Nunca Fui Beijada escrita por BabeG


Capítulo 2
Capítulo 2




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– Não tem nada que eu não seja chamada, então decidi vir junto com o meu irmão. – Sorriu, falsa.

Essa noite vai ser longa.

Para a graça de Deus, Joseph apareceu logo atrás de Alanna, sorrindo de orelha a orelha. Ri por dentro na hora em que ele puxou o braço daquelazinha e a tirou da frente da porta a fim de abrir espaço para que nós entrássemos. Confesso que fiquei um pouco mais calma quando vi que a casa de Joseph era o contrário do que eu esperava. Pelo tanto de dinheiro que sua família tem, o mínimo que eu esperava era uma jacuzzi logo na entrada, mas na verdade era uma casa muito aconchegante, no sentido de ser mais simples. É claro que eles tinham todo tipo de tecnologia possível, mas a decoração era como a da casa de uma avó, só que com móveis e objetos mais caros.

– Sua casa é muito legal! – Falei, animada, e vi que Joseph abriu um sorriso enorme. Levei um susto quando ouvi uma voz fina e alta que do nada apareceu atrás de mim.

– Obrigada! Fica à vontade, a gente vai pedir umas pizzas e ver filme! Vocês tão com fome? Sede? Frio? Calor? Eu posso ajudar qualquer coisa. – Soltou tudo de uma vez. Suponho que essa seja Lindsay, irmã de Joseph. Ele me contou no caminho que ela é uma pessoa um tanto que animada e prestativa demais. Gostei dela. Não sendo esnobe, ta tudo bem pra mim. – Você é a Catherine, certo? Prazer, eu sou a Lindsay!

– Prazer, sou eu mesma! – Falei, rindo um pouco e estendendo a mão. Ela não pensou duas vezes pra pegar na minha mão, me puxar e dar um beijão na minha bochecha. Olhei para Liam, que me olhava segurando o riso. Ele sabe que eu não costumo ficar muito perto assim das pessoas, mas na hora eu nem me importei... A animação dela foi tão contagiante que eu quase saí abraçando todo mundo.

– Você conhece todo mundo? Quer que eu te apresen...

– Ok, já deu de encher a Cath, você já pode ligar pra pizzaria. – Falou, rindo e logo em seguida me olhando. – Vem, ta todo mundo no terraço.

– Terraço? – Liam perguntou.

– É... Na parte de trás da casa temos a piscina uma parte com grama. A gente pode sentar em uma espécie de espreguiçadeira gigante. A gente fica lá sempre que dá. É gostoso, sabe.

Eu sorri com a ideia de ficar de boa na beira da piscina. Fomos para os fundos da casa, e me deparei com uma piscina gigante.

“Meu Deus”, pensei. Eu daria tudo para ter uma daquelas lá em casa. Olhei para o canto direito, e havia um belo jardim com algumas árvores e a tal “espreguiçadeira gigante”, na qual estavam deitadas três pessoas: Frederick, Alanna e uma menina que eu não sabia quem era. Mas a julgar pelo tamanho da blusa, já posso imaginar que ela é alguma amiguinha da vadia máster.

Aproximei-me de lá com Liam, e pude ver que aquela desconhecida total não parava de olhar para ele.

– Ta podendo hein – Sussurrei discretamente, lançando meu ombro contra o ombro dele. Nos sentamos, e a Alanna já se pôs a falar.

– Então... Como é mesmo o seu nome?

– Catherine.

– Ah, sim, me desculpe, eu tenho uma memória um tanto ruim para algumas coisas sem importância. – Sorriu, irônica. Mas que ousadia é essa? Senti o sangue subir para a cabeça, mas tratei de me acalmar quando senti o chute do gay do Liam na minha canela. – Quem te chamou mesmo?

– Liam.

– Mas se ele é convidado, como pode convidar alguém? – Falou, e pude escutar a risadinha de sua amiga.

– Acho que você e ele estão quites então, já que você trouxe esse encosto. – Falei, e sorri do mesmo modo que ela havia feito antes.

– Trago quem eu quiser. Não importa onde e quem organizou a festa, ela é sempre minha. Entende? Ou vou ter que escrever? Aprendi a fazer alguns sinais para surdos e...

Se eu não tivesse saído dali como se não estivesse escutando o que ela falava, teria avançado em seu pescoço. Fui até a cozinha, e vi que as pizzas já estavam lá.

– Nossa, que rápido. – falei.

– O que dez reais a mais não fazem, né? – Ele falou, rindo.

– Joseph, desculpa a indelicadeza, mas o que aquela coisa ta fazendo aqui? – Perguntei, me referindo à Alanna .

– Eu sei lá. Nem tinha chamado ela, só chamei o Fred.

– Entendi... Quer ajuda pra levar as coisas?

– Quero. Valeu.

Quando chegamos lá com as pizzas e os refrigerantes, pude ver que Lindsay já estava lá, sentada ao lado de Liam. Que fofinhos, meu Deus. Nos sentamos em roda naquela espreguiçadeira que era realmente gigante, e começamos a comer.

– Então... Eu acho que nós devíamos fazer alguma coisa. – Todos concordamos com a cabeça, e Lindsay continuou. – Que tal jogarmos “Eu Nunca”?

Parece que todos ficaram animados com a ideia menos eu e Frederick. Acho que ele não ficava animado com nada mesmo, e eu apenas não sabia que jogo era esse.

– Como funciona o jogo? – Perguntei

– Nossa, você nunca vai à festas não? – Se intrometeu Alanna, e eu apenas revirei os olhos e voltei minha cabeça à Lindsay.

– É o seguinte: Vou dar um exemplo que é mais fácil ok? Eu digo: “Eu nunca bebi água”, e quem já bebeu teria de tomar uma dose de vodka. Mas ninguém ta no clima de beber, a gente vai fazer assim: Quem já bebeu água, por exemplo, levanta um dedo. A primeira pessoa que os dez dedos da mão tem que fazer algo que o resto do grupo pode decidir.

– Acho que entendi... Gostei, quero jogar. – Falei, sorrindo abertamente.

– Eu começo: Eu nunca bebi escondido de meus pais. – Alanna falou, e todos levantaram um dedo. Assim que viu todos os dedos levantados, abriu um sorriso e falou: - Assim que eu gosto. Liam, sua vez.

– Hum, deixa eu pensar. Eu nunca fumei maconha. – Confesso que fiquei feliz ao ver que as únicas pessoas que levantaram o dedo foram Alanna e seu encosto.

– Agora eu entendi qual é a da falta de neurônios. – Falei baixinho, e pude ver Frederick soltando um riso fraco. Nossa, ele ri? Sério mesmo? Comecei a rir também, e ele me acompanhou enquanto o resto das pessoas nos olhava como se fôssemos retardados.

– Frederick, vai você. – Falou Lindsay, e ele fez uma cara de tédio.

– Tudo bem. Eu nunca beijei alguém do mesmo sexo. – Falou, e a amiga da vaca levantou um dedo. Devo dizer que foi engraçado ver que Alanna deu uma bundada pro lado contrário ao da amiga depois disso, mas achei uma idiotice da parte dela.

– Eu! Posso ir? – Perguntou o encosto, e nós concordamos com a cabeça. – Tudo bem. Vou falar uma coisa muito simples, mas vale a pena. Eu nunca beijei.

Arregalei os olhos. Eu fui a única a não levantar o dedo, e Alanna tentou fazer uma graça levantando todos os dedos da mão e os do pé junto.

– Vish, perdi galera, o que querem que eu faça? – Perguntou, rindo como uma idiota. A única que riu foi sua amiga. – Tudo bem, vocês são muito sem graça hein. Mas quer dizer então que nossa bebezinha foi a única que ainda não beijou? – Tentou apertar minhas bochechas, mas bati em seu braço antes que ela conseguisse me tocar.

– Nunca me interessei, e não tenho tempo pra isso. – Falei, dando de ombros. – Caso não tenha percebido, eu sou bem diferente de você.

– Não vejo problema nenhum nisso, Cath. – Lindsay falou, sorrindo para mim, e eu sorri de volta. Ah, que vontade de morder aquela fofura de pessoa.

– Pois eu acho que só não fica porque na verdade ninguém te quer. Olha essas roupas. Parece que você vai jogar futebol na lama assim que sair daqui.

– Mas eu vou. – Falei.

– Sério? Você joga futebol? Então é por isso que ninguém te quer. É uma Maria-macho. – Falou, rindo, e foi acompanhada pela menina ao seu lado.

– Ela nunca quis, entendeu Alanna? – Liam começou a me defender. – E além disso, por que você ta se intrometendo nesse assunto?

– Ah bebê, não fala assim. – Fez bico. – Acontece que eu apenas acho que ela não consegue conquistar alguém. – Sorriu vitoriosa.

– Pois eu consigo, sim.

– Quero só ver.

– Isso é um desafio? – Perguntei. Meu rosto já estava vermelho por conta da raiva.

– Sim.

Que droga. Desafios são meus pontos fracos. Eu não resisto, e sempre quero ganhar todos eles. Coisa de esportista competitivo.

– Então tudo bem. – Falei, e estendi a mão para ela, que apertou e ainda reclamou da força que eu tinha apertado a dela. Liam, Joseph, Lindsay e até Frederick estavam me olhando perplexos. Eu havia caído no joguinho dela, e agora não teria como sair até conseguir mostrar pra essa menina que eu sei ser mais do que uma Maria-macho. Ela vai se ver comigo. Eu vou fazer de tudo para deixar ela de queixo caído com o gato que eu vou namorar nessas férias. Como eu vou fazer isso?! Não sei também. Mas vou pensar. Tenho que mudar.


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