hans.

O ruivo estava de costas para ela, sentado no gramado com uma flor na mão. Ele observava as pétalas cor-de-rosa e as revirava em seus dedos enquanto uma borboleta o rodeava em seu caminho. Usava roupas de príncipe novamente e Elsa pensou no quão bem lhe caíram e como ele parecia perfeito ali. Quem diria que Hans, justo Hans seria o dono de seu coração? Mas era. E finalmente ela sentia que poderia confiar nele. Ao se aproximar, ela pousou a mão em seu ombro e lhe deu um beijo carinhoso, terno. Ele sorriu e segurou sua mão, enquanto ela sentava. Ele a abraçou e ela não teve receio em se aconchegar. Seu lugar era lá, era o que ela sentia.

– Chegou uma carta de seus irmãos - ela disse.

– E o que dizia?

– Eles estão felizes por você estar aqui e por ter se redimido, e concordaram com minha punição. Acho que no fundo eles se importam com você. Também recebi uma carta da sua cunhada que diz que ela está animada para vir aqui.

Ele ficou tenso e Elsa se lembrou da mulher que o magoou.

– Não, não é quem você está pensando. É a Hilda, a esposa do Gustave.

– Não acredito? A baixinha tagarela de novo? Eu achei que o castigo era para o Hans! – disse Kristoff, que caminhava de mãos dadas com Anna. Sven e Olaf vinham junto e se deitaram na grama ao se aproximarem.

– E será! – Hans completou.

Anna passou por Hans para sentar-se ao lado da irmã e “acidentalmente” pisou no pé do príncipe. Kristoff também passou por Hans, dando um forte tapa em suas costas, exatamente onde havia um hematoma por causa dos guardas.

– Vocês nunca vão parar com isso? – disse Hans segurando um grito de dor.

– Não – Anna e Kristoff responderam ao mesmo tempo e trocaram olhares de cumplicidade, sorrindo.

– Elsa, você já contou a novidade para o Hans? - perguntou Anna.

– Que novidade? – ele olhou para a rainha desconfiado.

– Nós já decidimos sua pena – Anna cortou Elsa, que ainda procurava uma forma de contar.

– Você vai trabalhar comigo! A partir de agora você é o novo vendedor de gelo de Arendelle. Uma semana e o exílio vai parecer férias de verão – disse Kristoff, com um sorriso que prometia uma tortura diária.

– Eu não acredito! Quando você iria me contar isso? – ele se virou para Elsa, que corou.

– Agora. Mas eles se intrometeram. Mas ainda não acabou... decidimos que você não vai morar no palácio.

– Não vou?

– Ah, você vai adorar essa parte! A partir de agora você terá um colega de quarto... - sorriu Kristoff.

– Não me diga que é você – Hans fechou a cara.

– Claro que não! – disse Anna, indignada – Mas Sven também é um grande amigo. Talvez um pouco teimoso, mas você vai gostar dele.

Sven quase engasgou com a grama que comia e Hans arregalou os olhos e escancarou a boca. Eles se olharam e encararam os outros, irritados.

– Eu sei que você não quer ficar no mesmo espaço que ele, Sven, mas isso são modos? – respondeu Kristoff para a rena indignada à sua frente.

– Vamos Sven... você vai fazer esse favorzinho, não vai? E você também pode tomar conta de Hans, vai ser divertido – disse Anna, com uma voz tão carinhosa que nem Sven pôde recusar. Sven até bufou, mas então uma ideia pareceu clarear sua mente e ele sorriu. Nem foi preciso que Kristoff traduzisse sua expressão malígna.

– Eu vou dormir no estábulo? – perguntou Hans, amedrontado pelo olhar da rena, tão parecido com o que Kristoff usara antes, quando anunciou ser seu novo chefe.

– Não – disse Anna – Kristoff tinha um quartinho só dele ali, quando estávamos namorando.

– Você também vai dormir comigo – disse Olaf, animado.

– O boneco de neve também? – perguntou Hans.

– Nem sempre. Às vezes o Olaf dorme comigo também, ou com a Anna e o Kristoff – disse Elsa abraçando Olaf, o que fez Hans ficar com um pouco de ciúme.

– Ah! Vai ser tão divertido!!! Podemos tomar chocolate quente! Ou comer um sanduichão! – disse o bonequinho enquanto sentava ao lado de Hans e colocava as mãos de graveto nos pezinhos de neve. Ele estava tão fofo que nem Hans poderia ficar bravo.

– Já está desistindo de ficar em Arendelle? – perguntou o loiro, que abraçava uma Anna sorridente.

– Não mesmo! Eu nunca gostei tanto do meu futuro.

Hans sorriu. Lá estavam todos os responsáveis pela sua desgraça e por seu renascer. Primeiro, seus olhos focaram Anna. Aquela que ele traiu e humilhou, tinha confiado nele e lhe dado um voto de amizade. E então ele viu Kristoff, o bronco e rude que se casara com a princesa. Nunca imaginou que seria um grande amigo, por mais que o loiro gostasse de perturbá-lo. Sven e Olaf, os dois colegas de quarto mais estranhos do mundo, ele sentia que iria gostar de ter por perto. E Elsa, o anjo que parecia tão perfeito naquele cenário, sorrindo como uma fada. Ela era aquela que o mudara, que o fizera amar. E finalmente ele encontrou alguém lá fora que o amava também. Ele beijou Elsa mais uma vez, que corou quando lembrou que os outros estavam olhando. Hans sorriu satisfeito.

Quem diria que justo a rainha da neve seria capaz de descongelar seu coração?