Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 76
Se não fosse amor - Cap. 33: Surpresas de um dia que parece não ter fim.


Notas iniciais do capítulo

Boa noiteeeee!
Meninas, queria muito agradecer a duas pessoinhas. A primeira delas é a Jéssica, pela recomendação da história. Muito obrigada por cada palavra, amei tudo *-* E a outra é a linda, maravilhosa Gih, pela contribuição para o capítulo, já disse, mas repito: Sou sua fã Gih! hahaha
Boa leitura!



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POV Matthew Davis

Tenho que terminar os e-mails, ler esses contratos, assinar os contratos, revisar os relatórios, aprovar os relatórios, ver esses orçamentos, aprovar os orçamentos, assinar os orçamentos e... Preciso de um minuto! Parei por um instante, alongando meu pescoço em uma tentativa de relaxar. Brian estava fora fazendo vistorias nas obras e tudo estava um caos hoje na empresa. Depois de sair do apartamento de Sophie, passei rapidamente no meu, só para tomar um banho e trocar de roupa e vim direto para o escritório. Já era de tarde e eu tinha terminado de fazer a maioria das coisas que tinha para fazer. Tentei dar uma geral em minha mesa, que agora era apenas amontoados de papéis. Ao colocar um pouco de ordem ali, achei um papel que tinham uns rabiscos, apenas algumas anotações para fazer o documento de acordo pré-nupcial de Lindsay e eu resolvi terminar logo isso de vez. Abri o arquivo que tinha começado a digitar e trabalhei nisso durante a próxima hora. Terminei e dei uma última lida conferindo se estava tudo certo e agora só faltava mandar para Lindsay mostrar para Charlie, o noivo. Peguei meu celular e liguei para ela, quando ela atendeu, disse que tinha terminado o documento e que agora só precisava mostrar para eles dois lerem e saber se tinha mais alguma alteração para ser feita.

“Eu estou perto aí do prédio, não quer ir comer em algum lugar?” Ela perguntou.

“Não dá Lindsay, estou cheio de coisas para fazer aqui hoje e na última vez, levei uma eternidade para conseguir chegar aqui de volta.” Falei enquanto continuava a organizar as coisas em cima da minha mesa.

“Eu posso passar aí então só para buscar?”

“Ok, vou deixar impresso, vocês dois verificam se está tudo certo e me mandam depois se quiserem que eu mude alguma coisa.”

“Tudo bem, eu chego aí em poucos minutos, obrigada Matt.”

“Não por isso.” Disse e desliguei o telefone.

Liguei para Brian para saber como estava indo tudo nas vistorias e ele me relatou alguns problemas em uma das obras, aparentemente teríamos que atrasar a entrega por conta de uma infiltração. Ah, que maravilha... Ouvi um bip vindo do meu celular e olhei para tela, Lindsay estava ligando.

“Brian, eu vou desligar agora, Lindsay veio aqui buscar aquele documento.” Falei.

“Beleza. A propósito, meu amigo, só queria dizer que tem que ser um cara muito evoluído pra redigir o acordo pré-nupcial da sua ex noiva.” Brian disse rindo.

“Eu sou ou não sou o melhor ex noivo do mundo?” Falei rindo também.

“Cara, honestamente... Você é o ex noivo mais estranho desse mundo. Eu vou visitar só mais uma obra e volto para aí...”

“Não, pode ir para casa, o que temos pra resolver aqui não vai dar pra terminar hoje mesmo, vá dar um pouco de atenção para a sua digníssima amada.”

“Eu sabia que você como chefe iria me trazer alguns benefícios!” Ele falou com diversão. “Até amanhã Matt!”

“Até Brian!” Desliguei e retornei a ligação para Lindsay.

“Pode explicar que palhaçada é essa?” Ela atendeu falando rispidamente

“O que foi?” Disse confuso.

“Eu fui barrada. Esses brutamontes não me deixaram entrar!”

“Como não deixaram?” Franzi a testa.

“A sua doce namorada proibiu a minha entrada nesse inferno!” Ela falou e eu suspirei derrotado.

“Passa o telefone para o Adam.”

“Quem diabos é Adam?!” Ela berrou.

“O cara alto de cabelos loiros que tem cara de assassino.” Falei e a ouvi bufando de raiva.

“Senhor.” Adam atendeu falando cordialmente.

“Adam, libere a entrada dela.”

“Eu não posso senhor.”

“Sou eu quem está mandando, a Srta. Willians veio aqui tratar sobre alguns assuntos particulares comigo. Faça a gentileza de permitir a entrada dela.”

“Eu sei senhor, mas temos ordens para não deixar que esta senhorita entre no prédio. Se eu deixar, a Srta. Trammer não vai ficar satisfeita comigo.”

“A Srta. Trammer me nomeou presidente dessa empresa e como presidente, eu decido também quem entra ou não.” Falei firmemente. “Permita a entrada de Lindsay agora e não se preocupe, eu me resolvo com a Srta. Trammer, você não vai ter problemas.”

“Como quiser senhor.” Adam suspirou e desligaram o telefone.

Um pouco depois, ouvi baterem em minha porta e após pedir que entrasse, Lindsay entrou sentando com raiva na cadeira de frente a minha mesa.

“Dá pra acreditar nisso? Já é a segunda vez que essa psicopata me faz passar essa humilhação de ficar barrada lá em baixo!” Ela disse com raiva.

“Eu sei que você não deve estar muito satisfeita, mas ela é a dona daqui, tem direito de proibir quem ela não quer no prédio.” Disse calmamente e peguei os papéis do documento. “Bom, a alteração que Charlie pediu foi feita, seu noivo é um homem bem generoso.” Falei sem tirar os olhos do papel. “Se vocês chegarem a se divorciar, ele garantiu esse valor líquido e uma pensão, que terá valor dobrado se vocês tiverem filhos.” A olhei e ela fez uma cara feia. “O quê? Algo errado?”

“Não parece que ele está tentando me comprar?” Ela me perguntou e eu a olhei curioso, ficando em silêncio por um momento.

“Olha... Eu vejo mais como uma forma de ter certeza que você vai estar segura.”

“Não é muito pessimismo já casar pensando em um divorcio?”

“É a realidade.” Sorri. “Casamento não é nenhuma garantia e pelo menos o que eu consegui conhecer de Charlie, ele me parece ser um homem bom e se você aceitou casar com ele, obviamente tem sentimentos por ele.”

“Eu tenho.” Ela sorriu também. “Ele tem sido maravilhoso para mim e...” Ela parou e me olhou sem graça. “Desculpas, eu não deveria falar disso com você.”

“Por que namoramos durante anos, íamos casar e quase tivemos um filho juntos?” Sorri irônico. “O que é isso... Fique à vontade.” Ela ficou séria. “Estou brincando Lindsay, não me importo que esteja noiva ou que fale sobre isso comigo. Que bom que encontrou alguém legal, que gosta de você e todas essas coisas, não precisa se sentir constrangida, afinal não éramos apenas um casal, fomos melhores amigos um do outro por tanto tempo...” Segurei sua mão, mas ela permaneceu séria. “Só desejo que seja feliz, de todo coração.”

“A Sophie voltou de viagem, não é?” Ela perguntou, soltei sua mão e a olhei sem entender o motivo da pergunta, apenas assenti. “Vocês voltaram?”

“Eu e Sophie é um assunto complicado.” Esbocei um sorriso. “Parece que não nascemos pra ficar juntos mesmo.”

“Por que acha isso?”

“Porque tudo entre nós dá errado. Além dessa viagem que demorou um ano, eu e ela já havíamos tido problemas, devido a... Você sabe. Minha falta de fidelidade naquele natal.”

“Sabe, Matt...” Ela falou pensativa. “Antes eu achava absurda a ideia de ver você com outra mulher. Achava que só conseguiria ser feliz com você, mesmo que você ache o contrário, por causa do meu envolvimento com o Mason.”

“Lindsay...” Levantei a mão pedindo que ela parasse. “Não vamos relembrar o passado agora. Nós dois seguimos em frente, o que você fez ou não deveria ter feito, não é mais importante.”

“Por favor, deixe-me terminar.” Ela pediu e eu concordei, mesmo receoso, sem saber onde aquele conversa iria parar. “Nós namoramos por muitos anos. E é inevitável não cair na rotina, mesmo que tentássemos, em algum momento eu não estava completamente feliz. Mason começou a notar coisas em mim que você não notava mais. Ele me elogiava quando eu arrumava o cabelo de outra forma, notava uma roupa nova e todas essas coisas que parecem muito fúteis e sim, são fúteis, mas naquela hora não pareceu para mim.” Ele respirou pesado. “Eu errei. Por que mesmo sem você notar o meu cabelo, a minha unha ou a minha roupa, era você quem estava sempre do meu lado, mas eu não via isso. Quando voltei para a Califórnia, achando que Mason iria criar coragem para me assumir, ele disse que eu não passava de mais uma na vida dele. Que eu era o passatempo e que você era o irmão com quem eu deveria casar. Foi quando eu percebi a burrice que havia feito... Tinha terminado com o homem que cresceu ao meu lado, que me ajudou em tudo o que eu precisei, sem nunca reclamar ou questionar minhas vontades. O arrependimento foi instantâneo Matthew, mas quando sua mãe me ligou dizendo que você viria para o natal, eu só conseguia pensar que essa era a minha chance, por que boa parte de mim quis acreditar que o motivo principal da sua vinda era para me ver e não só para ver sua família.” Recostei-me na cadeira apenas a observando, calado. “Eu achei que você iria estar, pelo menos, um pouco abatido... Mas você parecia bem, parecia feliz e eu entrei em pânico por achar que você queria mesmo terminar comigo e que eu apenas tinha te feito um favor, então eu incentivei você a beber um pouco mais do que você deveria ter bebido... Você sempre foi fraco para bebida, na luta entre você e o álcool, era você quem sempre perdia.” Ela sorriu. “Todos tinham ido dormir e você estava no sofá, meio sonolento, percebi que era a minha oportunidade e me aproximei. Você não disse nada, nem me tocou, como tocaria antes, era como se eu não estivesse ali, foi quando decidi tomar uma atitude e literalmente me joguei nos seus braços...”

“Acho que não é preciso uma descrição completa da cena.” Falei. Agora eu que estava ficando constrangido.

“Matthew, se eu não falar isso agora, talvez nunca mais tenha coragem, então, por favor, só me escuta.” Ela disse com uma voz firme e continuou. “Você me rejeitou.”

“Te rejeitei? Como assim te rejeitei?” Repeti confuso.

“Você me olhou nos e simplesmente disse: Você não é a Sophie. E dormiu.” Ela falou e eu a encarei perplexo.

“Está me dizendo que nós... Nós dois... Nós não...?!” Ela fez que não com a cabeça. “Mas... Mas eu acordei e você estava do meu lado, na cama... Você disse que tinha acontecido!”

“Quando você disse isso, eu passei um bom tempo chorando ao seu lado no sofá e depois te levei para seu quarto. Com muito esforço eu consegui e deitei do seu lado, acho que eu nem planejava dormir ali, mas acabei pegando no sono.” Ela me olhou. “Eu não disse que tinha rolado, você deduziu e eu apenas não tive coragem de desmentir.”

“Apenas não teve coragem de desmentir?” Repeti incrédulo e fiquei de pé. “Lindsay eu achei que tínhamos transado e me enchi de culpa por ter traído a Sophie com você!” Gritei e parei por um momento. “Meu Deus, a Sophie...” Cobri o rosto com as mãos. “A gente terminou por causa disso! Você sabia que tínhamos terminado por isso e não fez nada, não disse nada!”

“Eu sei dos erros que cometi Matt, mas a coisa foi ficando cada vez mais complicada de ser desmentida!” Ela se levantou também e foi quando eu me toquei de algo bem mais sério.

“O nosso filho...” Disse com a voz falha. “Aliás, o seu filho.” Ri com ironia. “Não era meu então.” Ela assentiu. “Fez eu acreditar que eu era o pai... Era o Mason, não era?” Ela concordou em silêncio, novamente. “Ele ao menos sabia disso?”

“Eu tentei contar. Mas quando disse que estava grávida, ele falou que se fosse dele, eu podia abortar por que ele não iria assumir... Foi quando essa ideia me veio a cabeça.”

“A ideia de me fazer de trouxa, assumindo o filho do meu próprio irmão. Muito inteligente da sua parte e dá pra notar a consideração por mim.”

“Eu disse que você era o pai, por que eu queria de verdade que fosse você.” Ela se aproximou parando de frente para mim. “Sempre foi um bom filho, um bom namorado... Você ia ser o pai perfeito pro meu filho, pro nosso filho.” Eu desviei o olhar dela.

“Por que contar isso tudo agora? O que vai mudar?” Ela pôs a mão em meu rosto, me fazendo olhar para ela.

“Porque eu estou feliz Matt.” Ela esboçou um sorriso. “Pela primeira vez, em muito tempo eu estou feliz. E eu queria que você pudesse sentir o mesmo. Eu nunca vou entender o que você viu naquela mulher, mas se é dela que você gosta...” Ela deu de ombros.

“Eu gostaria de acreditar que tudo o que você me contou aqui iria fazer diferença, mas não sei...” Falei pensativo. “Ás vezes só gostar não basta.”

“Você não só gosta dela. Você ama aquela criatura...” Ela torceu o nariz. “Se não fosse amor, você já teria desistido.”

“E como você sabe se eu não desisti?”

“Pelo jeito patético que os seus olhos brilham cada vez que você fala ‘Sophie’.” Lindsay alisou meu rosto. “Seus olhos já brilharam assim por mim, mas deve me odiar agora e você tem motivos.”

“Não Lindsay, eu não te odeio...” Suspirei. “Embora uma boa parte de mim queira te jogar dessa janela agora.” Falei e ela riu. “Você tem uma vida pela frente com outra pessoa e eu mentiria se dissesse que não estou com raiva de você nesse momento, mas ainda quero que seja feliz, isso não mudou.”

“Bom...” Ela esboçou um sorriso. “Eu estou indo para a Califórnia amanhã. Te mando o documento por e-mail então?”

“É uma boa ideia.” Assenti e ela me puxou, me abraçando.

“Mesmo se eu me desculpasse mil vezes, não ia ser suficiente, mas eu realmente sinto muito por tudo o que eu fiz.” Ela falou e eu a abracei de volta.

“Esquece isso.” Falei honestamente e a soltei quando vi a porta abrindo, com Sophie nos encarando. Era possível ver fogo saindo dos seus olhos.

“Eu já estava de saída.” Lindsay falou para Sophie.

“Ah... Com certeza você está.” Ela abriu mais a porta, dando passagem para Lindsay.

“A gente se fala Matt, obrigada tá?”

“Por nada.” Esbocei um sorriso e Lindsay saiu.

Sophie fechou a porta a batendo com força e eu sentei em minha cadeira, tentando digerir tudo o que eu tinha acabado de ouvir de Lindsay. Olhei para cima e Sophie estava parada, com os braços cruzados e uma cara de poucos amigos.

“Isso é uma piada, não é?” Ela falou com ironia. vamos nós...

“Sophie, eu...”

“Eu nada!” Ela gritou me interrompendo. “Eu estou lindamente e confortavelmente deitada na minha cama, na santa paz da minha casa e me ligam para dizer que a Lindsay Vadia Willians, cuja entrada estava proibida permanentemente para sempre, com a autorização do Sr. Matthew Idiota Davis.” Ela disse com raiva.

“Ela só veio buscar os documentos do acordo pré-nupcial.” Disse impaciente.

“E resolveu tirar uma casquinha de você, óbvio!” Ela pôs as mãos na cintura andando de um lado para o outro. “Vem cá, o noivo dela sabe que ela fica brincando de flashback com o ex noivo dela?”

“O quê?” Disse incrédulo. “Flashback? Eu e a Lindsay? Sophie, me poupe dos seus ciúmes...”

“Eu não estou com ciúmes!” Ela berrou. “Eu estou puta da vida! Você passou por cima de uma ordem direta minha!”

“Então esse é o motivo desse seu escândalo? Por que eu desobedeci a uma ordem sua?”

“E você acha pouco?” Ela me olhou perplexa. “Você me desautorizou na frente dos meus funcionários! Eu acabei de voltar, estou tentando recuperar a confiança e o respeito deles e você faz isso!”

“Eu não achei que isso era tão importante assim pra você. Lindsay estava por perto e perguntou se poderia vir buscar esses papéis...”

“Isso aqui é um escritório de advocacia agora? Ou motel pra você se agarrar com a Lindsay? Você tá recebendo assim tão mal que precisa fazer serviços por fora pra se manter?”

“Pra sua informação, eu não cobrei nenhum centavo, eu fiz um favor para uma conhecida.”

“Conhecida? Ela é só isso pra você? Por que eu senti quando entrei que estava atrapalhando um lance muito importante entre vocês dois.”

“Isso por que você é uma louca.”

“Ah, eu que sou louca!” Ela gritou. “Pois saiba que na próxima vez que você desobedecer a uma ordem minha...”

“Vai fazer o quê?” Fiquei de pé. “Vai me demitir?”

“Eu demito, se eu quiser. Está sendo pago para trabalhar e me obedecer, se não faz isso, talvez aqui não seja o lugar ideal para você.”

“Pra sua sorte eu vou relevar o que você falou, por que eu te conheço e sei que está com raiva. Mas, sinceramente, olhando pra você e escutando tudo isso, não consigo diferenciar quem está na minha frente. Sophie, ou Richard Trammer.”

“Não ouse me comparar ao Richard!” Ela pôs o dedo em meu rosto e eu continuei encarando.

“Parece que os genes ruins dos Trammer passam por osmose, nem precisou ser filha dele para herdar o péssimo caráter.” Ela abriu a boca pra falar algo, mas a fechou, piscando algumas vezes. Virei-me em direção a janela, tentando me acalmar, era muito drama para um curto espaço de tempo. Respirei fundo e quando voltei a olhar para Sophie, ela estava abrindo a porta e saindo rapidamente. “Então vai ser assim? Pode falar o que quiser, mas não aguenta ouvir a verdade?” Gritei e ela me ignorou, dobrando para onde ficavam os elevadores.

Ouvi um barulho e aproximei-me da porta aberta, onde vi Jason correndo para a mesma direção em que Sophie tinha ido. Corri o seguindo e ela estava caída no chão.

“Senhorita?” Jason falou virando o seu rosto com cuidado e tinha um corte na testa, ela deveria ter batido na mesa que ficava próximo aos elevadores quando caiu.

“O que aconteceu? Você viu algo?” Abaixei-me no chão ao seu lado, tirei o paletó e coloquei em baixo da cabeça de Sophie, que continuava desacordada.

“Não senhor, apenas a vi caminhando para cá e de repente ela caiu no chão. Do nada.” Jason falou aflito.

“Tudo bem, vamos manter a calma.” Disse tentando o tranquilizar, mas eu estava tão em pânico quanto ele. “Ligue para o Black, ele era do exército, deve saber algo sobre primeiros socorros, ou mais do que nós, pelo menos.” Disse e Jason assentiu, levantando as pressas e indo para o telefone.

Coloquei uma mão ao redor do pescoço de Sophie e com cuidado a peguei no colo, a levando para minha sala, onde a deitei no sofá. Poucos momentos depois, Black chegou e verificou o pulso dela, que segundo ele estava normal e pediu para Jason ir buscar um pouco de álcool no almoxarifado e algodão. Quando ele voltou, Black molhou um pedaço de algodão do álcool e passou próximo ao nariz de Sophie, que começou a despertar.

“Graças a Deus.” Falei aliviado quando a vi abrindo um pouco os olhos.

“Sophie?” Black se abaixou ao seu lado. “Tente responder se estiver consciente.” Ela assentiu lentamente.

“Minha cabeça...” Ela sussurrou colocando a mão por cima da testa, onde tinha o corte.

“Não se preocupe, não foi nada demais. Apenas um corte superficial, em poucos dias está sarado.” Black disse calmamente e olhou para mim. “Me dê um copo com água.” Assim o fiz, o entreguei o copo e ele levantou um pouco a cabeça de Sophie a fazendo beber em curtos goles, me devolvendo quando ela terminou. “Como está se sentindo?”

“Eu estou bem.” Ela falou tentando sentar, mas parou cerrando os olhos. “Eu não estou bem.” E voltou a deitar.

“Está tonta.” Black falou para Jason e eu.

“Mas o que aconteceu?” Perguntei para ele.

“O mais provável é que seja uma queda de pressão ou de glicose...” Ele se voltou para ela. “Tem se alimentado direito?” Ela ficou calada como se estivesse escolhendo as palavras para usar.

“Não... Eu... Deve ter sido isso, eu não comi muito bem hoje.” Ela respondeu.

“Ela bebeu ontem também. Talvez o álcool e sem se alimentar direito...” Disse.

“Sim, com certeza deve ter sido isso.” Black concordou. “Você vai ficar aqui quietinha até melhorar um pouco e vai para casa, comer e descansar.”

“Eu estou com sono...” Ela disse e voltou a fechar os olhos.

“Sophie, não durma. Você bateu a cabeça, não foi um corte profundo, mas mesmo assim não é recomendado. Precisa ficar acordada por 1h, pelo menos, se sentir náuseas ou dores fortes na cabeça, vá para o hospital imediatamente.” Black explicou.

“Pode deixar Black. Eu a levo em casa e qualquer coisa, a levo direto ao hospital.” Falei e ele assentiu.

“Não foi nada demais, não precisa desse exagero todo...” Sophie disse, mas nós ignoramos.

Black fez um curativo no pequeno corte em sua testa e ficamos conversando com ela por alguns minutos, apenas para a manter acordada a tempo de ela melhorar o suficiente para que eu pudesse a levar em casa. Quando isso aconteceu, descemos pelo elevador, com ela se apoiando em mim, até o estacionamento, entramos no carro e dirigi em direção ao seu condomínio. Ela fechou os olhos por um momento e eu coloquei a mão em seu braço, tentando acordá-la.

“Já já você dorme, se mantenha acordada, por favor.” Falei calmamente e ela abriu os olhos, encarando a avenida. “Está bem mesmo? Não está sentindo nada?” Perguntei preocupado e ela apenas fez que sim com a cabeça e fomos o resto do caminho em silêncio.

Chegamos ao andar do apartamento de Sophie, ela se encostou na parede enquanto eu abria a porta. Entramos em casa e fomos recepcionados pelos dois monstrinhos, mais conhecidos como Baby e Cristal, Sophie sentou no sofá esticando as pernas na mesa e parei ao seu lado.

“O que você quer comer?” Perguntei.

“Qualquer coisa que você pedir está bom.” Ela disse e eu assenti. Liguei para um restaurante ali perto e pedi nosso jantar, quando terminei o pedido, sentei ao seu lado, ela estava vendo televisão.

Ficamos assistindo calados, os cachorros estavam deitados um do lado do outro e Sophie tirou as sandálias, massageando os seus pés.

“Acho que não caiu por fraqueza...” Disse olhando para as sandálias e ela me olhou confusa. “É humanamente impossível andar com um negócio desse tamanho.” Disse rindo e ela riu também.

“Andar de salto é tipo andar de bicicleta, só é preciso prática e quando se aprende, nunca se esquece.” Ela falou e eu peguei uma de suas sandálias encarando o salto.

“Dá pra matar um com isso aqui.”

“Viu como são versáteis? Fazem você ficar linda e ainda te servem de arma.” Ela falou com diversão e depois cerrou os olhos.

“O que foi?”

“Aposto 100 dólares, que você não consegue andar daqui até a varanda com elas.”

“Sabe que eu não resisto a uma boa aposta Sophie...” A olhei rindo e ela tirou sua carteira, de dentro da bolsa, colocando uma nota de 100 em cima da mesa e me olhando com a sobrancelha arqueada. Tirei a minha carteira do bolso, repetindo o seu gesto, colocando uma nota de 100 em cima da sua.

Tirei meus sapatos e tentei fazer com que meus pés coubessem nas sandálias, o que era um pouco difícil já que o pé dela era muito menor que o meu, mas dava para ficar de pé.

“Caramba...” Falei tentando me equilibrar em pé. “Como você anda com isso?” A olhei e ela estava quase chorando de rir.

“Você está uma gata de saltos Matthew!” Ela falou debochando. “Eu preciso mostrar isso para o Luke!” Ela pegou seu celular e apontou para mim, para tirar uma foto. Coloquei uma mão na cintura e ela tirou a foto gargalhando. “Até a varanda, o trato foi esse.”

“Eu não vou conseguir nem dar um passo com esse troço!” Falei rindo também e ela se levantou ficando ao meu lado.

“Você vai é quebrar meus saltos com esse peso todo.”

“Você e essa sua mania de me chamar de gordo.” A olhei repreendendo. “Eu sou classificado como gostoso, no mínimo.”

“Ah ta, gostosão.” Ela falou com ironia. “Dá pelo menos um passo, você tá mal se equilibrando aí em pé!”

“Isso é questão de honra agora!” Falei e comecei a tentar andar enquanto Sophie debochava de mim, mas consegui chegar até varanda, depois de quase torcer o pé umas 50 vezes. “Quem é o machão agora?” Gritei comemorando quando terminei o percurso.

“Você é o machão!” Ela disse rindo. “O machão que está animado por ter conseguido andar de salto!” Ela falou e eu parei pensativo.

“Eu acho que estou passando muito tempo com Luke e Kenny... Sério.” Falei voltando para o sofá e peguei os 200 dólares de cima da mesa. “Mas, estou 200 dólares mais rico.”

“Verdade seja dita, foi merecido.” Ela sentou ao meu lado ainda rindo. “A propósito...” Ela disse e a olhei. “Sinto muito por hoje.” Sophie falou séria. “Você sabe... O meu ataque um pouco histérico.”

“Um pouco?” Falei com sarcasmo e ela jogou uma almofada em mim.

“Eu estou me desculpando, dá pra tentar ser bonzinho?”

“Tudo bem.” Sorri. “Continue as desculpas, por favor.”

“Obrigada.” Ela assentiu. “Eu só... Fiquei louca de raiva quando ligaram dizendo que Lindsay tinha entrado no prédio com a sua autorização e quando eu entro na sua sala, você estava a abraçando...”

“Não foi do jeito que você pensou, se faz alguma diferença.” Falei e ela franziu a testa.

“Como assim?”

“Foi mais um abraço de despedida, nada mais que isso. Ela está voltando para a Califórnia com o noivo, está feliz com ele e fim. Apenas isso.”

“Entendo.” Ela disse. “Mas eu sei que não deveria me meter nisso e você não deveria ter que me dar explicações...”

“Eu não me importo de te dar explicações, mas podia ser algo recíproco...”

“Recíproco?” Ela me olhou confusa. “O quê? Tem algo que eu deva explicar?”

“Talvez sim, talvez não...” Dei de ombros.

“Se você quer perguntar alguma coisa, apenas pergunte.”

“Ok...” Virei de frente para ela. “Você costumava usar muitos vestidos antes e desde que chegou só usa calças. Algum motivo?”

“Vestidos não fazem mais meu estilo.” Ela respondeu tranquilamente.

“Ou, vestidos não escondem a cicatriz enorme na sua perna.” Falei e ela me olhou surpresa.

“Você viu? Como? Quando?”

“Você dormiu de shorts ontem, quando estava tentando entrar em coma alcoólico e quando se virou de lado, o cobertor caiu e eu vi. Se operou da perna, mas não sei o motivo da operação, achei que estava melhorando antes de ter ido embora.” Falei e ela ficou boquiaberta, chocada.

A campainha tocou, era nosso jantar, levantei e o peguei, o levando para o balcão da cozinha e Sophie levantou indo para lá também. Começamos a comer e ela estava séria e calada. Acho que não fui tão sutil como gostaria de ter sido...

“O músculo estava necrosando.” Ela falou enquanto cortava o frango e eu a encarei em silêncio, não sabia se ela ia continuar falando ou se ia desistir de falar. “Já sentiu como se você estivesse sendo queimado por dentro?” Fiz que não com a cabeça e deu um gole em seu suco. “É assim que a gente se sente quando o músculo necrosa.”

“Mas como isso aconteceu?”

“Quando fui embora não levei meus remédios, não fiz fisioterapia, não fui ás consultas que eu deveria ter ido...” Ela suspirou. “Foi irresponsável da minha parte, mas foi a última coisa que eu pensei quando estava fora. Eles me operaram, tiraram o músculo que estava necrosado e o reconstruíram e é por isso que eu consigo andar, mas obviamente não seria assim tão fácil...” Ela se levantou e pegou uma caixa de dentro da gaveta e a me entregou, quando a abri tinham vários frascos de comprimidos.

“Toma tudo isso?” Perguntei e ela assentiu. “Eu achei que já estava bem. Para quê são eles?”

“Ah... Muitas coisas. A maioria são anti-inflamatórios e para dor.”

“Sente dores ainda?”

“O tempo todo.” Ela respondeu séria.

“Por que não nos contou isso? Você se operou! Não tinha ninguém para cuidar de você!”

“Eu contratei uma enfermeira para me ajudar no pós-operatório.” Ela voltou a sentar. “Quando sofri o acidente vocês pararam as suas vidas por minha causa e eu sei que fizeram isso por que gostam de mim e se preocupam, mas não queria me sentir de novo o fardo que eu me senti antes.”

“Nunca vimos você como um fardo.” A olhei incrédulo por ela cogitar isso.

“Eu sei, eu sei.” Ela falou e pôs sua mão em cima da minha. “Eu só não queria que vocês se preocupassem tanto de novo e foi uma cirurgia tranquila, eu sei que falando assim parece que foi algo muito sério, mas foi simples, eu estava em um hospital que era especializado nesse tipo de problema e a recuperação também foi tranquila.”

“Luke precisa saber disso, não é justo esconder isso dele.”

“Eu não estava escondendo, eu só não queria falar sobre.” Ela suspirou. “Olha, se você quiser, pode falar, eu não vou me importar se ele souber, eu só não quero mais tocar nesse assunto, por favor.”

“Eu posso fazer só mais uma pergunta então?” Perguntei e ela assentiu. “Quanto tempo durou a recuperação? No total?”

“Uns quatro meses, por aí...” Ela respondeu e eu fiquei pensativo. Só quatro meses... Então não foi o motivo de ela ficar fora um ano... “O que foi?” Ela estava me olhando receosa.

“Nada...” A conhecendo, ela já tinha revelado muito por um dia, talvez devesse insistir nisso uma outra hora. “É que foram muitas noticias impactantes hoje.”

“Muitas?” Ela franziu a testa confusa.

“Lindsay estava conversando comigo hoje, relembrando umas coisas e contando outras...” Falei e ela ficou apenas me encarando séria. “Eu não sei se é hora para isso, mas se eu aprendi algo nesse tempo que te conheço é: Nunca, nunca, em hipótese alguma, esconder alguma coisa de você.”

“O que houve?” Ela perguntou preocupada.

“É que estávamos lá conversando e acabou chegando no assunto de nós dois, Lindsay começou a me contar sobre aquela noite de natal que eu passei na casa dos meus pais...”

“Temos mesmo que falar sobre isso?” Ela perguntou emburrada.

“Bem, o final não é tão ruim como você está pensando.” Esbocei um sorriso e ela me olhou curiosa. “Acontece que, não rolou o que a gente achava que tinha rolado.”

“Matthew eu não estou entendo nada...” Sophie falou impaciente. “Seja direto com as palavras, por favor.”

“Ok... Eu não transei com a Lindsay aquela noite.”

“O quê?” Ela gritou perplexa. “Mas você disse...”

“Eu sei o que eu disse, mas Lindsay falou que eu estava muito bêbado e que quando ela tentou me beijar eu a afastei e disse que ela não era você. Cai no sono, ela me levou para o quarto e deitou na cama comigo, mas nada aconteceu. Quando acordei e a vi ali, achei que tinha rolado e ela confirmou, mas a verdade é que eu nunca te traí.” Disse calmamente e ela ficou calada, digerindo tudo e me olhou com os olhos cheios de lágrimas.

“Lindsay tem noção do que fez?”

“Sophie... Não faz mais tanta diferença assim não é? Acho que isso serve só para limpar minha barra mesmo, não nos afeta mais.”

“Como não afeta Matthew?” Ela se levantou. “Todo o tempo que a gente perdeu... Isso é... É...” Ela gaguejou e bufou. “Com licença.” Ela saiu andando para seu quarto e fechou a porta.

Bebi todo o vinho que estava na minha taça de uma vez e respirei fundo.

“Espero sair vivo de lá...” Falei olhando para Baby e Cristal que saíram correndo atrás do outro.

Entrei no quarto de Sophie e ela estava deitada na cama, soluçando e eu sentei ao seu lado, no chão.

“Vai embora de novo?” Perguntei a ela que franziu a testa confusa. “Dá última vez que te vi chorando, você foi embora.” Esbocei um sorriso e ela sorriu também.

“Não vou a lugar algum.” Ela respondeu, limpando as lágrimas. “É que... Senti tanta raiva de você e fiquei tão decepcionada. Foi tão injusto da minha parte.”

“Mas até algumas horas atrás, até eu achava que realmente tinha feito aquilo.” Expliquei. “Como você ia adivinhar que eu não tinha feito nada? Precisa parar de se culpar por tudo.”

“Ela não tinha o direito de fazer isso.” Ela falou com raiva.

“Não tinha, mas ela fez.” Dei de ombros. “As coisas poderiam ter sido diferentes entre a gente... Ou não, nunca vamos saber. E você sempre fala que não se arrepende do que teve com Ethan, não teria acontecido se tivéssemos continuado juntos.” Ela me olhou incrédula.

“Você tem um coração muito bom mesmo...”

“Sophie, não adianta quebrar a cabeça com isso agora. Nós voltamos a ficar juntos, mesmo você acreditando que eu tinha te traído, então isso não mudou o que você sentia por mim. Pra que remoer isso agora? Não dá pra voltar atrás, não dá pra mudar o que aconteceu.”

“Você diz isso por que está pouco se lixando pra mim agora.”

“Acha que eu estou pouco me lixando pra você?” Perguntei com sarcasmo. “Saí de casa no meio da madrugada, fui em uma boate que mais parecia um estágio para o inferno, te tirei de cima de uma mesa, te trouxe para casa, completamente bêbada e diga-se de passagem, você bêbada é chata para cacete, fiquei aqui até você acordar, te socorri quando desmaiou e bateu a cabeça hoje mais cedo, comprei seu jantar e estou fazendo companhia até agora. Mas, eu estou pouco me lixando para você, não é?”

“Eu já te levei para casa quando você estava bêbado também... Isso não conta?” Ela resmungou.

“Não é uma competição.” Disse impaciente. “A gente não pode tentar ficar numa boa? Nós dois nos divertimos quando queremos ser divertidos, somos bons juntos. Não dá pra ser assim o tempo todo, ou pelo menos na maior parte dele?” Ela assentiu e estendeu a mão para mim, a segurei e ela sorriu.

“Em qualquer lugar do tempo...” Ela falou e eu beijei sua mão.

“Sempre juntos.”


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