Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 83
Se não fosse amor - Cap. 40: Últimas esperanças.


Notas iniciais do capítulo

Boa tardeee!
Não vou comentar muito aqui, vamos conversar lá embaixo!
Boa leitura!!!



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POV Sophie Trammer

Os dias passaram mais lentamente do que eu gostaria. Eu queria que o tempo passasse logo para que eu pudesse começar meu tratamento o mais rápido possível, mas pelo menos já estava mais perto do que longe.

Matthew e eu tínhamos acabado de chegar ao prédio, eu iria participar da reunião com as acionistas depois de meses. Não para minha surpresa, a reunião não tinha sido tranquila, mas elas nunca eram e eu ficava feliz que nessa não havia sido diferente, eu me sentia extremamente normal ao ser tratada sem nenhum cuidado especial e sem cautela para que eu não me machucasse ou coisas do tipo, então saí de lá me sentindo vivendo um simples e comum dia, como outro qualquer. O que tinha sido maravilhoso.

Aproveitamos e visitamos nosso futuro lar. Estava quase tudo pronto, todos os móveis já haviam sido comprados e as reformas já haviam terminado, agora só estavam pintando, então em poucos dias poderíamos começar a mandar os móveis novos para a casa, ainda não tínhamos feito isso por que com a pintura, Matthew ficou receoso que sujasse algo, então para que tudo saísse perfeito, iríamos esperar as paredes estarem secas para começar oficialmente o processo de mudança. O qual eu estava realmente muito animada.

Mabel, Luke e eu estávamos gastando a maior parte do nosso tempo pensando nos primeiros preparativos para o casamento dela com Brian. Kenny estava trabalhando direto, Luke tinha escolhido pegar menos trabalhos como modelo, pra poder ficar mais em casa. Ele ainda modelava, apenas tinha pegue mais leve nas viagens, fazia mais trabalhos locais.

Para minha surpresa, Ethan e Matt estavam se dando razoavelmente bem. Pode ser pelo fato dele estar cada vez mais próximo de Lenny... Eu ainda não sabia o que estava rolando, mas que tinha algo acontecendo, isso tinha e eu dava o maior apoio, não tinha porque sentir ciúmes de Ethan e nem Matthew de Eleanor, nós dois estávamos muito bem e muito felizes, isso que importava.

“Quem sabe vendo todas essas coisas, alguém aqui não se anima pra casar também...” Mabel disse rindo.

“Quem? Eu?” Disse. “Não, obrigada.”

“Porque não?” Luke perguntou folheando uma revista de vestidos de noiva.

“Ah... Matthew e eu estamos bem assim.” Dei de ombros.

“Justamente por estarem bem que poderiam pensar nessa ideia do casamento.” Mabel me cutucou com o cotovelo.

“Em time que está ganhando não se mexe.” Falei rindo.

“Você não se imagina em um vestido desses?” Luke me mostrou um modelo de vestido um tanto quanto exagerado e bufante.

“Nesse com certeza não!” Comecei a rir e peguei a revista de sua mão a folheando. “Ah, esse aqui sim...” Mostrei para eles um vestido mais simples, com alças finas, bem delicado.

“Não é simples demais?” Luke olhou feio.

“É perfeito. Se algum dia eu fosse casar, eu imagino uma praia, fim de tarde, poucos convidados, uma coisa bem intima sabe?” Falei, Luke e Mabel ouviam com atenção. “Todos usando branco, uma decoração minimalista e um luau ao fim da cerimônia para comemorar.”

“Parece que alguém quer casar sim no fim das contas...” Mabel disse rindo e Luke riu também.

“Eu não me oponho por completo a ideia de casar, é que tantas coisas já aconteceram que acabaram separando Matthew e eu... Eu fico com receio.”

“Mas por quê?” Luke perguntou.

“Conheço vários casais que namoraram por anos e separaram logo depois de casar.” Disse e Mabel me olhou perplexa.

“Eu agradeço o seu incentivo...” Ela sorriu sem graça e eu sorri mais sem graça ainda.

“Desculpa, eu não estou falando de você e Brian. Vocês começaram o relacionamento de uma forma normal, Matt e eu já tivemos algumas várias idas e vindas, a mãe dele não é muito minha fã e eu tenho certeza que ela não receberia essa noticia muito bem e eu apenas não quero um outro motivo para que fiquemos separados, entende?” Disse e ela assentiu.

“Então se ele te pedisse em casamento, você ia dizer não?” Luke perguntou desconfiado e eu cerrei os olhos.

“Se ele pedisse? Estão sabendo de algo que eu não sei?” Falei com diversão e eles ficaram calados. “Claro que não ia dizer não... Só não é o momento para um casamento agora, poderíamos noivar e esperar algum tempo até pensar em uma cerimônia. Quando eu começar a me tratar e apresentar alguma melhora, ai sim eu posso começar a planejar ser a futura Sra. Davis.”

“Interessante...” Luke falou e voltou sua atenção para as revistas, junto com Mabel. Ih... Aí tem...

Os almoços de domingo estavam cada vez mais animados, o dessa vez seria na casa de Ethan e tinham virado uma rotina nossa. Rodávamos pela casa de todos e sempre era muito divertido, embora eu sempre ficasse um pouco receosa sobre se iria sentir alguma coisa e passar mal. Em casa, era até tranquilo, já estava acostumada, mas quando acontecia na casa de algum deles, era um pouco constrangedor.

No dia seguinte, havia combinado de sair com Luke para comprar alguns objetos de decoração para a casa nova, Matthew levantou antes de mim, como já era costume e me deixou dormindo, já que Luke já estava no meu apartamento, ele poderia ir trabalhar em paz o que me dava alguns minutos de preguiça e sossego a mais em minha cama. Acordei com um susto, coração batendo rápido e um mal estar. Senti meu nariz escorrendo e quando passei a mão, não para minha surpresa, estava sangrando. Tentei me levantar, mas algo me impedia.

“Matthew!” Gritei desesperada, poucos momentos depois ele invadiu o quarto me olhando assustando.

“Tudo bem, fica calma.” Ele se abaixou ao meu lado e Luke estava parado em pé atrás dele, com uma expressão de preocupação. “Já passamos por isso antes, vamos ao banheiro.” Ele virou o rosto olhando para Luke. “Traz um pouco de gelo.” Luke assentiu.

“Espera!” Falei e eles me encararam. “Eu não consigo levantar.” Disse começando a chorar.

“Como não consegue?” Luke perguntou.

“Minhas pernas, eu não sinto minhas pernas!” Falei em pânico enquanto tentava movê-las, mas sem sucesso algum.

Matthew olhou para Luke perplexo e começou a apertar minhas pernas, esperando alguma reação, mas nada. Ele tirou o celular do bolso e se levantou, enquanto Luke veio ficar ao meu lado.

“Vai ficar tudo bem, eu prometo!” Ele beijou minha testa e quando fui segurar sua mão, vi que as minhas estavam cheias de sangue ainda. Luke se levantou rapidamente e voltou com uma toalha molhada, limpando minhas mãos e meu rosto.

Matthew se aproximou de mim, com uma cara nada boa.

“Precisamos ir para o hospital, agora.” Ele falou para Luke que assentiu e saiu pegando minha bolsa e colocando minha carteira com documentos dentro.

“Espera!” Disse. “E eu vou como sem conseguir me levantar?”

“Eu te carrego até o carro.” Matt disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“E eu vou sair de casa igual uma inválida? É isso mesmo?” Perguntei incrédula, me apoiando em meus cotovelos.

“Sophie...” Luke sentou ao meu lado. “Não complique as coisas...”

“Só vamos nós três daqui.” Matthew disse. “Descemos com você pelo elevador até a garagem, ninguém vai ver você e você não é uma inválida. Mas, por favor, precisamos ir agora.” Ele implorou e eu desviei o olhar dele, concordando em silêncio.

“Eu só preciso de alguma ajuda para me trocar.” Falei. Ainda estava de camisola.

“Eu vou pegar algo que seja fácil de vestir.” Luke correu para o closet e Matthew me ajudou a sentar na cama.

“Eu senti.” Falei e ele me olhou confuso. “Senti você tocando nas minhas pernas... Um pouco, pelo menos. É como se elas estivessem dormentes, ou algo assim.” Falei e ele respirou mais aliviado.

“Que bom!” Ele beijou meu rosto. “Mas ainda sim vamos ao hospital.”

Luke voltou para o quarto e me ajudou a vestir uma calça jeans, camiseta branca e sapatilhas. Eles me ajudaram a ficar de pé e eu consegui dar alguns passos, devagar, mas consegui. Quando enfim chegamos a garagem, sentei no banco detrás e Luke ligou para Kenny, enquanto Matt falava com Brian. Era tudo tão patético que eu tenha me tornado o centro das atenções daquele jeito e logo agora, que eu ia começar meu novo tratamento... As coisas, como sempre não estavam saindo muito bem como eu havia planejado.

Ao longo do caminho, algumas vezes me senti um pouco fraca, com umas pontadas na cabeça, nada muito forte, mas estava começando a incomodar. Chegamos ao hospital e após Matthew estacionar, tentei descer do carro sozinha, mas me senti tonta, enjoada e com a vista embaçada. Ah não... Eu já sabia como isso ia terminar.

POV Matthew Davis

“Sophie?” Disse conseguindo segurá-la quando ela perdeu os sentidos. “Droga...” Resmunguei e a peguei no colo, entrando rapidamente no hospital, seguido por Luke.

Assim que entramos, Eleanor estava na recepção e correu em nossa direção quando nos viu.

“Ian me avisou que estavam vindo!” Ela falou se aproximando e eu franzi a testa. “O Dr. Hayden!” Lenny disse impaciente. “O que houve?” Ela foi nos guiando para dentro do hospital e pegou uma cadeira de rodas, onde eu sentei Sophie.

Contei para ela resumidamente o que tinha ocorrido e logo mais a frente, Dr. Hayden veio nos encontrar.

“Aguardem aqui.” Ele disse e entrou em uma área restrita com Lenny e Sophie.

Tudo isso tinha acontecido muito rápido, mas a verdade é que esse tumor de Sophie era uma bomba relógio, a gente nunca sabia quando ia explodir e eu só esperava que aquele não tivesse sido o momento para isso. Luke e eu aguardamos impacientes por alguma noticia mínima que fosse. Um pouco depois, Brian, Kenny e Ethan chegaram, tão aflitos quanto nós e a espera parecia interminável. Em um determinado momento ouvimos gritos e alguns enfermeiros entraram correndo pela mesma porta que Sophie entrou, levando alguns aparelhos. Todos nos olhamos assustados, alguma coisa tinha acontecido com ela. Levantei e ignorei todos os avisos de que não poderiam entrar por aquela porta, entrei seguindo os enfermeiros que, para minha sorte, estavam muito distraídos para perceberem minha presença. Parei em frente a uma janela de vidro do quarto onde Sophie estava, várias pessoas estavam ao seu redor e ela chorava desesperadamente com as mãos na cabeça. Todos os outros vieram atrás de mim e pararam ao meu lado, observando aquela cena, perplexos. Dr. Hayden nos viu e falou alguma coisa para Eleanor e ela veio até nós.

“Vocês não podem ficar aqui...” Ela disse calmamente.

“O que aconteceu?” Perguntei sem tirar os olhos de Sophie.

“Matt, por favor, vocês precisam sair...”

“Não vamos a lugar algum.” Ethan disse.

“Não vai ajudar em nada vocês ficarem aqui, a vendo nesse estado, é por isso que é proibida a entrada de acompanhantes aqui e...”

“O que está acontecendo ali?” Interrompi Eleanor quando vi os médicos correndo de um lado para o outro, pegando alguns aparelhos.

“Ah não...” Ela falou e entrou correndo dentro da sala, trancando a porta, nos deixando ver apenas pela janela.

Sophie não gritava mais e não chorava, mas ela também não respirava mais, nem seu coração batia. Foi como se tudo tivesse parado, eu não conseguia mais me focar sobre em quem estava ali do meu lado, eu só conseguia vê-la, levando choques e mais choques pelo desfibrilador. Era a segunda vez que eu via seu coração parar de bater e pela segunda vez eu não podia fazer nada.

Os médicos repetiram o procedimento duas, três, quatro, cinco vezes, mas nada. No monitor próximo a cama, ainda mostrava uma linha reta, onde deviam ter ondas indicando as batidas do seu coração.

“Qual a hora da morte?” Um enfermeiro disse e Dr. Hayden o olhou furioso.

“Ela não vai morrer.” Ele disse e voltou a utilizar o aparelho em cima do seu peito. Eleanor estava ao lado dela, em lágrimas.

Não... Não é assim que acaba essa nossa história, não é possível... Olhei para trás e vi todos os meus amigos, os nossos amigos, chorando por ela. Você é forte Sophie, não vai perder essa luta agora. Coloquei minha mão na janela e a olhei, deitada naquela cama, imóvel. Dr. Hayden usou o desfibrilador mais uma vez, fazendo com que o corpo dela pulasse na cama com a intensidade do choque, seu rosto virou em minha direção e vi seus olhos abertos, sem vida. Volta anjo, volta pra mim. Não me deixa, por favor... Fechei os olhos com força, por que era covarde o suficiente para não conseguir vê-la morrendo diante dos meus olhos. Ouvi o barulho de mais um choque e quando abri os olhos, vi ela respirando fundo e o monitor apresentar fracos batimentos cardíacos, mas eles estavam ali. Ela respirou mais uma vez e fechou os olhos, fazendo com que os médicos e enfermeiros a examinassem rapidamente e após esses poucos segundos, Eleanor saiu, vindo em nossa direção, secando as lágrimas.

“A pressão está um pouco baixa e os sinais vitais um pouco fracos, mas ela está viva.” Eleanor falou emocionada e Ethan a abraçou.

Luke foi consolado por Kenny e eu comecei a sentir minhas pernas fraquejarem pelo susto e sentei no chão. Brian se abaixou na minha frente, também com uma expressão de alivio.

“Ela não vai a lugar algum.” Ele disse e pôs a mão em meu ombro. “Vamos conseguir passar por isso.” Eu apenas assenti em silêncio, sentindo que o mundo volta a girar, aos poucos.

...

“Eu não tenho mais idade pra passar por essas coisas...” Falei para Mabel, que havia chegado a pouco tempo no hospital. Ainda estávamos esperando por noticias sobre o quadro da Sophie, depois que ela finalmente resolveu fazer seu coração bater de novo, fomos elegantemente expulsos da área restrita por Dr. Hayden e tivemos que aguardar por novidades na sala de espera.

“Eu confesso que quase enfartei também quando Brian ligou.” Ela esboçou um sorriso. “Eles já não deveriam ter vindo pra dizer algo?”

“Eu também acho...” Olhei ao redor do corredor, Kenny, Luke e Ethan conversavam, mas estavam tão aflitos quanto eu estava, isso era notório e Brian veio andando em minha direção, ele havia saído pra comprar um café.

“Um minuto aqui parecem 10hrs...” Ele falou resmungando. O tempo realmente parecia não passar.

“Desculpem a demora...” Dr. Hayden disse, vindo acompanhado de Eleanor, suas expressões não eram as das melhores.

“Como ela está?” Luke se levantou e se aproximou de nós.

“Bem...” Dr. Hayden disse receoso, olhando para Eleanor e eu sabia que não viriam boas noticias. “Ela teve uma piora considerável, o tumor está afetando todo seu corpo e de uma forma rápida.”

“O que isso quer dizer?” Perguntei para o médico e olhei em pânico para Eleanor.

“Quer dizer que, infelizmente, não podemos fazer mais nada.” Ela disse. Luke e Brian caíram no choro, sendo consolados por Mabel e Kenny, Ethan estava igual a mim, em completo estado de choque.

“Como isso aconteceu? Ela estava bem, não estava sentindo nada!” Falei desesperado.

“É como uma corda se rompendo. Aos poucos ela vai ficando mais fina, consequentemente mais fraca, até que uma hora ela se parte.” Dr. Hayden tentou explicar.

“Não...” Ri com desdém. “Ela não vai morrer!”

“Nós sentimos muito, de verdade. Toda a equipe fez o que estava ao nosso alcance.” Dr. Hayden disse.

“Mas e agora? Como ela fica?” Ethan perguntou para o médico.

“Ela não pode sair daqui, precisamos monitorar todos os sinais vitais.” Era tudo o que ela não queria, passar o resto dos dias em um hospital.

“Ela pode receber visitas?” Brian perguntou.

“Ela está consciente, não vejo problema em fazer companhia, mas eu acho melhor não entrar todos vocês de uma vez. Talvez de dois em dois, ela não pode ter fortes emoções nesse estado.” Dr. Hayden explicou.

“Você deveria ir primeiro...” Ethan pôs a mão em meu ombro e eu olhei para Luke, para ver se ele concordava.

“Tudo bem, eu preciso me recompor primeiro.” Ele falou em meio a soluços.

Eleanor ficou com Ethan e eu segui o Dr. Hayden até o quarto onde Sophie estava. Ele abriu a porta para mim e eu entrei, a fechando. Ela estava de olhos fechados, ligada em vários aparelhos diferentes. Eu respirei fundo e puxei uma cadeira, sentando ao seu lado. Segurei sua mão e ela abriu um pouco os olhos.

“Oi...” Ela sussurrou e eu tentei sorrir.

“Olá.” Beijei sua mão. “Como você está?”

“Já estive melhor...” Ela esboçou um sorriso e me matou vê-la tão pálida e sem vida daquela maneira.

“Já esteve pior também e se não me engano, você ficou bem depois...” Tentei parecer otimista, mas a quem estava tentando enganar? Estava fazendo uma força monumental para não desabar na frente dela.

“Me contaram tudo já, eu sei que não vou sair mais daqui.” Ela ficou séria. “O que é muito irônico, não acha? Logo quando eu ia começar um novo tratamento.”

“Eu não perdi as esperanças ainda... Não estou nenhum pouco disposto a perder você agora.”

“Matthew, não dá mais.” Ela disse e seus olhos encheram de lágrimas. “Eu não aguento mais passar por essas coisas, apenas aceitemos os fatos.”

“Quer que eu aceite tranquilamente o fato de você estar morrendo?” Perguntei irônico.

“Quero que entenda que eu vou ter paz, finalmente.”

“Não pode estar desistindo assim... E os planos que fizemos? Nossa casa, nossos amigos, nossos cachorros... Nossa família Sophie, nossa vida?”

“Eu não sei se você pôde reparar, mas as coisas não saíram muito bem como eu planejava também...”

“É, mas como pode abrir mão assim da sua vida? Tem pessoas lá fora chorando há horas por sua causa. Você disse que não estava pronta pra dizer adeus.”

“Eu não estava, mas talvez seja a hora.” A olhei incrédulo e ela continuou. “Matt, eu não consigo mais.”

“Só que eu não estou pronto pra dizer adeus. Como eu vou me despedir de quem eu amo?” Falei e ela levantou sua mão, a colocando em meu rosto.

“Nunca vou te deixar sozinho. Mas prometa que vai se lembrar de mim com saúde, no nosso quarto, assistindo Dirty Dancing e comendo pizza.” Ela sorriu e eu encostei minha testa na sua. “Eu te amo Matthew Davis e me desculpe por tudo isso.”

“Eu te amo também.” Disse e a beijei com cuidado E me desculpe também, mas não vou desistir de você.

Fiquei com Sophie ainda por alguns minutos, saí do quarto e Luke e Brian entrara, fui á procura de Dr. Hayden e finalmente o achei.

“Oi Matthew.” Ele falou quando me viu. “Tudo bem? Aconteceu algo com Sophie?” Ele perguntou preocupado.

“Não... Ainda não aconteceu.” Falei um pouco nervoso.

“Como assim?” Ele perguntou confuso.

“Quando descobri sobre Sophie, Eleanor me contou que o tumor é operável.” Falei e o médico concordou.

“Demos essa opção para ela há um bom tempo, mas Sophie se recusou prontamente, ela não quer operar por causa dos riscos.”

“Mas você disse que não pode mais fazer nada por ela no estado atual dela, não disse?”

“Está sugerindo que...”

“Não estou sugerindo.” O interrompi. “Estou pedindo que faça a cirurgia.”

“Você sabe que não é da vontade dela.”

“Sei, mas ela não está em posição de ter vontades ou não.” Falei. “Eu me responsabilizo por tudo, assino o que tiver que assinar... É a única chance que ela tem no momento, eu estou disposto a arriscar.”

“Você está ciente dos riscos da cirurgia, não está?” Ele perguntou.

“Estou.”

“É isso mesmo que você quer? Não quer conversar com o resto de vocês, ou o pai dela?”

“Eles vão concordar, sou advogado, sei convencer as pessoas, não se preocupe com isso. Como eu disse, me responsabilizo por tudo.”

“Ok Matthew... Vou reunir a equipe. Se tudo der certo, podemos operá-la amanhã.”

“Ótimo e muito obrigado.” Falei e Dr. Hayden saiu.

...

“Você o quê?!” Todos disseram ao mesmo tempo quando contei o que havia pedido para fazerem a cirurgia.

“É literalmente a luz no fim no túnel, a única esperança que resta...” Tentei argumentar.

“É muito perigoso Matthew...” Luke disse.

“Eu tenho conhecimento sobre os riscos, mas o que podemos fazer agora? Sentar e apenas esperar ela não acordar mais?” Disse incrédulo.

“Ela não vai concordar com isso...” Brian falou.

“Ela não precisa saber. Vão aplicar anestesia, quando ela acordar...”

“Se ela acordar.” Ethan me interrompeu e eu bufei.

“Eu não posso estar sozinho nessa... Só eu consigo ver que essa é uma possível oportunidade que ela viva?” Falei perplexo.

“É uma possível oportunidade de morte, isso sim!” Brian disse.

“Eu vou me responsabilizar por tudo, pode por a culpa em mim depois se algo der errado, eu não me importo. Vou saber que fiz tudo o que eu podia por ela!”

“Se responsabiliza pelo o quê?” Ouvi uma voz atrás de mim, quando virei vi Richard.

“O que está fazendo aqui?” Luke perguntou para ele.

“Acho que a minha filha está internada aqui, se não me engano...” Ele respondeu com sarcasmo.

“Agora é sua filha?” Ethan falou, mas Richard o ignorou se voltando para mim.

“O que houve?” Ele me perguntou e eu contei sobre a piora de Sophie e sobre meu pedido para que a operassem, mas que não havia sido bem aceito por todos.

“Não precisa se responsabilizar pela cirurgia, eu faço isso.” Richard disse e todos o olhamos surpresos. “Se algo acontecer, podem me culpar, eu realmente não ligo. Mas se essa é a única chance dela, mínima que seja, estou disposto a arriscar. Eu assino a autorização para a cirurgia.”

“Eu posso fazer isso.” Disse.

“Eu vou assinar. Sou o pai, aos olhos da lei, eu tenho esse poder de decidir se operam minha filha ou não. Os que aqui não forem a favor, podem se retirar ou aceitem a ideia de que vamos fazer o possível para salvá-la.”

“Por que esse surto de paternidade logo agora? Não a visitou quando ela sofreu o acidente, por que está tentando dar uma de super pai?” Luke perguntou.

“Digamos que eu mudei meus conceitos sobre ela e que isso não é da sua conta.” Richard falou. “Onde encontro o médico responsável?”

“Eu te levo até lá.” Brian disse e saiu com Richard.

“Eu ainda acho essa uma péssima ideia...” Ethan falou e Luke concordou.

“Acho que é uma ideia aceitável...” Mabel disse e eu a olhei surpreso.

“Eu concordo.” Kenny disse também. “Já temos um ‘não’, é a uma oportunidade que ela se cure, por que não tentar?”

“Porque ela pode morrer na cirurgia!” Ethan falou.

“Ela vai morrer naquele quarto se não for feito nada.” Mabel disse. “Ela vai dormir e quando acordar, pode estar curada.”

“Ou pode morrer nesse meio tempo...” Luke bufou.

“Não é hora de sermos pessimistas, é hora de nos apoiarmos e torcemos pra que dê tudo certo ao invés de criticar e ficarmos uns contra os outros.” Falei e eles ficaram em silêncio. “Sophie já desistiu, vocês também parecem ter desistido, mas eu não desisti. Eu acredito que ela pode se recuperar, acredito que as coisas não vão acabar dessa forma e ajudaria um pouco de confiança por parte de vocês também, porque estou com tanto medo quanto vocês estão. Na verdade eu estou apavorado com o que pode acontecer, mas mesmo assim, continuo mantendo a fé de que vai dar tudo certo.” Disse e todos permaneceram em silêncio.

A essa altura não me importava mais o que eles iriam achar ou não, se iria concordar ou não... Eu só precisava acreditar que a vontade de Sophie de viver era maior do que qualquer outra coisa e que mesmo ela tendo dito que não aguentava mais e que iria desistir, ela ia continuar lutando da mesma forma que eu estava disposto a continuar lutando por ela.


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Notas finais do capítulo

E aí meninas, concordam com a atitude do Matthew ou acham que foi uma decisão muito arriscada?
E o Richard, tendo surtos de humanidade? O que acham que aconteceu pra ele mudar assim?
Muuitas perguntas, muitas dúvidas... Quero saber todas as teorias de vocês e principalmente: Sophie vai sobreviver a cirurgia, ou não? :O