Classe dos Guerreiros - Ascensão da Noite escrita por Milady Sara


Capítulo 4
Novos Caminhos


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo saiu uma semana atrasado porque minha internet morreu e se recusa a voltar a viver, tou usando wifi do condomínio pra postar e como a fic anda devagar não me preocupei tanto com essa semana de atraso. Enfim, espero que gostem!



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Depois de voltarem, tanto Mia quanto Marin permaneceram a maior parte do tempo caladas, não importava o que os outros fizessem.

A aprendiza somente tirou as botas e se encolheu em sua cama, enquanto a mestra preferiu colocar o violoncelo de Charles, que fora entregue pelo amigo de Fox algum tempo antes, em seu cubículo e passar as horas seguintes de pé, contemplando o irmão em suspensão. Mas na hora do almoço teve que sair, após a refeição seria o funeral de Carter então teria que se aprontar.

Quando a mestra da Classe Hélio foi ao quarto de Li, viu que esta havia feito um ótimo trabalho, tinha até mesmo feito a barba de Carter. O garoto estava impecável, como se nunca tivesse sido assolado pela morte de Cassandra. Chegava a ser doloroso vê-lo tão bem, pois pelo estado em que chegara ali, sua morte não havia sido exatamente delicada.

Assim que chegou à mesa, Marin era a única que faltava, mas devido o silêncio, ninguém parecia estar presente.

– Bem, - disse ela sentando em sua cadeira. - acho que devem estar se perguntando como foi no Templo dos Astros.

– Como sempre, - disse Seth pondo uma rodela de cenoura na boca. - você lê meus pensamentos, Marin.

– Prosseguindo, - disse ela ignorando a ironia do outro mestre, embora ainda assim seus olhos tenham brilhado naquele tom violeta. - eles não nos forneceram nada muito... Crítico. Mas conseguimos algo de útil. - colocou duas colheradas de arroz em seu próprio prato. - Mas disseram que as linhas de tempo estão muito diferentes.

– O que isso significa? - indagou Derek, sua heterocromia como sempre, distraindo Marin por um segundo.

– Significa que aqueles idiotas de preto estão agindo, estão fazendo planos. - esclareceu Fox examinando um fio de macarrão que segurava entre seus dedos, suas pernas estavam acima da mesa ao lado de seu prato, e Seth deu graças por ela estar com os pés limpos. - Se existem muitas linhas do tempo, significa que muitas decisões estão sendo tomadas, mas como vocês não estão mexendo suas bundas para nada, quer dizer que outras pessoas estão.

– Muito instrutiva, Fox. - disse o mestre da Classe Giebra empurrando os pés da amiga com seus cotovelos.

– Sempre às ordens mestre G. - respondeu mudando o local de apoio de seus pés para o braço de sua cadeira.

– É Fox, exatamente por isso eu tomei algumas decisões no caminho de volta. - continuou Marin. - Drica, como você foi a que leu mais livros da nossa biblioteca, vai procurar o que puder sobre algum antigo e poderoso ser que seja capaz de nos ajudar nessa luta. - a ruiva assentiu com seu prato já vazio. - Li, conseguimos um livro de runas novo, você vai se concentrar sozinha na tradução do livro que Marcos deu para Carter. - a estrela caída fez uma mesura enquanto tirava Osíris de cima da mesa. - E Seth, você vai fazer aquilo que mais gosta: Rastrear. Troque informações com todos os nossos contatos, faça o que puder pra encontrar o esconderijo de nossos novos inimigos.

Em resposta, Seth deu um sorriso de lado. Agora sim ela parecia a Marin que ele conhecia, assumindo o controle e louca para socar a cara de alguém.

– Isso significa que o treinamento de todos vocês vai ser intensificado, não só o do Derek. - continuou a mulher de cabelos brancos. - O que me lembra... Fox, você poderia nos ajudar em uma aula sobre quimeras?

– Hum? - disse ela como se não tivesse prestado atenção. - Ah, claro. Sabe que não resisto a ser sua cobaia Marin. - falou colocando algumas tiras de frango na boca.

– Mas mestra... - interrompeu Caleb. - O que os Videntes queriam com a Mia? - todos os olhares se dirigiram para a morena, que permaneceu quieta.

– Desculpe Caleb, - disse a mestra. - mas ela não pode falar. Esse é um peso que ela infelizmente tem que aguentar sozinha. - finalizou começando a comer.

~*~

O sepultamento de Carter conseguiu ser mais triste do que o de Melanie e Cassandra.

Lena chorou o tempo inteiro e cada um ali não podia deixar de imaginar que seria o próximo a entrar em seu cubículo. O momento mais emocionante talvez tenha sido quando Marin e Seth seguraram juntos o instrumento de Carter, um cajon, e o colocaram aos seus pés flutuantes, já que não havia mais ninguém de sua Classe para fazê-lo.

Logo, todos haviam se retirado.

Mia segurava seus sapatos de salto enquanto andava até a árvore onde há pouco tempo todos estavam reunidos e brincando. Largando os calçados no chão, a morena flexionou os joelhos e pulou, segurou-se em um galho e subindo na árvore, sentou-se no mesmo.

Dalí podia ver todo o jardim, incluindo o banco há alguns metros embaixo de uma árvore um pouco menor, onde Lena continuava a se debulhar em lágrimas. A garota era apaixonada por Carter. Quem ainda não havia percebido isso, agora era impossível não notar.

Perdida nos mesmos pensamentos que a envolveram na volta do Templo dos Astros, Mia se assustou ao ver Caleb subindo na árvore e sentando-se ao seu lado.

– E o tal ritual de irmos até o lago? - perguntou ele, tentando animá-la.

– Fica nos limites do escudo, é perigoso. - esclareceu ela desfazendo a trança em seu cabelo. Sempre os preferia soltos, ficavam mais bonitos e livres.

– Isso nunca impediu você, na verdade nunca pareceu se importar.

– É, mas as coisas mudaram. - o olhar dela se dirigiu à amiga chorosa e o maior acabou olhando na mesma direção.

– Realmente não pode dizer o que os Videntes falaram? - ao passo em que ela moveu a cabeça negativamente, ele entendeu que a amiga não queria conversar sobre aquilo. - Nunca achei que ela fosse chorar tanto... - comentou referindo-se, à Lena.

– Deveria ir consolá-la. - disse a morena à contra-gosto. - É a sua deixa campeão.

– Sério? Consolá-la pela morte de outro... Parece ao mesmo tempo aproveitador e humilhante.

– Covardeee. - cantarolou provocativa, e ele respondeu com um olhar reprovador. - É um momento difícil, como amigo e líder você deveria estar lá com ela.

– Você é quem mais precisa de mim agora. - a cigana esqueceu por um segundo que precisava expelir o ar depois de puxá-lo para dentro.

– Eu estou bem, é ela quem está chorando. - os dois se encaram por alguns segundos. Caleb se irritava muito com o modo como Mia sabia desvendá-lo completamente enquanto ele nunca sabia o que se passava na cabeça dela, apesar de tudo pelo que passaram juntos.

– Tem certeza? - perguntou, sem saber que aquilo a amoleceu completamente.

– Absoluta. - e forçou um sorriso.

Um pouco hesitante, o maior a segurou pela cabeça e lhe deu um beijo na testa antes de descer da árvore com um salto. De onde estava, a cigana pôde ver perfeitamente seu melhor amigo ir até o banco onde Lena estava e sentar ao lado dela. A garota de cabelos cor de mel começou a chorar no ombro de Caleb enquanto este a abraçava.

Mia se sentiu incomodada com aquilo, mas não sabia direito se por gostar de Caleb, por pensar que gostava dele, ou por realmente achar humilhante ele consolar a outra pela morte de Carter. Sua cabeça estava muito confusa, precisava pensar.
Desceu da árvore com um pouco de dificuldade por conta da saia que usava, mas ao chegar ao chão se dirigiu para a floresta, sem que os dois ali perto a vissem, quase esquecendo seus sapatos.

Andou por alguns minutos até chegar ao lago onde ia com Caleb depois de sepultamentos. Tinha consciência de que estava exposta ali e que Marin não aprovaria essa ideia, mas a garota já sabia como ia morrer, e não tinha nada a ver com um mergulho inofensivo no lago.

Descalça como estava podia sentir tudo ao seu redor então sabia que não estava sendo espionada. Com um suspiro, tirou suas roupas de gala ficando só com suas roupas íntimas e pulou na água cristalina.

Estava fria, mas talvez isso a ajudasse a clarear seus pensamentos. Depois de submergir algumas vezes, virou-se para cima e começou a boiar, olhando para o céu e para as copas das árvores.

– É... - disse em voz alta para si mesma. - Não vai demorar muito e eu vou ser o próximo presunto.

~*~

Depois de um banho, Lena sentiu-se bem melhor. Não que estivesse suja, mas ajudou a relaxar, especialmente depois de vestir algo que não fossem suas roupas de gala, que no caso foi seu vestido azul.

Devagar, com os cabelos ainda úmidos, ela desceu as escadas e foi até o Salão dos Genus. Abriu devagar a porta para não fazer barulho para que ninguém a descobrisse ali, mas quando a abriu, Hunter estava lá e ela não pode evitar corar. O amigo virou o rosto e lhe deu um sorriso torto.

Hunter estava sentado no chão bem à frente do cubículo de Melanie, sua roupa de gala bagunçada, a perna direita esticada e a esquerda flexionada de modo que ele pudesse apoiar seu queixo no joelho. Depois de sorrir para a amiga ele se virou para a Parede de novo.

Ainda envergonhada, a garota entrou e sentou em seus joelhos ao lado do amigo. Ela queria fazer como ele, ficar à frente de quem viera ver, mas achou que deveria fazer companhia para o outro.

Por alguns segundos só contemplaram Melanie flutuar, até que Lena quebrou o silêncio.

– Eu não queria atrapalhar seu momento com ela. - desculpou-se. - Juro que pensei que ninguém mais estava aqui.

– Tudo bem. - ele a tranquilizou. - Eu passo algumas horas aqui todos os dias, geralmente mais cedo, mas a mestra estava aqui e eu achei melhor esperar.

Mais um momento de silêncio enquanto a garota observava o modo como Hunter olhava para o corpo suspenso.

– Sente muito a falta dela, não é? - perguntou embora já soubesse a resposta.

– Sim... - falou melancólico. - É estranho já que nos víamos tão pouco...

– Sei como é.

– O pior na verdade... É ela ter ido sem eu sequer ter contado o que sentia. Tinha tanto pra dizer, mas... - o garoto não conseguiu terminar a frase. - E agora eu venho aqui todo dia, vejo como o cabelo dela cresce e cara, ele nunca esteve tão grande... E lembro que ela não vai abrir os olhos de novo. Saber que ela não vai voltar nunca mais... - e se interrompeu novamente. Hunter não era muito de abraços, então Lena somente colocou sua mão no ombro dele e fez um leve carinho. - Você mais do que ninguém sabe como eu me sinto. - ela assentiu. - Como está sendo pra você?

– Podia ser pior. - disse sincera. - Drica está sendo... - procurou o termo certo. - Ela mesma. Os mestres até foram compreensivos e o Caleb foi gentil me consolando no jardim embora eu ache que ele devesse se preocupar mais com a Mia, porque bem, eu pelo menos estou e muito.

– Relaxa, a Mia é durona.

– Mesmo assim... Sei que eu talvez não conseguisse aguentar uma revelação do meu futuro.

– Já disse, relaxa. Se tem alguém que pode aguentar isso é a Mia.

– Se você diz...

– Mas estamos nós não estávamos falando da Lena manteiga derretida? - a garota sorriu ao ouvir seu antigo apelido.

– Não sei... É um pouco mais complicado do que você e Melanie.

– Você já tinha falado pra ele?

– Sim. - ela mexia na borda de seu vestido enquanto falava. - Depois que a mestra Cassandra morreu eu achei melhor contar.

– E como foi?

– Foi tudo bem. Ele correspondeu, nos beijamos... Mas também concordamos que não era um bom momento para criar laços, já que podemos ser mortos a qualquer momento. - o silêncio se estabeleceu por alguns minutos.

– Sinto muito...

– Eu também. - suspirou Lena com novas lágrimas descendo por seu rosto.

~*~

Marin foi aborrecida abrir a porta. Embora já soubesse o que fosse, ainda preferiria que tivesse vindo no outro dia, ela não estava com paciência para fingir que queria socializar.

Ao abrir, viu um rapaz loiro com vestes luxuosas e caras. Um cavalo preto estava no pé da escada.

– Boa tarde senhorita Marin Curtis. - disse o loiro curvando-se e lhe oferecendo um envelope. - Venho aqui lhe entregar um convite da família real de Astra para que vá com o senhor Seth...

– Sim sim, Theodore quer nossa presença, seria uma honra blá blá blá. - pegou o envelope bruscamente. - Nós vamos, pode confirmar nossa presença, até mais! - e fechou a porta na cara do rapaz e suspirou ao olhar o convite prateado e azul em suas mãos. - SETH! - berrou subindo as escadas. - VOCÊ AINDA TEM SEU TERNO?


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Notas finais do capítulo

Pra quem não lembrava sim, o Derek ter heterocromia (olhos de cores diferentes). E então, o que estão achando? Opiniões please! O capítulo foi calmo, mas acreditem, tenho muitas emoções guardadas!
E mais tarde chega mais um capítulo, aguardem!



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