First Day of Spring escrita por Momorin


Capítulo 15
Manhã de Neve


Notas iniciais do capítulo

Olá a todas vocês leitoras lindas! Quanto tempo! Eu já vou começar me desculpando muito, do fundo meu coração por todo esse tempo que eu fiquei sem postar nada e nem mesmo responder os comentários. Durante esse tempo, eu me estabilizei numa nova cidade, entrei pra faculdade, arrumei minhas coisas no quarto, aproveitei meus últimos dias na minha cidade natal para sair com os amigos, enfim eu fiz muito coisa. Agora eu já estou aqui e com internet! Portanto vou tratar de voltar ao velho ritmo de pelo menos um capítulo por semana. No entanto, nessa próxima semana, eu estou me comprometendo a postar mais dois ou três capítulos de uma vez, como forma de desculpas a vocês. De verdade, eu devo tanto a todos vocês... Muito obrigada por me acompanharem até agora!



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Fay acordou com o despertador apitando incessantemente ao seu lado. Ao abrir seus olhos, sentiu o sol cegando-os e logo em seguida, fechou-os e revirou-se na cama. Lembrou-se do compromisso que tinha: ir a Escola. E resmungou. Sua vontade de ficar em casa era tão grande que por um momento pensou em espernear e chorar para que pudesse ficar, mas outro pensamento a fez desistir deste. Na noite passada, Jack Frost havia estado com ela. Ela dormira com ele sentado ao seu lado e, se lembrava bem que havia pedido para que ele estivesse ali quando acordasse. Imediatamente Fay se colocou sentada sobre sua cama.

Jack Frost estava sentado no chão, encostado na parede, com um livro em suas mãos. Ele desviou seus olhos do livro e direcionou-os para ela.

– Veja só que quem acordou! – Ele fechou o livro e sorriu. – Você realmente gosta dos guardiões não é mesmo?

Fay então notou que se tratava de um de seus livros sobre lendas em contos de fadas. Ela tinha vários, mas aquele era um de seus preferidos. Pensar que Jack poderia achá-la estranha por admirá-lo tanto preencheu suas bochechas de rosa. Mais uma vez. E o pior é que o dia ainda não tinha nem começado. Fay espantou a preguiça de seus ossos só para levantar e tirar o livro das mãos do rapaz.

– Que foi? Ficou envergonhada? – provocou Jack enquanto levantava o braço para deixar o livro numa altura que Fay não podia alcançar.

– N-Não é isso! – Fay esticava-se na ponta dos pés e pulava, mas sua altura realmente não era um de seus maiores atributos. – Não é isso!

– Mas não foi você quem disse que eu poderia ler qualquer um dos livros que você pusesse na mesa?

Droga. O sono da noite passada deve ter feito com que Fay perdesse parte do raciocínio. Ou melhor,... Tudo o que havia acontecido na noite passada. A lembrança de tudo fez com que estar tão perto de Jack se tornasse extremamente inapropriado.

– É eu disse... – Fay desistiu de esconder seu interesse por Jack e os guardiões e decidiu simplesmente ignorar qualquer comentário zombeteiro que o rapaz pudesse fazer. – Esquece. Não importa. – Ela continuou, afastando-se dele e tentando controlar o batimento acelerado de seu coração.

É claro que Jack percebeu a vergonha da menina em relação a seu gosto por livros. Desapontou-se por ela ter voltado a razão tão cedo. Acabara com toda graça. Por isso, decidiu não fazer nenhum comentário posterior. Pelo menos não agora. Guardaria para um outro momento.

– Então... Eu preciso me trocar. Tenho escola, lembra? – Fay anunciou calmamente, cruzando os braços num sinal de espera.

– Ah. Sim, claro. – Jack pegou seu cajado e andou até o beiral da varanda. – Vou te esperar lá fora então.

Assim que Jack se foi, um enorme sorriso espalhou-se pelo rosto de Fay. Pela primeira vez em muito tempo, iria para escola feliz, não estaria sozinha e nem invisível. Parecia até que algo bom poderia acontecer.

Após trocar-se o mais rápido que pôde, Fay desceu as escadas pulando alguns degraus, com a escova de dente nas mãos. Seguiu para a cozinha para encontrar uma Wanda um tanto quanto assustada.

– Fay? Por que está tão empolgada para ir à escola? – perguntou a tia enquanto punha chá em sua xícara

– Impressão sua... – respondeu apressadamente a jovem enquanto despejava leite em sua xícara, já ocupada até a metade por café. Ela mexia o líquido com a colher na mão esquerda enquanto dava a primeira mordida na torrada com a mão direita. – Você chegou de madrugada ontem?

– Sim. Tive muito trabalho no escritório ontem. – Só de lembrar do exaustivo dia que tivera ontem, Wanda podia sentir suas rugas se acentuando no canto de seus olhos. Ela suspirou enquanto tentava espantar o novo olhar de cansaço que ameaçava transparecer em seu rosto.

– Que pena. Você devia descansar – Foi tudo o que o tempo permitira Fay responder, porque no instante seguinte ela já havia engolido o último pedaço da torrada, juntamente com o último gole de café com leite, e já estava de pé novamente, correndo ate o banheiro para escovar os dentes.

Fay fechou a porta atras dela e tirou o celular do bolso, só para ter certeza de que realmente fora capaz de sair de casa somente 20 minutos depois de acordar. Ela abriu um sorriso vitorioso e ergueu a cabeça, passando a procurar algum sinal de seu amigo por ali.

– Procurando alguma coisa? – Riu Jack pousando atras dela

– Você não se cansa disso não

– Na verdade não. – Respondeu com um sorriso capaz de tirar todo o ar de dentro dos pulmões da jovem.

Fay deu as costas a Jack e foi na direção da escola resmungando baixinho. Cerca de uns 50 passos tinham sido dados sem que os dois dissessem uma palavra. Não estavam envergonhados, muito pelo contrário. Estavam curtindo silenciosamente a presença um do outro, em meio a bela paisagem da rua coberta de neve, assim como os jardins das casas da vizinhança e os carros estacionados na ao lado da calçada. Uma pequena pequena flor que saía de um arbusto chamou a atenção de Fay. Ela aproximou-se, e como sempre fazia, retirou a neve de cima da planta.

– Você tem algum tipo de obsessão por plantas também? - Perguntou Jack

Percebendo que esse “também” se fazia menção a sua recém descoberta obsessão pelos guardiões, Fay voltou a empinar o nariz numa forma de ignorar sua vergonha.

– Claro que não. Eu só... Gosto da companhia delas. Elas são seres vivos, mas mesmo assim nunca reclamam de nada, nem quando sentem dor ou quando precisam de algo. Também não dizem se estão felizes ou tristes, e por isso as pessoas se esquecem delas – Fay Mas quando a primavera chega e as flores desabrocham... Enche o coração das pessoas com os mais variados sentimentos. Elas chegam fazendo com que nós acreditemos que tudo vai acabar bem, que as coisas vão melhorar. – Enquanto falava, Fay acariciava o broto cor de rosa com a ponta dos dedos. – E enquanto elas estão preparando... Eu tento ajudar. Só isso.

– Você é meio estranha, sabia disso? - Jack apertou e puxou uma das bochechas da menina enquanto ria.

– É eu sei – Fay passava a mão na pele dolorida e voltava a andar pela calçada. – A propósito... Você ia na escola quando você era... Normal?

– Não ia não. Naquela época escola era uma coisa distante para um simples camponês como eu... Mas meus pais me ensinaram a ler e a escrever o necessário. Depois que me tornei Jack Frost eu fui aprendendo mais com o tempo.

Fay tirou as mão da bochecha e voltou seu olhar para Jack ao seu lado.

– Foi difícil?

– Não. Não cheguei a viver o momento em que isso provou ser algum tipo de problema. – Jack apenas olhava para frente, como se estivesse num mundo bem longe dali.

– Hmm... – Fay colocou as mãos geladas no bolso. Na correria, acabou esquecendo-se de por as luvas. – De todo modo, obrigada por vir comigo hoje. – Ela sorriu.

Jack estava prestes a dizer algo em resposta, todavia fora surpreendido pelo som que vinha de trás dos dois.

– Você tá falando comigo?

Um frio passou pelo estômago de Fay, que virou-se imediatamente. Caleb estava parado atrás dela com uma das sobrancelhas arqueadas e as mãos nos bolsos do casaco verde.

– O-oi – A menina gaguejou – Ahm... Ah... É, obrigada por vir comigo hoje... Nesse caminho que você sempre vem. Hahaha... – Fay estava quase ficando tonta de tanta vergonha. Ela só queria um buraco para se enfiar e nunca mais sair dali.

– Ah... Tá... De nada. Eu acho. – Caleb deu mais dois passos para se colocar ao lado de Fay – Achei que você não fosse muito de puxar assunto. – Ele olhava para a mecha cabelo que caía sobre seus olhos e a assoprava.

– E eu não sou mesmo. Pelo menos não na escola... – Fay esfregava uma mão na ora, como sempre fazia sempre que estava nervosa. Aquela conversa já estava estranha por demais. Ela já podia ver sua imagem afundando ainda mais na lama a cada segundo que a conversa se prolongava.

– É uma pena. Você é engraçada – Disse Caleb, voltando a andar pela calçada.

Em seu estado estático, Fay abriu um sorriso no rosto, ao mesmo tempo em que o alívio tranquilizava sua mente. Do lado da garota, Jack franzia o olhar. Sentiu que algo o incomodava de leve, como um cutucão.

– Melhor nós mantermos mais descrição de agora em diante – sussurrou Fay para Jack.

Ele só assentiu com a cabeça, enquanto assistia a garota acelerar o passo para alcançar o estranho que o incomodara.

– Caleb... – Chamou Fay poucos passos atrás do menino. – Você também não é de falar muito não é?

– De fato. – Ele olhou para trás e parou para deixar que Fay o alcançasse. – Mas é simplesmente porque gosto de ser um observador. Eu falo quando é necessário. Me sinto bem assim.

Fay analisou o colega. Seu olhar era calmo e sério, e não pôde evitar de perceber o ar de superioridade que ele trazia consigo. Realmente ele não parecia ser o tipo de pessoa que necessitasse falar muito com outros.

– Mas você não é assim, certo? - continuou Caleb, como se completasse a linha de raciocínio da garota. – Você parece querer dizer muita coisa.

– Como você pode saber?

– Eu te disse. Sou um observador. – E a conversa encerrou-se quando os dois entraram pela porta da sala de aula e se dirigiram para seus lugares, cada um de um lado da sala.

Jack Frost também estava atrás dos dois, mas o fato de Fay não demonstrar nenhuma consciência de sua presença ali o irritava. Ele não estava acostumado com isso. Não da parte dela.

Quando Fay se sentou na carteira reservada para ela, ao lado da janela, finalmente ela olhou na direção do menino de cabelos brancos. Satisfeito, Jack sentou-se na mesa do professor.

– Vamos fazer uma brincadeira então. – Jack pegou seu cajado e começou a girá-lo no ar - Te farei perguntas e você vai me responder com um sim ou um não. É claro, nessa versão da brincadeira, você só vai assentir de alguma forma. Pode ser discretamente, com as mãos, com a cabeça, tanto faz.

Fay riu com os lábios e assentiu de leve com a cabeça. Pela primeira vez em muito tempo, tinha quase certeza de que o dia seria muito divertido na escola.

– Ótimo! Então vamos começar!


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez, mil desculpas e muito obrigada por lerem! Não esqueçam de comentar agora, que eu com toda certeza vou olhar essa página todos os dias pra checar ein! Qualquer sugestão ou pedido para história, eu estou disposta a tentar atender. (Se não for nada muito absurdo é claro! Haha) Vocês são todos incríveis e maravilhosos! Muito obrigada!