Adotado escrita por Thiago Tavares


Capítulo 26
Capítulo 26 - Migo Revoltado


Notas iniciais do capítulo

Desculpem me atraso, estava sem internet pra postar



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/577393/chapter/26

Antigamente em Adotado:

Preferia que aquele bonde tirasse meu coração, ou a parte do meu cérebro que é destinada as emoções. Não me resta mais nada, não vou criar expectativas. Todos morreram para mim.

Adotado – Capitulo 26

Terminei meu banho e me troquei, desci para tomar café. Meus pais perguntaram pela Nick, respondi “ainda na casa da Stef, acho que ela mal conseguiu dormir ontem”. Me perguntaram o porquê e eu disse “algo incomodando ela intimamente”. E foi isso, fiquei olhando para o Gabriel, meu irmão, esperando alguma ação da sua parte. Ele só tomava seu café e me olhava.

A campainha toca, todos, inclusive o Gabriel, me olham. Suspiro e levanto para atender. Vejo a Isa e ela solta um ar, parece aliviada. Eu fico com minha cara fechada e até com raiva de ela ter atrapalhado meu café.

— Thiago, você está bem! – Ela fala e pega o celular dela, com seus dedos muito rápidos digita uma mensagem e depois guarda. Deve ser importante ao ponto de atrapalhar tudo.

Me passa um pensamento na cabeça e faço. A beijo. Está bem, sempre quis fazer isso, ela é pega de surpresa, e eu me afasto. Me julguem.

— Por que... fez isso? – Ela fica vermelha

— Eu sempre quis – digo, meio indiferente, mas a vida me tratou sempre assim, sempre quis me foder, agora, vou foder com a minha vida

Fecho a porta na cara dela.

Acho que isso ela não pode digitar.

Mas quem se importa, volto para sala de jantar e respondi simplesmente “ninguém”. Tomo o resto do meu café enquanto escuto eles conversarem sobre qualquer coisa. Até sentirem falta da Nick. Na verdade, o combinado foi chegar antes do café da manhã, Nick sabe, esse foi o trato, ela mesma me disse. Não vou acoberta-la. Ela é grandinha, que se vire. Termino meu café. Me levanto. E saio de casa.

Meus pais vão me matar, provavelmente, mas eu não me importo. Preciso de um descanso disso tudo. De todos. Nem sabem quem eu sou, nem eu mesmo sei. Nem sei quem sou como posso ajudar quem sabe?

Talvez tudo isso não passe de uma armadilha, eu sei que sou um garoto problemático com um enorme vazio por dentro, com sede e fome mundana, e... crises. Muitas crises. Meus amigos não me merecem, não a mim. Nick teve razão quando desapareceu, ela nos ajudou a sermos fortes, sermos corajosos com nossas batalhas diárias. De que vale o homem morrer sem honra? A honra do homem não morre, apenas some. Quem vai achar minha honra?

Talvez eu nem tenha isso, ou talvez essa palavra nem exista, uma palavra ou outra para possibilidades, é como chamar zumbi, zumbis não existem... honra também não. Ando sem rumo pela próxima meia hora, só andando, o céu está nublado, cansado, triste, assim como eu. Daqui a pouco ele chora, depois grita de e libera sua raiva. Como eu. Como dizer para o céu que eu o entendo? Que eu nem mesmo sei como sou de verdade.

Eu não seguro e vomito. Eu vomito tudo que comi no café, meu estomago se contrai e eu sinto uma dor alucinante. Talvez eles tenham razão em tudo isso, eu quero desistir, não aguento segurar tudo, vomito mais um pouco e caio no chão da calçada. A dor do meu estomago se contraindo não tem comparação. Nunca pensei que vomitaria até minha vontade de viver. Talvez eu esteja sendo exagerado, mas eu não sinto mais aquela borboleta no estomago de acordar mais um dia como eu sentia, não mais.

— THIAGO – ouço me gritarem, parece a Nick, a dor do meu estômago vai sumindo cada vez mais e eu não estou conseguindo mexer meu corpo. Olho para ela e ela se agacha ao meu lado – Thiago o que aconteceu? – O David aparece atrás dela

— Ele deu um belo de um vômito, aquilo é milho? – Ele fala

— David, me ajuda aqui com ele, ele não está bem – David se ajunta a Nick e eles tentam me virar, tento dá uma forcinha, mas meu estomago se recusa a parar de doer e eu grito

— O estomago dele está contraído – David fala – a gente tem que esperar, se a gente mexer ele, é capaz de atrofiar seu estomago

— Mas vai chover, a gente não pode deixar ele na chuva, vai ser pior – ela olha para ele. Minha vista fica turva e as palavras saem da boca em forma de vomito, a poça começa a ficar grande demais, Nicole se afasta – o que ele tem? Porque tudo isso?

— Acho que ele bebeu demais ontem e comeu demais hoje. Ele vai parar de vomitar, precisa de água e comida – ele olha pra Nick. Meu estado não está o dos melhores, mas consigo focar na pele da Nick, ela está pálida, como sempre, porém ela está mais do que o normal, talvez ela esteja com frio ou não tenha comido nada ainda

— Nick – falo o mais alto que consigo, até pela minha voz está horrível. Ela me olha – eu vou ficar bem. Já está parando de doer – digo e tento sentar, meu estomago ainda dói, mas pelo menos eu consigo sentar. Nick se aproxima

— Você está sujo, vem, a gente te acompanha até em casa, vai dar tudo certo – ela diz e me puxa para levantar

Enquanto ando lembro todas as vezes que fiz eles me dizerem isso, todas as vezes que briguei com eles e no fim eu sempre era o errado, eu sempre sou. Talvez eu quero só chamar atenção, ou talvez realmente eu exploda de uma hora para a outra. Eu nunca sei. Eu realmente não me conheço e eu sei disso, sei como é complicado ser eles porque sempre que tudo volta a ficar claro eu imagino como foi para eles, como eles sofreram. Não tanto quanto eu porque no fim o meu coração parte de uma maneira que nem eu me controlo mais e explodo mais uma vez. Os culpando o que eu realmente sei que não é verdade e o que eu realmente não penso quando eu quebro tudo. E entra mais uma vez na categoria “não consigo definir”.

Novamente estou no meu quarto, depois de novamente tomar banho para tirar o resto do café da manhã que estava no meu cabelo e na minha roupa, deito e escuto Born to Die. Acho que eu realmente não devia escutar essa música, mas é a única que eu tenho clima. Tranco minha porta, coloco a música um pouco alta e danço.

Tenho descoberto algumas coisas minhas ultimamente, como uma paixão por dança e por livros. Me pego trancando a porta e colocando uma música qualquer para dançar, ou lendo um livro durante todo um dia tentando parecer aquele personagem, fugir um pouco da minha realidade. Sobre isso eu não tenho muito o que falar, as duas coisas muito boas para mim, eu sei. E sei que vai me fazer bem.

Nick e meus pais estão tendo uma conversa lá em baixo, quero conversar com ela. O lado bom de ter uma irmã que namora (e que agora está com a vida sexual ativa) é perguntar os detalhes. O lado ruim é que nem sempre ela conta. Algumas coisas são particulares de Dicole que sinceramente nem eu mesmo quero saber mas pergunto só para deixa-la vermelha.

Continuo dançando até meus pés crescerem calos e eu não conseguir andar mais. Sento na minha cama, meio suado e desligo a música. Um dos meus sonhos desde criança foi ser cantor, ter minha própria banda, eu com certeza não era o único, seguido por skatistas e famosos de outras crianças. Olho para o nada e coloco a música novamente.

“Don’t make me sad, don’t make me cry
Sometimes love is not enough
And the road gets tough, I don’t know why
Keep making me laugh
Let’s go get high
The road in long, we carry on
Try to have fun in the meantime”

Eu já chorei e já estou triste. Essa música perdeu o sentido para mim. Mais uma. Que não vai fazer falta na minha playlist. Eu realmente preciso de um up.

Vou para o banheiro do fim do corredor, abro a porta, me olho no espelho. Vejo minha cara suja e com olheiras que parecem hematomas e pego alguns remédios que tem lá. A Nick vem na minha direção e me vê com as mãos cheias de comprimidos.

— O que vai fazer? Você já está mal, Thiago, não faz isso – ela diz. Eu a olho. Começo a chorar, jogos os comprimidos na pia, ligo a torneira e a abraço. Os comprimidos descem sem rumo pelo ralo da pia enquanto eu choro no ombro da minha irmã, ela está tão acabada quando eu, eu imagino – eu nunca confiei na Hannah – eu choro mais, como nunca chorei. Eu a puxo para baixo. Sento nos meus joelhos, minhas mãos presas no pescoço da Nick. Eu não quero sair daqui, desse cheiro de shampoo e sal por causa das lagrimas

— Me ajuda Nick, por favor, me ajuda

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem se gostaram



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Adotado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.