Sinto uma mão macia acariciar meus cabelos, acordo assustado é quando a vejo. Tão linda, me encarando com seus lindos olhos azuis, fico sem palavras, agora que passou todo aquele medo de perdê-la.

Dou um sorriso e ela retribui. As minhas lembranças não fazem jus à realidade, seu sorriso, esse seria capaz de iluminar um país inteiro sem luz.

– Oi...

Nós falamos juntos, não sei se seria capaz de falar algo a mais.

Felicity franze a testa antes de me perguntar se eu poderia pegar água para ela. Quando vai beber, eu vejo que está com dor.

– Eu vou chamar a enfermeira.

– Não!

Como assim, se ela está com dor, por que não? Eu não quero saber, ela vai tomar esses remédios, eu não quero ela com dor.

– Por que não? Você está com dor.

– Por que vão me dopar e eu não quero ficar dopada, quero conversar.

Eu franzo a testa pra ela, o que não consigo fazer por muito tempo, dou logo um sorriso.

Antes que eu possa me controlar, eu faço a pior proposta da qual vou me arrepender amargamente.

– Ok, um acordo. 5 perguntas suas e 5 minhas, depois eu chamo as enfermeiras. Você começa.

Eu vou me dar mal no fim de tudo, eu sei que vou. Me ferrei.

– Como?

Eu suspiro, não estou surpreso. No lugar dela, faria a mesma pergunta. Não vou tentar nem fugir. Minha Loirinha é persistente.

– Maseo.– Ela arqueia uma sobrancelha pra mim. Eu dou um meio sorriso, ou tento. – Eu o conheci em Hong Kong quando estava sendo treinado lá pela Argus, fiquei um tempo com sua família. Coisas aconteceram, eu achei que ele tinha morrido, ou qualquer outra coisa, mas ele estava na liga. Ele me ajudou, mesmo estando na liga, agora ele está jurado de morte por me ajudar.

Felicity sorriu, de que? Eu não sei, é raro eu saber o que se passa na sua mente.

– Sua vez Oliver.

Sua voz de anjo me diz. Eu paro e penso, então olho para minha Loirinha, e a vejo,vejo como ela realmente está. Magra. Pálida. Com olheiras. Cansada (física e emocionalmente).

– Você está mais magra.– Isso é um fato. Quando olho para ela, milhares de sentimentos me invadem, mas não consigo contê-los. Começam a passar como uma lista na minha mente.

Dor: Tudo que machuca ela me machuca também.

Culpa: Se eu tivesse lutado mais, eu teria voltado antes, nada disso teria acontecido.

Raiva: De ninguém, de todos ao redor, dela, ela deveria ter lutado para ficar em pé, superar, de mim, maldito dia que fui atrás dela para pedir ajuda com aquele laptop.

Decepção: Será que ninguém viu como ela estava se destruindo? Tudo bem que ela se fechou para os nossos amigos, mas e o babaca do Palmer?

Insegurança: Será que ela vai me perdoar por impor esse sofrimento a ela?

Tristeza: Eu não vou aguentar se ela não me perdoar, só de pensar, eu me sinto começar a sufocar.

Arrependimento: De ter ficado neste quarto, de ter deixado que eles me vissem.

Amor: Por que eu a amo mais que minha própria vida, a amava antes de perceber, antes de Dig me abrir os olhos, antes daquele maldito dia na mansão.

Sufoquei todos esses sentimentos, e me viro pra fazer minha pergunta.

– Por que você passou mal?

Ela cora, tão fofa. Pela cara que Felicity fez, ela ia mentir, mas ela é uma péssima mentirosa. Tomou fôlego e começou a falar. Preferia que não o fizesse.

– Eu não comia a três dias, na verdade, eu não como direito desde que você foi embora, desde que nós achamos que você... Você sabe.

Eu me levanto bruscamente, começo a andar de um lado para o outro. Eu não deveria ter voltado, mas eu não posso deixá-la, não mais. Me viro, mas não me aproximo. Isso doeu nela. Eu fui capaz de ver.

– Sua vez.– Falei com a voz baixa, e sem conseguir esconder a tristeza.

– Por que voltou?

Eu franzo a testa. Isso vai magoá-la. Idiota! Eu vou ter que ser sincero, eu prometi que nunca ia mentir para ela.

– Eu não ia voltar.– Sinto vontade de me bater, quando vejo seus olhos encherem de água.

– Maseo me trouxe à Starling, eu estava apagado. Acordei ontem, e já estava aqui. Eu achei que vocês estavam superando e...

– Idiota!

Eu não consegui impedir o riso de autodepreciação, e só então voltei a falar.

– Eu sei. Mas então ele começou a me falar sobre como vocês estavam e eu ia ver vocês, ver voê de longe, mas eu descobri que você estava na UTI, por que havia se machucado e tinha perdido muito sangue, desisti de qualquer ideia de me manter longe e vim correndo.

Ela dá um sorriso, eu sei que é inconsciente, mas é tão lindo, a forma como seus lábios se curvam... Pare Oliver! Eu quero ir e beijá-la até cansar. Preciso parar de pensar nisso.

– Por que não ia voltar?

Mas é claro que Felicity não ia deixar pra lá.

– É a minha pergunta Felicity.

Ela cruza os braços como uma criança pirracenta, mas ela continua linda. Ela concorda irritada.

Respiro fundo e tomo coragem.

– O que há entre você e o Ray? Eu vi o beijo.

Eu não tenho certeza se quero saber. Ela bufa antes de responder.

– Nada Oliver. Sobre o beijo... Eu não o beijei, ele me beijou. Eu estava com raiva de você, magoada, confusa, e aí aconteceu. Mas foi só um beijo. O Ray e eu somos iguais, não iguais, não somos iguais, eu sou mulher, ele é homem... Eu quero dizer... Hã...

– Felicity? Eu entendi. Continue.– Eu a interrompo sorrindo, e ela retribui, respira fundo e volta a falar.

– Ele é como o Barry, um amigo. Seríamos perfeitos juntos, mas não rola o coração disparado, pernas bambas, borboletas no estômago, incapacidade de falar, ou no meu caso, falar coisas constrangedoras. Eu quero isso, mas não com eles.

Ela terminou o discurso vermelha e olhando para as pernas, e eu confuso e com certeza, com uma cara de idiota, tentando conter um sorriso.

– Por que não ia voltar?

Eu suspiro. Já sabia que ela não ia desistir dessa resposta, sua persistência é chata as vezes, mas foi um dos motivos que me levaram a estar hoje apaixonado por Felicity Smoak.

– Deixa pra lá. Vamos brigar.

– Eu quero, eu mereço saber.– Eu vejo em seus olhos o medo da resposta.

– Eu não matei Rha's. Eu não podia deixar ele vir à Starling, eu não podia deixar ele usar vocês, usar você, para me atingir. Me mataria Felicity, saber que ele chegou perto de você. Eu não posso imaginar isso. Eu te...– Não, não posso falar isso agora. – Me importo muito com você.

Ela ficou frustrada, com raiva, não tentou esconder, e eu ri, só o que consegui fazer foi rir.

– Idiota!– Eu só consegui rir mais um pouco.

– Idiota?

– Eu falei alto, não foi?

Eu assinto sorrindo antes de tentar me explicar.

– Me entenda. Se você me visse beijando alguém, depois de tantos foras seus, o que você pensaria? Que essa pessoa está seguindo em frente, certo? Pois eu pensei.

Eu não consegui encobrir minha tristeza. Para tentar descobrir o que ela sentia por mim, eu faço uma pergunta, que vai mudar tudo.

– Por que não seguir em frente Felicity?

Eu baixo a cabeça, para esperar a resposta.

– Por que não se pode seguir em frente quando se é separado de quem se ama.– Eu levanto a cabeça surpreso. – Não dá, quando você é separado da metade da sua alma, metade de você. Eu preferia morrer, vendo você longe de mim e aqui, do que achando que você estava morto ou sei lá o que.

Estava me recuperando quando ela já foi me fazendo sua pergunta.

– Por que não seguir em frente, ao invés de voltar?– Eu estava definitivamente surpreso.

– Por que eu achei que sim, mas não pude seguir em frente sabendo que podia salvar quem eu amo. Não pude seguir em frente, não quando é a vida da metade da minha alma que está em jogo, metade de mim. Eu prefiro tê-la por perto, correndo perigo, a deixá-la longe sofrendo. Agora eu vejo. Eu te amo Felicity, e vou lutar por nós.

Eu achei que minhas chances tinham ido embora quando eu vejo ela em lágrimas, para logo depois me sentir nas nuvens.

– Eu também te amo.

E logo estávamos nos beijando.