Choose to be here escrita por brenda


Capítulo 1
You're waiting for a train ...


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!
Boa leitura!



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Dom fitava intensamente tudo ao seu redor, enquanto lembrava-se de tudo. Desde o inicio. Desde que o mundo, aquele mundo “não real” os havia consumido. Por inteiros.

Tudo estava desmoronando. Tudo estava sendo destruído, estava um caos. Mas isso sempre acontecia quando ele tentava encontra-la.

Ele fechou seus olhos lentamente, como se soubesse que apenas precisava fecha-los para vê-la novamente. Puxou o ar e, sentiu o doce aroma da mulher que o fizera por fim a tudo. O aroma que ela usava sempre naquele dia, o doce cheiro que preenchia todo o quarto e que também o agitava.

Quando os abriu, avistou á janela aquela velha silhueta conhecida. A janela aberta, o vento entrava deixando tudo mais frio, as cortinas longas e brancas balançavam e sacudiam-se para dentro. O mesmo quarto, o mesmo apartamento.

Ele aproximou-se para perto dela, e a cada passo, lembrava-se da ultima vez: estilhaços de taças quebradas ocupavam uma boa parte do carpete e, no meio de toda a bagunça, lá estava o pequeno totem. –Aquele que o fazia ter certeza de que tudo era apenas um sonho. Ou a realidade. Dom abaixou-se para apanha-lo, e o encarou. Era tudo exatamente igual. A mesma bagunça.

Como pude? –sussurrou. - Como cheguei a esse ponto? Como nós chegamos a esse ponto, Mal?

–... Sente a minha falta?

– É claro. É claro que eu sinto. – ignorou o barulho dos cacos espalhados ao caminhar e rapidamente estava ao seu lado. O vento, gelado do lado de fora, o batia no rosto.

Venha para dentro, querida. –Dom lhe estendia a mão, o que ela ignorou completamente ao virar-se para ele. –Está frio ai.

Venha comigo.

– O que? Eu estou aqui, querida. Estou...

– Não. Não está. Preciso de você, Dom.

– Eu também, Mal. Sinto saudade.

–... Consegue os ver? Você os vê agora?

Dom percebeu, ela estava a falar das crianças.

– Sim, amor. Eu só precisava... Só precisava acordar. –Mal se aproximou lentamente, e cochichou ao seu ouvido:

Traga-os para cá. Deixe-me vê-los. Podemos ficar aqui.

– Querida? –Cobb afastou-se sem entender. – O que quer dizer?

Sabe o que quero dizer.

– Não. Não sei do que está falando... Mal, acabou. Eu precisei deixa-la, deixar esse mundo. Nosso mundo. Lembra-se?

– Não meu amor, você ainda está aqui.

– É apenas um sonho.

– Tem certeza? –ela o fitou por alguns segundos. –Você escolheu estar aqui.

Ele não entendeu bem, mas quando Mal abaixou o olhar para o que ele possuía nas mãos, ele começou a entender.

Então ela começou a falar o que ele há muito tempo deixou de ouvir:

– Você está esperando por um trem...

– Mal.

–... Um trem que irá leva-lo para bem longe...

– Mal, pare.

–... Sabe aonde espera que o trem vá levar você...

– Mal, por favor, pare!

Mas não sabe ao certo... Mas isso não importa. Porque nós... –ela fez uma pausa.

– Nós estaremos juntos. –ele completou depois de alguns segundos.

Dom despertou assustado, aquelas palavras saíram pela última vez de seus lábios: “nós estaremos juntos”.

Ele não se lembrara da última vez em que um sonho havia parecido tão real. Era como se o mesmo aroma estivesse por ali, se desfazendo aos poucos.

Caminhou até o quarto de seus filhos, e virou-os para ele até que conseguisse ver os seus rostos.

Ele sempre fazia isso após um sonho com Mal. Como se ainda, o medo de olhar para seus filhos e não verem os seus rostos fosse o que ele mais temia, pois eram aqueles dois rostos que o faziam ter a certeza de que sua vida era realidade, que o mundo em que estava agora, não era aquele que ele e Mal haviam construído/criado. Aqueles rostos eram os seus totens agora, os totens que provavam que ele não estava apenas sonhando.

Ao fim de um sorriso aliviado, ele houve um pequeno barulho. Como se algo quebrasse após a queda. Dom caminhou lentamente até a sala, de onde o barulho pareceu ter vindo.

E então, ele pôde avistar as cortinas balançando-se com o vento e, ao chão, a taça quebrada. E, ao lado dos estilhaços, o pequeno e velho totem de Mal, mantinha-se em movimento.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem. Comentários são sempre (muito) bem-vindos :D