Nunca Fui Beijada escrita por BabeG


Capítulo 3
Capítulo 3




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Quatro dias haviam se passado desde que eu tinha aceitado aquele desafio estúpido, e nada havia mudado na minha vida. Eu continuava a mesma menina de sempre, que só fala com meninos e só pensa em futebol. Em uma quarta-feira de férias, o que uma menina normal faz? Isso mesmo, sai com as amigas. Mas como eu sou a Cath tenho que ir ao clube treinar e limpar os vestiários após o treino. Como eu não pagava para estar no time, tinha que fazer a limpeza do local toda segunda e quarta. E às quartas-feiras era dia de treino masculino também, ou seja, mais trabalho pra mim.

Nove horas da manhã e eu já estava em campo. Nunca me senti tão bem. Meu físico estava em perfeito estado, eu havia dormindo melhor que nunca e estava de muito bom humor. Arrumar os vestiários hoje não seria uma tarefa tão difícil. Assim que o treino acabou fui ao armário de materiais de limpeza, peguei tudo o que precisava e fui ao vestiário masculino. Como minhas coisas estariam no feminino e algumas pessoas ainda estavam lá não valeria a pena limpar agora.

O caminho para o vestiário masculino era curto, porém eu tinha que sair da casa das meninas e atravessar o campo para ir até a dos meninos. Assim que olhei para a direita, vi uma cena um tanto quanto engraçada. Frederick tentava fazer embaixadinha, e estava cercado de umas vinte bolas, todas espalhadas pelo campo por conta das tentativas falhas. Juro que em qualquer outra situação apenas ignoraria a existência daquele ser, mas assim que o vi me lembrei de sua irmã. Não que eu goste de Frederick, eu só precisava da ajuda dele. Percebi isso ontem à noite enquanto pensava em uma solução para meu problema da aposta, e ele seria o cara perfeito para ajudar. Dizem que sabe tudo sobre relacionamentos, como conquistar e como os homens gostam de ser conquistados. Nem me pergunte por que e sei disso, ouvi em algum lugar não me lembro quando.

Aquela parecia ser a ocasião perfeita. Não era novidade que Frederick não sabia jogar futebol e obviamente estava tentando aprender, e eu precisava que ele me ajudasse a ganhar aquela aposta. Peguei uma bola que estava perto de mim e chutei em sua direção, fazendo-o parar de fazer o que estava fazendo e me olhar.

– Oi! – Gritei, e ele deu apenas um sorriso falso e se voltou à embaixadinha. Peguei outra bola e chutei novamente, dessa vez com o intuito de acertá-lo. – Você não sabe ser educado?

– Olá. Quer o que? – Perguntou.

– Queria que você fosse menos grosso, até porque eu tenho algo que você precisa.

– Ah, é claro – Riu, irônico, o que me fez ficar nervosa.

– É sim, ou você acha que chutando uma bola desse jeito vai conseguir entrar pro time?

– Acho, sim. E você? Acha que sendo desse jeito vai conseguir ganhar a aposta? – Perguntou, me deixando pasma. Minhas intenções em ir falar com ele estavam tão claras assim?

– Tudo bem, vamos direto ao assunto. Eu preciso da sua ajuda. Você precisa da minha. Não negue, eu sei que precisa. Acho que a gente podia fazer um trato.

– E por que eu faria isso?

– Não sei, talvez pra conseguir um lugar no time?

– E quem garante que eu quero um lugar no time?

– Se não quisesse estaria trancado no seu quarto ou saindo com seus amigos.

– Você pensa que me conhece.

– Eu conheço.

– Veremos, então.

– Veremos? – Perguntei, confusa. – Isso quer dizer que você aceita?

– Sim. Tenho duas condições, apenas: Primeira, não vamos ter nenhum tipo de relacionamento. Não somos amigos, ok? – E quem disse que eu queria ser amiga desse menino? Apenas concordei com a cabeça. – Sempre que eu precisar, ou você precisar, vamos estar lá. Isso é para o trato acabar o mais rápido possível.

– Por mim tudo bem. Espero que você esteja bem fisicamente, meu querido, porque futebol não é o tipo de coisa que você aprende em dois dias. – Ele deu de ombros, e saiu do campo deixando todas as bolas lá. Idiota.

Juntei todas as bolas, levando-as para dentro da sala de materiais de jogo e fui terminar meu trabalho. Devo dizer que o tempo passou muito rápido, já que me distraí pensando em como eu treinaria um perna de pau. Só me meto em roubadas mesmo. Mas como não tem como sair dessa de outro modo, resolvi ligar para Liam e pegar o celular de Frederick. Amanhã às sete da manhã ele vai ser acordado pela minha voz tão angelical.

Cheguei em casa só às três da tarde, fiquei vendo televisão até o horário de preparar a janta, fiz um macarrão alho e óleo, comi e deixei a panela em cima do fogão para meus pais. Subi para meu quarto, e me deitei. Amanhã o dia será longo.

6:59 da manhã.

Meu despertador tocou. Confesso que tive vontade de me jogar da janela, mas meu desejo maior era de esfregar na cara dela a minha mão dada com a do menino mais bonito que ela conheça. Sonolenta, peguei meu celular. Digitei o número.

– FREDERICK! PODE ACORDAR. ME ENCONTRE DAQUI UMA HORA NO CLUBE. TCHAU. – pude escutar o início de um xingamento, mas desliguei o telefone e me levantei. É hoje que Frederick vai sofrer. E o mais legal disso: Em minhas mãos.


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