A princesa e a fada madrinha escrita por Choko


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Eu fico imaginando...e se a Tsukimi ficasse com o Shuu e não com o Kuranosuke?
Pensando sobre isso...aí está o resultado!
Boa leitura!



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Nos contos de fadas que a mãe lia antes dele dormir a princesa sempre ficava com o príncipe, não com a fada madrinha.

- Mas como termina a fada madrinha? – o pequeno perguntou uma vez.

- Ela fica sempre distante acompanhando o final feliz. – respondeu a mulher.

- Mas ela não se sente sozinha?

- Claro que não. Ela observa a princesa e a felicidade dela é a sua felicidade também.

Kuranosuke não compreendeu o que a mãe falou. E agora, que observava o jovem casal sorridente, ao invés de felicidade, ele se sentia mesmo incomodado.

Tsukimi e Shuu se casariam em breve. E estavam comemorando o noivado no Amamizukan. Por ser uma ocasião especial, Mejiro-sensei preferiu ficar no quarto e não intervir, mesmo que homens não fossem bem-vindos naquela residência.

- Uma água viva! Mesmo! –exclamou Mayaya, observando o anel no dedo de Tsukimi.

- Sim... –concordou Bamba, igualmente surpresa, ainda que o cabelo impedisse de ver sua expressão.

- Parabéns. – disse a tímida Gigi. Tsukimi sorriu para ela.

- Quem diria que a mais nova se casaria primeiro!

- N-Não, Chieko-san...ainda não nos casamos!! – corou Tsukimi.

- Mas a cerimonia já está marcada – completou Shuu.

Era um dia especial, certamente. Todos pareciam felizes, menos Kuranosuke. Ele estava do outro lado da sala, sentado no sofá e perto do aquário de Kurara.

- Pequena água-viva...tem sorte de não ter que viver fora desse aquário, tendo que lidar com todos esses tormentos...

Ele não pensava assim antes. Mas, naquele momento, olhando a água-viva nadando tranquilamente, imaginou que a vida dela era muito mais feliz do que a sua.

Afinal, quem ficaria feliz vendo a mulher que ama se casando com outro? Ainda mais o noivo sendo o próprio irmão.

- Kurako está quieta hoje. – Chieko observava a “garota”, sempre tão enérgica, agora afastada de todos.

- A-Ah! Você!! - Bamba apareceu ao lado de Kuranosuke, o assustando.

- Venha, Kurako!! – ele então foi chamado - Vamos abrir agora uma garrafa de sakê!

E de alguma forma Kuranosuke acabou sendo arrastado para perto da mesinha onde o grupo se concentrava.

- Vejo que...você dois...finalmente se acertaram... – apenas isso ele conseguiu falar quando se aproximou do casal.

- Sim. E eu já falei com nosso pai sobre o casamento. Ele aprovou e está muito contente.

- Fico feliz, mesmo. – e tentou forçar um sorriso.

- Ora, não fique aí em pé! Sente-se conosco!

Aquele foi um pedido da noiva e ele assim o fez.

Tsukimi estava bem diferente de quando os dois se conheceram. Havia se tornado uma garota mais aberta.

Ela estava feliz. Ele não devia se sentir assim, tão frustrado enquanto olhava aquele anel prateado no dedo dela. Afinal, se ela e Shuu estavam juntos, era por ele ter ajudado também.

E ela, em troca, havia mudado ele de alguma forma. Fez algo se agitar dentro dele. Algo que não sentia há muito tempo.

Ele assim decidiu que iria ajuda-la, primeiramente por curiosidade, pois queria conhecer melhor aquele universo estranho das otakus. Depois, a simples curiosidade tornou-se um interesse maior.

Tsukimi era como aquelas princesas de contos de fada. Não chamava atenção de ninguém. Andava cabisbaixa, concentrada no próprio mundo. Ele a arrumou. E a fez se sentir mais confiante, valorizada. As outras mulheres que antes a humilhavam agora podiam competir com a sua beleza.

E a princesa chamou atenção do príncipe assim.

Não era justo. Ele a havia descoberto! Ele a havia transformado! E queria ver ele próprio agora ao seu lado, queria ser por um instante aquele que colocou o anel de água viva em seu dedo.

Queria...era isso mesmo que queria?

Kuranosuke nunca pensou seriamente em ter um compromisso. Casamento não era exatamente uma coisa que estivesse em seus planos.

Egoísta. Ele mesmo sabia que não poderia prendê-la, pois foi ele que a apresentou ao mundo. Era obvio que seria notada. Ela poderia escolher ficar com quem quisesse. E se esse alguém fosse seu irmão e se ele realmente prometesse fazê-la feliz, Kuranosuke devia aceitar.

As garrafas foram postas a mesa, a bebida foi servida.

Ele parou de beber quando o álcool o deixou tonto. Não pretendia encher a cara ali e ser carregado ou fazer um escândalo e estragar a festa. Se estivesse frustrado, Tsukimi não precisava saber.

Mais tarde pediu licença e se levantou. Despediu-se e abriu a porta, pois não aguentava mais ficar ali se torturando.

Quando estava no portão ouviu uma conhecida voz. Era ela. Tsukimi o seguiu.

- Er...Kuranosuke-san... –começou ela – não vai mesmo ficar mais tempo?

- Estou cansado. É melhor ir para casa.

- A-Ah, certo... – ela não questionou se ele conseguiria achar o caminho da própria casa naquele estado.

Silêncio. Ele percebeu que ela estava desconfortável. Olhava para o chão, como se tentasse escolher as palavras certas. Ele a esperou. Aguentaria mais alguns minutos daquela tortura por ela.

-...m-muito obrigada por tudo!! – ela abaixou a cabeça, fazendo uma reverencia.

- Está agradecendo por qual motivo?

- Eu...é que...sem você eu sei que não teria começado a fazer aqueles vestidos de águas-vivas, nem conseguiria salvar o Amamizukan, nem salvar Kurara daquela água-viva lua naquele pet-shop e eu provavelmente não teria conhecido o seu irmão, nem estaria nessa situação maravilhosa hoje...por isso eu agradeço! Acho que nunca tinha tido oportunidade de expressar o quanto sou grata por tudo o que fez por mim!

Se ele tinha algo para falar, naquele momento havia esquecido. Seja como for, não importava. Agora ele entendia e talvez começasse a ficar mais conformado com o papel da fada madrinha da história.

“Talvez esse papel não seja tão ruim...”

O sorriso que deu ao se despedir foi triste e ela respondeu com um sorriso alegre e acenando, sem perceber a dor que Kuranosuke sentia.

“ Afinal, a fada madrinha apenas pode ajudar a princesa a dar os primeiros passos para alcançar a sua felicidade e depois, distante, desejar que tudo de certo”


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