-Ei! Dobe, você é o pior! – O pequeno garoto de cabelos negros riu enquanto via a bola laranja bater no aro e cair no chão.

-Cala boca, Teme! Quando eu estiver jogando como um profissional e você limpando o chão da minha quadro eu que vou estar rindo! – Naruto cruzou os braços como uma criança emburrada.

-Sem chance.

Os dois garotos se olharam. Olhos profundamente negros encarando o mais puro azul. Era uma competição, sempre uma competição. Mas por trás de suas carrancas, os dois jovens de 7 anos riam. Riam porque as coisas eram assim, simples como duas crianças em um parque, brincando e aproveitando os tempos fáceis. No final das contas, é assim que as coisas funcionam entre irmãos.

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Quando você é pequeno, o mundo é enorme. Você pensa que é imbatível e eterno. Consequentemente, o tempo parece nunca passar e por isso pensamos que seremos os mesmos para sempre. Se pelos menos isso fosse verdade...mas a realidade é que o tempo corre sem que você perceba. Então, quando você para pra prestar atenção, ele foi embora.

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A porta da frente se abriu dando espaço para um Uchiha solitário. Sem anunciar sua entrada, Sasuke calmamente tirou os sapatos e os colocou na estante ao seu lado. Sentiu-se aliviado quando o tênis novo que seu pai lhe dera escorregou de seus pés, uma vez que sentia como se os mesmo estivessem triturados. Entretanto, apesar da dor em seus pés, ombros, pernas e pescoço, sentia-se leve, quase livre, o que tornava o resto praticamente irrelevante.

-Onde você estava? – A voz de Uchiha Fugaku assustou o moreno. Sasuke não se deu ao trabalho de olhar para trás, apenas respondeu com a voz arrastada:

-Fora. – Fugaku por um momento pensou ter ouvido ou visto errado. Mas não, esse era mesmo seu filho o desobedecendo mais uma vez.

Seus lábios se comprimiram em uma fina linha e suas sobrancelhas franziram profundamente. E, mesmo de costa, Sasuke podia sentir a raiva de seu pai. Por um segundo pensou em correr de volta para rua, mas aquele não seria o ato de um homem, seria?

Fugaku deu dois passos a frente, tudo o que precisava para alcançar o filho mais novo e abruptamente agarrar seu ombro para que o garoto o encarasse.

-Eu vou lhe dizer isso só mais uma vez Sasuke: Fique longe daquele bastardo. Pessoas com o nosso status não podem se dar ao luxo de sair andando por ai com qualquer um. – Os dedos do mais velho se aprofundaram cada vez mais na carne do pequeno menino de 12 anos. E quando um grito de dor quis sair de sua boca, teve que morder os lábios para não chorar.

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Então, quanto mais você cresce, mais você descobre que, na verdade, o mundo não é o seu playground, mas sim sua prisão.

Pessoas começam a mudar, elas vão embora e nunca olham para trás. E o pior, é que tudo que você pensa que é verdade não passa de mentiras. Seu mundo é uma mentira.

Crescer é tão solitário quanto ficar preso em uma ilha deserta. A inocência vai embora e tudo o que sobra é aquele sentimento amargo dentro do seu peito. Você descobre que a realidade é que você não tem ninguém, você vem para esse mundo sozinho e vai embora sozinho.

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Estava atrasado. Não era algo novo para si, mas mesmo assim ainda não desculpava o fato de que havia perdido muito tempo. Felizmente, Sasuke o perdoaria. Eles eram irmãos afinal e irmãos se entendem.

De longe Naruto pode avistar a cabeleira negra de seu melhor amigo. Sorriu e levantou as mãos em um aceno abobalhado.

-Teme! – Sasuke não se virou, o que era estranho levando em consideração que a voz de Naruto era alta o bastante para ser ouvida do outro lado da praça.

Então, parou de correr. Sentia que algo estava estranho, podia ver as costas do moreno se tencionarem ao ouvir sua voz e seus punhos se fecharem. Algo estava errado.

-Teme? – Chegou mais perto e colocou a mão sobre o ombro do amigo. Todavia, de repente Sasuke se virou e bateu na mão do loiro. Seu rosto fechado e vazio.

-Não me toque. – Os olhos azuis se arregalaram e por um segundo pensou que talvez aquele não fosse Uchiha Sasuke, mas sim alguém muito parecido com ele.

-Mas o que...?- A voz de Naruto falhou ao ver o moreno se afastar.

- Fique longe de mim. Eu não quero um bastardo sujo como você andando ao meu lado.

Uzumaki Naruto riu, alto e claro. Riu como se aquilo fosse uma brincadeira sem graça. E acreditava nisso, acreditava que Sasuke apenas estava querendo pregar-lhe uma peça.

-Não estou brincando, Uzumaki. Acho que já está mais do que na hora de dizermos adeus.

Não foi preciso mais palavras, pois apenas com essas o jovem Uchiha simplesmente se virou e deixou um Naruto surpreso e assustado para trás.

-Ei! Idiota. – Gritou frustrado. Será que aquilo era um sonho? Porque não era possível que seus olhos estivessem lhe dizendo a verdade. Talvez fosse um pesadelo. Não aceitaria que mais uma pessoa poderia deixa-lo simplesmente assim. Sasuke era seu irmão, não era? Se Sasuke era seu irmão, então aquilo era uma mentira, porque irmãos não abandonam um ao outro.

.....

Em outras palavras, a moral da historia é que a vida é o inferno e felicidade é uma ilusão. E a solidão? A solidão é nossa penitencia.

Então, porque se dar ao trabalho de construir laços? No final das contas você perde tudo, pai, mãe, o amor da sua vida e seus irmãos.