– Você que é o tal Jackson? - ela perguntou com a voz áspera enquanto erguia uma sobrancelha e o olhava dos pés a cabeça – Eu não acredito...

O tão famoso e aclamado Jackson, não passava de um mal educado e completamente idiota ladrão de vagas de estacionamento?! Argh! Só podia ser brincadeira!

– E o seu nome é Atena Chase? - ele disse sorrindo, aquele sorriso que fazia o sangue de Atena ferver. – Olha que mundo pequeno.

Atena queria socá-lo. Ela realmente queria socá-lo! Socá-lo e xingá-lo de mil e um palavrões possíveis. Mas não podia. Precisava daquele emprego. Assim como também precisava da boa quantia que pagavam do salário.

– Pois é. Muito pequeno. - ela respondeu corando

– Héstia, - ele disse para secretaria sem afastar o olhar do de Atena – quero o currículo e a carta de recomendação dela em minha mesa.

– Sim senhor. - a ruiva assentiu se apresando em buscar o que ele pedira.

– Até mais senhorita Chase. - ele disse sem tirar aquele maldito sorriso do rosto.

Atena continuou quieta. Se falasse mais alguma palavra com certeza seria um insulto.

“Oh droga, oh droga, oh droga !” - ela repetia em pensamento “Estou frita, definitivamente frita!”

Ela tinha certeza que ele não ia contratá-la. Ela o havia chamado de idiota. E não tinha sido somente uma vez…

– Atena Chase… - Héstia disse lhe tocando o ombro

– Sim ?

– O Senhor Poseidon mandou avisá-la que dentro de alguns minutos, quer que você se junte a ele em sua sala.

– Algum problemas?

– Não, - ela disse simpática - somente porque no seu caso ele fez questão de fazer a entrevista.

“Oh sim claro para poder me dar ele mesmo um chute na bunda... Oh droga, oh droga ! Droga !”

– Acalme-se, - a ruiva disse percebendo seu nervosismo – ao contrario do que dizem os jornais e as revistas de fofocas, ele é muito cavalheiro.

Atena forçou um sorriso.

Só se ser cavalheiro agora tinha mudado de sentido e significado, ao contrario Jackson não passava de um ogro. Demorou pouquíssimos minutos até que a ruiva simpática lhe conduzisse pelo corredor em direção a sala dele.

Na ultima porta do corredor, a ruiva parou, deu duas batidas e a abriu porta fazendo sinal para que Atena passasse.

A sensação era igual a se estivesse entrando em uma jaula cheia de leões. A diferença é que atrás da grande e sofisticada mesa de madeira, encontrava-se Poseidon Jackson, sentado em sua cadeira, esperando por ela.

– Obrigado Héstia. - ele disse sério – Pode ir agora.

A ruiva, com o nome de Héstia, lançou um sorriso encorajador para Atena e fechou a porta.

– Por favor, sente-se. - ele disse apontando uma das cadeiras a sua frente.

A loura respirou fundo e equilibrando-se nos saltos, andou na direção dele e sentou-se na cadeira.

– Bom, primeiramente, sou Poseidon Jackson. - ele disse sem lhe oferecer a mão.

“Cavalheiro.” - Atena quase riu ao lembrar-se da palavra usada por Héstia.

– Vejo que você, senhorita Atena é… - ela o interrompeu

– Chase. - ela o corrigiu.

Por mais que tomasse o pior chute de sua vida, não deixaria barato. Ele havia lhe roubado a vaga, ele lhe devia um pedido de desculpas.

– Chase…- ele se corrigiu sorrindo – como eu ia dizendo, é formada em admistração, fala francês e espanhol fluentemente e tem todas as habilidades necessárias, inclusive digitação... - ele disse remexendo no currículo e balando a cabeça pra cima e para baixo – Sua carta de recomendação também fala muito bem de você. Aqui diz que você tem uma boa comunicação oral, boa memória, é pontual, prestativa, que tem responsabilidade, que é paciente, - ele disse escondendo um sorriso – e também fala que tem uma boa aparecia, o que se nota a quilômetros. - ele disse a fazendo corar.

– O Sr. Brunner, foi muito gentil quanto à carta de recomendação. - ela disse com foz firme

– Se ele é tão gentil assim, porque pediu demissão?

– Problemas pessoais. - ela declarou de queixo erguido

– Eu adoraria saber sobre seus problemas pessoais... - ele disse se reclinando na cadeira, Atena suspira.

– Meus pais vivem no interior, e o Sr. Brunner é o único advogado com diploma da cidade. Trabalhei para ele durante um bom tempo, e assim que consegui juntar dinheiro suficiente, me mudei para cá.

– E porque se mudou para cá?

– Sempre quis morar em cidade grande. Esse se tornou meu sonho depois que minha amiga Afrodite, se mudou para cá.

– Então você veio atrás dela? Da sua amiga? - ele disse com o cenho franzido

– Mais ou menos. Ela se mudou pra cá há alguns anos, e em suas cartas sempre contava em como tudo aqui era maravilhoso e cheio de oportunidades para crescer na vida e ganhar dinheiro. Então, assim que ela sugeriu de eu ir morar com ela, eu aceitei, e agora estou procurando um bom emprego. Fim da história. - ela disse querendo acabar logo com aquilo.

Ele não tinha que saber o porque dela precisar de dinheiro. Pena e suplicio não ajudariam. Nem a ela nem a sua família …

– Então, você veio pra cá, com o intuito de arranjar um trabalho que lhe pague bem? - ela assentiu – E porque que enviou seu currículo para cá?

– Afrodite, insistiu muito para que eu mandasse. E eu sinceramente não pensei que fosse ser chamada para uma entrevista.

– Hum… - ela disse fazendo anotações – E você acha que daria conta de trabalhar para uma empresa tão grande assim? Ainda mais sendo secretária pessoal do presidente?

– Eu poço. - ela disse convicta.

– E se você fosse convocada para uma conferencia em um fim de semana em outro estado?

– Eu iria. Nada me impossibilita. - ela disse dando de ombros

– Você sabe que o salário que recebera aqui será bastante superior ao que recebia, certo? - ela assentiu – ótimo. Eu tenho somente três regras, e exijo que elas sejam cumpridas. - ele disse se inclinando para frente em tom intimidador.

– A primeira é obediência. Quando eu mando algo ser feito, eu quero ver isso feito. A segunda é lealdade. Não permito relações pessoais próximas com concorrentes. E o terceiro compromisso. Se você me disser que vai fazer uma coisa, você tem que fazer essa coisa. Você senhorita Chase, acha que conseguiria cumprir as minhas regras?

– Sim. - ela disse seria.

– E se eu lhe pedisse uma opinião... Sobre negócios, ou coisas pessoais, o que faria?

– Se você me pedisse, - ela ressaltou - eu responderia o que eu penso.

– Huun .. - ela disse fazendo outra anotação – Sem ser influenciada pelo o que eu penso?

– Sim. - ela disse direta

– Okay. Vamos fazer um teste. Em minha opinião hoje no estacionamento, a vaga era minha, porque eu a vi assim que entrei, e também pensou que não foi nada educado o que me disse, tanto no elevador, quanto no estacionamento. E então? Qual a sua opinião quanto a isso?

Oh, ele queria jogar? Queria testá-la? Pois ele iria saber o que ela realmente pensa.

– Em minha opinião, eu vi a vaga primeiro. Sem contar que é um ato de cavalheirismo, um homem ceder a vaga para uma mulher. E na minha opinião você foi sim um idiota. E acho que você me deve um pedido de desculpas. - ela disse sincera e ele sorriu anotando outra coisa – O que é que você tanto anota afinal? - ela pergunta tentando olhar de onde estava já nervosa.

– Ouça senhorita Chase, não preciso de mais empregados “puxa-saco”, então se caso for contratada é exatamente assim que tem que agir.

– O que? - ela disse surpresa.

Esperava no mínimo que fosse mandada se retirar da sala, afinal, ela o chamará de idiota mais uma vez...

– Mas uma coisa. Se vier trabalhar aqui, saiba que o “Senhor Jackson” só será usado quando eu estiver acompanhado de alguém de fora da empresa. Aqui todos nos chamamos pelo nome, então, você me chama de Poseidon, e eu te chamo de Atena. Entendido? - ela assentiu – Ótimo. Eu tenho seu telefone. Qualquer coisa, eu te ligo Atena.

Ele disse se levantando e estendendo a mão pra ela. Ela o imitou e apertou sua mão gentilmente, logo depois virando e saindo pela porta. Poseidon suspirou e pegou o papel onde fizera as inumes anotações. Nele com caligrafia grossa os seguintes adjetivos se encontravam:

Bonita, deliciosa, orgulhosa, encantadora, emotiva, responsável, sincera, mandona.

Pegando a caneta novamente, ele adicionou mais um: gostosa. Enquanto isso, Atena saia quase cambaleando pela porta.

– Então, como foi entrevista? Se saiu bem? - Héstia perguntou

– É talvez. - Atena respondeu respirando fundo

– Ora, acalme-se! - a ruiva disse lhe apertando gentilmente os ombros – Poseidon leva muito em conta nossas qualidades. Fique tranqüila querida.

Atena forçou um sorriso. Sabia que ele não ligaria. Estava mais do que na cara que ele não faria isso. Estava perdida, completamente perdida...