Classe dos Guerreiros - Ascensão da Noite escrita por Milady Sara


Capítulo 12
Carina


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, tá sendo meio difícil postar religiosamente as terças por motivos de faculdade, mas estou tentando, e como não tenho recebido comentários e a fic está fraca acabo me desmotivando um pouco, mas vai dar certo!



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Em uma velha casa abandonada, Fox subia as escadas para o segundo andar com Rowena roçando em suas pernas. A construção inteira parecia ranger com cada passo da mulher, todos os cômodos estavam empoeirados e sujos, mas conseguiram encontrar uma cama em dos quartos do primeiro andar.

Fox jogou os lençóis e panos de cama para o chão antes de levantar o colchão e chutá-lo diversas vezes para tentar limpá-lo um pouco. Quando finalmente ficou satisfeita, o colocou de volta na cama e se deitou. Sua pequena amiga siamesa se enroscou ao lado de sua barriga e começou a ronronar.

Não estava com sono. Pensou em acender um cigarro, mas estava tentando economizá-los, então apenas olhou para o teto repleto de teias de aranha enquanto segurava seu colar. Desde que partira estava mais atenta à ele, não queria que ninguém morresse, mas adoraria ter uma desculpa para voltar para casa e esquecer a missão que lhe foi dada.

— Como se eu tivesse uma casa. - sussurrou para si mesma na escuridão.

Algumas horas depois, Osíris voltou, acompanhado por sons de uma tempestade que se aproximava. Ele se aconchegou junto de Rowena e adormeceu também, apenas a mulher de cabelos brancos não conseguia se entregar ao mundo dos sonhos, mas para ela isso não era um problema. Já havia um tempo que tinha aprendido como esvaziar a mente, não precisava se preocupar em ter pensamentos que tentava evitar.

Logo começou a chover e o barulho das inúmeras gotas d'água confortaram a mulher, aquele som a acalmava, a fazia lembrar de uma paz que nunca teve, porém, antes que conseguisse finalmente adormecer, os dois gatos ao seu lado levantaram as cabeças, as orelhas em pé em evidente sinal de alerta.

— O que foi?

— Eu não sei. - sussurou Osíris. - A tempestedade trouxe alguma coisa consigo, alguma coisa que os gatos não sabiam que viria.

Devagar, pisando nas pontas dos pés o mais delicadamente que podia, Fox foi até a janela. Sua visão normal não a ajudava, então ela piscou, enquanto seus olhos ficavam maiores e arregalados como os de uma coruja.

Ainda assim era difícil dizer o que via, mas conseguiu distinguir o suficiente. Pessoas. Muitas pessoas, com tochas, armaduras e espadas. Se encolheu voltando para cama com seus olhos já normais.

— Eles estão aqui.

— Temos que fugir! - afirmou o gato.

— Não. - falou Fox fechando cuidadosamente a porta do quarto onde estavam e depois as cortinas esfarrapadas. - Com sorte eles devem estar apenas passando, não sabem que estamos aqui.

— Mas o que fazem tão a oeste se não estão procurando por nós?

— Tem muita coisa ao oeste, gatinho. - finalizou, subindo cuidadosamente até o canto onde duas paredes se juntavam e escondeu-se nas sombras ali. - Fiquem escondidos. - imediatamente, os pelos de Osíris ficaram pretos e junto com Rowena, embrenhou-se nas roupas de cama que quimera havia jogado no chão.

O silêncio reinou por pouco tempo, era possível ouvir os Noctem marchando pelos lados do prédio. Um som misto de metal na lama, água tocando fogo e espadas batendo na perna de seus donos. Fox fechou os olhos, respirou fundo várias vezes e quando o som da marcha finalmente se afastou, pulou da parede pousando com um leve rangido no chão, e quando os gatos começaram a levantar suas cabeças, a porta do quarto se abriu de repente.

A mulher se jogou o mais silenciosamente que pôde debaixo da cama enquanto seus amigos felinos encolhiam-se novamente. Como ela não tinha ouvido alguém entrar? Estava atenta a sons diferentes e um homem de armadura jamais seria tão silencioso!

Quando a porta terminou de abrir, ela pôde ver as pernas de quem entravam. Não estavam encobertas de metal, mas sim de pelos. Os pés eram muito caninos e qualquer um menos experiente diria que se tratava de um lobisomen, mas ela soube assim que viu que quem entrava era uma quimera.

Viu a figura andar sem fazer som algum até a cama, pisando macia em sua direção, agora podia até mesmo ouvir sua leve respiração. O intruso moveu as garras dos pés, e no segundo seguinte Fox viu uma mão, também peluda tocar o chão. O ser estava se abaixando, o coração da descalça acelerou incrivelmente.

Antes que visse o invasor, um borrão branco e marrom saiu dos lençóis e se agarrou na cara deste, sibilando. Rowena estava tentando protegê-la. Sem pensar demais, Fox transformou-se o melhor que pôde em um touro e jogando cama para trás, cabeceou o intruso de modo que este bateu na parede oposta.
Voltando ao normal, viu a criatura cravar suas garras na gatinha que ainda estava em seu rosto e depois jogá-la para o lado, ensaguentada e sem se mover.

— Quem é você? - perguntou evitando olhar para a gatinha morta. A figura peluda apenas se levantou e rosnou, encarando a inimiga. - Raul? Raul se for você por favor me dá um sinal.

Apenas rosnando mais alto, o ser peludo foi na direção da mulher de cabelos opacos, que rapidamente deu um soco no topo da cabeça deste, fezendo-a cair no chão, atordoado. Pegando Osíris que estava em estado de choque, Fox saltou pela janela. Quebrando o vidro, sentiu a chuva bater em seu rosto, e fazendo garras surgirem, agarrou-se na casa ao lado, e olhando de relance para trás viu seu inimigo se levantando.

Içou-se para cima e começou a correr pulando de telhado em telhado, usando garras para não escorregar e cair devido a água. Infelizmente, a outra quimera logo a seguia de perto, e os Noctem que haviam escutado a confusão, já se mobilizavam para perseguí-los também.

— Alguma ideia? - perguntou a de cabelos brancos enquanto o gato fincava as unhas em suas costas para não cair.

— A igreja! - berrou ele se encolhendo conforme a chuva forte o encharcava. - É o prédio mais alto, suba em uma das torres! Fica para a esquerda!

— Okay! - não sabia o que o gato queria com uma visão alta, mas aquilo lhe deu uma ideia. Precisava achar um lugar descampado.

Ao avistar as pontudas torres, Fox aumentou as garras em suas mãos e fez suas pernas se tornarem de lagarto. Mais perto da igreja correu e deu um salto, e com as mudanças que havia feito em seu corpo conseguiu apesar de um pouco de dificuldade, subir até topo da torre que ficava no centro do prédio.

Ali de cima viu os Noctem cercando o prédio. Nem de longe eram um exército, talvez uma horda, mas com certeza eram muito mais do que ela conseguiria enfrentar sozinha. O fato de não ver a outra quimera que a perseguia, foi o que a deixou nervosa.

Sentiu Osíris subir até sua cabeça e ali ficar de pé nas patas traseiras, antes de emitir um longo e grave miado, que se espalhou por toda Carina, como um lamento e um pedido, ao mesmo tempo. Em resposta a esse miado, vieram vários outros, finos, agunos, tristes e zangados. Logo, gatos saíam de todas as partes, de dentro das casas e dos esgotos, da floresta ao lado da cidade e das sombras. Juntaram-se a caminho da igreja e atacaram os Noctem, uma onda de gatos, uma massa peluda e feroz se abateu por sobre os cavaleiros.

Fox ouvia apenas o som de arranhados, gritos e sibilos, mas não via o que realmente acontecia ali embaixo. Enquanto o gato agora novamente branco descia para seus ombros, ela afastou o cabelo que grudava em seu rosto.

— O que é aquilo? - perguntou ela apontado para a esquerda de onde estavam.

— Era uma fazenda, por que?

— Acho que deve ter espaço suficien... - foi interrompida no meio da frase ao ser puxada telhado abaixo. Uma imensa e verde cobra mordia sua perna e começava a se enrolar por seu corpo enquanto a puxava em direção ao chão. Usando as garras, a descalça conseguiu se segurar no telhado, mas o inimigo ainda tentava prendê-la, nesse momento até a cintura. Pensando rápido, ela fez espinhos brotarem por todo seu corpo. A cobra guinchou e a libertou, enquanto Osíris que havia ficado na torre quando a amiga fora arrastada a alcançava. - Vai pra fazenda. - disse ela ficando e pé com dificuldade. - Eu tenho que cuidar desse cara primeiro.

Vendo o rosto sério da mulher de cabelos opacos, o gato simplesmente assentiu e saiu em disparada pelos telhados.

Fox estalou o pescoço enquanto seu inimigo subia pelo ar na forma de um morcego. Ambos se encararam por poucos segundos, até que ele avançou, mas antes que tocasse na mulher, esta deu um pulo e pousou em suas costas, prendendo seu pescoço o enforcando. A criatura guinchou e voou cada vez mais alto em espirais, tentando se livrar do aperto.

Quando o inimigo fez menção de lhe morder, Fox fez dentes de tubarão surgirem em sua boca e mordeu exatamente onde estivera segurando até então e usou as pernas para não ser jogada para baixo pelo morcego. A criatura gritou e urrou, e em resposta, ela inclinou a cabeça para trás ainda mordendo, de modo que puxou um grande pedaço de carne, mas não previu que levaria uma cabeçada em troca.

Sentindo o sangue escorrer por seu nariz, Fox transformou seus braços em braços de gorila e agarrando as asas do morcego, o forçou a fechar um pouco suas asas, de modo que os fez planar até o chão, na direção da fazenda onde ela queria ir.

Mas caindo sem controle, ambos desabaram bruscamente na lama. Fox perdeu a audição por alguns segundos, e virou-se de barriga para cima, tentando recobrar o senso de direção, quando sentiu que as gotas de chuva pararam de cair sobre seu corpo. Abrindo os olhos, viu seu inimigo transformado em um grande urso laranja sujo de sangue e machucado. Ele tentou acertá-la com as patas, mas com as próprias mãos a mulher as segurou.

O urso jogava todo seu peso sobre os pálidos braços de Fox, que resistia bravamente, mas quando percebeu que a cabeça do urso começava a adquirir pescoço de cobra, transformou suas pernas nas de um cavalo e deu um grande coice em sua barriga, o fazendo voar vários metros. Rapidamente se pôs de pé, e quando o inimigo estava próximo do chão, pulou de modo que girou no ar e acertou um chute no queixo da outra quimera antes de esta atingir o chão, fazendo-a bater com ainda mais força neste.

Respirou fundo observando o oponente. Estava desmaiado, seu corpo tremia devido as várias transformações, e os pelos de urso começavam a diminuir conforme ele voltava a forma humana. Livrando-se das pernas de cavalo, a descalça esticou os braços para Osíris, que corria para ela e se instalou em seus ombros.

— Você foi incrível! - elogiou ele.

— Já lutei com outras quimeras antes. - respondeu fazendo um leve carinho no amigo. Olhou de novo para seu oponente, que finalmente começava a parecer humano, mas ouviu um marcha se aproximando. Os Noctem haviam se livrado dos gatos afinal. - Segura firme. - avisou e sentiu as garras do felino fincarem-se novamente em sua pele.

Respirando fundo, começou a correr. Seus pés faziam barulhos enquanto batiam e saiam da lama, mas logo ela conseguiu pegar velocidade. Esticou seus braços na altura dos ombros e seu corpo começou a se encher de penas enquanto ela parecia vibrar. Começou a bater levemente os braços, e estes cresceram e logo eram grandes e vistosas asas negras, que a faziam se erguer do chão.

Alguns segundos depois, alçaram voo, com Fox parecendo mais um grande corvo com rosto de mulher. Algumas flechas passaram zunindo ao seu lado, mas batendo mais forte as asas, subiu mais ao céu chuvoso e flechas e lanças não mais a alcançavam.

— Essa foi por pouco. - comentou o gato depois de se afastarem de Carina. - Mas eles com certeza continuarão nos seguindo, precisamos achar Leto o quanto antes e temos de ser cuidadosos.

— Eu diria que isso é o de menos. - falou a quimera, com voz fraca. - Eu deixei minha bagagem na casa... Só tenho cinco cigarros comigo. - mordeu o lábio inferior. - Se não formos rápidos, eu posso estar como aquele cara logo mais.


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Notas finais do capítulo

Ser leitor fantasma é muito feio, plis deixem reviews ~



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