Pequenas gotículas de água caiam do céu naquele dia, as pessoas se aconchegavam em suas casas, as lareiras estavam acesas, todos queriam ter um abrigo para fugir daquelas pequenas porções de água que caiam lentamente. Era tudo tão calmo, terno, sem motivo algum para qualquer preocupação... Havia um pequeno objeto perdido em um quintal qualquer, mas obviamente ninguém o viu imediatamente. A chuva piorava, como se propositalmente estivesse tentando manter as pessoas dentro de suas casas, como se o céu estivesse chorando ou muito zangado com alguma coisa.

Porém, como nada pode ser eterno, a fúria do céu não fugiu à essa regra. O Sol apareceu aos poucos, com um tom meio cinzento, mas ainda assim se tratava da maior estrela de nossa constelação. No mesmo quintal em que se encontrava o objeto perdido, uma senhora muito simpática caminhava, buscava limpar a sujeira que os ventos raivosos da chuva haviam levado. Sua filha estava dentro de casa, pois tudo estava muito estranho naquele dia, algo ficou no ar depois da chuva, todos sentiam, mas nunca souberam do que se tratava.

Enquanto varria cuidadosamente seu quintal, sentindo algumas gotículas caírem sobre seu corpo , a senhora pôde perceber um pequeno brilho em meio a sujeira do vento, um brilho constante e ainda sem muita intensidade. Abaixou, sentindo suas costas protestarem dolorosamente pelo ato, e pegou o tal objeto brilhante. Tratava-se de um anel, um anel magnífico, uma coisa que aquela senhora nunca havia visto em sua vida. Havia uma pedra azul, uma imensa pedra que deixava a senhora hipnotizada, era tão maravilhosa, que nem ao menos parecia humana...

- Filha... – disse entrando apressadamente em sua casa com o objeto brilhante em mãos. Não se lembrava nem ao menos de terminar sua limpeza, o anel a havia hipnotizado e algo dentro dela dizia que aquele brilho tinha que ser de sua filha. – Olha o que a mamãe achou.

A menina nada disse, nunca fora de falar muito, apenas sorriu e pegou o anel em suas mãos, não entendia o motivo de sua mãe ter dado tal coisa como presente, mas não pestanejou, apenas sorriu e assim como sua mãe, logo se hipnotizou por aquela imensa e magnífica pedra azul. A impressão que ambas tinham, era de que dentro daquela humilde pedra, havia muito, mas muito poder. A pequena colocou o anel em seu dedo, abriu um sorriso e sentiu que tinha que repetir aquele ato de sua mãe.

- Vou guardá-lo, mamãe. – disse a garotinha – E prometo que quando tiver uma filha, farei a mesma coisa que a senhora fez agora. – nesse momento, não houve mais palavras, apenas meros sorrisos e abraços.

A garotinha cresceu aos olhos da mãe, o tempo passou rápido demais depois do acontecido, nunca mais houve uma tempestade tão misteriosa e tensa como aquela. A senhora envelheceu e partiu, completando seu ciclo. A garotinha casou-se e teve finalmente sua filha, a qual deu o nome de Melanie, a futura herdeira do tal anel hipnotizante.