Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 73
Se não fosse amor - Cap. 30: Trammer's sob nova administração.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde meninas!!!
Olha como tô boazinha, um capítulo atrás do outro! hahahaha
Espero que gostem,
Boa leitura!



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POV Matthew Davis

1 ano depois

Acabo de sair do banho e depois de colocar a calça e a blusa, paro na frente do espelho para dar o nó na gravata. Encaro por um momento o meu reflexo, meu cabelo agora estava bem mais curto do que costumava ser e a barba maior do que eu costumava usar. Paro por um momento, percebendo um fio de cabelo branco.

“É meu amigo...” Falei rindo. “Alguém aqui está ficando velho mesmo.”

Olho uma mensagem no meu celular, enviada por Marissa, uma foto nova de Mia que agora tinha vários pequenos dentinhos. Marissa tinha tido um parto normal e eu viajei para a Califórnia por alguns dias para curtir um pouco a minha sobrinha. Ela era a bebê mais linda que eu já tinha visto. Minha relação com a minha família estava mais amena, eles voltaram para a Califórnia depois de uns meses e Mason e eu até já trocávamos algumas palavras, até conversamos um pouco na última vez que nos vimos e isso era um grande avanço. Ironicamente, ele é quem tinha mais resistência em se aproximar de mim, mesmo eu sendo o traído por ele. Eu não tinha mais raiva de Mason ou de Lindsay, isso já fazia tanto tempo que não merecia mais tanta atenção assim.

Peguei meu paletó e andei até a cozinha, tirando a jarra da cafeteira e colocando o café em um copo para viagem para ir tomando no caminho. Assim que entrei no prédio, Jason, meu novo assistente me avistou de longe e veio em minha direção. Emily havia sido promovida há alguns meses, para o setor financeiro e Jason tinha ficado em seu lugar, ele era jovem, inteligente, tinha vontade de aprender e eu estava disposto a ajudá-lo.

“Bom dia senhor.”

“Bom dia Jason.” Falei cordialmente. “O que temos para hoje?”

“O senhor tem uma reunião agora de manhã com aqueles investidores da Alemanha, eles estão na cidade e têm uma nova proposta. Depois tem o almoço com os acionistas e o Sr. Trammer avisou que vem aqui mais tarde para conversar com o senhor e o Sr. Mackenzie. Também tem aquele problema da obra na 5ª avenida e o evento beneficente...”

“Jason.” Parei de andar e fiquei de frente para ele. “Você precisa respirar entre uma frase e outra.” Disse rindo e ele assentiu. “Vamos por partes, reunião com os alemães.”

“Isso senhor.” Ele riu.

“Verifique se a sala de reuniões já está pronta e me avise quando estiver tudo preparado.” Disse e ele concordou. Entramos no elevador e Jason parou no andar das salas de reuniões e eu continuei subindo em direção ao meu escritório.

Sentei na minha cadeira e olhei para a porta que separava a sala da presidência da minha sala. Um ano havia passado e eu podia contar nos dedos de uma mão só as vezes que falei com a Sophie. Lembro que esperei um mês, mas o mês se tornou dois meses, depois três... Se eu fui atrás dela? Sim. E humilhantemente ela me disse que não podia ficar comigo no momento. A cada dia a mais que passava, as minhas esperanças de ela voltar diminuíam, até que elas simplesmente desapareceram. Eu tinha ficado cansado de esperar, amei essa mulher como nunca tinha amado outra, nem mesmo Lindsay e foi isso que eu ganhei por dar amor, desprezo. Luke ainda parecia ter um contato mais próximo com ela, mas eu não perguntava mais como ela estava ou por onde estava. Se ela queria que eu deixasse de sentir algo por ela, ela havia conseguido. E pensar que eu cheguei a acreditar que era com ela que eu iria casar, ter uma família... Bom, não foi a primeira vez que me enganei e talvez não seja a última. Eu só tinha certeza de uma coisa, Sophie não fazia mais parte dos meus planos e muito menos da minha vida.

Meu celular tocou e eu o tirei do bolso, era Luke.

“Quem perturba a minha santa paz de espírito?” Atendi rindo.

“Adivinha só o que eu acabei de abrir...”

“Luke, eu sei que somos próximos, grandes amigos, mas intimidade tem limites.”

“Não é nada disso seu demente!” Ele gargalhou. “A última caixa!”

“Sério? Acabou a mudança então?”

“Oficialmente finalizada!”

“Olha só... Até que enfim!” Falei com diversão. “Quando a gente vai inaugurar o apartamento novo?”

“Inaugurar? Já veio aqui umas 500 vezes...”

“Não depois da mudança oficialmente finalizada.”

“Tá certo, jantar aqui hoje então?”

“Fechado.” Ouvi alguém batendo na porta e a abrindo depois, era Jason. “Eu vou entrar em reunião agora, mas mais tarde a gente se vê então.”

“Ok Matt, até mais tarde!” Desliguei e fui com Jason.

Cumpri todos os meus compromissos do dia e só faltava a reunião com Richard. Ele não era nada presente na empresa, vinha poucas vezes, ficava alguns minutos e depois logo ia embora, só voltando a aparecer semanas depois. Eu não achava nenhum pouco ruim, Brian e eu estávamos dando conta, ele estava mais dedicado do que nunca ao trabalho, o fato de ter assumido um relacionamento pra valer com a Mabel e eles estarem planejando morar juntos deve ser um dos motivos.

“Tem idéia do que ele quer dessa vez?” Disse para Brian enquanto íamos para a sala reservada para nossa reunião.

“Não... Estamos fazendo algo que precise da presença dele?” Brian perguntou.

“Nada demais, as coisas de sempre.” Dei de ombros.

“Então ele só que infernizar mesmo...” Brian falou rindo e entramos na sala, onde Richard já nos esperava.

“Sr. Trammer.” O cumprimentei, Brian apenas sentou em silêncio.

“Já disse que pode me chamar de Richard, Matthew.”

“Prefiro Sr. Trammer, se o senhor não se incomodar.” Esbocei um sorriso.

“Você quem sabe.” Ele disse. “Bom, os chamei aqui para informar que estarei colocando algumas ações da empresa à venda.” Olhei para Brian, que me olhava com a mesma surpresa.

“Desde quando vendemos ações?” Brian questionou Richard.

“Desde que isso vai nos trazer grandes lucros.” Richard respondeu calmamente.

“Senhor...” Comecei a falar. “As ações da empresa estão valendo muito no mercado e...”

“É exatamente por isso que vamos vendê-las.” Ele me interrompeu.

“Não concordo com isso.” Brian cruzou os braços. “Sophie jamais venderia ações.”

“Sophie foi embora e com sorte, não volta.” Richard olhou feio para Brian. “E ela não manda mais aqui, já faz um bom tempo, se bem que... Ela nunca mandou.”

“Mas acredito que queira vender partes das ações dela e isso só será possível com a autorização da mesma.” Falei.

“Isso é muito simples, tem vários documentos aqui com a assinatura dela.”

“Espera...” O olhei incrédulo. “Vai falsificar a assinatura dela em um documento?”

“Não diria que é falsificar, só preciso de um papel com o nome dela para fazer essa venda.” Ele disse tranquilamente.

“Tem consciência de que isso é crime, não é?” Brian disse.

“Não é crime se está tudo em família.”

“Na verdade, senhor, é crime da mesma forma e acho que ela não vai ficar muito contente quando descobrir sobre seus planos.” Disse.

“Preocupem-se com os seus trabalhos, eu cuido da minha filha e das nossas ações.” Ele falou arrogantemente e se levantou. Claro... Quando ele quer, é a ‘minha filha’. “Coloquem 10% a venda da minha parte das ações e 10% das ações da Sophie.”

“Ela só vai ficar com 32% Richard.” Brian falou impaciente.

“Que bom que sabe fazer contas.” Richard falou com sarcasmo. “O comprador terá 20% e não precisa ser vendido para uma pessoa só, apenas vendam e tragam mais gente para trabalhar aqui, quantos mais gente para tomar conta, menos eu tenho que vir aqui.”

“Com todo respeito, mas o senhor mal vem aqui.” O olhei irônico.

“E com sorte, ao vender essas ações, não terei mais que por os pés aqui.” Ele andou em direção à porta. “Faça o contrato Davis. Brian, cuide da divulgação. Quero o máximo de ações que pudermos vender em um mês.” Ele disse e saiu batendo a porta.

“Sou um cara muito ruim por desejar que ele morra?” Cerrei os olhos e virei para Brian.

“Você está sendo um cara até legal. Desejo que ele seja torturado até a morte.” Ele riu e se levantou saindo da sala e eu o segui. “Quero só ver quando a Sophie souber. A propósito...” Ele me olhou sério. “Falei com ela tem uns dias.”

“Hum. Que bom.”

“Ela perguntou sobre você...” Brian disse receoso.

“Na próxima vez diga que eu não sou mais da conta dela.”

“Ela se importa com você Matt.” Ele segurou meu braço, me fazendo parar.

“Se ela se importasse, estaria aqui.” Disse sério. “Um ano Brian, um ano! Não foi uma semana. Tentei aceitar e entender o lado dela, mas ninguém leva um ano pra superar alguma coisa.”

“Eu sei e não entendo também por que essa demora para voltar, mas eu confio que ela tem seus motivos.”

“Sejam quais forem os motivos que ela tenha, não importa mais. Nossa história já acabou, já teve um ponto final e ela é apenas uma conhecida para mim agora.”

“Qual é cara?! Achei que a gente ia ser cunhados!” Ele disse com diversão e eu continuei a fazer meu caminho até os elevadores.

“Eu também achei, até que sua irmã docemente resolveu ir embora e não voltar mais.” As portas do elevador abriram e eu entrei. “E a propósito, eu estou saindo com uma pessoa.” Brian me olhou perplexo.

“Tá de brincadeira!” Ele disse e riu. “Quem é ela? Eu conheço?”

“Não conhece e nem vai. Vocês colocam pra correr qualquer mulher que se aproxima de mim.”

“Era por consideração, você sabe...”

“Por consideração a Sophie, mas ao Matthew ninguém tem consideração!” Falei com diversão e ele riu. “Sabe quais foram os meus únicos passatempos nos últimos meses? Sair com Kenny e Luke procurando apartamentos e depois disso, sair com Kenny e Luke para comprar móveis e coisas de decoração para o apartamento.”

“Eu sei... Já tava pensando que você estava mudando de time.” Brian conteve uma risada.

“Sempre foi meu plano secreto, roubar o Luke para mim.”

“Suspeitava disso mesmo.” Ele cerrou os olhos. “Eu acho que você faz mais o tipo dele do que o Kenny...”

“Eu também acho.” Disse me fingindo de sério.

“Já parou pra pensar em quem pega quem deles dois? Deve rolar um troca-troca...”

“Que merda Brian! Agora eu vou ficar com essa imagem na cabeça!” Falei cobrindo o rosto com as mãos.

“Eu também, meu cérebro está me traindo!” Ele falou dramaticamente e começamos a gargalhar.

“Cara... Eu definitivamente não sou gay. É uma das poucas certezas que eu tenho nessa vida.”

“Somos dois, irmão!” Brian disse e depois ficou calado por um momento. “Foi mau cara... Por, segundo você, afastar toda mulher que se aproximam.” Ele riu. “Acho que todos nós ainda esperávamos... Você sabe, que você e a Sophie...” Apenas assenti. “Mas se você está de boa com outra pessoa, não temos o direito de nos meter nisso, pode ficar tranqüilo que não vamos colocar ela pra correr.”

“Obrigado.” Falei. As portas do elevador abriram e saímos. “Mas não me convenceu, não vou apresentar ela a vocês, nem adianta tentar me enganar com esse discurso barato.” Andei para o meu escritório e ouvi Brian gargalhar.

Mais tarde, no mesmo dia, Brian e eu fomos jantar com Luke e Kenny. Mabel ainda estava trabalhando e depois de comermos, fomos para a varanda beber.

“Ficou muito bom Luke.” Brian disse observando o local.

“Ficou mesmo, não é?” Luke sorriu.

“Dá pra acreditar que esses dois me fizeram rodar com eles por toda a cidade procurando por um apartamento e acabaram ficando aqui?” Falei terminando de beber todo o meu whisky em um gole.

“Não foi nossa culpa se esvaziaram esse apartamento meses depois de começarmos a procurar um!” Kenny disse rindo.

“Foi uma sorte, na verdade. É bem grande, a vista é ótima e estamos no mesmo condomínio do apartamento da Sophie, apenas dois andares abaixo.” Luke falou. “Ela vai gostar de saber, quando voltar, que nos mudamos, mas continuamos perto dela.”

“Se ela voltar.” Disse e todos ficaram calados e sérios.

“Ela vai.” Luke disse e nós olhamos para ele.

“Eu achava a mesma coisa, mas depois dos quatro primeiro meses, percebi que isso não ia acontecer.” Dei de ombros e enchi meu copo novamente.

“Não acha que já bebeu o suficiente?” Ken perguntou.

“Se vocês vão começar a tocar no nome ‘Sophie’, então não, não bebi o suficiente.” Sorri irônico e voltei minha atenção a minha bebida.

“Já que foi tocado no assunto...” Brian começou a falar. “Richard vai por ações da Trammer’s à venda.”

“Sophie não era totalmente contra a isso?” Luke perguntou para ele.

“E desde quando Richard se importa com a opinião dela?” Brian respondeu. “Mas é comum que empresas vendam ações, ele vai oferecer 20%.”

“Sophie sempre me dizia que não queria estranhos a frente da empresa, era tipo uma vontade do avô dela... Algo assim.” Luke explicou.

“Mas então se for vendida essas ações, o Richard não manda mais na empresa?” Kenny me perguntou.

“Não, o Richard ainda teria 48% das ações e Sophie 32%, então ele ainda mandaria sim na empresa, mas toda e qualquer discussão teria que ser levada a um conselho e depois a uma votação.” Expliquei. “Ele sequer precisaria participar disso, apenas seria informado das decisões e só teria que dizer se aprova ou não. Basicamente, o motivo de ele querer fazer isso é por que acha que passa tempo demais na empresa e é que ele vai lá umas duas vezes por mês.”

“É muita cara de pau mesmo...” Luke bufou.

Continuamos conversando até que decidi que já era tarde o suficiente e já tinha bebido o suficiente para ir embora. Cheguei em casa e tomei um banho, deitei na cama e fiquei assistindo ao jornal, essa era a minha rotina nos últimos tempos. Trabalho, amigos, casa. Nessa ordem. Já havia sido mais difícil de lidar com tudo isso, nos primeiros meses, logo quando Sophie foi embora, eu não sentia vontade de fazer nada. Qualquer mulher de saltos e cabelos escuros me faziam lembrá-la. Mas a gente se acostuma com tudo, com a presença de alguém e com a falta dessa pessoa também, então eu me acostumei a não ter mais Sophie presente. Levantei indo até a cômoda e abri a primeira gaveta, onde guardava alguns remédios, chaves... Essas coisas pequenas e entre elas, dois ingressos para o ballet. Aqueles mesmo ingressos que quis rasgar quando ela se foi e não tive coragem. Eu não sabia ainda por que guardava aquilo, já deveria ter jogado fora há tempos. Mas não joguei e não iria jogar hoje. Os guardei de volta na gaveta e voltei para a cama. Você não os jogou fora, por que você ainda sente falta dela.

Semanas depois...

“Temos os melhores engenheiros e arquitetos do mercado, os diga que não tem que se preocupar com nada.” Falei para Jason. “Deixem que nós nos preocupamos com os prazos.”

“Claro, senhor.” Ele assentiu fazendo anotações. “Sobre o empréstimo...”

“Não vamos fazer empréstimos.” Disse permanecendo minha atenção no monitor do computador. “Não somos banco e nem fazemos caridade.” Olhei para Jason. “Temos mais alguma pendência?”

“Não senhor, isso era tudo.” Ele se levantou.

“Jason, quando você se forma mesmo?”

“No final do ano, se tudo der certo.”

“Entendo... Lembre-me disso, podemos fazer alguma coisa por você, um aumento, pelo menos. Isso se você pretender continuar aqui.”

“Claro que pretendo senhor, não sei o que essa empresa tem, mas a gente se apaixona por esse lugar assim que entra aqui.” Ele disse e eu ri.

“Verdade. Então continue estudando para se formar logo, sempre precisamos de gente capacidade e com vontade de trabalhar.” Falei e ele assentiu, depois saindo do meu escritório.

O telefone fixo tocou e eu atendi no primeiro toque.

“Alerta vermelha!” Reconheci a voz de Brian.

“O que foi?”

“Me ligaram da recepção, Richard está subindo.”

“Porra, que saco... E ainda não é nem meio dia, já vem perturbar!” Falei e desliguei o telefone, bufando.

Uma coisa eu tinha que admitir, não sabia como Sophie conseguia lidar com essas visitas de Richard, ele quase nunca avisava quando vinha, mas se chegasse e nós estivéssemos ocupados, era uma perfeita guerra, por que todo o mundo tinha que parar quando Richard Trammer chegava. Brian entrou em minha sala, com uma cara nada animada também e sentou, esperando Richard, que entrou alguns momentos depois.

“Bom dia senhores.” Ele falou e fechou a porta.

“Bom dia...” Brian e eu respondemos ao mesmo tempo.

“Ótimas noticias, recebemos uma proposta para as ações e um tanto quanto generosa.”

“Que bom...” Falei sem fingir meu descontentamento e Brian também não estava muito animado. “Quem foi o felizardo?”

“Laila está cuidando de tudo, mas não interessa quem foi, interessa os milhares de dólares que vão entrar na nossa conta.”

“Na sua conta, você quis dizer.” Brian resmungou e Richard riu com desdém.

“Amanhã vamos ter a reunião para finalizar o processo, mas eu já assinei todos os papéis, só falta o comprador assinar e estará feito. Reservem uma sala para as 15hrs e não se atrasem.”

“Como quiser, senhor.” Disse.

“Vou dar uma volta pela empresa, quero ver se está tudo em ordem, nosso comprador vai querer ver as instalações e temos que estar impecáveis!” Ele falou e saiu do meu escritório.

“Tanto tentou que finalmente conseguiu vender as tais ações...” Falei me recostando na cadeira.

“Essa história vai feder... Se a Sophie souber que ele vendeu 10% das ações dela sem a sua autorização...”

“Ela vai mandar uma bomba de onde quer que esteja para cá?” Falei com sarcasmo. “Acorda Brian, nem tem como ela saber.”

“Mas isso foi divulgado em vários sites de economia, é claro que ela deve saber ou vai saber.”

“Se ela soubesse, não acha que ela já teria ligado para cá? Tenho certeza que ela sequer olha mais esses sites de noticias, o dinheiro dela é depositado todos os meses e é isso que deve interessar a ela.”

“Quer saber? Você tem razão... Mesmo sem querer voltar para cá, ela teria feito algo se soubesse a respeito disso, acho que ela não ia agüentar calada e principalmente com Richard mexendo em suas ações.”

“E elas estão bastante caras, Brian. Não pensei que uma pessoa só compraria todas, custaram milhares de dólares, realmente.”

“Também não achei que só uma pessoa compraria... Achei que teríamos uns três ou quatro compradores, os 20% estão com os preços bem salgados.”

“Pois é... Mas agora já era. Amanhã o documento vai ser assinado e depois disso, não tem mais volta.” Disse e Brian assentiu.

Passei o resto do dia visitando nossos estabelecimentos, eu sempre fazia isso quando precisava respirar ar puro, não que o ar de Nova Iorque seja puro, mas era bom dar um tempo de estar no ar condicionado e sentir vento de verdade no rosto, principalmente por que os últimos dias estavam sendo bastante frios. Parei em um café e pedi um expresso, paguei e saí sentando em um parque, observando as pessoas que passavam. Depois de um tempo, levantei e comecei a andar distraído em meio a mil pensamentos, quando uma criança, um pequeno menino esbarrou em mim, fazendo eu derramar um pouco de café em meu casaco.

“Ei amiguinho, vai com calma!” Sorri e abaixei-me ficando da sua altura. “Se machucou?” Perguntei e ele fez que não com a cabeça.

“Desculpe, por favor!” Um rapaz se aproximou de mim. “Sabe como é criança, a gente se vira um segundo e eles somem.” Ele disse sem graça e eu fiquei de pé, o menininho andou para ao seu lado, segurando sua mão.

“Imagina, não tem problema algum.” Disse educadamente. “Quantos anos ele tem?” Falei e o menininho mostrou quatro dedos em uma mão e eu ri.

“Você se sujou...” O rapaz disse olhando a mancha de café. “Deixe-me pagar por isso, por favor.”

“Não precisa, de verdade. Não foi nada demais.” Estendi a mão para ele. “Matthew Davis.”

“Austin Blaine, prazer.” Ele apertou minha mão e sorriu.

“E esse pequeno corredor, como se chama?” Olhei para o menino.

“Taleb.” O menininho respondeu e Austin o pegou no colo.

“É Caleb.” Ele o corrigiu rindo e eu ri também.

“Ele é sua cara.” Disse para Austin.

“Todo mundo diz isso...” Ele beijou o rosto de Caleb. “Exceto pelos olhos, tem os olhos da mãe.”

“Está aqui com você?”

“Não, não. Ela está trabalhando e eu trabalho à noite então nós revezamos o serviço extra de babá.”

“Eu entendo.” Sorri. “Como é? Você sabe... Ser pai?”

“Não tem filhos?” Austin perguntou e eu fiz que não com a cabeça. “É um trabalho árduo. Um gasto enorme de tempo, de paciência e de dinheiro.” Ele riu. “Aí ele dá um sorriso, um beijo ou um abraço e a gente esquece tudo.” Ele disse e eu sorri.

Fiquei conversando um bom tempo ainda com Austin, era um cara legal e Caleb era muito engraçado. Em meio a essas conversas, descobri que ele trabalhava como segurança em um prédio um pouco afastado da cidade, pedi que ele me desse o seu contato para podermos conversar sobre. Black sempre estava precisando de homens e o serviço na Trammer’s era definitivamente mais tranqüilo do que ser segurança em algum outro prédio. Despedi-me dele e de Caleb e voltei para o carro, dirigindo para casa. Cheguei e liguei para um restaurante pedindo minha janta. Sentei no sofá e liguei a televisão esperando a comida chegar, assim que terminei de comer fui dormir, queria ir cedo para o prédio para adiantar tudo, por que aparentemente, iria ser um dia cheio.


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Notas finais do capítulo

E aí meninas? O que acham da atitude do Matthew de tentar seguir em frente? Concordam ou não?