Eu não sou Bi! escrita por Incon


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Esse é meu presente de amigo secreto do ask!! Fiz para uma grande e antiga (+ ou -), essa fic super zuera, mas muito especial! Espero que você ria muito, pois foi muito divertido fazer. BeGio meu casal yuri favorito auhasuhausuas



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Estou tão desanimada. Ser uma garota apaixonada por alguém que não corresponde é frustrante, coisa clichê. Pareço uma menininha boba, que fica correndo atrás do ‘grande amor da sua vida’ sem se dar valor, e que por mais que esse a despreze ou ignore, continua lá esperando que algum dia tire a sorte grande e que um milagre aconteça.

Poxa, sou muito direta e admito que se fosse feia até entenderia. Não que pessoas feias não possam ser felizes amorosamente, mas tem vários garotos correndo atrás de mim, e eu não sou uma pessoa tão ruim que não mereça uma chance. Eu sou?

Fico babando enquanto sonho acordada, vendo suas reações e sorrisos, como queria você junto a mim. Por que a vida tem que ser tão malvada assim? E o pior de tudo é que você sabe. Ou melhor, desconfia. Tem que desconfiar! Eu sou tão transparente, sempre olhando você observando todas as suas reações. Acho tão fofo quando você cora. É sempre estou te devorando com os olhos, como agora. E você percebe!

Meus amigos ficam me cutucando sempre. Vivem me dizendo pra que eu chegue junto logo, mas o que eu posso fazer? Não sou tão cara de pau nessas situações e o que eu diria afinal? Sou muito direta sim, mas sou muito insegura. Uma rejeição seria um tanto doloroso.

– Bela! To falando contigo, não ta me ouvindo? – Disse Alê, meu melhor amigo nesse colégio.

– Desculpa. O que você disse? Estou meio perdida hoje. – Respondi saindo de meus devaneios românticos, pensando que seria tão bom se pudesse os botar em pratica. Mas isso não é hora de pensar nessas coisas.

– Está perdida há semanas, isso sim. Vem cá porque você não vai logo falar com el...

– Calma, ta bom!? Eu preciso organizar meus pensamentos. E também nem sei como vai ser. Só de pensar que pode me deixar para trás e sair correndo já fico tensa. Tenho mesmo que fazer isso?

– Posso ser sincero? – Alê fez uma cara de quem mal aguentava mais aquela enrolação, e estava quase empurrando a amiga de uma vez para o dito cujo amor. Acenei com a cabeça, ele seria de qualquer forma. – Acho que deveria tentar. E deveria tentar agora! Hoje mesmo, depois da aula.

– Hoje? Está louco, Alexandre? – Que ideia era essa agora? Estou há muito tempo querendo me declarar de uma vez, mas é algo difícil para mim. Se fosse fácil, já estaria lá. Já tinha o feito.

– Acho que é você quem vai enlouquecer daqui a pouco. Está ficando cada vez mais surtada e desligada. Estou falando como amigo: Vá atrás de uma vez, antes que alguém o faça primeiro. – Terminou sorrindo, sabia que me convenceria.

Tive que rir. Era a mais pura verdade e se eu não acordasse pra vida, logo teria minha chance passado e eu nunca mais veria a cor dela. Um sorriso perfeito se abriu naquele rostinho lindo. Um banho de determinação me encheu e eu finalmente percebi que era à hora. De hoje você não me escapa!

***

Depois do último sinal, todos já tomavam seus rumos e eu tinha meu objetivo em mente. Corri para onde sabia que encontraria aquela pessoa e foi um alivio quando a achei sozinha sentada em um banco lendo uma revista, muito concentrada. Tão concentrada que quando cheguei perto, nem percebeu.

Giovana. Ela é tão linda. Com seus cabelos negros e escuros, pela branca e olhos castanhos. Baixinha e cheia de curvas deliciosas. Seus óculos quadrados de nerdzinha e suas varias sardinhas, me encantam. Até mesmo suas bochechas rechonchudas me davam calafrios. Imaginava-a vestida de Paquita só para mim.

– O-olá! – Minha voz saiu um pouco trêmula e mais alta do que eu gostaria. Estava nervosa e pude perceber que a deixei também. A morena até escondeu a revista que estava lendo. – Não sei se você me conhece, meu nome é Izabela. Eu estudo na mesma turma que a sua. – Gio tentou guardar rapidamente a revista em sua mala, mas na distração acabou a derrubando no chão perto de meus pés.

Agachei-me e peguei a revista que parecia ser tão valiosa para ela. Logo pude notar que se tratava de algum tipo de manga, os traços japoneses eram perceptíveis. A curiosidade me tocou e aproveitando a brecha dei uma rápida olhada meio por cima na pagina aberta.

Duas garotas se beijando e seguidamente uma delas tirava sua blusa e exibia seus seios fartos. Mais adiante as cenas esquentavam cada vez mais e por alguns momentos achei que era coisa de minha mente. Giovana roubou o pequeno livro de minhas mãos com sua face corada e eu provavelmente estava igual. Santo Deus, aquela menina lia um Yuri dos bons.

– Eu sei que seu nome é Giovana, e que seus amigos te chamam de Gio. – Disse rapidamente, já que ela se preparava para me dar as costas. – Eu venho te observando há algum tempo. E-eu...

Meu estomago embrulhou e minha voz insistia em não sair. Os olhos castanhos dela tremiam enquanto me olhavam fixamente, me esperando terminar de dizer. E eu observava aquela cena em câmera lenta, enquanto me punia por apenas a admirar e não conseguir falar nada. Respirei fundo e soltei.

– Eu venho te observando há algum tempo. Vejo você fazer seus biscuits, tricotando e tendo seus surtos do nada. – Ela abriu um pouco a boca, provavelmente surpresa. - Reparo até que você usa uma calcinha escrito ‘Giovana’ rasgada onde ficava mais um ‘n’, pois sei que odeia que coloquem dois ‘n’s em seu nome. – Sua cara de espanto foi incrivelmente linda, você colocou uma mão em seu peito e a outra depositou onde provavelmente ficava o furinho em sua roupa de baixo. Pude ouvir sua respiração prender enquanto soltava um tímido ‘Oh’.

Senti-me desconfortável, como explicaria aquilo de maneira natural, sendo que nem eu mesma não entendia aquele sentimento? Deveria ter preparado algo, improvisar nunca foi meu forte. Mas agora não havia mais tempo, teria que fazer algo nesse momento.

“Ticking away the moments that make up a dull day

You fritter and waste the hours in an offhand way

Kicking around on a piece of ground in your home town

Waiting for someone or something to show you the way”

Comecei a cantar uma musica que eu gostava muito. Time de Pink Floyd. Ela me olhou desconfiada, mas de alguma forma ela continuava ali. E então eu continuei.

“Tired of lying in the sunshine

Staying home to watch the rain

You are young and life is long

And there is time to kill today

And then one day you find

Ten years have got behind you

No one told you when to run

You missed the starting gun”

Ela me olhou como se não estivesse entendendo nada. Não sei se ela sabe inglês, mas provavelmente por sua expressão não entendia nada do que eu queria dizer.

– Você não me entende? Não consegue entender o significado? – Perguntei alarmada, já que ela parecia estar ficando cada vez mais desesperada. Ela negou com a cabeça, ainda meio tímida. – Não entende inglês? – Continuou com o gesto negativo. – Tudo bem. A tradução desta musica não tem importância, ela nem tem a ver com o que eu quero dizer. É só uma musica que eu gosto muito.

Gio olhou para os lados, desconfortável. Parecia querer correr dali e se esconder de mim. Segurei um de seus pulsos instintivamente quando ela deu um passo para trás. E sentir o calor de sua pele, misturado com o suor de minha mão nervosa e o resto de creme de leite que tinha por cima do doce que comi a pouco tempo, envolvendo nosso toque, era uma sensação maravilhosa.

– Gio, espere. O que eu quero dizer é que assim como eu gosto dessa musica, E-eu... – Respire Bela. Apenas respire e diga o que você quer dizer. – Eu gosto de você. Eu quero te ouvir muito, como a ouço, em todas as suas versões. E eu quero ser sua DJ.

A morena puxou seu pulso de minhas mãos, lembrando-me que estava a segurando e colocou suas mãos em frente de sua boca. Como se estivesse prendendo sua reação dentre de si. Depois de alguns minutos eu a ouvi balbuciar algo que não pude entender e pedi para que repetisse.

– Eu... – Iniciou ela, com sua voz trêmula, mostrando toda sua aflição e nervosismo. Senti como se nada mais me importasse e só quisesse ouvir sua resposta nesse momento. – Eu não... – Ela já estava vermelha por inteiro, envergonhada ou irritada, já nem sabia mais o que iria acontecer. – Eu não sou bi!

Por um momento eu não consegui entender direito o que ela queria dizer. Provavelmente ela percebeu, pois se afastou um pouco e repetiu mais alto.

– Eu não sou bi! – Disse ela mais séria como se estivesse tentando se recompor. Concordei com a cabeça, não esperava que ela aceitasse ter algo comigo, mas apenas que ouvisse o que eu tinha a dizer. Fechei os olhos e suspirei, pelo menos um peso tinha saído de meus ombros. – EU NÃO SOU BI! – Gritou ela, me fazendo quase cair para trás pelo susto. Arregalei os olhos e quando dei por mim ela corria gritando essa mesma frase.

Fiquei imóvel por alguns momentos enquanto a via correr pela calçada e tropeçar em algumas elevações da mesma. Até que reparei que ela tinha deixado sua bolsa no banco, com a revista homoerótica mal entrouxada dentro dela. Agi antes mesmo de pensar, e quando dei por mim, estava correndo atrás dela com a bolsa em minhas costas.

Ela tinha ficado aturdida, não pensava direito. Provavelmente ficou assustada e agiu de maneira impensada para o momento. Mas eu queria mostrar que estava tudo bem. Devolveria a bolsa e diria que não tem problema se o que sinto não for recíproco, eu só queria que ela soubesse como me sinto. Queria que ela soubesse que não vou a seguir pelas ruas e a estuprar algum dia, só que gosto de admirá-la ao longe.

– Espera Gio! – Sai gritando atrás dela na rua. As pessoas desviavam do caminho, algumas até me xingando pela pressa.

– EU NÃO SOU BI! – Gritava ela usando toda a força que tinha em seus pulmões, enquanto ainda corria e tropeçava entre as pedras e buracos no chão.

– Eu sei! Mas você esqueceu sua bolsa! – Eu nem tinha forças para gritar, e ela até que corria rápido. Por um momento eu pensei em desistir, mas por algum motivo eu continuei. Estava pressentindo que algo de errado ocorreria.

– NÃAO! Eu não sou BI! – Disse ela poucos segundos antes de uma van parar em sua frente, quase a atropelando.

Quando cheguei mais perto, a porta lateral do automóvel abriu e da lá eu pude ver a megera. A pessoa que sempre me odiou nessa vida e sempre tentou roubar o que é meu. Estava de sobretudo azul escuro, com luvas vermelhas, botas negras e boné listrado de vermelho e azul. Uma roupa ridícula, por sinal. Parei a alguns metros de distancia, as coisas ficariam mais perigosas agora.

– Ana! O que faz aqui, sua perversa? – Questionei rangendo os dentes. Tudo que eu não precisava nesse momento era encontrá-la em uma situação como essa.

– Eu não sou mais a Ana, agora eu sou o Dick Vigarista! – Respondeu ela, girando o bigode falso que prendia em seu rosto. – E eu estou raptando sua donzela! Agora ela será minha! – Concluiu ela rindo.

– Ei Bela, o que você está fazendo correndo na rua desse jeito? – Surgiu Alê do meu lado, encarando-me como se fosse louca.

– Não atrapalha agora, Alexandre! Estamos no meio de algo importante!

– Ana!? É você? Por que está vestida assim? – Disse ele ao perceber a outra estava presente, e a encarar por alguns segundos.

– Eu não sou mais a Ana, eu sou o Dick Vigarista! – Alê ficou a encarando por um tempo, esperando que fosse alguma brincadeira, mas como ninguém se pronunciou ele apenas concordou com a cabeça.

– Eu não sou Bi! – Gio acabou acordando todos para o momento em que estavam, e em poucos segundos ela estava dentro da van, sendo segurada pelas mãos frias de Ana, ou Dick Vigarista.

– Ela virá comigo e você não poderá fazer nada. Você é mesmo uma Bela de uma fracassada. – Riu-se até tossir. – Vamos Mutley, dirija essa van!

– Ana, eu já disse que sou o Tsu e não o Mutley.

– Sou o Dick Vigarista! E você é quem eu quiser que seja! Agora faça alguma coisa! – Disse fechando a porta, enquanto a imagem de Gio se debatendo toda babada, tentando fugir de seus braços, ia sumindo.

– Ela está com a Gio, Alê! Precisamos fazer algo. Temos que arranjar um carro! – Iria a salvar nem que isso fosse a ultima coisa que eu fizesse. Não é o momento de desistir, não agora que Ana estava no meio disso tudo.

– Entendo. Mas amiga, eu deixei umas louças na pia que vou ter que dar uma lavada, antes que minha mãe chegue. Boa sorte com sua caça. – Antes mesmo que ele fugisse o arrastei pro meio da rua. Um carro parou na nossa frente com tudo, por pouco não nos atropelava. – Mas o que é isso, piriga? Quer me matar, daí?

– Ei vocês! Mas que porra estão fazendo no meio da rua? – O motorista do carro praticamente se jogou pela janela, enquanto gritava conosco.

Fui até ele, e abri a porta de seu lado. Ele me olhou assustado, mas eu não poderia temer isso agora. Seria uma fora da lei. Segurei sua cabeça e bati contra o volante do automóvel, e o joguei pra fora do mesmo. Chutei seu órgão entre as pernas e ele ficou gemendo no chão. Entrei no carro no banco do motorista, bati a porta e acenei para Alê.

– Eu sou o Batman! E você será meu Robin! – Ele entrou preocupado com a situação, e logo que o fez eu pisei no acelerador. Agora só teríamos uma missão, salvar minha bela princesa Giovana. Segura esse forninho.

– Amiga, não faça assim amiga. Amiga, se você fizer assim eu não vou ter como te defender! Você pelo menos sabe dirigir? – Alê praticamente chorava.

– Vamos recuperá-la, Alê. Só precisamos passar em um lugar antes! – Teria que ser tudo perfeito. Não podia fracassar. – Vamos a uma loja de fantasias. – Respondi quando ele perguntou.

***

Quando voltei para o carro, Alê estava dividindo um pacote de pipoca doce com uma garotinha, que estava sentada no banco de trás do carro.

– Quem é essa garotinha? – Questionei logo quando entre no carro.

– Essa é Jessica. Ela estava aqui o tempo todo. Disse que o homem que nós roubamos era o pai dela, e que ele estava a levando para casar com um menino que ela nem amava.

– Olá! Pode me chamar de Jeeh. – Cumprimentou ela fofinha, com sua voz de criança.

– Oi Jeeh, quantos anos você tem?

– Eu tenho 10. – Respondeu sorrindo e mostrando seus dentinhos ainda incorretos.

– Nossa você é muito nova pra casar! Seu pai era um louco. – Se tem uma coisa que me deixa passada, além de gritar comigo sem eu ter feito nada, são esses pais que obrigam os filhos a casar sem o consentimento deles. Poxa, ela é só uma criancinha fofa e inocente.

– Não é esse o problema, amiga. É que tem outro homem na parada, daí. Ela o ama e o pai não quer os dois juntos. Olha que linda história de amor. – Alê parecia emocionado.

– Meu pai tinha achado pra mim um rapaz que me aceitava como sou, me enchia de carinho e que toda hora queria dormir de conchinha, mas não quero isso! Quem eu amo é o Danion. Ele é quem me faz ser mulher submissa, do jeitinho que mereço. Já gastei horas lavando as cuecas dele, fazendo almoços e até massagens! E ele retribui me desprezando e me chamando de mulher de malandro. Ele não é encantador?

– Ela quer fugir com ele, daí!

– Ah sim. Acho que esse assunto quem pode conversar melhor com você é seu pai mesmo. Mas você não está com medo de estar aqui com a gente? – Perguntei assustada, não queria ser presa por sequestro de menor, nem por pedofilia.

– Não. Sem problemas. Danion, meu amor, me leva na garupa da moto dele e pegamos uma velocidade em que acho que vou morrer sem poder respirar. Já estou acostumada com essas coisas do mundo.

– Tudo bem então. – Concordei com a cabeça e entreguei um gorro de cogumelo para a garotinha. Em seguida entreguei uma fantasia de Luigi para Alê e coloquei meu bigode e chapéu do Mario. – Só tinha essas fantasias mesmo.

– O que importa é a intenção. E eu até gosto do Mario verde. – Disse Alê. Ele sempre é um bom amigo, tentando me animar nessas horas. – Mas como faremos para achar a Gio, agora que viemos para outro lado? As perdemos de vista.

– Tudo bem! Eu mandei uma mensagem para a Ana, avisando que nós faríamos uma parada antes de continuarmos. Ela me respondeu que estaria logo à frente, esperando eu terminar de escolher as fantasias. – Apontei para a van que estava a algumas vagas a frente. Assim que liguei o carro acenei positivamente para eles, e logo pudemos continuar de onde paramos.

***

Seguimos a van até um beco onde não havia saída, pelo menos não grande o suficiente para passar com um automóvel. Ana desceu, puxando Gio que agora era mantida presa com uma corda entre os braços, mas ainda gritava claramente que não era bi. Tsu que até então dirigia a van, saiu bravo com sua companheira, pareciam brigar por não acertarem a rota que deveriam ter tomado.

Sai do carro com tudo e corri até uma distancia valida. Ouvi os passos de Alê, vindo logo atrás, mas agora tudo que me importava era o que iria acontecer em seguida. Ana iria pagar por ter levado minha preciosa Gio. Agora seria minha vez de dizer o que pensava, ordenar que a soltasse. Tomei o máximo de ar que pude e olhei diretamente nos olhos de Dick Vigarista.

– It’s me, Mario! – Ditei com toda minha força.

– Isso ai amiga, mostra pra ela! – Comemorou meu melhor amigo ao fundo. – E eu sou o Mario verde, daí!

– Quem é o Cogumelo ali atrás? – Perguntou Tsu, enquanto cruzava os braços. – Não me digam que vocês sequestraram uma criança.

– Está tudo bem, ela está discutindo a relação com o namorado Danion. – Certificou Alê de que não teriam problemas por conta da garotinha.

– Como assim você deletou todos meus yaois?! Quê? Você me chamou de safada, é isso mesmo? Mas, ownt! Mesmo me humilhando você demonstra que tem ciúme de mim! Te amo tanto Danion... - Jeeh indicou com a mão para que eles seguissem em frente, já que ela estava em uma DR pelo celular.

– Eu não sou bi! - Ana puxava Gio para o longo caminho estreito entre dois prédios.

– Mutley, faça alguma coisa! – Proferiu Dick para seu capanga que ainda prestava atenção na conversa de Jessica.

– Eu vou chamar a policia, isso sim. E eu já disse que sou o Tsu, e não o Mutley.

– Eu não sou bi!

– Disso a gente já sabe. – Continuou ele enquanto eu só encarava meu adversário. Logo minha princesa era arrastada pelo caminho adentro e eu fui desesperada atrás. – Você vem? – Perguntou Tsu para Jeeh, que agora sentada no capo do carro balançava as pernas de um lado para o outro.

– Não, podem ir sem mim. Meu Danion está chegando, pra me botar no meu lugar. – Ele apenas concordou e nos seguiu.

***

Algum tempo depois de corrermos por volta dos prédios e os vizinhos começarem a nos tacar alguns objetos, percebemos que Gio tinha sumido. Após constatar isso, nos dividimos em dois grupos para procura-lá. Eu fui com Dick Vigarista, e Alê com o Mutley.

– Você é uma ordinária! Sequestrou minha querida Gio e agora ela nunca mais vai querer olhar em minha cara! – Acusei, já que estávamos juntas iria falar o que bem pensava mesmo.

– Há, você é uma ingrata! Por causa disso, eu dei a oportunidade de você se mostrar alguém para ela, salvando-a de seu raptor. Mas você é mesmo uma ameba.

– Olha quem fala! Você me perdeu a própria vitima! – Essa Ana estava de brincadeira com minha cara, o que seria de minha preciosa Gio?

– Isso foi apenas um pequeno probleminha. Venha, vamos ver se achamo-la aqui dentro. – Apontou Dick para uma tenda, pendurada a essa havia um letreiro escrito: ‘Mãe Maga – a macumbeira’.

Lá dentro pude notar vários penduricalhos e bugigangas inúteis, típicas dessa gente hippie e sem trabalho. Eu e Ana estávamos rodeando a pequena sala, em busca de Gio, até que uma mulher vestida toda de branco, parecendo uma baiana só que toda desleixada, apareceu pela porta de franjas.

– A que devo a honra dessas grandíssimas presenças? – Questionou ela, pitando um cachimbo.

– Eu estou procurando o meu amor, acho que ela fugiu de mim! Você pode me ajudar?

– Olha, geralmente nós demoramos uns três dias para trazer a pessoa amada. Mas você me parece uma pessoa necessitada, então vou ver o que eu posso fazer por você. – Respondeu ela jogando fumaça em meu rosto e pegando minha mão. Após uns minutos começou a dar uns gritos sufocados e disse que um tal de exu estava baixando.

– Isso é muito divertido! Parece até programa da Xuxa. – Dick Vigarista, observava tudo com os olhos brilhando.

De repente, ouvimos vários passos e chutes nas coisas, seguido de vozes de homens dizendo coisas como ‘a casa caiu’ e ‘vocês estão presos’. Mãe Maga tirou um pacote de ervas de entre seus peitos e me entregou.

– Leve isso com você, irá te dar sorte. Procure sua amada entre sonhos! Ela estará por lá, te esperando! Agora vão antes que os ‘home’ peguem vocês aqui. – Terminou ela nos empurrando para fora, por uma saída escondida de trás da mesa.

Logo que saímos recebi uma mensagem de Alê. Eles teriam encontrado Gio em uma panificadora. Não era mesmo que Gio estava entre os sonhos, mas Mãe Maga poderia ter dado uma dica melhor, como bolos ou pães. No fim fomos até lá.

***

Ao chegar ao estabelecimento, pude notar Alê com seu chapéu verde e bigode, conversando com Tsu que só agora pude perceber que estava com um cachecol vermelho, enquanto tomavam um chá e comiam bolachas.

Busquei com o olhar minha amada por todo o lugar, até finalmente a encontrar no balcão de pães. Ela ainda estava com a corda rodeada em seus braços, mas conseguia ter algum movimento. Olhava com os seus olhos castanhos magníficos, para todas as opções que poderia escolher.

– Me vê cacetinho. – Disse ela animada para a atendente.

– Encontrei você! – Sorri ao tomar minha direção, mas antes que pudesse chegar mais perto, as coisas voltaram a ficar tensas.

– Não tão rápido, Mario! Mutley, faça alguma coisa. – Ditou Ana, enquanto roubava um pão de queijo da mão de uma senhora.

Tsu levantou rindo igualmente ao personagem e tirou uma cápsula de dentro de seu casaco. Atirou no chão e logo o local se encheu de uma fumaça roxa. Pude ouvir alguns gritos e barulhos de pessoas caindo ao chão, e logo me desesperei para encontrar Giovana.

– Amiga, te encontrei! – Disse Alê ao chegar ao meu lado. – Juliana está desmaiada, daí! – Apontou para a atendente que estava caída ao chão, com seu crachá de identificação na camiseta.

– Onde está Gio? Precisamos encontrá-la!

Dick apareceu já na rua, segurando Gio pelos braços e rindo, enquanto Mutley segurava as rédeas da carroça que os mantinham agora.

– Siga-me se puder, ou você nunca mais irá ver sua querida princesa!

– Eu não sou bi! – Gritou Gio olhando em meus olhos, e pude ver através dos seus, o que ela quis dizer com isso. Ela queria que eu a salvasse, e seria isso que eu faria.

Antes mesmo que eu pudesse prometer algo, a carroça se foi pela rua e eu fiquei para trás. Corri para a rua e fiquei olhando enquanto os carros buzinavam e eram atropelados pelo veiculo descoordenado.

– Vamos amiga! Achei como alcançá-los! – Olhei para o lado e pude ver Alê segurando dois unicórneos com o tamanho um pouco maior que a de um cavalo normal.

– Co-como você...?

– Não temos tempo para isso, vamos atrás dela! – Luigi montou no unicórnio rosa com o rabo nas cores do arco-íris e chifre, e me olhou com expectativa.

Não era hora de perguntas, agora só uma coisa me importava: Salvar a preciosa Gio. Montei no unicórnio branco e fomos cavalgando pelas ruas, até finalmente encontrar mais a frente à carroça de Dick Vigarista.

– EU NÃO SOU BI! – Gritou Gio de longe, ao me ver se aproximando à unicórnio e não à cavalo.

Fomos os acompanhando até um penhasco que tinha próximo dali. Era um morro que mostrava a vista para a parte inferior da cidade, mas com as arvores e o céu limpo, ficava uma imagem linda e muito romântica.

Gio se soltou dos braços de Ana e correu para o penhasco. Todos nos desesperamos achando que ela pularia, mas quando chegou próximo a margem ela parou e virou de costas para a vista. O sol já dava lugar a noite e o céu era uma mistura de laranja com o roxo.

Pulei do meu unicórnio e me dirigi para a distância mais próxima e segura que consegui de minha amada. Ela me olhou nos olhos e por um momento achei que ela correspondia. Mas logo seu olhar desviou e vi que Ana também estava ao meu lado.

– Gio meu amor. Eu fiz tudo isso por você! Tudo isso porque eu gosto de você e não quero que você acabe com essa Bela de uma fracassada!

– Não a ouça o que essa Ana banana diz! Eu sempre te respeitei e sempre continuarei a te respeitar.

– Você não precisa disso, você precisa de alguém que faça sua vida ter emoção, assim como eu fiz contigo, hoje o dia todo!

– Emoção nada, isso foi uma loucura! Você precisa de alguém que ame você, e que faça seus sentimentos ficarem assim, e não sua vida. Você precisa de alguém que te se importe com seu bem estar. E essa pessoa sou eu, Gio. – Ela me olhou profundamente. Parecia se aliviar com tudo que eu dizia. Eu pude sentir sua intensidade apenas com aquele olhar.

– Como o amor é lindo, daí. – Suspirou Alê ao fundo.

– E-eu... Eu... – Iniciou ela.

Meu estomago revirou, senti o ar pesado em meus pulmões. Tudo que eu queria é que ela me escolhesse. Seria tudo que eu precisava.

Ela parou. Respirou profundamente, e deu um passo em minha direção. Ana estava ao me lado e me deu um leve empurrão. Até acordei para o lugar onde estava. Gio começou a correr em nossa direção, abriu os braços e vi seus olhos lacrimejando. Seus cabelos negros se pendiam para trás e seu vestido balançava conforme ela se aproximava. Era linda a imagem. Parecia uma ladra correndo do fogo que a perseguia, após roubar um saco de pães.

Quando Estava próxima o suficiente eu pude sentir seus braços encostarem-se a mim. Meu corpo queimou e eu pude ter certeza que ela me escolheria. Mas senti-me sendo empurrada e percebi que Ana estava sendo jogada para o lado também. Gio passou por entre nós sem olhar para trás.

– EU NÃO SOU BI! – Gritou ela enquanto tomava seu rumo.

Senti como se meu mundo tivesse caído. Olhei para o chão pensando que este era o fim. Mas ergui meu rosto quando senti uma mão em meus ombros.

– Tudo ficará bem. Acho que ela só precisa de um tempo para raciocinar. – Alê me sorriu com seu bigode já torto no rosto. – Venha, vamos para casa comer cassetinho. – Disse ele me estendendo a mão.

Ao começar caminhar pude ver Ana Banana jogada no chão, abraçado com Tsu enquanto chorava. Me senti mal por ela também, mas iria passar. Caminhei de mãos dadas com meu melhor amigo e pude sentir a brisa fria me bater ao rosto. Estava um dia lindo e eu me sentia bem.

– Hey Bela. – Chamou Alê. – Você é uma amiga especial. Eu ainda quero ter muitas aventuras como essas, algum dia contigo ainda. Pode ser um pouco menos radical, sabe. Mas já ficaria muito feliz em poder passar o dia ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

Eai? Ainda mereço estar vivo por essa zoeira? ASHAUHSUAHUHUAS Desculpa os erros, mal tive tempo de revisar já que foi tudo uma correria, mas a intenção é que vale ;D Espero que tenha curtido. E como eu disse ali, você é uma menina muito especial, apesar de ser muito sumida né. Espero que você tenha curtido, foi muito divertido fazer isso. E estou torcendo para que algum dia possamos ter nossas aventuras, nem que seja cavalgando de unicórnio ♥Bjo pra Jeeh e pra Gio que devem ter amado essa fic HAUHSUAHSUSHA E Obg Tsu pela ajuda!