A nação escrita por Rodrigo Silveira


Capítulo 4
Executar?


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo quase não saiu mas está aqui. Espero que curtam. E no fim, que tal deixarem um comentário? Ajuda no feedback da historia.
Rodrigo - Whatever - Silveira



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/576970/chapter/4

Não havia muitas noites agradáveis no palácio divino. E para Dorian Riacar, definitivamente essa
não era uma delas. O calor da noite misturava-se as preocupações de lembranças antigas. Coisas que
sabia e coisas que queria esquecer que sabia. Sentou-se na cama desgrudou os longos cabelos loiros
das costas suadas. Conteve um grito de alto estresse. Preciso dormir. Pensou. No dia seguinte, como
representante de deus, ele deveria estar reluzente para as audiências e reuniões com ministros de
todos os estados.
As chamas das velas que forneciam o pouco da iluminação do quarto trepidavam como se
estivessem dançando. Um choro de criança ecoou pelo lugar.
– Demônios! – Ele praguejou e lançou a primeira coisa que tinha ao alcance de suam mão. Os cacos
de vidro espalharam-se pelo chão. Ninguém viria limpar se ele não chamasse. A sala era a prova de
som, tanto por dentro, quanto por fora. Dorian sentou-se novamente na cama a luz da lua adentrou o
quarto como um fantasma. As cortinas pareciam dançar. “nada mudou em dezoito anos” ele concluiu.
“não mudará essa noite.” E voltou a dormir.
[...]
Situado na décima terceira capital, o salão do ministério dos magos consiste em um castelo de
vidro colorido quase proporcional ao tamanho do palácio divino. Nele estavam guardados todos os
segredos da nação e também as técnicas e símbolos usados pelos magos, àqueles que deus havia
dotado de poderes para servir ao sumo sacerdote seu representante.
Assim que a noticia da existência de alguém que, não era um mago registrado e andava pela nação
livremente, chegou ao salão, um receio muito grande caiu sobre todos os magos. Nenhum deles,
porém, atreveu-se a demonstrar nenhum abatimento, pois uma vez que os selos usados em toda a
nação fossem ativados para detectar a fé individual, aqueles que não têm a fé em comum deveriam
ser executados. Agora ficava evidente que havia modos de burlar estes símbolos, afinal, um mago
clandestino espionava o exército da nação obviamente usando coisas deste tipo.
– Que absurdo. – Disse a assistente geral, Rose Mourner ao ler repetidas vezes o relatório vindo do
quinto estado sobre o espião. – Isso é perigoso. – Ela massageou as têmporas levemente. Os cabelos
negros foram jogados para trás e antes que ela repetisse o ato de ler o relatório novamente ela
dispensou o mensageiro. – Se alguém deste palácio souber de alguma informação sequer deste
resumo eu vou te culpar pessoalmente.
Os lábios negros de Rose lançaram um beijo sensual ao mensageiro que deixou o local em silencio.
Ela recostou-se na poltrona vermelha de sua sala e bufou.
– Como aplacar a ira divina? – Ela pareceu citar um livro de receitas. – Apagar a mente de todos os
magos do salão e impedir que a notícia chegue ao sumo sacerdote megalomaníaco.
[...]
Socos e chutes abafados ecoaram pelos corredores mal iluminados. O ofegar de Ari-el preenchia
uma sala improvisada para exercícios físicos no qual ele agredia violentamente um saco de pancadas
como se ele fosse um soldado do país ao o próprio sumo sacerdote.
A alguns metros dali, Daniel esforçava-se ao dividir vários pedaços de metal com uma serra
automática que reluzia um brilho azul.
– Ari-el. – A voz foi bem expressiva ao dizer o nome do garoto como se o rasgasse ao meio ao
separar o “Ari” do “El”.
Daniel olhou para o dono da voz, seus olhos azuis e cheios de fuligem negra reconheceram o
homem de cabelos grisalhos ainda que fosse jovem demais para isso.
– Sala de treino. – Ele respondeu quase que mudo e voltou ao seu ofício.
O ritmo de Ari-el era frenético. Resultado de quase dez anos de repetitivos exercícios naquele lugar.
Seus olhos verdes estavam fixos no saco de pancadas como se fosse um leão olhando a sua presa.
Contudo, o saco não retribuíra os golpes. A tapa foi desferida na sua nuca. Ao olhar para trás, o garoto
concluiu quem o fizera. Antes que pudesse reagir, outro golpe foi desferido. Dessa vez, um soco em
sua boca. O garoto caiu no chão.
– Lerod. – Ari-el cuspiu um pouco de sangue e encarou o homem que lhe olhava com uma aparência
nada boa.
Ao longe, Daniel começou a ouvir uma serie de gritos de dor de uma voz que reconhecera ser a de
Ari-el. O som aproximava-se cada vez mais e então ele ergueu os olhos e viu Elviz Lerod passar
puxando o rapaz de moicano pela orelha.
– Nossa – Disse ele gargalhando e levantando-se. Deixando de lado as grandes placas de metal para
seguir os dois. – Essa eu não perco por nada.
Elviz arrastou o Ari-el para uma grande sala que diferente de todo aquele lugar situado no
subterrâneo, tinha uma iluminação tão clara quanto a luz do dia. No centro da sala, estava uma grande
cama redonda. Sentada nela, um homem obeso e careca. Ele estava coberto por um grande lençol
branco com vários símbolos brilhantes. Ao ver Ari-el, ele deu um leve suspiro e seus olhos dirigiram-se
ao homem que o trouxera.
– O que foi dessa vez?
– Dermont, essa foi a gota d’água. – Os olhos quase fechados do homem dirigiram-se novamente a
Ari-el.
– Comece menino.
– O quê? Eu não fiz nada. – O rapaz coçou a cabeça. Parecia muito desconfortável.
– Ele matou minha assistente. – a voz de Elviz sou tão natural quanto um “bom dia” seus olhos
acharam um bule com café em uma mesa próxima a cama do homem. – Café.
– Fique a vontade. – A voz de Dermont era uma voz seca e grave, era como se a morte falasse
dentro de si. Ele pegou um cigarro em um cinzeiro na mesma mesa em que Elviz se servira com café. –
A história esta confusa. Continue.
Lerod soprou a xícara branca antes de prosseguir.
– Minha assistente, chegou de viagem hoje. Antes de me contar o quão tinha sido viajar até o
palácio divino e ver o representante de deus, mesmo que de longe, chegou acompanhada de dois
guardas locais alegando ter encontrado um ateu. – Os olhos cinza jogaram-se para Ari-el como se
fossem um tapa. Ele estava encarando o teto tentando disfarçar a culpa que visivelmente era dele. –
Adivinha que era o ateu que ela descreveu?
– Posso chutar? – Daniel estava assistindo a conversa toda recostado na entrada da sala com um
sorriso de lado a lado do rosto. – Ari-el o ateu.
– Fica na tua. – Disse Ari-el como se cuspisse a resposta para ele. Daniel apenas passou a mãos nos
cabelos estupidamente negros penteados em um topete.
– Segundo as leis dos rebeldes – Lerod recordou solenemente mesmo que ainda com pesar. –
Aqueles que descobrem a nossa existência, devem ser executados até que chegue o dia de nossa
revelação. An é a melhor secretária que alguém pode ter.
Ari-el pareceu compreender de quem Elviz falava. A garota com quem ele encontrara-se naquela
manhã.
– Suas ações precisam ser mais comedidas garoto. – A voz seca de Dermont parecia a de um pai.
Passível mas severo. - Muitas outras pessoas podem morrer se nossa existência for descoberta. É uma
vida de resignação eu sei. Mas uma nova nação virá. É apenas uma questão de tempo até podermos
lutar.
Ari-el perdeu a paciência. Ele ficava muito incomodado quando alguém, geralmente Dermont ou
Elviz, tentavam lhe ensinar alguma lição de moral.
– Chega! – disse ele virando-se de costa. – Não vou ficar escutando essa besteira. Se tiver que matar
a garota, mate-a. Se não tiver coragem, eu faço.
– Volte aqui moleque. – Disse o Dermont quase forçando a si mesmo a levantar-se da cama
redonda. – A conversa ainda não terminou.
– E quem vai me obrigar? – Nesse momento, Ari-el estava de frente a Daniel, seus olhos estavam
fixos nele como se fosse dele de quem a resposta viria.
– Existe uma regra. – O homem obeso começou, deixando cair um pouco de cinza no cinzeiro. – O
conselho dos rebeldes a fez como um ato de misericórdia. – Nesse momento, os olhos de Elviz se
fixaram em Dermont com se dele fosse vir a única chance de sobrevivência de An. – Para não matar
aquele que descobriu nosso segredo, aquele que deixou nossa presença vazar deve trazê-la para nosso
convívio e educa-la na fé ele mesmo. E a pessoa nunca mais deverá voltar a ver a luz do sol até o nosso
reino chegar.
O silencio foi rompido quando Daniel deu uma alta risada irônica e deu leves tapas no peito de Ariel.
– Parabéns!
– Saia Daniel – Ordenou Dermont. Ele obedeceu.
Elviz Lerod sentou-se escorado na parede branca da sala. A ideia de ter Ari-el, a pessoa mais
irresponsável que conhecia, como tutor de sua frágil e crédula assistente era tão absurda quanto a de
matá-la. Ele olhou o menino com olhos cansados. Nenhuma resposta veio.
– Vou encontrar uma pistola – disse Ari-el em um tom misto de brincadeira com zombaria. – Vai ser
mais rápido que uma faca.
Elviz levantou-se rapidamente. Como uma besta feroz, ele agarrou Ari-el pela camisa suada quase o
levantando. O menino o olhou de cima. Não havia medo em seu olhar. Era vazio. Apenas esperava o
próximo passo. Os dentes de Lerod rangeram a resposta à brincadeira.
– Você não vai tocar em um fio de cabelo dela!
– Traga-a para cá Elviz. – Dermont parecia exausto. – Nós resolveremos o que estiver de ser decido
aqui. Agora saiam.
[...]
Rose Mourner, a assistente do ministério dos magos, concluiu a sua viagem até o oitavo estado
ainda no meio da madrugada. Ela foi escoltada até o local onde estava o suposto mago transgressor
por um grande carro forte do exercito, enviado pelo próprio Bulgo Ror. Ao lado do carro, viajaram dois
imensos robôs de guarda da nação que outrora haviam sido usados na escolta do próprio sumo
sacerdote ao estado. Rose ouviu o barulho de varias engrenagens girando. A porta traseira do carro se
abriu. Ela desceu. Ao olhar em torno de si, a mulher viu que uma fortaleza de metal havia sido criada.
Quase uma centena de droides de dez metros estava ao redor, guardando o perímetro. Tudo para
encobrir a existência de alguém que tinha dado uma surra em todos os magos da nação e escondido
sua existência.
– Bem vida senhorita Mourner. – Disse Bulgo perfeitamente posicionado, ladeado de soldados e
magos que a esperavam. – Obrigado por vir.
– Veja só Bulgo – Rose caminhou como se estivesse desfilando e atirou-se sobre o peito do general
como se fossem íntimos e, com um dos dedos acaricio seu bigode.
– Está ficando velho e grisalho.
Bulgo Ror enrubesceu.
– Chega! Você não é mais uma prostituta mulher! É uma serva de deus e da nação. Porte-se como
tal.
– Como quiser – Ela saiu de cima dele, não sem dirigir-lhe um olhar sensual. – Vamos ver se o que
tem aqui é mais interessante do que você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me adicionem no facebook 0/
https://www.facebook.com/rodrigosilveira.rodz
Até domingo se Deus quiser.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A nação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.