Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 64
Se não fosse amor - Cap. 21: A trégua dos Trammers.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde meninas!
Depois de várias ameaças (amo vocês por isso... SÓ QUE NÃO), como prometido, capítulo postado.
Só lembrando pra quem começou a acompanhar agora, temos um grupo no whats que é EXTREMAMENTE FODA, onde falamos muita merda, mas é engraçado... Eu juro. Então quem quiser participar, é só mandar o número nos comentários ou por mensagem aqui.
Beijo na bunda,
Suy.



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POV Sophie Trammer

Eu nunca havia tido uma madrugada tão conturbada como essa. Depois de falar com Richard, marcamos uma reunião para mais tarde, naquele mesmo dia. Ele não parecia ter dado muita importância para aquilo, mas eu tinha dado e muita. Black precisava ir para casa com sua esposa e eu nem cogitei a idéia de pedir ele para ficar, já que o dia parecia que ia ser longo, mas Matthew, Brian e eu ficamos sentados passando e repassando vários dados da empresa e o quê e como isso teria chegado a ser notícia pública.

“Eles têm uma fonte, não iam publicar isso do nada.” Disse pensativa.

“Acham que pode ser alguém de dentro da empresa?” Brian perguntou.

“Eu não sei... Mas de onde tirariam essa história?” Matt nos olhou tão confuso quanto nós estávamos.

“Acredita na inocência de Richard?” Brian olhou para mim.

“Eu tenho que acreditar, Brian. Não faria sentido ele desviar dinheiro da nossa empresa e se tivesse feito isso, por que motivo?”

“Não faço idéia de que motivos ele teria, mas a essa altura, acho que podemos desconfiar de todos.” Ele disse sério.

“Eu não quero induzir vocês a acreditarem em algo ou não, mas esse site tem nome, eles são muito éticos com o conteúdo que postam...” Matt começou a explicar.

“E o que está querendo dizer com isso?” O olhei sem entender onde ele queria chegar.

“Honestamente, acredito que para eles terem divulgado isso, alguma prova eles devem ter. Não iam se arriscar dessa forma, mentir sobre um assunto desses... Divulgação de qualquer notícia que não seja verídica é crime, gera processo e indenização de milhares de dólares.”

“Então é o que vamos fazer. Processá-los e atingir onde mais dói, no bolso.” Falei.

“Acho que o que o Matt está tentando explicar, é que você precisa ter certeza de que confia 100% no Richard antes de tentar algo contra quem divulgou essa informação.” Brian disse receoso.

“Vocês estão loucos?” Disse chocada. “Eu sei que o Richard não é a pessoa mais correta do mundo, mas aí roubar seu próprio dinheiro? Vocês não acham é um pouco demais?”

“E eu entendo o seu ponto de vista, mas Brian tem razão.” Matthew disse. “A essa altura, podemos desconfiar de todos.”

“Vocês podem discutir sobre isso depois?” Ethan se aproximou de nós. “Pelo amor de Deus, já são mais de 3hrs da manhã, é mesmo necessário isso aqui agora?”

“Ethan eu estou no meio de uma crise, se você não reparou.” Disse constrangida pela forma que ele estava falando.

“E não já marcaram uma reunião pra tratar disso mais tarde?” Ele me disse. “Todos os convidados já foram embora, eu estou exausto. Sua irmã...” Ele olhou para Matthew. “E sua namorada...“ Ele olhou para Brian. “Estão dormindo em uma cadeira de tão cansadas.” Olhei para o lado e vi Megan e Mabel, elas realmente estavam dormindo sentadas e me senti um pouco culpada.

“Ele tem razão.” Brian disse.

“É, mais tarde nós vamos cuidar disso, é melhor irmos embora.” Matthew se levantou seguido de Brian.

“Tudo bem, nos falamos mais tarde.” Falei para os dois.

Brian me deu um abraço rápido e um beijo no rosto, Matt apenas acenou com a cabeça para mim e foi tentar acordar Megan.

“Podemos subir e finalmente ir dormir agora?” Ethan falou.

“Claro, podemos.” Assenti derrotada, mas no fundo ele tinha razão. Não adiantava muito ficar debatendo sobre aquele assunto, seria melhor tratar sobre aquilo com todos juntos e na empresa.

Subimos para meu apartamento, Ethan e eu entramos no banheiro e ele foi logo tomar banho, enquanto eu tirava todos os meus acessórios e penteava meu cabelo, quando terminei, fui pegar uns shorts e camiseta para vestir e voltei para o banheiro, depois tirei meu vestido e coloquei meu roupão, Ethan saiu do chuveiro e se ajoelhou na minha frente, tirando minha bota.

“Quer ajuda ou consegue sozinha?” Ele ficou de pé e me deu as mãos me levantando.

“Não, pode ir deitar, você deve tá cansado.” O beijei rapidamente e tirei o roupão entrando no box.

“Me chama qualquer coisa que precisar.” Ethan disse.

“Pode deixar.” Prendi o cabelo e liguei o chuveiro.

Enrolei-me na toalha e saí, praticamente me arrastando, para fora do box por que ainda não tinha forças na perna para andar sozinha. Consegui, me apoiando na pia, vestir meus shorts e coloquei minha camiseta. Fui tentando ir devagarinho até o quarto, já estava quase saindo do banheiro, quando em um passo em falso, senti uma dor muito forte na panturrilha e caí no chão.

“Sophie?” Ouvi Ethan gritando por mim e invadido o banheiro segundo depois.

“Câimbra.” Foi a única coisa que consegui falar antes de gritar de dor. Ethan levantou minha perna a alongando, o que fazia doer mais ainda. “Ai! Para, para! Tá doendo muito! Para, por favor!” Falei desesperada.

“Eu preciso alongar o músculo Sophie, se não, não vai passar, eu sei que dói, mas é a única forma!” Ele continuou forçando o músculo da perna e me estendeu o braço. “Segura minha mão, pode apertar o quanto quiser.”

Fiz como ele disse e com a minha outra mão, cobri minha boca para abafar meus gritos. Aos poucos eu fui sentindo o nó aliviando em minha panturrilha e fui conseguindo me acalmar mais.

“Está passando?” Ethan perguntou. Apenas fiz que sim com a cabeça e tirei a mão que cobria minha boca. Depois de mais alguns poucos momentos eu não sentia mais a dor terrível. “Vou abaixar sua perna devagar, se sentir que a câimbra vai voltar, me avisa.”

“Certo.” Sussurrei me sentindo ainda um pouco sem ar.

Ele abaixou minha perna a deixando esticada no chão e sentou ao meu lado.

“O que aprendemos aqui agora, mocinha?” Ele esboçou um sorriso.

“Que a bota ridícula e feia é minha melhor amiga e que eu não vou tentar andar sem ela de novo.”

“E o quê mais?”

“Que eu não vou fazer as coisas sozinhas quando eu souber que preciso de ajuda.”

“Muito bem.” Ele beijou minha testa. “Eu vou te pegar no colo agora, mas não flexiona a perna.”

“Tá bom.”

Ele me levantou e mantive a perna reta, ele me deitou na cama e sentou ao meu lado.

“Machucou quando caiu? Tem algo doendo?”

“Não... Não machuquei nada, só que está bastante dolorido na panturrilha.”

“É normal, vai ficar dolorido por um tempo ainda.” Ele se levantou e pegou um gel para dor que ficava em cima da minha penteadeira e passou fazendo uma massagem onde estava doendo. “A propósito...” Ele disse sem olhar para mim. “Desculpe pelo atraso no casamento.”

“Deixa isso pra lá, já tinha até esquecido.” Dei de ombros.

“Tem coisas mais importantes pra se preocupar do que com o meu atraso.” Ele falou e eu ri.

“Tipo isso.”

“É essa história que descobriram sobre sua família que está te incomodando né?”

“Não. É a história que inventaram sobre minha família que está me incomodando.” O repreendi. “É tudo mentira!” Disse e ele ficou em silêncio. “Você acreditou naquilo tudo que falaram?” Ethan me olhou como se tivesse sido pego de surpresa. “É sério Ethan? Acha que eu roubaria dinheiro da minha própria empresa?” Disse incrédula.

“Eu... Ér...” Ele parou de massagear minha perna e desviou o olhar. “Ah, Sophie... Você sabe que eu não sou bom com essas partes técnicas de saber sobre fraudes ou desvios de dinheiro.”

“Mas não é questão de saber sobre o assunto, a questão é se você acredita em mim ou não. Em algumas horas eu vou ter que tentar convencer todos de que eu sou inocente dessas acusações e como eu vou conseguir isso se nem você acredita em mim?!”

“Eu não disse que não acredito, é só que... Bem, eles tiraram essa história de algum lugar!”

“Ethan, eles inventaram tudo aquilo! Você sabe que nos últimos meses fizeram de tudo pra tentar acabar com a minha imagem, pra sujar meu nome e isso é só mais uma dessas tentativas!” Falei exasperada. Eu já sabia que teria um dia difícil e eu precisava do apoio de todos que eu conseguisse ter e saber que logo ele duvidava de mim... Era demais.

“E eu acredito em você e acredito que vai conseguir passar por isso como fez das outras vezes.” Ele beijou minha mão. “Vamos dormir, você precisa descansar um pouco.” Apenas assenti e ele deitou ao meu lado, me puxando para mais perto.

Como eu já esperava, não consegui pegar no sono. Ethan dormiu praticamente assim que deitou e eu fiquei apenas olhando para o teto, esperando as horas passarem... E não pareciam horas, pareciam séculos baseado no tempo que levou para passar. Quando o sol começou a dar os seus primeiros sinais de vida, levantei com cuidado e peguei a muleta ao lado da cama indo para o banheiro. Tomei outro banho e assim que saí, sentei no vaso secando a minha perna e coloquei a bota, apenas para evitar os eventos que tinham acontecido há poucas horas e por que ainda estava bastante dolorida, e a pressão que a bota fazia na panturrilha aliviava. Vesti meu roupão e fui silenciosamente para o closet, para não acordar Ethan. Escolhi uma calça preta, blusa preta e blazer preto. As roupas sempre refletiam meu humor e esse era o meu humor hoje. Preto. Coloquei uma sapatilha que tinha um pequeno salto e sentei de frente ao espelho, arrumando meu cabelo, preferi deixá-lo solto e comecei a me maquiar. Estava terminando de passar meu batom, quando Ethan veio andando e ficou atrás de mim, ele pôs as mãos em meus ombros os massageando e beijou meus cabelos.

“Você parece cansada...”

“Eu estou cansada.” Disse o olhando pelo reflexo do espelho.

“Não conseguiu dormir, não é?”

“Nada.” Apoiei a cabeça nas mãos. “Não sei o que me espera, por que além de lidar com tudo isso, ainda vou lidar com Richard e só de pensar em ter que passar o dia com ele, meu estômago dá um embrulho.”

“Fica tranqüila, vai dar tudo certo hoje.” Ele me abraçou e beijou meu pescoço. “Vou fazer um café pra gente enquanto você se arruma.”

“Tudo bem, obrigada.” Beijei seu rosto e ele saiu do closet.

Dei uma última conferida no espelho e mandei uma mensagem para o motorista ir me buscar, fui para sala e tomei café com Ethan, mas somente o café me desceu, talvez mais tarde me daria fome e eu iria comer alguma coisa, mas no momento, nem pensava em comida. O motorista chegou e Ethan desceu comigo, levando minha bolsa e quando entrei no carro, ele pediu que eu avisasse sobre alguma novidade que tivesse sobre o assunto, nos beijamos rapidamente e saí em direção à entrada lateral do prédio, já prevendo que os urubus dos repórteres estariam na entrada principal. Quando entrei, já recebi os olhares nada discretos do pessoal, entrei no elevador e quando as portas abriram, Black, Matthew e Brian já estavam a minha espera.

“E meu pai?” Perguntei assim que os vi.

“Já está vindo.” Black falou.

“E como estão as coisas?” Disse com receio da resposta.

“Um caos!” Brian disse e Matt me olhou confirmando.

“Já recebi, pelo menos, uns 100 e-mails. Todos querem confirmar se houve esse desvio de dinheiro, a impressa quer marcar coletiva... Está tudo um inferno.” Matt completou.

“Eu imaginei... Nem tive coragem de pegar no celular direito pra ver o que teria falando sobre.” Falei para eles. As portas do elevador abriram e Emily saiu.

“Bom dia senhorita, a sala de reunião já está pronta para vocês e os advogados já ligaram dizendo que estão chegando, em uns 10 ou 15min estarão aqui.” Ela disse cordialmente.

“Obrigada Emily.” Esbocei um sorriso. “Vamos então.” Entramos todos no elevador. “Emily avise para Richard que sala estamos, por favor.”

“Pode deixar.” Ela sorriu e fechamos a porta do elevador, indo para a sala de reuniões.

Poucos minutos depois que entramos, Richard chegou.

“Está acontecendo o próprio apocalipse!” Ele falou.

“É... Já estamos sabendo disso.” Sentei em uma das cadeiras junto com os demais.

“Como isso foi acontecer?” Richard disse olhando para Black.

“Entramos em contato com os redatores do site agora pela manhã, eles não querem divulgar o nome da fonte.” Black explicou.

“Então existe realmente uma fonte.” Matthew falou e a porta abriu novamente.

Laila e Josh, meus advogados, entraram. Marcus estava viajando e por isso não pode comparecer a reunião, nós explicamos toda a situação para eles, que começaram a dizer como deveríamos agir diante a situação. Olhei para Richard e ele acenou com a cabeça me chamando para o canto, nos afastando um pouco dos demais.

“O que foi?” Falei baixinho para mais ninguém ouvir.

“Você me odeia e eu te odeio.” Ele disse.

“Só me chamou pra isso?” Revirei os olhos.

“Presta atenção.” Ele me segurou pelo braço. “Quero dizer que apesar de nos odiarmos, nós dois estamos no meio dessa merda.”

“Prossiga.” Disse séria.

“Se você fez alguma coisa de errado, é melhor me contar agora.”

“Se por ‘coisa de errado’ você quer dizer ‘desviar dinheiro’, não, eu não fiz isso.”

“Tem certeza?” Ele falou e eu cerrei os olhos. “Olha... Se você fez, eu posso dar um jeito de colocar por debaixo dos panos, se é que me entende. Ninguém além de nós dois precisa saber.”

“Nossa... Você me defendendo pela primeira vez na vida. De uma forma torta, mas está. Estou chocada.” Disse irônica e ele me fuzilou com os olhos. “Mas não pai, eu realmente, de verdade, juro que não fiz isso.”

“Certo.” Ele me soltou.

“E você?”

“Eu o quê?”

“Como assim ‘eu o quê’?” Falei impaciente. “Foi você quem desviou dinheiro? Por que se for é melhor falar logo. Eu também tenho uns contatos que pode ajudar a gente a esconder isso.”

“Olha a minha cara de que precisa ficar desviando dinheiro, Sophie. Me poupe.” Ele falou com desdém.

“Então se não foi nem eu nem você, essa história toda é mentira mesmo...”

“É o que parece.”

“Não consegue pensar em alguém que queira prejudicar a gente a esse ponto? Já fazem meses que estão fazendo coisas desse tipo comigo e indiretamente afetam você também.”

“Bem...” Ele disse pensativo e depois me olhou. “Não, não consigo pensar em ninguém...” Ele tentou desconversar, mas eu sabia quando ele mentia... Acho que tinha alguma coisa sim que ele não estava querendo me contar.

“Pai, você mesmo disse, nós nos odiamos isso é um fato. Mas nessa situação, nós infelizmente precisamos nos apoiar, por que basicamente somos nós dois contra o resto do mundo.”

“Está propondo uma trégua então?”

“Só até conseguirmos desmentir isso tudo e provar nossa inocência. Essa confusão toda não é nada boa para os negócios e eu não passei todos esses anos fingindo que nos damos bem pra manter a reputação da empresa, pra agora vir algum filho da mãe estragar isso com uma simples notícia falsa.”

“Está bem. Detesto concordar, mas você está certa.” Ele bufou e apertamos as mãos.

Voltamos a nos sentar a mesa com todo o resto do pessoal e eles estavam falando sobre processar o site que divulgou a notícia.

“Mas temos chance de ganhar a causa?” Brian perguntou.

“Depende. Se pudermos comprovar que a notícia é falsa realmente, é causa ganha sem esforço algum.” Josh disse.

“Acho que o mais importante aqui, agora, é vocês dois serem honestos conosco.” Laila começou a falar olhando para Richard e eu. “Somos os seus advogados, vamos defender os seus interesses, mas para defender, precisamos saber se essa história é verdade ou não.”

“A história é falsa.” Richard disse firmemente e eu assenti.

“Ótimo.” Laila disse e se voltou para Black. “Estava dizendo que conseguiu entrar em contato com os redatores...”

“Isso. Se negaram a divulgar a fonte.

“Não existe outros meios de conseguirmos essa informação?” Brian disse e nós o olhamos, esperando que ele terminasse o raciocínio. “Temos dinheiro e todo mundo tem um preço.”

“E corremos o risco deles divulgarem que tentamos suborná-los.” Matthew disse e os advogados concordaram. “Não é a melhor solução.”

“Mas no nosso serviço de inteligência temos como descobrir.” Black falou.

“Então o problema está resolvido.” Falei. “Você acha que consegue descobrir com quem eles têm falado? Com certeza é a mesma pessoa das outras vezes.”

“Não é tão simples...” Black me disse.

“Black estaria quebrando algumas leis pra conseguir isso.” Matt começou a explicar. “Ele invadiria o sistema da redação do site, teria acesso a informações pessoas e isso é invasão de privacidade, considerado crime... Ele pode se complicar bastante se fizer isso.”

“Isso se alguém descobrir...” Josh falou.

“Como assim?” Brian perguntou para ele.

“Acha que consegue acessar essas informações sem que eles descubram?” Josh se referiu a Black.

“Tenho certeza que sim.” Black concordou.

“Podemos dar um jeito de te dar impunidade se vier a acontecer de eles descobrirem a invasão nos sistemas.” Laila falou triunfante.

“Meu Deus Laila... Vocês são da máfia ou algo do tipo?” Disse incrédula.

“Quase isso.” Ela sorriu.

“Então eu tenho carta-branca pra brincar de invadir o sistema de uma empresa privada e coletar informações de com quem eles tem se comunicado no último mês?” Black falou. “Só quero confirmar!” Ele levantou as mãos.

“Tem carta-branca.” Josh concordou. “Agora vamos focar no presente, como vocês devem agir nesse momento.”

“Eu acredito que uma coletiva seria o mais viável.” Matt sugeriu.

“Não vai complicar mais a situação se eles falarem em público?” Brian perguntou.

“Na verdade não, é uma boa idéia.” Laila concordou com Matthew. “Já ouviram a expressão ‘Quem não deve, não teme?’” Todos nós assentimos.

“Ficar, de certa forma, se escondendo dos flashs e dos repórteres, pode ser a assinatura de uma carta de confissão.” Josh disse.

“Então posso convocar a impressa?” Matt perguntou para mim e para Richard. Nós dois nos olhamos e concordamos um com o outro.

“Pode convocar.” Richard disse.

“Por mim tudo bem.” Disse. “Vai ser uma ótima oportunidade de nos defendermos disso tudo.”

“Vou ajeitar tudo para agora, antes do horário de almoço.” Matt falou. “Vem comigo Brian, preciso que você mande preparem o auditório enquanto acerto os detalhes com a Emily.”

“Claro, vamos!” Brian se levantou junto com Matthew e os dois saíram.

“Eu preciso ir cometer uns crimes.” Black se levantou e saiu também.

“Vocês dois vão ficar?” Perguntei para Laila e Josh.

“Vamos ficar sim.” Laila falou.

“Até o último repórter ir embora.” Josh concluiu.

“Agora é só esperar...” Richard disse.

“É... Só esperar.” Concordei e ficamos na sala ainda por alguns minutos.

Subimos para o andar do meu escritório, retoquei a maquiagem e arrumei meu cabelo. Quase uma hora depois, já estava tudo pronto para Richard e eu. Os reportes já estavam no auditório e nós descemos para o andar onde ele ficava, parando de frente para a porta fechada que continha dois seguranças de cada lado.

“Está pronta pra isso?” Richard disse mantendo seu olhar na porta.

“Claro que estou.” Dei de ombros. “Já fiz isso mil vezes.”

“Tem consciência de vão nos comer vivos lá dentro?” Ele me olhou, mas não virei o rosto para ele.

“Tenho.” Suspirei. “Mas eu sei que se for comida viva, você também vai. É reconfortante, pelo menos.”

“Não esqueça que quando nós colocarmos o pé dentro desse auditório, você se refere a mim como o melhor pai do mundo.” Richard voltou a olhar para frente e disse sério.

“E você não esqueça que eu sou a luz dos seus olhos e a sua filha amada.”

“Vai dar tudo certo, sou bom em enganar as pessoas. Você também não é das piores, aperfeiçoou isso com o tempo.”

“Uma das maravilhosas qualidades que herdei de você.” Falei ironicamente.

“Tudo pronto.” Matthew falou se aproximando de nós. “Quando quiserem entrar, a segurança já autorizou.”

“Eu devo sorrir ou devo usar o olhar intimidador?” Perguntei para Richard.

“Entramos sorrindo, depois intimidamos.” Ele falou e segurou a maçaneta da porta a abrindo.

“Hora do show!” Disse e entramos.

A coletiva levou quase 3hrs para acabar. Muitos questionamentos foram levantados, muitas perguntas e muitas acusações. Laila, Josh, Matt e Brian acompanharam tudo de dentro do auditório. Em um determinado ponto, quando acreditávamos que já tínhamos conseguido os convencer de que não tínhamos feito nada daquilo que estavam falando, nos questionaram se havia alguma ligação entre esse noticia e os acontecimentos anteriores envolvendo nossa empresa. Ótimo, já é de conhecimento público que temos alguém por ai tentando queimar nosso filme. Nos perguntaram se tínhamos conhecimento sobre algum inimigo, ou alguém que quisesse nos prejudicar.

“Seja dono de uma multinacional mundialmente famosa e você vai ver que as pessoas estão mais interessadas em ser nossos amigos do que inimigos.” Richard respondeu com desdém.

“Existe alguma ligação entre todos os acontecimentos envolvendo os Trammers com o acidente da senhorita?” Uma mulher loira perguntou para mim.

“Você já se respondeu. Foi um acidente, apenas isso.” Dei de ombros. “São vocês que insistem em ver algo que não existe... O que aconteceu conosco nos últimos meses não são eventos interligados. Os vandalismos são a realidade da nossa cidade, a violência está em alta, não fomos os primeiros a ter uma loja invadida por vândalos e não seremos os últimos, com toda certeza. As falsas fotos publicadas em meu nome, puro sensacionalismo. Sites de fofoca que precisam inventar uma história pra conseguir acesso e com isso, seus míseros trocados.” Terminei de falar e sorri docemente. “Estamos no topo e isso incomoda.”

“Vocês sempre apareçam publicamente apoiando um ao outro, existiu alguma desconfiança entre vocês nesse caso?” Um rapaz perguntou.

“Nós sempre nos apoiaremos.” Richard começou a responder e eu me segurei para tentar não gargalhar da mentira que estava por vir. “Como sabem, somos uma família bastante tradicional, que preserva os bons costumes. Minha filha sabe que terá meu apoio incondicional em tudo que precisar e ela me apoia da mesma maneira.” Ele deu a mão para mim e a segurei sorrindo. “Isso acontece quando se tem confiança e por isso eu a escolhi presidente da nossa organização, por que confio em minha filha cegamente e vamos passar por mais essa dificuldade como sempre estivemos, juntos!” Ele terminou e todos começaram a aplaudir. Richard me deu um beijo na testa e nos levantamos encerrando a coletiva.

Saímos do auditório pela porta dos fundos e entramos em uma sala próxima.

“Vocês mereciam o Oscar...” Brian disse rindo.

“O que seria do mundo se não houvessem as mentiras?” Richard falou.

“Acho que seria um mundo melhor...” Disse sentando na mesa.

“Já que gosta da sinceridade...” Richard ficou de frente para mim. “Esse seu perfume quase cegou meus olhos, não o use mais quando eu estiver por perto.”

“E você podia ao menos usar um perfume, não é? Está cheirando a gente velha... Mas é seu odor natural, eu compreendo.”

“E voltamos a nossa programação normal.” Matt disse rindo. “A coletiva foi muito boa, acho que conseguiram convencer bem.”

“Josh e eu vamos para nosso escritório agora.” Laila falou. “Vamos acompanhar o resultado dessa entrevista, mas concordo com Matthew. Vocês foram ótimos, o momento pai e filha do final... Foi o que os ganhou, com certeza.”

“Eles adoram uma demonstração de afeto, só Deus sabe por quê...” Revirei os olhos.

“Eu já vou também.” Richard disse. “Já salvei sua pele, de novo, pra variar.” Ele disse olhando para mim.

“Acho que fui eu quem salvou sua pele...” Falei.

“Os dois se ajudaram, ponto final.” Brian falou interrompendo uma futura discussão.

“Isso significa fim da trégua, Sophie.” Meu pai falou.

“Com certeza, Richard.” Concordei e ele saiu da sala indo embora.

“Então vamos indo também...” Josh disse. “Vamos ligar quando soubermos de algo. Black vai nos avisar quando tiver alguma pista.”

“Certo e agradeço por tudo.” Falei educadamente.

Josh e Laila também saíram e ficamos apenas Brian, Matt e eu na sala.

“Eu estou, oficialmente, morta de cansada.” Falei.

“O dia foi bem cheio mesmo.” Brian sentou na mesa também, ao meu lado.

“Tem notícias do Luke?” Matthew perguntou.

“Ele ficou de me ligar quando pousasse... Acho que já deve ter chegado, mas o celular está lá na minha sala. Quando eu tiver notícias eu aviso vocês dois.” Disse. “Agora eu vou para a santa paz do meu apartamento...” Desci da mesa, me apoiando em Brian. “Vou comer e tentar dormir um pouco. Vocês vão ficar?”

“Eu vou.” Matthew disse.

“Eu fico aqui com o Matthew.” Brian falou. “Vá descansar, você merece.” Ele beijou meu rosto.

“Mas qualquer coisa vocês me ligam e eu volto correndo. Quero dizer, não correndo... Me arrastando. Mas eu volto.” Disse rindo e eles riram também.

“Eu aviso sim, pode ficar despreocupada.” Matt disse e me deu um abraço.

“A gente vai se falando então.” Me despedi deles e subi para buscar minha bolsa.

Chamei o motorista e ele me levou para casa. Quando entrei, Ethan estava no sofá assistindo um filme.

“Lar doce lar!” Disse de forma dramática e ele sorriu.

“Eu vi a coletiva... Você e Richard são ótimos atores!” Ele disse com diversão.

“Eu sei, Brian disse que merecíamos o Oscar.” Sentei no sofá ao seu lado.

“E o Oscar de falsidade do ano vai para...” Ethan falou com uma voz grossa.

“Sophie e Richard Trammer!” Falei rindo. “O que está assistindo?” Voltei minha atenção para a televisão.

“O filho do Chuck.”

“Credo... Muda isso!”

“Só por que você é medrosa...” Ele pegou o controle e mudou de canal.

“Mas admito que sou medrosa, pelo menos...”

“Está com fome?”

“Morrendo de fome.” Falei. “Tem alguma coisa pra comer?”

“Eu pedi comida, já deve estar chegando.”

“Ainda bem... Estou exausta. Só quero comer e dormir a tarde toda.”

“Nós fomos convidados para um jantar.” Ethan falou abaixando o volume da televisão.

“Fomos?” Perguntei confusa.

“Sim. A minha equipe da unidade vai sair pra comer hoje e convidou nós dois.”

“Ah... Não pode ir só você? Eu estou um caco de cansada, queria ficar em casa hoje.”

“Não foi você que estava reclamando poucos dias atrás que a gente não saía mais?”

“É, mas que parte de ‘Eu estou exausta’ você não entendeu?”

“Faz um esforcinho... Você vai gostar de conhecer eles!”

“Sério Ethan? Logo hoje, depois de toda essa confusão...” Falei impaciente.

“Você come e vai dormir, quando acordar vai estar bem melhor, você vai ver.”

“Tá bom...” Disse derrotada. “Se eu acordar melhor, eu vou.” Levantei indo para a cozinha.

“Essa é minha garota!” Ele falou animado.

Jantar com os amigos do Ethan? Isso não ia prestar...


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