Hoje a noite não tem luar

Era a quinta vez que isso acontecia.

Um dia ela dizia que ela o amava, no dia seguinte, já estava com outro na cama.

Andou pelas ruas, tentando colocar seus pensamentos em ordem. Desejou que fosse noite, ai então, ele iria olhar pra Lua, isso sempre o acalmava. Lembrava-se da mãe contando pra ele e pra irmã mais nova, que na verdade a Lua era uma donzela que se se apaixonou pelo Sol, mesmo sabendo que o amor deles era impossível. E até hoje ela o espera. Acreditando que um dia ela encontrará seu amado. Hoje, ela ilumina os jovens casais que se encontram as escondidas de noite. Ela sempre dizia que um dia ele iria encontrar um amor igual à Lua encontrou, mas no final, os dois ficavam juntos.

Ele olhou pro céu, o Sol brilhava com intensidade naquela imensidão azul. Então, ele ouviu o barulho das ondas.

Andou nessa direção, se direcionando á um pequeno rochedo, não muito alto. Sentou-se na beira e contemplou o mar. Estava sozinho. Estava sozinho no mundo, na vida, na alma, naquele rochedo. Ou não

Ele olhou pro lado e encontrou uma garota sentada a alguns metros. No outro lado do rochedo. Ao que parecia, estava chorando. Levantou-se e se sentou no seu lado, ela parecia tão frágil. Ele não sabia o que estava fazendo, mas sentia que era o certo. Então ela virou o rosto

-Oi?-Disse ele incerto do que estava fazendo

Ela o estudou com os olhos. Então pela primeira vez ele olhou em seus olhos. Castanhos, profundos, brilhante das lagrimas que ainda escoriam por seu rosto.

Ela passou do meu lado

“Oi Amor” eu lhe falei

“Você esta tão sozinha”

E ela então sorriu pra mim

-Quem é você?-Sua voz era tão profunda quanto seus olhos.

-Alguém que só quer te conhecer talvez-Ele respondeu, não sabia o que estava fazendo, sentado, ao lado de uma estranha-Agora me diga, quem é você?-Disse, esperando que a garota não ficasse constrangida.

-Uma garota sozinha no mundo talvez?-Sua voz soava divertida, não era a mesma voz de antes.

-Garota sozinha, agora me diga. Por que anda tão sozinha?-Ele lhe respondeu, com sua voz soando como de um apresentador de TV.

Pela primeira vez depois de muito tempo, a garota sorriu

Foi assim que a conheci

Naquele dia junto ao mar

As ondas vinham beijar a praia

O Sol brilhava de tanta emoção

Ficaram ali, sentados naquele rochedo, conversando sobre os mais diversos assuntos. Passaram-se horas, dias, semanas. Toda tarde, ele e ela iam ali, se sentavam e passavam o dia conversando. Até hoje ele não sabia o seu nome

Em uma tarde, os dois como sempre, olhavam a imensidão azul. Ela não chorava fazia dias, graças a aquele garoto ao seu lado, que nem o nome sabia, mas o considerava muito. Ele a observava, de todo seu rosto o que o mais intrigava era seus olhos. O tom de castanho mais lindo que já havia encontrado.

Um rosto lindo como o verão

E um beijo aconteceu

Ela girou a cara e encontrou o seu rosto. E um segundo depois, os dois se beijavam. E então sem saber o porquê, percebeu que ela chorava. Assim como no dia que se conheceram

-O que foi?-Perguntou com a preocupação presente em sua voz

-Me encontra hoje à noite, aqui?-Ela perguntou chorosa

-Por quê?

-Só venha, por favor.

Estranhou a pergunta dela, mas aceitou. Mesmo não a conhecendo muito bem, a considerava uma amiga de longa distancia.

-Eu já vou-Ela se levantou rápida, e sem dar explicação alguma a ele, se foi em direção á praia.

Ele ficou ali olhando pro mar, pensando em algum motivo pra ela ter ficado daquele jeito de repente. E sem perceber, se levantou e seguiu o mesmo caminho que a minutos a garota dos olhos castanhos passara.

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Nos encontramos a noite

Passeamos por ai

A noite chegou, e novamente ele e ela se encontravam naquele mesmo rochedo. Ele olhou pro céu em busca da Lua, nas primeiras semanas que eles se conheceram, ele a contara sobre a historia de sua mãe. Ele a olhou. Parecia que nada havia ocorrido, ela ria, se divertia, pulava. Uma hora até o puxou para dançar uma musica qualquer, e os dois dançaram, sem qualquer medo ou vergonha.

E num lugar escondido

Outro beijo lhe pedi

Lua de prata no céu

Brilho das estrelas no chão

Outro beijo aconteceu

E outro

E tantos outros que ninguém seria capaz de contar

-O mundo pertence a nos!-Ela gritou para o mar, rindo, como se fosse o ultimo dia de sua vida.

Tenho certeza que não sonhava

A noite linda continuava

E a voz tão doce que me falava

“O mundo pertence a nos!”

Na hora da despedida, outro beijo, dessa vez mais demorado, mais carinhoso.

-Nos vamos continuar com nosso encontro certo?-Ele perguntou com a voz incerta

-Logico-Disse como se fosse uma pergunta sem sentido. Talvez fosse

-Eu tenho que ir, talvez já estranharam minha demora lá em casa, você vem?-Ele disse oferecendo a mão pra garota

-Vou ficar mais um pouco aqui-Ela disse com um sorriso no rosto, que não chegava aos seus olhos.

-Eu tenho mesmo que ir, então, tchau-Um ultimo selinho em seus lábios, e ele se fora.

-Adeus-Ela disse baixinho quando ele se fora

E hoje a noite não tem luar

E eu estou sem ela

Já não sei mais onde procurar

Não sei onde ela esta

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Na manhã seguinte, ele não a encontrou, olhou em volta a procura da garota. Normalmente ela sempre chegava mais cedo que ele. Talvez ela tenha se atrasado

Todo dia ele ia esperar no penhasco, olhando em volta, ficava até a Lua aparecer, então percebeu. A Lua não estava no céu.

E hoje a noite não tem luar

E eu estou sem ela

Já não sei mais onde procurar

Não sei onde ela esta

Mais nada dela, ou da Lua no dia seguinte.

E no outro

E no outro

Ele saia pra procura-la às vezes, olhando ao redor a espera de avista-la.

Mas nada dela durante as próximas duas semanas. Muito menos da Lua

E hoje a noite não tem luar

E eu estou sem ela

Já não sei mais onde procurar

Então, uma noite, a caminho de casa, ele viu sua vida despencar.

A manchete do jornal era clara: Corpo de uma adolescente é encontrado a beira de um rochedo.

Então ele olhou a foto da vitima, ele reconheceria aqueles olhos castanhos em qualquer lugar.

Então ele olhou para o céu, e depois de muitas semanas, encontrou a Lua em seu lugar, iluminando todos com seu luar.

Percebeu no final que sua mãe estava errada. Ele encontrou seu amor, mas não viveu com ela pelo resto de sua vida.

Onde está meu amor?