Eu o observava com cautela. Todos os dias, no mesmo horário ele saia para andar de skate naquela rua gelada e solitária de Londres. Seus cabelos castanhos escuros bagunçados lhe proporcionavam um ar mais ''rebelde'', seus olhos verdes amarelados sem demonstrar emoção alguma, sua pele clara brilhava à luz da lua. - Tudo em - Alex parecia interessante o suficiente para que fizesse eu me apaixonar por ele.

Ele todas as noites saia com seu skate velho e riscado, concentrado o bastante para não me notar - Ou talvez não fazer questão - sentada na calçada gélida ao lado de sua casa. Mas hoje ele estava diferente, ele saiu de sua casa com uma expressão confusa em seu rosto, afoito e sem seu companheiro;

Só de vê-lo eu ficava nervosa e me sentia mais feliz. O ar me faltava e meu coração acelerava de uma forma inexplicável. Eu queria poder não me sentir assim, porque afinal eu seria quem para Alex? Eu sou apenas Cassie. Um nada.

Certos dias ele me encarava, ou sorria, ou se aproximava rapidamente, mas não é como se significasse algo, óbvio. E é claro que meus sentimentos por ele não fariam diferença nenhuma.

Alex andou em minha direção e sentou-se ao meu lado com um sorriso companheiro.

– Oi - Ele disse.

– Oi - respondi no mesmo tom. Eu queria poder beijá-lo, mas garotas como eu não tem esse tipo de sorte no amor.

– ahn...Cassandra, você está bonita. - Alex indagou sem motivo aparente. Sorri nervosa.

– Obrigada, mas não estou.

Ele gargalhou.

– Sério que você acha isso, Cass? Vamos lá, digo, seus olhos azuis, seus cabelos loiros, sua boca rosada, sua pele branca...Você é perfeita. - Ele respondeu me olhando interessado.

– Alex, nem chegamos em Abril ainda pra começar a mentira.

– Sei que gosta de mim, Collins. - Alex revelou e foi nesse momento em que senti meu corpo cair.

Eu queria sumir.

– Po-por-por...Por que acha isso? - Tentei perguntar.

– Só diga se o que eu acho é verdade. Você gosta? - Perguntou arqueando uma sobrancelha.

Um leve sorriso brincava no canto de seus lábios.

– Sim - Respondi sem encará-lo. Até porquê eu não conseguia.

Ele puxou meu rosto com calma para que eu pudesse olhar em seus olhos. - Os mesmos pareciam mais brilhantes - Alex sorria enquanto jogava uma mecha solta de meu cabelo para trás.

– Que bom, porque eu meio que amo você.

Não consegui pronunciar nada antes que o garoto me beijasse, eu estava tão surpresa que por um momento não pude retribuir.

Ele mordeu meu lábio inferior me fazendo voltar ao mundo - E soltar um gemido - , sorri e puxei seu rosto para mais perto o beijando com vontade. O beijo era lento e macio, nós queríamos apenas aproveitar o momento. Eu finalmente pude sentir seus lábios nos meus. Alex acariciava meu rosto e me puxava para mais perto. Puxei de leve seus cabelos fazendo com que ele soltasse uma risada rouca. Sorri e parei o beijo.

– Eu esperei tanto por isso. Eu amei você desde que te vi, e eu só tinha 10 anos de idade. - Alex admitiu.

– Posso dizer o mesmo que você. - Falei o puxando para que eu pudesse abraçá-lo. Alex me apertou contra seu corpo e pousou sua mão em meu cabelos para que pudesse alisá-los com seus dedos.

E nós ficamos ali, apenas sentindo o corpo do outro. Apenas matando as saudades que sentíamos um do outro desde sempre.

– Sabe, desde sempre estive tentando ter coragem de fazer o que fiz hoje.. Cass, você era meu único motivo pra sair todas as noites. Eu sabia que estava aqui, eu queria apenas ver seu rosto. Ver você e sorrir. Porque você me deixa feliz sem mesmo estar ao meu lado. - Disse o garoto enquanto depositava uns beijinhos em meu pescoço, me deixando arrepiada.

A lua estava distante, mas estava mais brilhante que nunca. Ela fazia a rua vazia parecer mais bonita, iluminava corações escuros. Iluminava tudo acima de nós. Os enfeites de natal deixavam tudo ainda mais lindo.

Alex era só mais um garoto, era só o garoto da casa ao lado, que todas as noites andava pelas ruas mórbidas com seu skate velho. Que soltava sorrisos sinceros - Os quais eu não sabia até agora que eram - Para mim, que me olhava com amor, que me acha linda do jeito que sou, que cresceu ao meu lado e que agora fazia parte de mim.

E essa parte eu não queria perder nunca.

– Eu amo você.– Sussurrei olhando fixamente em seus olhos verdes e sorri de lado.

E de uma hora para outra, eu o tinha para mim.