Santa Tell Me escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 1
Santa Tell Me


Notas iniciais do capítulo

Oiie gente, não esqueçam de deixar reviews, favoritos e recomendações (esse último apenas se gostarem da história, claro) vai fazer uma super diferença para eu saber se vocês gostam da minhas one's ou se eu não devo fazer mais...
Escutem as músicas:
GML: https://www.youtube.com/watch?v=FOjdXSrtUxA
TOL: https://www.youtube.com/watch?v=lp-EO5I60KA (está tem um momento certo no texto, acho que vocês vão entender quando chegar esse momento)
STM: https://www.youtube.com/watch?v=nlR0MkrRklg
BTD: https://www.youtube.com/watch?v=QUwxKWT6m7U (no final)
Bem, é isso.
Feliz Natal atrasado!



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Amy mal conseguia acreditar que havia deixado Grace a fazer comparecer em mais um evento estúpido de família!

20 anos e você ainda não aprendeu nada, Amy?

E o pior, é que ela não poderia ter aprendido nada mesmo, já que lá estava ela, ajeitando uma saia nude de paitê. Sua blusa, que mais era uma camisa social sem mangas, estava perfeitamente passada e arrumada dentro da saia. Um pequeno blazer azul claro estava sobre a bolsa-carteira que ela havia escolhido para o dia. Amy sorriu para o reflexo no espelho. Seus longos e lisos cabelos ruivos estavam armados em grandes e definidos cachos. Seus olhos cor de jade estavam delineados com o mais fino delineador e sua boca farta estava coberta por um batom vermelho cornalina.

Ela se sentia linda.

— Amy! — chamou/berrou seu irmão do andar de baixo. — Natalie já está me ligando, pode ir mais rápido aí?

— Estou indo, Dan. — Ela devolveu o grito, sorrindo levemente ao pegar sua bolsa e o blazer.

Dan, seu irmão com três anos e quatro centímetros a menos que ela, parecia um bobo apaixonado. Tudo isso graças a sua prima-que-não-é-prima, Natalie. Natalie, ou Nat, era filha de um grande... Homem de negócios?... Bem, de um homem muito importante na Inglaterra, antes de vir para o intercambio de dois anos e conhecer Dan. Grace, avó dos irmãos Cahill, afirma que Natalie é prima deles, mas de tantos graus diferentes que o sangue já nem vale nada. Por isso, Dan e Natalie haviam tido permissão para namorar, e Grace até brincava que os netos, ou melhor, bisnetos dela tinham que herdar os olhos verde de Dan e os cabelos escuros de Natalie... Amy quase vomitava ao ouvir tais conversas.

Não que ela não estivesse feliz pelo irmão, longe disso, ela adorava o relacionamento dele com Natalie... Mas tudo nesse relacionamento lembrava ela do grande “E se...” da sua vida...

Que também atende pelo nome de Ian Kabra, irmão de Natalie.

Não é hora de pensar em tragedias, Amélia! Ela se repreendeu, encarando seu belo reflexo com força. Seja feliz e alegre... Afinal é Natal!

Santa Tell Me

— Eu não acredito que deixei você e Grace me forçarem a vir até aqui... — Amy reclamou novamente, quando o carro que ela dirigia parou na frente da mansão Cahill, lar de sua avó.

A neve brilhava no chão, tão branca que chegava a doer os olhos. Amy havia parado seu I30 prateado na frente das grandes portas, observando pela janela o mundarel de pessoas que estavam ali dentro.

— Você não tem muita escolha — Dan disse, feliz. — Como você mesma disse, Grace e eu te “forçamos” a vir até aqui. — Ele usou as aspas no ar, sorrindo marotamente para a irmã.

— Exato! — Amy quase gritou, saindo do carro. — Deve existir uma lei que me proteja de parentes malucos!

Dan parou ao lado dela, estendendo o braço para a irmã.

Amy tremia, ela certamente não estava acostumada com aquele clima frio. Os últimos três natais dela haviam sido na quente e ensolarada Atenas, na Grécia. Afinal, quando se quer fugir da sua família e do seu... Hm, primo-que-não-é-primo, qualquer lugar vale.

— É bem diferente de lá, né? — perguntou Dan, ele estava sorrindo desde que a irmã desceu do avião no dia anterior. Era a primeira vez em três anos que eles se viam, e Daniel não poderia estar mais feliz.

— Nada de neve. Sol. Praia. Garotos gatos vestido numa versão um tanto exótica do Papai Noel. — Ela riu ao ver a careta do irmão. — Eu estou brincando, Danny! — Cantarolou a ruiva, bagunçando os cabelos dele, que estavam cobertos de neve.

— Odeio suas brincadeiras — ele admitiu, arrumando os cabelos louros. Amy lançou um sorriso caloroso para ele, e ele agarrou-se ao braço dela novamente. — Mas como posso ficar com raiva da minha irmãzinha que acabou de voltar?

— Simples, você não pode! — Ela riu, o puxando para a entrada.

Por alguns minutos ela até esqueceu do que a havia feito cruzar o mar para nunca mais passar um único natal com os Cahill...

Santa Tell Me

— Daniel Cahill se você não me esperar para entrar nesse carro eu vou... — a jovem, com longos cabelos ruivos e um vestido branco e azul, tradicional natalino, berrava, correndo atrás de seu irmão mais novo por todo o quintal.

A neve caia devagar mas aquilo não incomodava a garota, ela usava uma meia-calça grossa e branca por baixo do vestido e um casaquinho azul-claro cobria-lhe os ombros. Ela estava se sentindo meio irritada com o irmão mais novo, eles haviam se arrumado fazia menos de meia hora e Dan já estava correndo feito bicho pelo quintal, se sujando de todo tipo de lama que conseguia encontrar.

— Vamos logo, Amy! — ele gritou de volta. — Vovó está nos esperando!

E deveria ser verdade... Grace deveria estar parada do lado de fora da sua mansão esperando os dois chegarem, ela estaria com um xále em volta dos ombros e uma xícara quente de chá de amoras na mão. Os presentes para as crianças estariam embaixo da árvore, como de costume, e, embora a casa estivesse cheia de estranhos, aquele natal era como sempre para eles.

(...)

— Meus queridos! — Grace estendeu o braço ao ver Amy e Dan descendo do carro, Amy ajeitava a saia, querendo parecer o melhor possível para Grace, ao passo que Dan agia como um idiota... Novidade... — Pensei que jamais iriam chegar!

— Como sempre pensa, vovó! — Dan respondeu, abraçando a senhora com seus braços fortes. Por mais que tivesse apenas 14 anos, Dan era incrivelmente forte. — Feliz Natal!

— Para você também, Danny, querido! — Grace olhou para Amy, os olhos brilhando naquele sentimento de orgulho e carinho. — Amy, querida, venha dar um abraço na sua avó!

Amy não resistiu ao convite e abraçou Grace pelo outro lado, sorrindo ao depositar um beijo em sua bochecha.

— Feliz Natal, vó!

(...)

— Amy, Dan, podem vir aqui meus amores? — chamou Grace, aparecendo do meio do mar de pessoas. Ela vestia um vestido preto e longo, comportado e chique. — Quero apresentar-lhes algumas pessoas...

Dan e Amy sorriram, embora não estivessem nem um pouco animados para aquilo.

Toda vez que Grace lhes apresentava alguém novo, era algum senhor ou senhora que foi um grande amigo de Grace em sua juventude... Quando ela viajava pelo mundo, conhecendo cada cantinho do mesmo.

— Estes são Ian e Natalie Kabra, filhos de um primo distante meu — informou Grace, apontando para dois jovens de pele morena e olhos cor de âmbar.

A garota parecia uma espécie de mini-modelo. Ela vestia um vestido bem cortado branco e vermelho, como uma versão fofa e linda da mamãe noel. Seus longos cabelos escuros como breu estavam soltos, mas ela havia feito uma trança tramada pela lateral direita que puxava todo o cabelo para a esquerda. Seus olhos estavam bem marcados e ela parecia até mais velha que a Amy, e muito mais elegante.

O garoto ao seu lado era... No mínimo dos mínimos, encantador. Ele tinha os mesmos olhos cor de âmbar e os cabelos escuros como breu, mas seus cabelos eram curtos e despenteados, naquele estilo “acordei perfeito”, e seus olhos eram muito mais marcantes, de tal forma que ninguém conseguiria esquecer se olhasse para ele pelo menos uma única vez. Seu corpo escultural estava coberto por uma calça social e uma blusa de mangas. Um sorriso torto encantador estava em seus lábios carnudos...

— Olá — a garota, Natalie, falou, estendendo a mão em direção aos dois irmãos. — Meu nome é Natalie, e esse é meu irmão Ian.

Dan segurou rapidamente a mão da garota, soltando-a em seguida e olhando para a parede, como quem está em uma situação chata. Mas Amy sabia pelo jeito que ele tratava a garota que ela o havia fascinado.

— Amy — falou, segurando a mão da garota por uns sete segundos, tempo que considerava adequado. — E este é Danie... — com o olhar mortífero do irmão, ela se calou.

— Eu sou Dan — ele falou, estendendo a mão para o deus grego... Quer dizer, para o Ian. — Prazer em conhecer.

— O prazer é nosso. — Ian afirmou, antes de voltar seu olhar para Amy, que estava tentando a todo custo não começar a gaguejar...

— Ian e Natalie vão passar o natal conosco, como já está meio óbvio. — Grace falou, rindo um pouco. — E eu achei que seria legal vocês se conhecerem... Já que devem ser as únicas pessoas com a idade abaixo dos 40 aqui — ela riu novamente, tirando risadas de Amy, Ian e Natalie e gargalhadas de Dan.

— Isso parece ótimo, Grace — Natalie declarou, sorrindo para a senhora.

— Ótimo! Eu vou deixar vocês conversando e vou indo, pois eu tenho milhares de pessoas para fazer sala... — ela piscou para Amy e Dan e acrescentou. — Espero que não esperem que eu vá deixá-los ir para casa hoje, os presentes só serão abertos amanhã de manhã...

— Como? — Dan grasniu, soltando um longo suspiro ao ver o olhar decido no rosto da avó. — Sempre assim... — ele falou quando Grace se retirou, pegando uma taça de alguma coisa da bandeja de um garçom.

— Não deveria beber isso — Amy o repreendeu. — Nem sabe o que é!

— Como se você não bebesse... — Dan suspirou, tomando um grande gole do líquido transparente e gasificado do conteúdo da taça. — Hm... Creio que é champagne...

— Dan! — Amy ralhou. — Eu tenho quase 18 anos, eu posso beber! Você tem só 14 e...

— 14 anos, 10 meses e 4 dias! — ele a cortou, mas Amy não se abalou.

— ... não deveria beber!

Os irmãos pararam ao ouvir uma risada vindo dos Kabra. Eles estavam sorrindo divertido para Amy e Dan.

— Deixe o menino ser feliz, Amy. — Sugeriu Natalie, pegando ela mesma uma taça de um outro garçom.

— Quantos anos você tem? — Amy questionou, não conseguindo acreditar que a menina teria algo mais que a idade de Dan.

— Mais ou menos a mesma idade do que seu irmão... — ela informou. — Mas Ian não se importa se eu beber... As escolhas são minhas.

— Se ela quiser ferrar com o rim dela, ou pagar o maior mico ficando bêbada, foi ela — Ian completou. — Não eu.

— Isso é insanidade, ela é sua irmã e...

— E tem livre-arbítrio para fazer o que bem entende. — Ian informou para a ruiva, que lhe lançou um olhar apavorado. — Ah, qual é, Amy? Quer ser a chata da festa?

Amy considerou por alguns segundos e depois revirou os olhos, pegando ela mesma uma taça de champagne.

— Dane-se, você é quem vai juntá-los depois — ela falou para Ian, antes de andar até uma grande poltrona e sentar.

Só observando o espetáculo.

(...)

— Que horas são? — perguntou Ian, sentado na poltrona ao lado dela. Na sua frente, Dan e Natalie pareciam dois bêbados, rindo e falando besteira.

— Oito horas — ela informou, vendo o rosto de Ian se contrair em uma careta.

— E eles já estão mais que bêbados... — o garoto falou baixo, balançando a cabeça em negação.

Amy queria rir e começar a cantar algo como: “Eu avisei! Eu avisei! Ha! Ha!”, mas ela se controlou, dando um leve sorriso na direção de Ian.

— Eu disse para não deixá-los beber — foi tudo que a ruiva se dignou a falar. — Eles não tem muitas experiencias com isso... Eu tinha certeza em relação a Dan, e agora vejo que Natalie também não.

— O que vamos fazer? — perguntou Ian, quase como se o “nós” nessa frase fosse algo muito claro. Ao ver o dar de ombros por parte da ruiva, o rosto do moreno se iluminou. — Que horas é servida a ceia?

— Lá pela meia noite, Grace gosta que comemoremos o Natal, no Natal. — Explicou a ruiva.

— Então vamos colocá-los em um quarto e implorar para que fiquem bem até a meia noite...

Amy assentiu, deixando sua taça, primeira e única, ao lado, em um criado-mudo, e segurou Natalie, fazendo-a levantar.

— Você leva o Dan, ele é muito pesado para mim. — Ela disse, sorrindo ao ver o olhar no rosto de Ian. — E não deixe ninguém notar que eles estão mal.

(...)

— Hey, Amy! — Ian lhe chamou, meia hora depois. A ruiva estava conversando com um senhor que era professor de Havard e uma mulher que era professora da Yale. A conversa seria normal se eles não ficassem se atacando a cada cinco minutos, dizendo que sua universidade era melhor que a outra. — Pode por favor me acompanhar? — ele falou, e assim que a ruiva assentiu, ele disse em alto e bom tom: — Oxford é melhor!

Amy puxou Ian, quase correndo.

— Você está maluco? — perguntou, dobrando em um corredor, longe dos dois senhores que estavam fulos da vida agora. — Se tem algo que alguém de Harvard e de Yale concordam é que Oxford é a sua maior “inimiga”! — repreendeu a garota.

— Ah, muito que eu me importo...

— Ian! Se você quer fazer com que os velhinhos dessa festa te espanquem, ok, mas não me leve junto com você! — o garoto sorriu, e só então ela notou que eles estavam muito próximos. Na tentativa de escondê-los depressa, Amy havia os feito entrar em um vão, entre a parede e uma porta. Ela praticamente sentia a maçaneta contra a sua cintura. — D-d-desculpa... E-eu... — ela tentou sair dali, mas Ian colocou o braço na sua frente, impedindo-a de sair.

— Eu estava te procurando. — Ele disse, sua voz rouca e o modo como eles estavam próximos fez Amy se arrepiar.

— Agora me encontrou. — Ela disse, com um leve sorriso na face. — O que há? Dan e Natalie...?

— Não, não... — Ian negou, seus olhos presos aos cor de jade dela. Âmbar no jade. Ele não parecia querer se mover dali, tampouco ela. — Vim convidá-la para ir numa festa comigo.

— F-festa? — Amy odiava a sua gagueira, mas lá estava ela. — Que tipo de festa? — Ela sempre iria ficar nervosa na frente de garotos bonitos, independente da sua idade.

— Uma do tipo familiar — Ian falou, sorrindo para a ruiva. Eles praticamente ouviam os batimentos fortes dos corações dos dois. — Mas mais divertida que essa.

— Vai ter que me dar mais informações que isso se quiser que eu vá em algum lugar — Amy provocou, apenas pelo belo prazer de provocá-lo.

— Uns primos nossos, entre 15 á 20 anos, estão dando uma festa em um lugar perto daqui. — Ian explicou. — Se formos agora voltamos antes da ceia e antes da sua avó se dar conta.

Amy considerou. Ela havia acabado de conhecer o garoto. Pelo amor de Gideon, ela não poderia simplesmente se jogar em alguma dessas loucuras assim... Ela não era uma garota que fazia antes de pensar. Ela pensava, refletia, repensava... Mas algo nos olhos cor de âmbar de Ian eram um convite insaciável para aventura, para encrenca... Para... Amor...

Oh, não, ela estava realmente ficando louca.

Mas o que seria do mundo se todos fossemos normais?

Onde estariam os grandes cientistas? O que faríamos sem o louco do Galileu Galilei? Ou sem Isaac Newton? Ou sem William Shakespeare? Sem todos aqueles que a sociedade e o mundo considerou loucos?

Amy assentiu com a cabeça, sem conseguir pronunciar uma única palavra. Seus pensamentos eram profundos e intensos demais, lhe deixavam assustada.

Mas ao ver o lindo sorriso, um largo e verdadeiro sorriso, um daqueles que atingem os olhos, se formar no rosto de Ian, Amy sabia que havia feito a escolha certa.

— Ótimo! — o rapaz disse, beijando a testa de Amy, com uma alegria que a contagiou. — Você não vai se arrepender.

Foi vez de Ian de lhe puxar pelo meio dos corredores, levando-a para a porta dos fundos da casa. Amy só conseguia rir, enquanto Ian lhe guiava com um sorriso no rosto, até mesmo no momento em que a neve atingiu seus cabelos e sujou seus sapatos ela ainda estava rindo.

(...)

— Natalie? — perguntou chocado um garoto na frente de Amy. Ele era alto, mas magro — embora tivesse músculos bem definidos —, afro-americano com toda certeza, com um linda pele escura como café.

— Ahn, não. — Amy falou, sorrindo. O braço de Ian estava sobre seus ombros, e ele a puxava para mais perto a cada passo que andavam.

— Ainda bem! — Jonah riu. — Por um momento pensei que Natalie tinha ficado ainda mais linda do que o normal!

— Até parece que essa é a Natalie, Jonah — Ian riu junto do moreno, puxando Amy para perto dele e beijando sua bochecha. — Esta é...

— Amélia Hope Cahill — completou Amy, sorrindo de lado tanto para Ian como para Jonah. — Prazer em conhecê-lo...?

— Jonah Wizard — o garoto se apresentou, e Amy lembrou de tê-lo visto na TV.

— O cantor? — ela perguntou, meio descrente.

— O mesmo. — Jonah riu, e Ian observou a cara de Amy, como se temesse que ela começasse a gritar e sair correndo para cima de Jonah.

— Suas músicas são meio sem sentido — foi tudo que Amy falou, fazendo Jonah ficar com uma cara de taxo e Ian gargalhar.

— Ela é a Cahill? — Jonah perguntou, olhando para Ian. — A neta de Grace?

— A mesma. — Foi fez de Amy de tirar com a cara de Jonah.

— Bem vinda, porcaria — riu Jonah. — Eu sou seu primo... Hm, como na verdade 75% de quem está aqui é. Mas os graus são tantos que não compartilhamos nem um único gene.

— Fiquei sabendo — Amy falou, rindo.

O lugar onde eles estavam era um apartamento muito grande, uma cobertura. Havia pessoas dançando, pessoas bebendo, pessoas rindo... Era uma festa muito legal.

Havia uma grande árvore de natal no meio da sala, o chão era de madeira e havia um sacada do lado contrário do da porta. Uma escada estava em um dos cantos, uma daqueles escadas de ferro giratórias, e havia pessoas sentadas lá, algumas até se beijando como se não houvesse amanhã.

Amy sentiu que ela representava o oposto daquele lugar. Mas havia gostado dali.

(...)

— Vem cá Amy!

A garota que a havia chamado era Sinead, uma menina ruiva que também era sua prima. A garota tinha olhos azuis safira e passaria por uma irmã de Amy com muita facilidade.

— Sim? — disse, chegando com um copo de alguma bebida cor de rosa em um daqueles copos bonitinhos. Amy tinha certeza que havia álcool ali, mas não se importou, ela sabia beber e bebia pouco.

— Vem jogar um jogo conosco — Sinead estava sentada no colo de seu namorado, Hamilton, que também era primo de Amy, pelo que ela sabia. Eles dois estavam junto com umas outras cinco ou seis pessoas, em um círculo na sacada, o que fazia o vento bater nos cabelos das garotas reunidas ali.

— Não jogo verdade ou desafio, isso é meio... Clichê e infantil demais — Amy anunciou, tomando um lugar ao lado de Ian, que riu de sua fala.

— Não é verdade ou desafio, ainda... — Sinead falou, rindo também. — É apenas um jogo para nos conhecermos um pouco mais... Eu acho.

— Sinead você nem sabe qual é o jogo! — uma menina loura, com a mais ou menos a idade de Dan e lindos olhos azuis falou, Madison. — Mas você está certa...

— Cada um pergunta algo para outra pessoa, algo sobre a vida dela, alguma curiosidade ou sei lá... — Reagan, a gêmea de Madison, porém muito diferente com seus cabelos castanhos e olhos verdes, completou.

— A gente vai seguindo a ordem das perguntas em círculo. De forma que Hamilton pergunte para Sinead, Sinead pergunte para mim, eu pergunte para Reg, Reg pergunte para Ted... — Madison retomou, mostrando como era a ordem com os braços.

— Entenderam? — Reagan finalizou.Olhando em volta, esperando ver alguma mão levantada. — Ótimo! Maddie, você começa!

— Reg, conte-nos o que você mais gosta de fazer! — e assim, o jogo seguiu.

Amy descobriu muitas coisas sobre aquela gente. Como, por exemplo, Reagan adorava dançar e Ted já havia feito doutorado; Ned preferia cavalos do que cães e Jonah temia errar um passo de dança no meio do palco. Mas a parte que mais lhe interessou foi quando Jonah perguntou para Ian se o garoto estava gostando de Boston e ele disse:

— Nem um pouco quando cheguei, mas hoje já estou mais confiante. A cidade esconde certas joias raras, só precisamos procurar um pouco. — E piscou para Amy no final, fazendo-a rir.

— Ian, você pergunta para a Amy agora! — Reagan falou, animada.

— Ok... — ele olhou para ela, seus olhos de âmbar se fixaram nos olhos jade da garota e ele pareceu pensar bem antes de falar: — Amy, me diga cinco coisa insanas que você gostaria de fazer antes de morrer, e note que eu disse insanas, então, não queremos saber sobre seus sonhos de ir para a faculdade ou ter sete filhos — Amy começou a gargalhar junto com os outros nessa parte, mas a diferença era que ela havia ficado corada com a ideia. — Queremos saber o que você quer de insano, as cinco coisas mais malucas. E que deem para ser realizadas em um dia, então nada de escalar o Everest ou nadar com tubarões na Austrália.

Os olhos de Amy estavam um pouco arregalados assim que ela terminou de rir, ela não sabia cinco coisas insanas, com toda certeza não...

— Ahn... Deixe-me ver — falou, olhando para aquele círculo estranho. — Eu gostaria de provar o sorvete mais estranho de uma sorveteria, e quem diria que sorvete estranho é esse não seria eu, e sim outra pessoa. — Algumas risadas foram ouvidas, mas Ian parecia meio desapontado.

— Sério? Isso é a coisa mais insana que te passa pela cabeça? — ele perguntou, fazendo bico.

— Calma, garoto, essa foi apenas a primeira. — Disse a ruiva rindo. — Segunda, hm... Eu gostaria de topar uma viagem para outro lugar, tipo, alguém chegar do nada e falar: “Vamos viajar?” e eu aceitar, sem ter plano algum...

— Isso é legal — Sinead constatou.

— Terceiro? — Ian perguntou, parecendo um pouco mais animado com os desejos insanos da garota.

— Gostaria de ir no Empire States Building de noite, só para ver as estrelas... Lá de cima! — Ela tremeu ao terminar de falar, só de imaginar a realização desse desejo.

— O que faz isso ser tão especial? — perguntou Madison, rindo da expressão da Amy.

— Eu tenho medo de altura — explicou — E eu estaria invadindo um lugar... Já que eles nunca me deixariam entrar lá de noite. Além de ser fora de Boston, e eu quase nunca sai de Boston... Só numa vez com a escola, mas nós fomos para Washington D.C.

— Quarto? — Ian estava com um sorriso no rosto agora, o que me fez achar rir daquela cara de alienado dele.

— Fazer um Flash Mob no meio da Times Square — Amy corou assim que disse aquilo, como se tivesse acabado de sugerir que queria ir para a lua.

— Isso ia ser demais! — Reagan quase gritou. — Eu até imagino! Qual música?

— Sei lá, alguma que eu escolhesse na hora, tenho certeza. — Amy falou, rindo-se toda.

— Quinto? — Ian perguntou, e Amy sabia na hora o que era, mas jamais iria falar.

— Não vou contar!

— Como assim? — Ian pareceu meio irritado. — Amy, eu te pedi cinco coisas insanas, nada menos do que cinco!

— Quer que eu invente algo e não te conte a verdade? — perguntou a ruiva, com uma expressão meio curiosa no rosto.

— Ahn... Não, quero que me conte a verdade — Ian parecia meio incerto, como se estivesse sugerindo que o homem conseguiria ir até marte.

— Mas eu não posso contar! — insistiu a garota dos cabelos cor de fogo.

— Então...

— Chega Ian, se ela não quer contar isso não é verdade ou desafio para obrigá-la. — Falou Hamilton rindo.

— Exato! — Amy falou, rindo também. — Aceite.

— Você vai acabar me contanto...

(...)

— Onde vamos? — perguntou a ruiva, olhando para o relógio. Eram 21h02, eles ainda tinham um bom tempo, mas por alguma razão inexplicável, Ian a estava puxando para fora de casa, levando-a para sei lá onde.

— Para uma sorveteria! — Ian falou, rindo muito. — Vou escolher o sorvete mais estranho para você!

— O que? — Amy parou de andar, fazendo Ian voltar já que eles estavam de mãos dadas.

— Por que você acha que eu queria a sua lista de cinco coisas insanas para fazer antes de morrer? Só para bonito? — ele perguntou, rindo. — Eu vou fazer cada uma delas! Vai ser divertido, e um Natal que lembraremos daqui a 30 anos ou mais!

Amy ficou encarando o garoto que ela havia acabado de conhecer e que já falava sobre como eles iriam lembrar daquele momento dali a 30 anos ou mais... O garoto que havia acabado de conhecê-la e já dizia que iria realizar os cinco — ou melhor, quatro — desejos mais insanos dela!

— Você... Você vai fazer tudo? C-comigo? — Amy sentiu seus olhos marejarem.

— Claro! — Ian falou, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. — E temos que correr para ir nessa sorveteria!

Amy nem quis saber o por quê, só deixou o moreno levá-la para onde ele quisesse. Ela mal conseguia falar.

(...)

— Canela me parece horrível! — Mentiu Amy, observando o lugar pavoroso que Ian havia conseguido encontrar.

Quer dizer, o lugar tinha sorvetes de lagosta, ouriço-do-mar com hortela e merengue, arroz preto e salmão defumado com creemcheese!

Ela estava apavorada.

— Até parece... — Ian riu, observando o cardápio com um grande sorriso. — Se eu mandar você comer sorvete de canela estaria sendo como pedir chocolate em outro lugar.

— Chocolate também parece horrível — tentou novamente Amy. — Como baunilha, flocos e morango... — Em situações normais a garota nunca sugeriria morango. Mas naquele momento...

Um rapaz alto veio atendê-los, com um leve sorriso no rosto.

— Como posso ajudá-los nessa noite tão bonita de véspera de Natal? — perguntou.

— Queremos... Oh, este daqui é isso mesmo? — perguntou, mostrando para o rapaz o que havia apontado.

— Ah, sim. Ele é uma mistura de...

— Não fale! — Ian quase gritou. — É uma surpresa para a minha amiga, ela tem que comer um sorvete que eu escolher e não pode saber qual é.

— Como assim não posso me preparar para o quem vem por ai? — Amy quis saber, parecendo meio ofendida.

— Amélia não me venha com essa cara — Ian mandou. — Nós temos um acordo, quer ou não quer cumprir sua lista?

Amy resmungou, mas o garçom saiu, dizendo que voltava em cinco minutos com o sorvete.

— Não vale só eu comer! — Amy falou, cruzando os braços sobre o peito. A garota queria urgentemente trocar de roupa. Sua meia-calça grossa estava quase rasgando em pontos nada estratégicos e a camada da saia branca de seu vestido estava com uma cor amarelada, totalmente suja. A neve estava caindo na noite lá fora, e Amy se sentia incrivelmente contente com a noite, tirando o fato que ela estava pensando em dizer para Ian que era alérgica a ouriço-do-mar.

— É a minha lista de cinco, ou melhor quatro, desejos insanos? Não? Então boca fechada!

Quando o sorvete chegou, Amy ficou até surpresa por ele ser de um tom nude escuro com pontos coloridos. Ela pensou que veria a pele do ouriço...

— Aqui está, bom proveito garota. — Disse o garçom antes de se retirar, Ian observou o sorvete com um certo fascínio nos olhos.

— Ok, me diz o que tem aqui dentro. — Falou Amy, olhando com um olhar suplicante para Ian.

— Sem essa, coma.

Amy o olhou por mais uns dois segundos, esperando ele mudar de ideia, mas seu rosto estava tão decidido que ela sabia que ele não ia mudar.

Suspirando, ela pegou a colherzinha de plástico e pegou um pouco do sorvete com ela. Levantou o sorvete na altura dos olhos dois dois, já que Ian estava debruçado sobre a mesa, ela fez o mesmo.

— Se eu morrer porque sou alérgica a alguma coisa que tem aqui dentro eu te mato! — Ela estava quase colocando o sorvete na boca quando a mão grande e forte de Ian segurou a sua.

— Me diga ao que você é alérgica — ele disse, sorrindo. — E assim te digo se você pode ou não comer isso.

— Ahn, penicilina... E, hm... Ouriço-do-mar? — Ela fechou um olho e o olhou com uma cara do tipo: “’Cê não caiu nessa, né?”

Ian começou a gargalhar e soltou a mão dela, incentivando-a a comer.

Amy fechou os olhos com força e colocou a colher de sorvete na boca.

O gosto era uma coisa. A primeira coisa que ela sentiu foi gosto de Prezel com... Meu Gideon, isso é batata-frita? Depois veio o gosto doce de M&M’s e algo que ela não soube identificar. Ouriço-do-mar talvez...

Mas...

— Isso não é tão ruim! — Ela quase gritou como se estivesse descobrindo a América. — Prove!

Ela convenceu Ian, depois de um longo tempo, a abrir a boca.

Ele não pareceu curtir muito o gosto, mas também admitiu que não era tão ruim assim.

— Ok, agora me diz, o que tem aqui dentro!

— Se chama “The Munchies”, “O larica” — Ian informou, e Amy já não havia curtido o nome. — É uma mistura de Prezel com batata-frita, biscoito salgado Ritz e M&M’s.

Amy abriu um sorriso, nada de ouriços-do-mar.

Ela acabou comento o sorvete, dividindo com Ian que parecia interessado em fazê-la dar-lhe na boca.

— Para onde agora? — ela perguntou, assim que eles saíram da sorveteria. Seu casaco fino não estava esquentando em nada ela contra a neve.

— Você tem duas escolhas — Ian informou. — Não há nenhuma maneira da gente fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas... Opção número um: A gente volta para a casa da sua avó a tempo para a ceia, e passa o natal com eles, ou... Opção número dois: Você topa vir comigo viajar para Nova York, sem plano de viagem e imediatamente. Você tem meia hora para decidir, contando com o tempo que a gente levaria para chegar até o aeroporto, já que nosso voo saí as 22h21 e agora são 21h49.

Amy arregalou os olhos. Ela sabia que aquilo ia acontecer, mas certamente não havia como se preparar.

Amy pensou em sua avó, em como passava todos os natais com ela e Dan, em como eles iriam falar de assuntos que ela desconhecia mas iriam ser gentis... Ela nunca havia deixado de passar um natal com Grace e Dan... E mesmo assim ainda queria passar todos eles... Mas...

— Eu vou com você — Amy aceitou, sim ela iria. Quando iriam aparecer com aquela oportunidade de novo? Talvez nunca.

Novamente, como quando ela aceitou ir para a festa com ele, um sorriso incrivelmente largo e belo se abriu em sua face. E de novo ela soube que fez a escolha certa.

— Mas, eu preciso de outra roupa...

— Isso não será problema, vamos! Temos um voo para pegar.

(...)

— Só encontramos esse vestido, senhor — informou a aeromoça, deixando uma pequena caixa nas mãos de Ian antes de ir embora.

— Vestido? Você? — Amy perguntou irônica, mais por conta do seu medo de estar a tantos pés de altura do que realmente acreditando que o vestido era para Ian.

— Para você, ingrata! — Ian fez cara de falsa dor. Entregando a caixa para Amy. Fazia quase 40 minutos que estavam no voo, segundo Ian, só ficariam ali por mais 25 minutos no máximo, já que a viagem demorava em torno de uma hora à uma hora e cinco minutos.

Amy abriu caixa, um pouco curiosa, um pouco nervosa.

— Oh meu Gideon! — Amy olhou o vestido a sua frente. Na verdade, mais parecia uma saia e uma blusa. — Obrigada!

Ela se esticou por cima do seu assento e deu um beijo estalado na bochecha do garoto.

— Vá se vestir! — Ian mandou, mas não pode esconder o sorriso de alegria por ter recebido um beijo da garota. — Estamos quase lá.

Quase pulando, Amy se dirigiu ao banheiro do avião. Eles estavam em um avião particular de Ian, não pergunte, então era muito mais privado e não havia nenhuma fila lá!

Amy retirou o vestido sujo e colocou o vestido novo. A parte de cima dele era branca, de mangas compridas e com um decote alto, quase na clavícula, que levava a uma parte transparente até o fim dos ombros. Uma saia transversal envelope vermelha descia até o meio da sua coxa. Era um vestido lindo! Ela retirou a meia-calça rasgada e colocou uma meia calça transparente que estava junto. Seus sapatos pretos combinaram com o vestido sem problemas e ela arrumou os cachos. Ela estava exausta, mas ligada ao mesmo tempo. Um sorriso estava plantado nos seus lábios e ameaçava nunca mais sair dali.

Ela voltou para o lado de Ian, que lhe lançou um enorme sorriso.

— O vestido ficou ótimo — ele elogiou. — Mas será que dá para dançar com ele?

(...)

— Eu realmente preciso passar por esse portão — Ian falou novamente para o guarda do Empire State Building. O homem não pareceu nem um pouco impressionado com aquilo.

— Sinto muito senhor, mas é noite de Natal e talvez o senhor e a sua acompanhante devessem ir para um lugar curtir o seu natal juntos e...

— Mas é exatamente isso que queremos fazer! — Ian disse, sorrindo. — Por favor, ela nunca saiu da cidade dela e eu prometi que lhe mostraria o Empire State de noite. Ela não é minha namorada nem um jogo para mim, eu não estou tentando impressioná-la...

Ele e o guarda começaram a falar baixo, e de repente o guarda pareceu comovido com algo. Amy assistiu os olhos do homem se encherem de lágrimas, cristalinas e salgadas.

Ela tentou ouvir o que Ian estava dizendo, e escutou algo do como:

— ... eu só não quero deixá-la infeliz, entende?

Amy sorriu para eles. Ela estava aquecida pelo sobretudo de Ian, que ele havia lhe dado quando o avião pousou em Nova York e ele disse que estava muito frio para ela andar sem um casaco.

— Vamos! — Ian a pegou pela mão e a puxou pelos portões e pelo detector de metal.

— Vocês tem trinta minutos! Meia noite e cinco eu quero você aqui embaixo — disse o guarda, enquanto liberava o elevador para eles, tocando no último andar.

— Muito obrigada — Amy agradeceu com um sorriso enorme.

O guarda olhou-a como se fosse o último dia da sua vida, voltando a soltar pequenas lágrimas ao encontrar os olhos da ruiva.

— Meu Gideon, o que você disse para ele? — perguntou a menina quando as portas se fecharam.

Ian começou a rir e abraçou-a com força, sussurrando:

— A verdade, que você é minha prima e eu estou realizando a sua lista de desejos insanos — Ian disse. — Mas eu falei que você ia descobrir que estava com suspeita de câncer amanhã.

— Só isso? Nada de mortes, só suspeita? — perguntou a menina, espantada. — Quer dizer, isso é horrível, mas só isso?

— Creio que ele teve algum parente que morreu dessa doença... Foi um chute no vazio, mas deu certo, não deu? — Ian desviou o olhar enquanto o elevador subia.

— I-Ian... — falou a menina, quando elevador estava perto do 60º. — Eu falei que tenho medo altura, não é?

— Acho que comentou, mas eu não me importo com isso — ele falou, sorrindo.

— Ian, eu estou com medo agora.

Ele segurou a mão dela com força.

— Você não tem o que temer, eu estou com você — ele olhou-a com uma cara tão fofa que o coração da garota bateu duas vezes mais rápido.

— Talvez esse seja o meu medo... — falou. — Você é insano! Está viajando com uma prima que você conheceu faz pouco mais de 6 horas! Está viajando com ela e realizando toda a droga de uma lista que você fez ela fazer e...

— Não acredita em amor à primeira vista, senhorita Cahill? — ele perguntou, quase fazendo-a engasgar.

— Na verdade, não. — Ela não tive a intenção, mas percebeu que sua palavras o machucaram. Tratou de concertar o que já estava dito. — Acredito em amor ao primeiro gesto, à primeira palavra, à primeira prova... Não podemos nos enganar com a vista dos outros. Aparência engana, senhor Kabra.

Ian lhe encarou, um sorriso formado em seus lábios. Seus olhos cor de âmbar pareciam querer prendê-la em algum lugar de onde ela sabia que não iria querer sair.

— Você não tem por quê ter medo, Amy — ele disse, baixo e segurando o rosto da menina entre as mãos. — Eu estarei aqui para qualquer coisa que precisar. E sempre que você sentir medo, basta agir como se não tivesse. Repita comigo: Eu não estou com medo!

— E-eu não estou com m-medo... — falou baixo e gaguejando.

— Tudo bem, agora mais alto, e sem gaguejar. — Ele disse olhando para elevador que já estava no 100º andar.

— Eu não estou com medo. — Falou novamente, sem gaguejar, mas em um tom ainda baixo.

— Ótimo, eu acredito em você — ele falou, bem quando as portas se abriram para a enorme sacada do Empire State Building. — Agora conte para o mundo!

As mãos da ruiva suaram enquanto ela subia a pequena escada cor de creme que levava para a parte mais alta daquela sacadona. As grades de contenção pareciam ter uns três metros de altura e a parede um e meio. Ian seguiu-a, sem falar nada.

O céu aberto sobre sua cabeça. As estrelas brilhavam lá em cima, derramando luz sobre a metrópole muito iluminada. Nova Yok era um ponto de luz, mas não eram aquelas luzes lindas e belas que Amy estava vendo agora. Aquilo eram estrelas. Brilhando fraco sobre a cidade, mas com uma beleza que foi de acabar com o folego. Amy andou até a beira, olhou para baixo e quase sentiu vertigem, mas ela lembrou o que Ian havia lhe falado, o que Ian mandou ela anunciar para o mundo.

— Eu não estou com medo... — falou, em um tom normal. — Eu não estou com medo! — gritou alto, o mais alto que suas cordas vocais conseguiram aguentar.

Ian a abraçou por trás, levantando os braços da garota para que ela sentisse o vento contra o seu corpo.

— Você teme algo? Aqui? No lugar mais alto da cidade? Sabendo que todos estão abaixo do você? — Amy sentia a alegria do garoto. Ela deixou os braços levantado por conta própria, libertando suas mãos para ele colocá-las na sua cintura.

— Não! — ela disse, sussurrando para as estrelas. — Eu só vejo nós e as estrelas, nada mais acima! — Ele sorriu.

— Que as estrelas sejam sempre as únicas acima de você, ruiva — ele falou, fazendo-a virar para encará-lo.

Eles dois se olharam. Naquele nosso momento parecia que nem as estrelas poderiam se opor a eles. Duas pessoas que acabaram de se conhecer e que faziam valer a expressão: “Amor à primeira vista”.

Ian entreabriu os lábios, um convite para ser beijado. Amy, mesmo com toda a sua vergonha e timidez, baixou a cabeça do moreno para de encontro a sua. Deixando seus braços em volta do pescoço e os braços dele contra a sua cintura. Eles ficaram apenas sentindo o cheiro quente que irradiava um do outro naquela noite de natal.

Amy deixou seus lábios se juntarem aos do moreno, beijando-o. Ian respondeu de imediato, fazendo girar em seus braços. Ele aprofundou o beijo, conhecendo cada canto da boca da garota. Copiando cada detalhe para recordar-se mais tarde. Sentindo o gosto de Prezel e M&M’s que vinha da boca ela.

Eles ficaram por um bom tempo assim, só se afastando quando o relógio apitou.

Meia noite.

— Feliz Natal, ruiva. — Ele falou beijando a bochecha dela.

— Feliz Natal, moreno. — Ela respondeu. — Temos que ir, né?

Ele fez que sim com a cabeça.

— Mas nossa noite ainda não terminou.

(...)

— Meu Gideon, eu não vou conseguir fazer isso... — ela disse, assim que eles chegaram na Times Square, que mesmo sendo noite de Natal, estava lotada de pessoas. Fazendo? Sei lá, talvez cumprindo desafios ou sonhos como nós.

— Os passos são difíceis para você? — ele perguntou, rindo um pouco. Ela havia acabado, e se arrependido imediatamente, de contar-lhe que sabia dançar Thinking Out Loud, do Ed Sheeran.

— Certamente não é esse o problema... — Amy revirou os olhos, jogando uma perfeita mecha ruiva para trás da orelha. — Mas o fato do lugar estar cheio, e saber que eles vão parar tudo que estão fazendo para nos olhar, e que estamos sozinhos, sim, isso é difícil para mim.

— Oh, Amélia... — Ian projetou. — Você teme tudo menos o que seria normal temer, não é mesmo? — Ele estava muito perto dela, uma mão segurando sua cintura e a outra afegando seu cabelo.

— I-I-Ian... Eu não sei se consi... — ela tentou dizer, perdida nos olhos dourados do rapaz.

— Não há necessidade de dizer nada — Ian prometeu. — Apenas dançar.

O garoto se curvou para deixar seus lábios roçarem nos dela, e Amy perdeu completamente o vio da meada. Seus pensamentos estavam uma mistura de palavras, seus sentimentos um turbilhão de emoções... Mas ela gostava daquilo. Gostava de Ian tocando-a como jamais se imaginara gostando de qualquer outro fazendo, gostava de ouvir o tom rouco de sua voz quando ele falava com ela, como se eles fossem amantes compartilhando um segredo... E acima de quase qualquer outra coisa, gostava de Ian. De tudo nele.

— Ok... — Ela falou, tentando se encher de coragem. — Vamos.

Ian sorriu para ela, ele sorria de um jeito tão belo. Seus olhos antes de seus lábios. Sempre sorrisos verdadeiros.

— Mas antes que eu me esqueça... Essa roupa ficou linda em você! — Ele puxou um dos panos soltos de sua saia. A garota corou, tentando fazer o coração voltar ao ritmo natural.

Amy tentava, sem sucesso, não sentir o frio de Nova York. Ela havia trocado de roupa, pois Ian falou que ela jamias conseguiria dançar aquela música vestida como estava, embora seu vestido vermelho e branco estivesse separado para ela colocá-lo assim que saíssem dali.

O corpete vermelhos era colado no seu corpo, dando a garota a cara do natal. Seu saia nada mais era do que um ou dois panos transparentes em volta da sua cintura. Seus cabelos ruivos estavam soltos, apenas para dar mais impacto.

Amy invejava Ian, que estava vestindo a mesma roupa que antes. Calça social e camiseta branca com colete preto e palito. Quente. Confortável. Nada que fizesse as pessoas o encararem... Já ela...

Eles se colocaram em suas posições. Um de um lado, outro do outro. Pessoas passavam por eles, mas outras já haviam parado, provavelmente supondo que algo aconteceria ali.

A ruiva queria fugir dali, se esconder, tapar seu corpo com um casaco grande e sair da neve. Mas os olhos de um garoto à uns cinco metros dela lhe fez ficar presa no chão.

Amy não sabia como Ian havia conseguido, mas o estalo alto e forte do começo da música tocou.

E ela apagou o resto do mundo.

Vagamente, ela sabia que as pessoas haviam parado pois agora eles eram praticamente o centro das atenções.

A música começou e ela começou a andar. Do jeito felino que lembrava da garota do clipe andando: o joelho curvando quase totalmente e depois a perna descendo contra o solo.

Ian avançou normal, meio desajeitado. Exatamente como no clipe.

Pareceu demorar uma eternidade, mas eles haviam calculado bem o espaço. Eles se juntaram no momento certo, se segurando em uma curta valsa.

Ian lhe soltou, fazendo-a andar para longe, apenas para voltar um segundo depois, girando alegre.

Quando ela pensou que cairia, lá estava ele. Segurando-a firmemente e andando para trás e depois para frente.

Amy segurou seu braço, colocando a mão dele na dela, a outra em sua cintura e levantando carinhosamente seu rosto.

Ian sorria, mas tentou entrar no clima quando eles voltaram a valsar daquele jeito estranho, de um para o lado, volta, lado, frente, volta...

E Amy quase estragou tudo ali.

O canto do seu olho havia registrado outra pessoa dançando.

Mechas castanhas escuros se juntaram a dança, e Amy se assustou ao ver que não eram os únicos dançando.

Ian lhe lançou um olhar de ironia. Como se disse-se: “Jamais deixaria você pagar um mico sozinha.”

Amy voltou a dançar, se esforçando para dançar de maneira perfeita. A outra dupla estava longe deles, como se soubesse exatamente o espaço que eles terião.

Amy deixou Ian jogá-la novamente, deixando sua mão no rosto da garota que voltou girando a cabeça e se afastando pelo outro lado.

Ela sabia tão bem aqueles passos, que seu cérebro já nem precisava pensar, girando, andando, se abaixando... Ela estava feliz por dançar aquela música. Ainda mais com Ian.

Ela o circulou, enquanto o garoto erquia os braços, como uma presa apaixonada pelo seu caçador. Ele segurou seu rosto, levando-a para cima após isso.

E a dança continuava. Vire e mexe, após um giro ou um salto, Amy localizava outros casais dançando, mas ela sempre esquecia tudo quando voltava a olhar Ian. Seus olhos brilhando e o jeito como o garoto parecia feliz e esforçado, para que ela pudesse dançar do jeito dela.

Desta forma, Amy nem hesitou como teria hesitado em se sentar no chão, suas costas nas costas de Ian. Sua cabeça requebrando com a dele.

Ela sempre achou difícil a parte de jogar suas pernas para cima, de fazer todas aquelas maluquices em cima de alguém, mas enquanto as fazia, olhava para Ian. Deitado no meio da Times Square por ela. E nada parecia difícil.

Eles riram juntos, quando Ian a puxou para fazer a parte do “violão/perna” com ela, mas logo voltaram ao clima sério, enquanto pulavam e dançavam.

Mas é claro que Amy sentiu seu rosto quente, quando correu para longe dele para fazer seu curto solo de pulos e giros, voltando um pouco mais rápido do que a música mandava, simplesmente por não conseguir ficar longe do garoto.

Ela sabia que estava sendo nada perfeita, seu nervosismo fazia suas pernas abrirem menos do que deveriam para os espacatos, mas Ian agia como um perfeito cavalheiro, tocando-a devagar e com as mãos macias mesmo nas partes difíceis.

Amy sorria toda vez que a música chegava na parte: “Kiss me under the light of a thousand stars“ Era tão eles! E mesmo assim, ela tentou ao seu máximo dançar da maneira mais perfeita do mundo, sabendo que não conseguiria em nada...

Ela gostou de sentir Ian brincando com sua cabeça como se ela fosse uma boneca e depois jogando-a por cima dele... Gostou de sentir suas mãos enquanto ele a fazia rebolar como uma dançarina de tango. Gostou dele tê-la jogado para os céus e depois repuxá-la no chão. Gostou de ser girada, jogada, empurrada, acariciada... Gostou de tudo.

E principalmente, gostou de puxá-lo para perto dela antes dos dois sentarem-se e deitarem-se no chão. E gostou de sentir os lábios dele nos dela, enquanto uma multidão de desconhecidos aplaudia.

(...)

— Por que não me avisou? — Amy perguntou, tentando fingir uma cara brava enquanto só conseguia sorrir, de modo bobo e infantil. — Eu quase tive um ataque quando vi outras pessoas e...

— Não o mate, Amy — Sinead Starling, sim, Sinead(!), me disse. — Ele não tinha certeza que conseguiríamos chegar a tempo e não queria fazê-la perder a noite.

— Sinead, eu quase morri de susto! — Eu tentava argumentar, mas minha própria voz, que deveria passar indignação, só conseguia mostrar o quão em êxtase eu estava.

— Amy, você não engana ninguém. — Falou, Madison, rindo.

E eu não enganava mesmo. Até mesmo Ian, que era para ser o alvo das minhas palavras, sorria para mim. Meus queridos — e conhecidos há pouco — primos foram os casais que dançaram conosco. Sinead e Hamintol,Madison e Ned, Reagan e Ted, Jonah e uma menina loura de nome Juliet que eu não lembrava e algumas outras pessoas que eu também não havia visto e/ou lembrava de tê-las visto.

Nós estávamos no aeroporto, esperando darem autorização para entrarmos no avião de Ian. Algumas pessoas já haviam ido embora, em vôos normais ou em seus próprios aviões – não pergunte –, eu estava tentando manter a respiração instável. Aquela noite estava sendo uma loucura sem tamanho.

Quer dizer, em que mundo Amélia Hope Cahill se jogaria em uma viagem com seu primo recém descoberto, dançaria no meio da Times Square e subiria no topo do Empire States? Sem nem contar aquele sorvete maluco!

E isso nem era a pior parte!

A pior parte, ou a parte mais louca, ao menos, era a expressão de boba que eu tinha no rosto, ou as borboletas agitadas no meu estomago... Talvez até aquele frio nervoso atrás da nuca, toda a santa vez que eu olhava nos olhos do moreno de olhos cor de âmbar.

Quer dizer, a gente tinha mesmo se beijado? Aquilo não parecia real! Eu já havia beijado alguns garotos aqui e ali, mas eram sempre beijos idiotas em festas idiotas e por pressão de pessoas idiotas... Nunca fui eu beijando aqueles garotos, e lá estava eu, suspirando por um que acabei de conhecer.

— Sua avó disse que eles irão guardar um pouco de comida para nós dentro do fogão. — Ian falou, retirando-me dos meus devaneios. Eu não havia notado que ele havia fechado o celular, ele estava no celular desde que chegamos no aeroporto, e andava calmamente na minha direção.

— Ah... — a menção a minha avó fez-me lembrar de algo não muito agradável. — Ela parecia brava?

— Divertida, na verdade — Ian falou, passando um braço na minha cintura. — Ela estava rindo da nossa maluquice, e quando eu falei sobre o Empire States ela disse: “ A Amy? Empire States? Haha! Parabéns garoto!”... — ele fez uma imitação tão perfeita da voz da minha avó que fez-me me encolher. — O que me faz pensar que seu medo era algo realmente sério...

— O pior. — A ruiva disse, sorrindo contra a bochecha do garoto que a puxava para perto.

— Hm... — ele disse, respirando seu cheiro, contra a garota. — Ainda sente medo?

— Um pouco... — Amy falou, ronronando. Para ela, todo o resto havia sumido, e graças à Gideon, ninguém parecia olhá-los.

Ian traçou uma linha irregular de beijos, começando na bochecha dela e indo até seu pescoço.

— Ainda sente medo? — repetiu a pergunta, firmando suas mãos na cintura da garota.

— Vagamente... — ela disse, mordendo os lábios.

Ele se inclinou sobre ela, beijando seus lábios vorazmente, como um faminto come depois de cinco dias sem nada. O beijo não foi como o anterior, não havia muita calma e paciência, apenas aquela desejo bruto. E Amy ficou feliz e envergonhada de admitir que boa parte daquilo era dela também.

(...)

— Cadê o Ian? — a ruiva perguntou, olhando em volta levemente curiosa. O garoto a havia deixado no banco, quando faltava dez minutos para pousarem e não havia aparecido mais, mesmo fazendo 20 minutos que esperavam no salão de desembargue. — O que ele disse para você, Maddie?

— Que iria resolver alguma coisa e era para esperarmos ele aqui... — Disse a garota, colocando uma mecha loura atrás da orelha. Ela, como Hamilton, Sinead, Reagan, Ted e Ned, a olhava com uma expressão quase culpada, um que de pena em todas as partes do seu rosto.

— Hm... — Amy falou, totalmente dispersa aos olhares dos demais. — Não deveríamos ir procurá-lo?

— Não! — Hamilton quase berrou, sua voz falhando um oitava. — Quer dizer... Ele logo chegará aqui...

Nem o grito do garoto fez Amy perceber que algo estava errado, a ruiva simplesmente estava preocupada com Ian.

E sua preocupação durou por mais um par de horas.

— Ok, onde ele está? — Amy perguntou, desta vez mais seca na direção de Sinead.

A ruiva mordeu o lábio inferior, constrangida.

— Eu realmente não...

Mas ela não conseguiu terminar a frase.

— Srta. Cahill? — Chamou um rapaz parando atrás dela.

— A mesma — respondeu a ruiva.

— Isso é para você.

O rapaz entregou um bilhete para Amy, e depois foi embora, deixando-a sozinha com a sua recente descoberta.

Santa Tell Me

Amy se recordava com precisão das palavras escritas naquele bilhete, e não conseguiu deixar de pensar nele enquanto deixava Dan guiá-la para dentro da mansão de Grace.

“Cara Amélia,

Não sei se posso dizer que sinto por deixá-la, mas não me entenda mal, essas coisas acontecem.

Não gostaria de ser cruel com você, então direi que a noite valeu a pena. Mas, felizmente, eu tenho assuntos para tratar.

Ian Kabra.”

O resto daquela noite foi um borrão. Ela havia fitado o bilhete, lido por umas trinta e oito vezes antes de guardar no sobretudo de... Argh, Ian. Depois se virou para seus primos que a observavam com olhares preocupados nos rostos, disse uma ou duas palavras de despedida e desfilou para fora daquele aeroporto.

Duas horas esperando por alguém que nunca viria!

Quando chegou em casa, na sua casa, não na casa da avó, ela quebrou alguns pratos e copos... Ok, um vaso de flores também estava incluso, mas a TV foi um acidente, quem diria que o sapato dela iria cair tão bem no meio da tela plana?

Bem, depois que o surto de raiva passou, Amy fez suas malas, ligou para avó para comunicar e nos 30 minutos que se seguiram ela estava em um avião, rumo à Grécia.

Nada realmente importante aconteceu lá. Ela estava formada no ensino básico, então havia começado três faculdades na Grécia. Acabou por desistir de todas. Nada realmente parecia fazer o seu estilo. Sua primeira tentativa foi Letras, mas, sinceramente, ela havia enlouquecido, quem consegue fazer letras onde o idioma do país é grego? No segundo ano, ela fez um pouco de psiquiatria, mas desistiu, não havia nascido para cuidar de pessoas. E por fim, a última faculdade frustrada havia sido culinária, que não era tão ruim se não pedissem para você cozinhar um pulvo de 15 maneiras diferentes.

Então, quando sua avó ligou implorando para que ela voltasse para os Estados Unidos, Amy mal pensou duas vezes.

Nas ilhas gregas, num lugar quente e ensolarado, lindo e perfeito, era complicado pensar em Ian Kabra. Ainda mais que ele havia realmente feito o que fez com ela, feito-a se apaixonar por ele para depois, simplesmente, dizer: “Ops, você não é tão chata, tchau.”. Amy não conseguiu ver o quão séria era a sua decisão...

Até o avião pousar em Boston, EUA.

Santa Tell Me

— Amy! — gritou Madison animada com a visão da prima perdida. — Por onde andaste, prima?

Amy e Dan haviam acabado de cruzar a entrada e já estavam cercados de pessoas. Aquilo não era reconfortante para a ruiva, nem um pouco.

Os rostos eram familiares, amigos e parentes que havia deixado para trás, mas ela não estava exatamente animada para revê-los. Principalmente a parte mais nova de sua família, os seus ditos “primos”.

A festa estava exatamente como Amy lembrava. Cheia, com pessoas saindo até das paredes. A decoração estava pendurada por toda parte, desde o marco na porta até as estrelas que caiam no meio do salão, penduradas no teto. A imensa árvore de natal, com suas luzes piscantes e bolinhas reluzentes, estava ao lado da lareira. Garçons andavam de um lado para o outro com bebidas e uma mesa gigantesca de petiscos e comidinhas estava do lado oposto ao da árvore.

— Ora, ora... — Grace apareceu do meio da multidão de pessoas que haviam se reunido ao redor dos irmãos. Seus cabelos brancos estavam armados em um belo e elegante coque e ela usava um vestido cinza que combinava com o tom verde de seus olhos. Sua expressão era animada, porém, recatada. — Vamos dar um espaço para meus queridos netos.

Amy não sabia da saudade que sentia de Grace até vê-la.

Seus braços trabalharam mais rápido que sua mente registrava as coisas, em um segundo, Grace estava sendo abraçada pela ruiva, de uma maneira tão forte e desesperada que Amy temeu que as duas caíssem no chão.

— Vovó... — suspirou a garota, tentando manter sua voz controlada. — Eu senti tanta, mas tanta saudade!

— Nunca mais faça isso comigo, Amy — sussurrou de volta Grace, passando as mãos carinhosamente pelos cabelos da ruiva. Não havia raiva alguma em seu tom de voz, apenas carinho e afeto, uma real preocupação com a garota.

— Não prometo nada... — Amy falou enquanto se afastava da avó, em um tom de brincadeira. — Sabe, a Grécia é realmente maravilhosa...

— Acho bom você calar a sua boca, mana — repreendeu Dan, que estava com o braço envolta da cintura de uma garotinha, que de “inha” não tinha nada, mas lembrava demais uma boneca para não ser descrita no diminutivo. Natalie, com seus lindos cachos negros e a pele de um tom café com leite, sorria para a ruiva. — Porque se você fizer isso de novo, eu vou até a Grécia e te trago de volta pelos cabelos.

— Dan! — Natalie o repreendeu, rindo levemente. — Não fale assim com a sua irmã mais velha, deste jeito ela vai pensar que não é bem vinda aqui. — E virando-se para Amy ela acrescentou: — Estou feliz em vê-la novamente Amy, que bom que você voltou!

Natalie não havia perdido totalmente o sotaque inglês, mas não parecia mais a neta da rainha Elizabeth falando. A garota usava um vestido vermelho com decote em coração e uma saia bem rodada até um palmo acima do joelho.

Amy não tinha muita intimidade com Natalie, mas estava satisfeita de ver Dan sorrindo daquele jeito, o modo como ele olhava para Natalie... Bem, Amy sabia que não era certo ficar com ciúmes, mas ela não conseguiu se conter.

— Agradeço que pense assim, Natalie — a ruiva respondeu. — E deixe-me parabenizá-la, já que pelo que eu sei é minha cunhada. — O sorriso no rosto de Amy era forçado, por dentro ela se sentia mais melancólica do que nunca.

— Oh, sim... — Natalie corou. — Obrigada!

— Gente, a Natalie tá corada! — Jonah Wizard, também primo de Amy, apareceu do meio da multidão, vindo para perto do grupo que se reunia ao redor de Amy. — É realmente ótimo tê-la de volta, Amy!

Jonah a abraçou e beijou uma de suas bochechas tão rápido que Amy mal registrou. Claro que ela lembrava dele, mas mesmo assim... Aquilo foi há tanto tempo, e mesmo assim, eles só conversaram por uma noite...

— Com certeza! — Madison falou, abraçando Amy também. Sua gêmea, Reagan, teve mais delicadeza em abraçar a ruiva, mas mesmo assim, todos agiam como se se conhecessem fazia anos... E aquilo não deixava de ser uma verdade.

— Amélia! — Sinead Starling deu um grito estridente, agarrando a ruiva de olhos arregalados e dando um beijo de cada lado do rosto da mesma. — Eu pensei que nunca mais te veria, garota.

Atrás dela, Hamilton Holt e os dois irmãos de Sinead, Ted e Ned Sartling, apareceram, também sorrindo para Amy.

A ruiva balançou a cabeça com força, tentando clarear sua mente.

Todos eles... Todos eles estavam naquele natal...

Ela tentou sorrir, mas imagens giravam na sua frente... A festa, o sorvete, a dança... O topo do Empire State...

Amy cambaleou em seu salto alto, segurando a parede com força, tentando fugir daqueles rostos amigáveis que sorriam para ela, como se ela fosse uma filha perdida que regressava para casa depois de um longo tempo.

— Amy? — Dan perguntou, parando ao lado dela.

— Me dá um segundo... — Ela conseguiu encontrar a voz para pedir. Nove pares de olhos nervosos a encaram. — Fuço horário de merda! — Amy xingou, como se aquele fosse seu problema. — Ainda estou um pouco tonta...

Uma cadeira apareceu embaixo dela, e Amy despencou, colocando a mão na sobre os olhos para ajudar na sua farsa...

— Precisa de alguma coisa? — Natalie se apressou em perguntar.

Que todos vocês sumam! – pensou a ruiva.

— Não, só vou no banheiro um minuto... — ela falou se levantando. Seu salto ficou preso, ou sei lá, mas ela quase caiu no processo de se levantar, o que deveria ter ajudado na farsa de “fuço horário complicado”.

— Você consegue chegar até lá? — Sinead perguntou, preocupação transbordando da sua voz... Tanta que Amy quase se sentiu mal.

— S-sim... — gaguejar! Ótimo! Próximo passo: cair na lábia de um idiota de novo. Três anos tentando mudar e um hora naquela cidade acabava com a nova Amy. — Quer dizer, sim! — Amy limpou a garganta. — Claro que consigo, obrigada pela preocupação, volto logo!

E ela se meteu no meio da multidão, fugindo daquilo tudo novamente.

Santa Tell Me

Nota mental: usar uma roupa mais quente.

Ok, não estava tão frio dentro da mansão de Grace... Mas, digamos que o telhado da mansão não estava incluído no “dentro”.

Amy sabia que a neve caindo em seus cabelos e o pelo arrepiado do seu braço significavam hipotermia. Ainda mais quando se está de saia e regata.

Ela não queria estar ali, perdendo o natal de novo... Mas ela também não conseguia encontrar a coragem para voltar lá para baixo e... Na falta de termo melhor, socializar com seus “primos”. E, céus, ela não queria ficar encarando o casalzinho mais fofo que ela já vira, seu irmão e Natalie.

Justo Natalie.

Como se ela não fosse uma lembrança gritante do seu irmão...

E tinha isso. Amy tinha certeza que o irmão de Natalie estava naquela festa... Algo no seu ser gritava pela proximidade em que os dois estavam... Como se um imã a levasse até ele, embora ela nem o tinha visto ainda...

Mas isso não impedia a lembrança do rapaz aparecer na sua mente a cada cinco segundos.

Cabelos escuros no estilo “acabei de acordar perfeito deste jeito”, os belos traços de alguém que esteve a vida inteira acostumado a se sentir da realeza, a pele tom de café com leite, o sotaque britânico irritante e ao mesmo tempo caloroso... E os olhos, lindos e belos olhos tom de âmbar.

Amy queria esquecer tudo! Queria esquecer aquele garoto mais do que nunca, mas ele não saia da sua cabeça, mais presente do que nunca ali.

Ela estava tão absorta em seus pensamentos que nem ouviu quando alguém entrou na sacada abaixo do seu esconderijo. Ela não percebeu o garoto até ele estar parado de costas para ela, logo ali embaixo.

Amy segurou um palavrão e um gemido de dor.

O universo conspirava totalmente contra ela!

De costas para ela, parado observando a lua, alguns centímetros abaixo do lugar no telhado onde ela estava sentada, estava Ian Kabra.

Santa Tell Me

A ruiva se segurou em uma telha para não cair de cara na sacada. Aquilo não seria muito legal, considerando o garoto que estava parado lá.

Mesmo de costas para ela, Amy tinha certeza absoluta que era Ian. Ela jamais iria esquecer os seus cabelos bagunçados escuros como breu. Tirando o fato de que ele parecia mais alto, Ian continuava com a sua postura imperial. Seus ombros largos demonstravam que ele havia ganhado músculos com o passar dos anos, mas nada muito assustador.

Amy queria sair correndo dali antes que ele vira-se para ela.

Mas, se alguém pode dizer algo contra Ele, é que o Destino prega peças.

Em um momento, Amy estava tentando subir mais acima no telhado, decidida a sair pelo outro lado da casa, e no outro... Bem, no outro estava caindo.

A dor a atingiu quase que no mesmo instante que sua bunda bateu contra o chão de mármore da sacada. Mas, de um jeito engrado, aquilo não doeu muito.

Entendam, quando se caí de bunda em um piso de mármore... Bem, espera-se que ao menos quebre um osso ou dois, sem nem falar da dor. Mas Amy sentiu como se estivesse batido contra uma cama fofa.

Com medo de abrir os olhos, todavia sabendo que deveria fazê-lo, ela espiou por trás dos cílios.

Ela estava sentada sobre um monte de tecido, espalhado pelo chão. Uma amarra em cada ponta estava estourada, com fios perdidos.

Ela havia caído em uma rede.

Logicamente, a rede não segurou o peso da queda, mas fez com que ela caísse “menos”.

— Ah, maravilha... — xingou a ruiva, levantando o olhar.

Ian Kabra estava a encarando com, sendo gentil e modesta na descrição, a boca escancarada.

Ele usava uma camiseta branca embaixo de um blaser preto aberto, quase como um casaco elegante. Um jeans mais do que bem cortado o fazia parecer uma espécie de modelo em assunção. Seus cabelos eram perfeitos, juntamente com seus traços... E, por tudo que é sagrado, seus olhos eram a coisa mais lindo do mundo.

Amy mordeu o lábio, tentando controlar seu próprio corpo.

Suas melhores memórias não faziam jus à pessoa que estava na sua frente. As memorias eram como se um mortal tentasse pegar o lugar de um deus, e Amy não conseguiu deixar de se odiar por ter voltado. Mais do que nunca, ela gostaria de voltar para Atenas.

— A-Amy? — e aquela voz... Aquela voz que fazia placas tectônicas tremerem sobre seus pés. — É você mesmo?

O sangue cobriu as faces dela como não acontecia há mais de três anos. Ela tentou se levantar, mas a sacada estava coberta de gelo, fazendo-a parecer um palhaço de circo.

— Σκατά! — bravejou Amy, a única palavra que ela havia conseguido aprender em grego... Claro, ela sempre achou que fosse útil aprender a xingar em outra língua.

— O que? — Ian saiu de seu transe, vindo ajudá-la a se levantar. Mas quando suas mãos encostaram na pele fria de Amy, a garota recuou, como se estivesse sendo tocada por material radioativo.

— “Merda” em grego! — ela quase berrou para ele. — Não encoste em mim! — ela estava tendo dificuldades de fazer seu coração parar de bater como um pássaro preso em uma gaiola.

Ele ficou parado onde estava enquanto ela se levantava. Uma mão dele estava cobrindo sua boca e a outra afastava seu blaser, parada ao lado de sua cintura.

Amy respirou fundo umas três vezes antes de conseguir se levantar. Sua mente forçando as lembranças que ela tentava esquecer. O mundo parecia ter fugido de controle, um controle que era dela até aquele momento.

— Amy... — Ian repetiu o nome dela, naquele tom que quase passava por devoção.

— Não fale meu nome nessa boca suja! — A garota gritou para ele. — Duas horas, Ian Kabra, duas horas! — ela recuou um passo, tentando clarear sua mente.

Ian apenas a encarava, dessa vez um pouco surpreso, mas em seus olhos ainda estava aquela devoção que ele passou por sua voz.

— Duas horas? — ele ergueo uma das sobrancelhas perfeitamente feitas, quase como se ele tivesse feito nem um salão de beleza, mas a ideia era ridícula, ele deveria ter nascido perfeito daquele jeito.

— Duas horas te esperando naquela droga de natal! — ela gritou. — E depois aquele bilhete... — Amy respirou fundo. Não adiantava em nada perder o controle na frente daquele garoto, ele não tinha sentimentos. — Quer saber? Adeus, Ian Kabra.

Ela se virou, pronta para abrir a porta da sacada e sair daquele lugar, daquela casa, daquela cidade... Como havia feito anteriormente, pretendia sumir de novo.

— Não, Amy, você tem que me ouvir! — o garoto segurou o braço dela, em um ato de puro desespero.

— Te ouvir? — Amy perguntou, virando para encarar o garoto. — E o que pretende me dizer? Me humilhar mais um pouco? Não conseguiu o suficiente da última vez?

Ela mal havia notado que estava quase colada nele, mas seus olhos âmbar há centímetros dos jade dela não permitiam que ela fizesse qualquer movimento.

— Eu preciso te explicar! — Ian falou, exasperado. — Não foi o que você acha que aconteceu... Quer dizer, não é o que você pensa que aconteceu...

— Ian, hey, eu estava lá! — Amy falou, se aproximando mais do rosto dele, num ato de afronta. — Ninguém me contou nem nada! Aliás, se tivessem contado eu não teria acreditado... Aquele garoto fofo e querido, que me dizia que o céu era o limite e que eu poderia ser o que quisesse, aquele menino gentil e lindo... Ser essa merda que vejo na minha frente!

— Amy não... Pera, você acabou de dizer que eu sou gentil e lindo? — os olhos dele brilharam, quase como se fossem estrelas do norte.

— Fofo e querido também — Amy disse, sarcasticamente. — Mas se não percebe eu usei o passado para falar. Agora você é uma MERDA!

— Não, eu não sou! — Ian segurou ela pelos braços novamente, a neve caia em volta dos dois. — Você não percebe? Eu sou aquela mesma pessoa!

— Exato! — Amy gritou, tentando se soltar. — A mesma pessoa que me deixou DUAS HORAS esperando no aeroporto, para receber um bilhete de “você não é tão ruim assim”! Se liga Ian!

— Não, não... — ele parecia querer explicar algo para uma criança. — Eu sou o garoto que você gostou, não aquele que fez aquilo com você!

— Ahn, você conhece outro Ian Kabra? — Amy disparou, o encarando com uma profunda ironia. — Bem, eu não.

— Amy, eu fiz aquilo com você, mas eu não queria! Você precisa deixar eu falar e...

— Não! — ela se afastou, a reação dela o deixou sem jeito e ela acabou conseguindo se soltar. — Não quero ouvir suas mentiras que irão me convencer de que você é meu príncipe encantado, mas adivinha Ian, isso não é conto de fadas, e já está muito tarde para você voltar com o seu cavalo branco me pedindo perdão!

Ela se virou e andou até a porta, entrando em um quarto que deveria ser um de hóspedes de Grace, pelos tons pasteis que era decorado.

Amy estava quase na porta quando alguém segurou um ombro dela, virando-a com força.

— Não quero ser seu príncipe, estou longe disso — Ian falou, segurando o rosto dela entre suas mãos. Seus olhos estavam em um tom de dourado derretido que vez ela ficar estática, sem reação. — Mas você, com toda certeza, é a minha princesa.

E sem esperar resposta, ele a tomou os lábios, beijando-a com ardor de amantes que estão afastados há tempo. Ela não conseguiu reagir por uns bons cinco segundos, mas depois não se afastou, ela apenas correspondeu o beijo.

Era tão errado parecer tão certo, ela sabia que aquele era o garoto que quebrara o seu coração, mas a única coisa que ela conseguia fazer era beijá-lo com o mesmo fogo que ele a beijava, suas mãos nos cabelos sedosos dele, puxando-o para si, sabendo que naquele momento ele poderia destruí-la para sempre, e que ela estava dando este poder para ele.

Mas ele não se afastou. Colocando as mãos contra a parte de trás da sua cintura, puxando-a para ele. O poder de destruí-lo estava com ela, e ele sabia que estava dando para ela isto, mas eles só conseguiam se beijar com mais e mais força.

Quando precisaram de ar, Ian não permitiu que ela se afastasse, apenas encarou-a nos olhos, tentando gravar cada pedacinho do seu rosto.

— Eu não queria deixá-la, Amy, eu me apaixonei por você no exato momento em que coloquei meus olhos em você. — Amy sentiu as lágrimas que por anos ela reprimiu cobrindo a sua face. — Minha mãe, ela é uma espécie de assassina de aluguel, eu nunca compreendi, mas ela me mandou uma mensagem quando estávamos no vôo voltando para Boston, era uma foto sua comigo na Times Square, a legenda era: “Afaste-se ou vou matá-la”. — Os olhos da ruiva estavam arregalados, era muita informação... Meu Deus, muita informação. — Eu não poderia suportar te deixar, mas Amy... Se você longe significava você viva, eu suportaria.

— Por... Por que deixou aquele bilhete? — foi tudo que a ruiva conseguiu falar, os olhos cheios de lágrimas.

— Você me deixaria em paz se eu te deixasse sem nenhuma explicação? — A garota negou, observando a risada leve de Ian, os olhos âmbar deixando uma ou duas lágrimas caírem. — Está vendo? Eu não sabia o que fazer, então eu menti, Amy! Me perdoe por isso, por favor, não sei se suporto você me deixando de novo...

A garota queria cair nos seus braços, dizer que o amava, dizer que tudo estava bem... Mas aquilo séria insano.

Ela havia ido rápido demais uma vez, e não cometeria o mesmo erro de novo.

— Eu preciso pensar... — Ela disse, mas seu coração quebrou em mil pedaços quando ela viu a expressão de perda, dor e horror nos olhos de Ian. — Amanhã, perto do cemitério... Tem uma árvore grande, me encontre lá.

Santa Tell Me

Quando o sol raiou mal parecia possível que ela realmente havia pedido um tempo para pensar.

Sua decisão já estava pronta mesmo antes dela descobrir toda a história. Sua estava tomada antes dela vê-lo ontem à noite. Sua decisão estava tomada antes mesmo dele deixá-la naquele aeroporto. Sua decisão foi tomada no momento em que seus olhos bateram nele pela primeira vez.

Então, com os primeiros raios de sol batendo contra a cortina de seu antigo quarto na casa de sua avó ela se levantou, pronta para declarar o que mudaria sua vida.

Depois de um banho rápido, ela vestiu um blusão folgado e uma calça justa. Seus cabelos estavam lisos novamente, então ela apenas secou e deixou do jeito que estava, prendendo em um coque solto.

O caminho da mansão até o cemitério foi caótico. Amy mal conseguia se conter em seu corpo, aos seus passos ritmados. Ok, ela se segurou para não correr.

E quando ela finalmente chegou... Lá estava ele, em todo o seu esplendor matinal.

— Amy... — De novo, o tom devoto. Ela não havia conseguido compreender na noite anterior, mas finalmente fazia sentido, eles se sentiam da mesma maneria em relação ao outro.

— Ian! — Ela usou o mesmo tom, dando um sorriso que poderia iluminar a cidade inteira.

Ele parecia meio fascinado, com um sorriso bobo no rosto. Amy se assustou ao ver que era a mesma expressão que Dan tinha no rosto ao ficar perto de Natalie. A mesma que Hamilton usava perto de Sinead... A expressão dos apaixonados.

— Você pensou? — Ian perguntou, a aflição era mais do que presente em sua voz, fazendo-a rir.

Amy deu um passo na direção dele, pegando sua mão e levantando para ficar na altura dos seus rostos.

— Está com medo? — perguntou a ruiva, com um sorriso sapeca no rosto.

— Sim. — Ele admitiu isso, chegando um pouco mais perto dela, mas ainda hesitante.

— Você não tem por quê ter medo, Ian — ela repetiu o que ele lhe disse no topo do Empire State, um sorriso escapou pelos lábios dos dois. — Eu estarei aqui para qualquer coisa que precisar. E sempre que você sentir medo, basta agir como se não tivesse. Repita comigo: Eu não estou com medo!

Ian olhou para ela, os olhos com um brilho majestoso, um brilho que faria o próprio Sol ter inveja.

— Eu não estou com medo, desde que você fique ao meu lado. — O acréscimo fofo de Ian fez a ruiva sorrir ainda mais.

— Então medo será o último sentimento que você sentirá por toda a sua vida — Amy falou, deixando seus braços caírem no pescoço de Ian, o garoto, com um rápido sorriso, abraçou a cintura dela, com força. — Isso é um sim, Ian, eu te perdoou. Agora... Pode me beijar?

Não há nenhuma palavra para descrever a felicidade que Ian sentiu naquele momento, ele deixou seus lábios caírem sobre os da garota, tomando-lhe um beijo longo e profundo.

Amy percebeu que finalmente estava inteira novamente, o pedaço que faltava na sua vida desde aquele natal finalmente retornará para ela! E com um suspiro feliz ela devolveu o beijo com toda as suas forças.

O chão sumiu debaixo dos seus pés e ela estava girando pelo gramado, Ian segurando com força, Amy riu como uma criança que recebe doce. Ian a levantou, fazendo-a ficar suspesça, encostando suas testas e beijando-a devagar mas com uma paixão incontrolável.

— Ian, este amor é difícil, mas nada no mundo poderia ser tão real — A ruiva falou quando foi colocada no chão, com o carinho que uma princesa receberia. — Eu te amo — Amy falou devagar, como se cada palavra fosse uma promessa.

— Não mais do que eu te amo — Ian respondeu, com o sorriso do rei do mundo, passando as mãos nos cabelos ruivos da garota.

E nada no mundo poderia acabar com a felicidade dos dois.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Não esqueçam de deixar o reviews, os favoritos e as recomendações se tiverem gostado da fanfic, lembrando que eles irão me influenciar a escrever outra one enorme de novo ou não.
Feliz natal atrasado e um ótimo ano novo pessoal!!
Feliz 2015! Uhul!! Que ele venha com alguns Ian's para todas nós - e Amy's se tiver algum menino lendo, vai que né...
Sobre a minha outra fanfic, se alguém aqui estiver lendo-a, (Bleeding Out) ela será atualizada em breve, prometo!
Que nos reencontremos!
Beijos ♥