Voyager à Nouveau escrita por Ro_Matheus


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

ESpero que gostem, foi feita com muito carinho.Boa leitura a todos.



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Songfic - Quelqu'un M'a Dit Carla Bruni

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose

Elles passent en un instant comme fanent les roses

On me dit que le temps qui glisse est un salaud

Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux

A existência é tão fugaz quanto um sobro soltado por uma criança em um momento de alegria possuindo tal qual pureza independente dos fatos que a cercam. Mas tal qual a infância, se não prestarmos atenção a existência passa sem nunca termos de fato aproveitado tudo que ela lhe tem a oferecer.

Não sabemos parar e aproveitar a delicadeza de um chá bem servido e do ondular das pétalas

Temos essa vontade de sempre correr e tentar viver o máximo possível no menor tempo cabível, mas será mesmo que vivemos? Será mesmo que permitimos observar cada mínimo detalhe e apreciar tudo que nos cerca? Respirar fundo e deixar que as coisas a sua volta lhe mostrem de fato o que são uma a uma sem pressa...

Isso não acontece, não mais, é sempre preciso acelerar, pensar, planejar e organizar tudo em preto e branco, mesmo sabendo que a aquarela da existência é infinita e dotada de tons que nossos pobres ou poderosos olhos não nos permite enxergar. Talvez, se tivéssemos mais tempo, talvez se parássemos para olhar...

Somos capazes de determinar a existência por algo simples um olhar e já classificamos tudo a nossa volta em questão de segundos, usando de poucos elementos apresentados, mesmo que Como por exemplo determinarem que minha filha Hinata é a cópia da mãe e claramente por eu ter amado muito minha esposa e Hinata a lembrar eu claramente a desprezei com o falecimento de minha companheira.

Com o tempo determinaram que eu na realidade nunca a desprezei mas sim fui obrigado a Novamente muito tolos... Uma triste verdade.

Tão triste quanto a verdade de que nunca amei minha esposa, por exemplo. Mas isso é algo Voltemos por favor as verdades por trás das “verdades” vistas por olhos apressados, como a que Hinata é parecida com minha esposa, talvez em aparência, talvez um ou outro trejeito.

O que poucos sabem é que vejo nela muito de mim e isso me assusta, pois bem sei quanto sofri. Oras! Quanto ainda sofro.

Hinata tem a vontade de ser diferente dentro de si tal qual eu tinha, a vontade de nunca desistir e de sempre buscar o melhor. Ela possui a determinação Hyuuga até a última gota.

Tão pouco como eu acredita ou nunca acreditou nessa baboseira de destino e decidiu por si

Ela sabe levar todos os desafios de cabeça erguida mesmo sabendo que perderá, mesmo que

isso lhe doa por dentro faz o que é necessário, faz aquilo que acredita ser o melhor.

Nem perde a pose e a nobreza dentro de si tendo aquele sutil ar nobre que a separa dos demais com leves toques mesmo que seja uma pessoa da hábitos e gostos simples, somente por sua nobreza não vir só de um nome ou posição mas sim do coração, um coração que abre mão daquilo que ama por um bem maior, um coração que até em seu egoísmo é heroico.

Não me afastei de Hinata por que alguém me forçou, muito menos por perceber mais potencial em sua irmã, simplesmente por ver que Hinata ao perder, ganhou, afinal além de poder ter ganho apresentou compaixão, apresentou preocupação apresentou que sabia que não podia fazer tudo que desejava e que podia somente por poder e que seus atos tinham reflexos e causariam a dor em alguém.

Notei ali que Hinata não precisava realmente de mim, ela saberia traçar seu próprio caminho, ela precisava sim que eu me afastasse e a deixa-se descobrir algumas dores sozinha para Afinal ela amava. E tal qual a mim desde cedo.

Também tal qual a minha amava o impossível ser amado.

Pourtant quelqu'un m'a dit

Que tu m'aimais encore

C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore

Serait ce possible alors

Era natal e caminhava e mesmo sendo natal estava em uma missão diplomática junto com meu pai em Kumogkure em uma das infindáveis reuniões para tentar evitar novos problemas entre nosso clã e essa vila gananciosa.

Meu pai avisou para não sair do quarto que era perigoso mas não quis ouvir só desejava sair um pouco daquele enfadonho quarto por isso me esgueirei para fora e fui ao jardim da casa principal da vila era lindo a noite.

Ainda lembro de como a névoa descia entre as flores naquele jardim suspenso entre as árvores dando um ar místico assustador e belo.

Tão místico que avistei algo brilhante com chamas azuis sob a arvore bem ao centro, lá estava um belo gato, possuidor de olhos dispares eu o olhava encantado nunca tinha visto algo tão impressionante em minha curta e pueril vida.

Ele me olhava com curiosidade no olhar jogando a cabeça para o lado, repeti o movimento, ele tombou para o outro eu também o fiz e ri.

Ri aquela risada simples limpa e verdadeira que só uma criança que nunca passou por tristezas é capaz de dar. Mais curioso ainda o gato pulou a minha frente andando calmamente.

Parando a centímetros de mim.

Ergui minha mão para tocar mas do nada algo mais surpreendente ainda aconteceu:

– Não faria isso se fosse você... – Uma voz doce feminina, suave como um cantar de um roxinol soou. Voz essa saída do gato.

– Vo-você fala! – Eu disse encantado.

– Sim... Não que isso importe... Vai fugir agora, suponho. - A gata falou sentando sobre as duas batas traseiras de forma ereta e altiva.

– Por que? Isso é de longe a coisa mais legal que já vi! - Minha mente infantil não entendia o por que deveria fugir de algo tão especial.

– Porque todos me temem.

– Eu não vejo por temeria você.

– Por que posso lhe matar a qualquer momento.

– Impossível, alguém tão especial e encantadora quanto você não mataria ninguém sem

Ela sorriu em resposta e eu sabia que ali tinha uma verdadeira amiga. Uma amiga para a vida

On dit que le destin se moque bien de nous

Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout

Parait qu'le bonheur est à portée de main

Alors on tend la main et on se retrouve fou

Pouco depois descobri o que minha nova amiga era, um bijuu um demônio de duas caldas capas de arrasar vilas inteiras. Demorei a acreditar em seu poder, simplesmente por que Matatabi, minha amiga, minha doce amiga era incapaz de realmente fazer isso mesmo que

Sempre que podíamos conversamos por pensamentos por sonhos, que em minha tenra idade não sabiam ser viagens astrais. Era divertido ter uma companheira tão divertida, as vezes ela deixava de ser um gato e virava uma menininha da minha idade de longos cabelos azuis olhos dispares e tatuagens pelo corpo.

Eu nunca fui burro, sabia que ela poderia assumir outras formas de idades maiores, e somente assumia essa para podermos brincar.

Mas viagens astrais tornam-se difíceis quando sua alma é corrompida então ficaram mais e mais espaçadas conforme minha via shinobi obrigou-me a ver os sofrimentos do mundo.

Pourtant quelqu'un m'a dit

Que tu m'aimais encore

C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore

Serait ce possible alors

Eu lembro que em determinado momento todos os meus conhecidos começaram a ver as mulheres com outros olhares, mas comigo isso não acontecia, tão pouco os meninos me Todos pareciam tão comuns, tão sem graça e atrativos, eram sentimentos tão efêmeros que os movia que nada daquilo me atingia.

Como poderia me preocupar mais com o a aparência, desde quando ser bonito ou não torna alguém interessante ou melhor? E a profundidade do que sente, e a forma com que enxerga o mundo? Seus sonhos, motivações, por quais dificuldades passou? Principalmente como lidou Esse tipo de coisa encanta, esse tipo de coisa destaca-se.

Nessa época infelizmente já muito de mim tinha se corrompido pelo mundo e não via mais minha grande amiga, mesmo assim levava dentro de mim nossas intermináveis conversas.

Passava horas e horas dentro da biblioteca estudando Justsus, estudando a história do mundo shinobi, me informando das inúmeras habilidades do byakugan, eu precisava achar um jeito de voltar a ver quem me fazia tanta falta. Sem ela tudo parecia parar e perder a cor, sentia falta O tempo é nebuloso como uma nevoa, enquanto para mim o tempo parecia não passar na realidade ele passava rápido e logo minha família falava em casamentos arranjados dentro do clã para o futuro líder.

Aquilo mexia com algo dentro de mim, soava tão errado, sentia traindo a mim ao pensar em casar com alguém, com qualquer uma soava tão absurdo que beirava o irreal.

Mas era real, tangível e doloroso.

Eram tantas moças, nenhuma realmente destacava-se em meio aquela imensidão de olhos brancos, peles pálidas, cabelos longos lisos escuros, nada daquilo brilhava as cores vivas.

Depois de muito pensar e como uma facada no coração escolhi a doce menina de gestos gentis e contidos, meiga e carinhosa com todos, admirada dentro do clã por sua bondade e suavidade. Ela agia como uma mãe para todos, uma companheira perfeita para um líder.

Pena não ser perfeita para mim, entretanto, nenhuma era, o melhor era pensar no clã.

Estava conformado, infeliz mas conformado.

Foi em um natal que pela primeira vez e única na vida tive vontade de me rebelar contra tudo, e foi ali, em um natal que tive a maior alegria e a maior tristeza.

Era noite de natal e eu vagava displicente pelo jardim interno do distrito sem rumo, somente sem sono de mais para cair em meu futon e dormir.

Desceu sobre o jardim uma estranha névoa mística que me trouxe uma sensação de já ter vivido isso e somente reconheci quando a vi.

Parada encostada tímida com as mãos juntas e o olhando com olhos brilhantes e, um corpo de mulher. A mulher mais especial e linda que já tive o prazer de por meus olhos.

– Matatabi? Mas como... - Perguntei surpreso a vendo rir levemente e correr na minha direção e me abraçando apertado.

– Pequeno Hiashi, sabe o que significa meu nome? - Ela disse rindo me chamando pelo apelido que me deu quando pequeno e perdurou através do tempo. Afastou um pouco sem me largar

– Não... - Disse confuso afinal o que o nome dela tinha haver com a habilidade de estar ali para

– Viajar novamente... Sabe por que me deram esse nome? - Perguntou mantendo o ar de piada e foi impossível para mim não sorrir de lado junto.

– Também não sei Matatabi. - Esperava que a resposta me esclarece-se.

– Por que eu tenho uma habilidade especial que todos desconhecem, através do fogo que atinge o coração eu posso viajar, viajar para aonde meu coração está, sempre novamente, eu somente precisava escolher, ou melhor, deixar que o tempo escolhe-se por mim aonde meu coração estaria. - Ela suspirou levemente triste. - Somente posso usar uma vez ao ano, e escolhi essa noite, esses poucos momentos para isso.

– Então, uma vez por ano poderei estar contigo novamente?

– Isso, ...- Abracei novamente, tinha tanto a dizer, tanta felicidade em saber que em algum momento eu a teria novamente, mesmo que efêmeros. Contudo era difícil expressar. – Senti tantas saudades Hiashi! Do seu cheiro, do seu abraço, de ver seus olhos, de ouvir sua voz, senti-me tão perdida sem você... - Matatabi era sempre sincera e tão intensa que me assustava na mesma intensidade que tornava-se impossível para mim resistir ao seu charme, tentei me enganar por anos, mas estava ali na frente o motivo de minha alegria. Era por ela, era com ela que desejava viver.

Assenti ao que ela dizia realizando tudo que acontecia ali, ela dizia que somente podia viajar aonde seu coração estivesse.

Então sem explicar mais nada eu gargalhei, pela primeira vez em anos eu permiti-me gargalhar, nesse momento eu estava com minha felicidade completa.

– O que foi peq... - A interrompi puxando para mim e beijando seus lábios, um leve roçar que logo foi aprofundado ao ter meu corpo abraçado e sua língua invadir minha boca e seu corpo alinhar-se ao meu como se fossem feitos um para o outro.

Desencostamos os lábios nos olhando, não eram preciso palavras, eu sabia, ela sabia, e isso era tudo que importava. Nos beijamos mais incontáveis vezes até eu ouvir uma voz doce tocando ao fundo. Era uma senhora da bouke que sempre no natal cantava aos filhos uma cantiga antiga antes de dar meia-noite como um pequeno presente aos seus. Sua voz retumbava pelas paredes vazias e soava ali, mesmo estando um tanto longe.

Enlacei sua cintura e rodamos ao ritmo da música senti Matatabi colocar sua cabeça sobre meu peito e um tempo depois o senti o úmido. Levantei seu queixo suavemente.

– Porque não podemos...

Suspirei apertando-a contra mim, suas palavras eram kunais montadas em uma armadilha cujo gatilho foi puxado. Eu sabia ser verdade.

– Não quero, quero o agora.

– Eu sei pequeno Hiashi, também quero, mas não podemos.

– Eu, eu precisarei fazer coisas que me afastarão de você e não quero.

– Sabia que esse dia chegaria...- Pegou meu rosto entre suas mãos. - Sei que um dia casará e todos os seus dias e noites serão dela, mas se lhe conforta saiba que pelo menos as noites de natal serão nossas, para sempre nossas.

– Para sempre nossas...

Repeti a beijando voltando a balançar no ritmo da música já não existente além de nossas

Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais

Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit

J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits

Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit

Era início do degelo e as flores começavam a brotar em meio a neve derretida, o campo mesclava o verde intenso e as flores rosas borbulhavam em botões. Era uma visão linda, e mesmo assim sentia-me cinza no dia do meu casamento.

Não vou mentir dizendo que fui infeliz no meu casamento, por que era mentira, ela era uma boa companhia, e uma excelente esposa.

Sabia também que não a amava, mas com o tempo desenvolvi um carinho especial por ela, com seu jeitinho conquistou seu lugar no meu coração. Nada que comparava ao amor de Matatabi. Ela acima de tudo foi minha confidente, minha companheira.

Nunca questionando aonde ia nas noites de natal, as únicas noites que não ficava meu leito, eu tão pouco alguma vez expliquei.

Até que um dia eu sofri novamente a dor da perda, minha esposa faleceu ainda jovem. E mesmo não a amando senti que perdia uma parte importante de mim ali.

Ainda precisava aprender a lindar com o fardo agora de ser pai e mãe de não só minhas filhas mas de toda uma família. Obrigação antes dívida com ela

Tu vois quelqu'un m'a dit

Que tu m'aimais encore, me l'a t'on vraiment dit

Que tu m'aimais encore, serais ce possible alors

– Hiashi, eu te amo. - Começou Matatabi, e eu sorri triste. Sempre soube do que sentíamos, mas nunca precisamos expressar, ela expressar significa notícias ruins.

– Também... O que acontece? - Perguntei direto acariciando sua face.

– Coisas mudarão e eu não poderei mais vir por um tempo... Era para não vir mais, contudo quem disse que consegui me afastar de você sem me despedir.

– Para sempre perdura, ainda lhe amarei todos os dias e noites,..

– Não, eu não sei como, mas sei que é um até logo...

Trocamos um último beijo e a vi sumir em meio aos meus braços, e eu sabia que uma era sombria aproximava-se sem o que dava cor a minha vida.

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose

Elles passent en un instant comme fanent les roses

On me dit que le temps qui glisse est un salaud

Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux

Foram os piores anos da minha vida, sem minha companheira, e sem meu amor senti que perdia o meu eu para esse mundo cruel.

Entreva cada vez mais pedacinhos de mim e tornava-me somente mais um, mais um em meio a todos sem de fato aproveitar as nuances da vida.

De fato, acredito que não desejava ver as nuances da vida e perceber o tudo que perdia e o tudo que tive de abrir mão sem escolhas de agarrar.

Não conseguia olhar para trás e ver o quão bom e sortudo eu fui e sim ver a tristeza de não.

Fui o maior dos tolos, e afastei de mim tudo que me era precioso, buscando para mim uma responsabilidade que de fato nunca quis somente para tentar aquilo que estava tatuado em mim.

Quando soube o que tinha acometido a Matatabi quase enlouqueci e me entreguei a escuridão. Fora somente a ideia de que não seria isso que ela desejava que me manteve ligeiramente são. Uma loucura trancada a sete chaves dentro de mim e escondidos em meu.

Queria paz. E ela veio... quando menos esperava.

Pourtant quelqu'un m'a dit

Que tu m'aimais encore

C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore

Serait ce possible alors

Era natal e eu estava sentado em minha varanda que dava para o jardim interno nostálgico ouvindo aquela voz suave da senhora a cantar agora aos seus netos, até que vir a nevoa cobrir.

Assustado pulei em meio ao jardim a vendo ali, corri ao seu encontro mais ela colocou uma mão a frente impedindo minha aproximação.

– Como é bom vê-lo. - Seus lábios tremiam e lágrimas escorriam por sua pele agora translucida

– Estou muito longe, em minha dimensão, não tem como vir de corpo, mas pelo menos minha

– Isso não importa, o que me importa é você aqui.

– Para sempre não disse?

– Para sempre... - Ri como a muito não fazia fazendo pose de dança. - Me concede a honra?

– Não tem como lhe tocar.

– Isso não nos impedirá de dançar, impedirá?

E bailamos até o amanhecer naquela noite de natal, e em muitas outras.


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Notas finais do capítulo

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