Another Place escrita por Lia Odair


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Essa é minha primeira fic, espero que gostem

Shipp: Caleo ou Leolipso, o que preferirem ♥



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Fazia uma, talvez duas semanas – não se dá para medir o tempo em Ogígia – desde que ele foi embora. O garoto dos reparos, a sétima vela, o garoto de fogo, Leo. Leo tinha ido embora.

Calipso acordou cedo naquela manhã, como sempre fizera. Fora assaltada por sonhos e pesadelos durante a noite, todos envolvendo Leo. Isso sempre acontecia desde que o garoto partira. Tomou um café da manhã composto de maçãs e pão fresco com suco de laranja, e se lembrou de como ele, se não fosse lembrado, nunca tomava o café da manhã.

Depois de se vestir – não o vestido habitual, mas os jeans e a blusa simples que um dia fizera para Leo – foi trabalhar na terra. Suas plantas precisavam de cuidado, obviamente. Lembrou-se do dia em que ele explodiu sua mesa de jantar e de como “castigara a terra”.

Quando as plantas já não precisavam mais de cuidados, guardou seus materiais e foi dar uma volta na praia. Talvez ela tenha passado alguns minutos ou algumas horas caminhando, mas nunca iria saber. Sua mente estava em outro lugar, com outras pessoas, fazendo perguntas.

Será que ele conseguiu? Será que finalmente derrotou Gaia?

Ela não sabia. Não conseguia prever o futuro, nem enxergar o presente. Mas esperava que ele não tivesse morrido.

Será que Leo vai voltar?

A deusa, por sua experiência, sabia que era impossível. Ogígia não podia ser achada duas vezes pela mesma pessoa. Mas, em seu íntimo, ela aguardava o retorno de Leo. Poderia esperar para sempre, ela sabia. Mas ainda assim o esperaria.

Ela já tinha dado a volta na ilha e estava parada na frente do pequeno acampamento daquele menino magrelo e chato que tinha aprendido a amar. A cabana havia resistido ao tempo, só estava um pouco empoeirada. Calipso entrou e um turbilhão de lembranças passaram por ela.

“— Fumaça e fogo, retinir de metal o dia inteiro. Você está assustando os pássaros!

— Ah, não, pobres pássaros! — resmungou Leo.

— O que você espera fazer?

— Espero sair desta ilha — respondeu ele — é isso o que você quer, certo?

— Você não come há dois dias. Faça uma pausa e coma.

— Dois dias?

— Obrigado — murmurou — eu, hã, vou tentar fazer menos barulho com o martelo.

— Hum.”

“Aquele inconsequente que não se dá nem ao trabalho de comer”, ela pensou, revirando os olhos.

“— Esses encrenqueiros adoráveis! Eles cumpriram a promessa.

— Primos seus?

— Muito engraçado... não. Dois anões que conheci em Bolonha. Pedi que atrasassem os romanos, e eles estão fazendo exatamente isso.

— Mas por quanto tempo?”

“Visões...”, ela torceu o nariz. Lembrara de quando ele mencionou Percy Jackson.

“ — Como? — perguntou.

— Sei um pouco de magia, sabe? Você vive queimando as roupas que lhe dou, então pensei em tecer algo menos inflamável.

— Essas não vão queimar?

— São completamente à prova de fogo. Elas se manterão limpas e crescerão para se adaptarem a você, caso se torne menos magrelo.

— Obrigado.”

“Aquele tolo, sempre queimando as roupas.”, ela riu um pouco.

“— Então... você fez uma réplica exata de minhas roupas favoritas. Será que me pesquisou no Google ou algo assim?

— Não conheço essa palavra.

— Você me pesquisou. Quase como se tivesse algum interesse em mim.

— Tenho interesse em não ter que lhe fazer uma nova muda de roupas diariamente. Tenho interesse que não cheire tão mal e que pare de andar pela minha ilha em trapos fumegantes.

— Ah, sim — Leo sorriu — você realmente está se interessando por mim.

— Você é a pessoa mais insuportável que já conheci! Só estava retribuindo o favor. Você consertou a minha fonte.

— Aquilo? Não foi nada de mais. Não gosto quando as coisas não funcionam direito.

— E as cortinas na entrada da caverna?

— A vara não estava nivelada.

— E as minhas ferramentas de jardinagem?

— Veja, só afiei as tesouras. Cortar vinhas com uma lâmina cega é perigoso. As tesouras de poda precisavam de lubrificação nas juntas e...

— Ah, sim. Você realmente está se interessando por mim.”

“Ele ás vezes tem suas utilidades.”, ela riu mais.

“— Se não a conhecesse, acharia que está ansiosa para se livrar de mim.

— Isso é um bônus.”

“Muito óbvio que eu já não desgostava dele tanto assim.”, revirou os olhos novamente, e em seguida ouviu uma voz ao longe:

-Calipso!

Parecia a voz de Leo. Ela colocou a cabeça para fora da cabana, mas não viu ninguém.

-Devo estar tendo alucinações de novo. – disse para si mesma, e voltou às suas lembranças.

“— Aquilo que Gaia disse... — ele hesitou — sobre você sair desta ilha. Gostaria de tentar?

— Como?

— Bem, não estou dizendo que seria divertido tê-la ao meu lado, sempre reclamando e me olhando de cara feia e tudo o mais. Mas suponho que posso suportar, se quiser tentar.

— Como é nobre. Mas não, Leo. Se tentasse ir com você, sua pequena chance de fuga se reduziria a nenhuma. Os deuses colocaram magia antiga nesta ilha para me manter presa aqui. Um herói pode sair. Eu não. O mais importante é libertá-lo para que possa deter Gaia. Não que eu me importe com o que aconteça com você , mas o destino do mundo está em jogo.

— Por que se preocuparia com isso? — perguntou Leo. — Quer dizer, depois de ter ficado afastada do mundo por tanto tempo?

— Suponho que é porque não gosto que me digam o que fazer, seja Gaia ou qualquer outra pessoa. Por mais que odeie os deuses às vezes, ao longo dos últimos três milênios percebi que são melhores do que os titãs. Eles definitivamente são melhores que os gigantes. Ao menos os deuses mantêm contato. Hermes sempre foi gentil comigo. E seu pai, Hefesto, vem me visitar frequentemente. Ele é uma boa pessoa.”

“Ele até que é inteligente, ás vezes.”, ela pensou rindo sozinha, “E, bem, nobre.”

-Calipso! – a voz se aproximou mais, porém Calipso não ouviu, de tão mergulhada nas lembranças.

“— Bem, você poderia enrolar mais algumas bobinas de bronze. Mas esse é um tipo de trabalho especializado...

— É como tecer. Não é tão difícil.

— Hum. Bem, se você algum dia sair desta ilha e quiser um emprego, me procure. Não é totalmente desajeitada.

— Um emprego, hein? Fazer coisas na sua forja?

— Não. Poderíamos abrir nossa própria oficina — Leo respondeu, surpreendendo a si mesmo. - Garagem do Leo e da Calipso: conserto de automóveis e monstros mecânicos.

— Frutas e vegetais frescos.

— Sidra e ensopado — acrescentou Leo — poderíamos até proporcionar entretenimento. Você poderia cantar e eu poderia, tipo, irromper em chamas de vez em quando. Viu? Sou engraçado.

— Você não é engraçado. Agora, de volta ao trabalho, ou nada de cidra e ensopado.

— Sim, senhora.”

“E, apesar de tudo, é engraçado.”, um sorriso de lado apareceu em seus lábios, e a voz soou ainda mais próxima:

-Calipso!

Dessa vez ela ouviu e saiu da cabana, procurando a origem do som.

Um garoto magrelo, vestido com camisa branca, calça jeans e casaco de aviador andava pela praia gritando e olhando ao redor:

-Calipso!

Estava a uns cento e cinquenta metros dela, mas mesmo assim o reconheceu.

-Leo! – a garota arregalou os olhos, sorrindo de um canto a outro do rosto. Suas alucinações não englobavam imagens, só sons. Leo olhou para ela, sorriu na mesma intensidade e saiu correndo em sua direção.

E então ela se sentiu desaparecer.

E aparecer em um lugar que não era Ogígia.

Era o Olimpo. O Salão dos Tronos. Com doze deuses de 3 metros de altura conversando, sentados em seus tronos.

-Ahh, ela chegou. – Zeus olhou para Calipso.

-Ótimo, vamos começar. – Hera calou a todos.

-O que, por Hefesto, eu estou fazendo aqui? – a deusa perguntou, irritada. Sua felicidade tinha ido embora quando apareceu naquele lugar.

-Eu não tenho nada haver com isso, Calipso. – Hefesto se manifestou.

-Na verdade, você tem sim. O menino Valdez não é meu filho, é? – Hermes debochou. Atena revirou os olhos e respondeu:

-Bem, Calipso, você está aqui porque não pode se apaixonar por um mortal.

-E vocês podem? – ela ergueu uma sobrancelha. Dionísio riu. Ela estranhou ele estar lá, já que deveria estar no Acampamento Meio-Sangue.

-Conosco é totalmente diferente, garota. Você quer ficar lá com seu amado Liam –

-Leo. – Calipso corrigiu, emburrada.

-Que seja. Você quer ficar com ele lá embaixo, no mundo estranho dos mortais.

-Mas, como um ser imortal, você não pode. – Poseidon completou, revirando os olhos para o irmão ao seu lado. "Provavelmente também acha isso uma besteira", pensou ela.

-Exato. Então, resolvemos pensar numa solução para isso. – Hera juntou as pontas dos dedos, um gesto à lá Dumbledore.

-Pensar em uma solução?! – Calipso gritou – Vocês não acham que já pensaram em soluções demais na minha vida?! Três mil anos! Me apaixonando por heróis, e depois vendo-os partir! Drake, Odisseu, Percy Jackson! Só...

-Basta! – Zeus levantou a voz, interrompendo a queixa da deusa. – Calipso, nós resolvemos tentar achar uma solução para o seu caso e você nos trata desse jeito?! – ele disse severamente.

-‘Nós resolvemos’, humpf. Fui eu quem insistiu nisso, afinal o amor é lindo. – Afrodite riu sozinha.

-Calipso, em nome de todos nós, te pedimos desculpas. Desculpe por termos te esquecido quando você merecia a liberdade. – Atena confessou.

Calipso sorriu.

-Desculpas aceitas, Atena.

-Desculpe também, Calipso. –Hermes e Apolo disseram juntos.

-E a mim. Sinto muito, minha cara nora. – Hefesto disse, com um pequeno sorriso.

Calipso levantou as sobrancelhas e riu.

E assim, um a um, os deuses foram se desculpando.

-Minhas sinceras desculpas, Calipso. – Hera olhou para o colo.

-Desculpas aceitas, Hera. – a filha de Atlas frisou o nome da deusa e voltou seu olhar para Zeus. – E você?

-Eu o quê? – ele se remexeu em seu trono. Todos os outros deuses haviam se desculpado.

-Você também tem que se desculpar, querido.

Então o Senhor dos Céus simplesmente estalou os dedos e Calipso estava caindo. Ela atravessava as nuvens, sentindo o vento frio em seu rosto. Depois de alguns segundos caindo, viu Ogígia ficar cada vez mais próxima. Iria bater de cara na água ou na terra e então morreria, tinha certeza. Sua imortalidade tinha sido retirada quando chegou ao Olimpo por Afrodite.

Fechou os olhos, certa de que Zeus faria isto mesmo ao invés de se desculpar com a deusa. Esperou o impacto...

Que não aconteceu. Ela abriu os olhos para encontrar duas orbes castanhas dentro de um rosto moreno emoldurado por cachos negros, com um sorriso maior que o rosto quase a ofuscando. Leo.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?



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