Princesa Natasha:

Não acredito que 35 meninas vão vir aqui em casa em uma semana. Já é bem difícil interagir com os moradores usuais do palácio, imagina quando ela chegarem...

Papai com toda certeza vai querer que me porte como a princesa perfeita e que interaja com as meninas mas só de pensar nisso já tenho vontade de me trancar no quarto! Será que consigo permissão para ficar no meu quarto até que isso acabe? Duvido.

– Que foi princesinha? – Pergunta minha mãe que sempre me dá atenção – São as visitas?

Balanço a cabeça em concordância

– Não se preocupe, elas serão gentis, não tem motivos para ter vergonha. Agora vá para cama que já está na hora.

As vezes minha mãe é meio super protetora, já tenho 9 anos, mas ela me trata como uma criança de 6.

Queria que existisse um chá de desinibição, queria ser extrovertida como todos meus outros irmãos, mas a ideia de falar com alguém me parece apavorante, eu sou simplesmente sou assim.

Melanie:

Encaro o texto em minha frente tentando decora-lo. Tenho que ser perfeita no teste se quiser o papel principal na peça. Cresci nos palcos, fazendo peças de teatro desde muito pequena. Abandonei os palcos para ir à televisão por uns dias, mas logo voltei aos palcos, nada melhor do que a emoção de ver a plateia na sua frente.

O texto era complicado com algumas partes em inglês e francês, além do usual Russo, mas acho que posso me sair bem já que falo essas línguas fluentemente. Eu podia pedir ajuda para o meu pai que é um ator aposentado que sempre me dá ótimos concelhos sobre atuação.

Ouço uma batia na porta.

– Não queria te desconcentrar, mas esse envelope chegou para você – Diz minha mãe ao entrar.

Abro e vejo que se trata da Seleção

– Seria uma ótima oportunidade que não deve ser jogada fora – Argumenta meu pai quando pergunto se devia me inscrever

– Poderia nos dar uma vida ainda melhor - Completa minha mãe

– Então acho que vou participar!

Abigail:

– Seleção

Depois de um dia cheio de trabalho, trabalhei na casa de cincos, vendi algumas flores e ainda trabalhei de babá por algumas horas, chego em casa exausta.

– Menina, não sei como você aguenta! – comenta a mãe da menina que cuidei hoje quando me entrega o pagamento.

Coro levemente mesmo com o menor dos elogios.

Cresci num orfanato até os 10 anos, quando fui adotada por uma família de setes, que eu amo muito.

– Querida, essa carta chegou para você – Diz minha mãe

Estranho, quase nunca recebo correspondência. Abro o envelope e vejo o grosso formulário para participar da Seleção, uma chance de conquistar o coração dos príncipes.

Me parece uma boa oportunidade de encontrar o amor da minha vida, dar uma vida melhor para minha família e ajudar o orfanato onde cresci. Secretamente sempre tive uma quedinha por um dos príncipes, mas acho que não vou ser correspondida por causa da minha casta e da minha aparência.

Tenho cabelo ruivo escuro e sou um pouco gordinha, as pessoas dizem que nem dá para perceber, mas isso me deixa insegura.