Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 62
Se não fosse amor - Cap. 19: A crise dos 7 - meses - anos.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas!
Mais um capítulo e UFA, to postando em tempo recorde heim? haha
Beijãooo!



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1 mês depois.

POV Sophie Trammer.

Acordei com Ethan beijando minhas costas, abri os olhos e o sol já invadia o quarto pela janela.

“Amo acordar com você.” Ele falou me abraçando.

“Isso aconteceria com maior freqüência se você dormisse mais vezes em casa.” Virei-me ficando de frente para ele.

Essa era a nossa realidade agora, Ethan quase nunca estava em casa e quando estava, passava a maior parte do tempo dormindo de cansado. Não estava sendo nenhum pouco fácil ou divertido, mas nós estávamos tentando fazer dar certo, isso ninguém poderia negar. Eu não tinha tido mais notícias da Lindsay Demônia, Matt não me falou nada sobre ela e eu também não perguntei. Ele aos poucos conseguiu se recuperar sobre a perda do bebê e agora estava bem, sempre almoçávamos juntos, ás vezes Kenny e Luke iam comer com a gente, eu perguntei para Ken se incomodava a ele que nós comecemos juntos, por que afinal, Ethan era seu irmão, mas ele apenas disse que entendia o tipo de relação que eu tinha com o Matthew, antes de qualquer coisa e acima dos problemas que tínhamos tido, éramos amigos e era a minha vida, eu deveria saber as pessoas de quem deveria me manter próxima e as pessoas que eu deveria me afastar.

“Mas eu estou aqui agora, de folga o dia todo...” Ethan apoiou a cabeça em seu braço sorrindo.

“Sim e só levaram quase três semanas para essa folga.”

“Sophie...” Ele disse usando o tom de: Já conversamos sobre isso.

“Já sei o que vai dizer, poupe saliva.” Coloquei os braços ao redor do seu pescoço. “Pelo menos você está aqui hoje.” Ele sorriu e começou a beijar meu pescoço. Olhei por cima dele, para o relógio da mesa. “Droga, vou me atrasar!” O empurrei e sentei na cama, colocando a minha bota.

Sim, eu já tinha autorização para tirá-la. O meu último raio-x foi bem animador, tudo estava correndo como o planejado, eu só usava a bota no dia-a-dia, quando tinha que andar para lá e para cá, por que com ela eu conseguia andar sem muleta, mas sem ela não era possível ainda. Então quando ia sair para trabalhar, eu a colocava, mas tirava quando ia dormir e era libertador voltar a ver minha perna sem aquele troço.

“Se atrasar para quê?” Ethan permaneceu deitado me observando.

“A Mabel já deve estar chegando.” Terminei de por minha bota e fiquei de pé. “E depois tenho que me arrumar para o trabalho.”

“Trabalho, Sophie?” Ele franziu a testa.

“Sim, Ethan. Eu trabalho você esqueceu?” Sorri e me abaixei o beijando rapidamente e fui para meu closet, trocar de roupa.

“Você podia fazer a gentileza de tirar o dia de folga hoje, não é?” Olhei para o lado e o vi parado, encostado na porta.

“É que vamos abrir uma nova loja hoje.” Voltei minha atenção para meu closet. Tirei a camisola e coloquei uma blusa regata preta.

“E você tem que ir?”

“Vou refazer a frase...” Virei de frente para ele. “Vamos abrir uma nova loja minha hoje.” Enfatizei o ‘minha’. “Responde sua pergunta?” Sentei em uma das prateleiras para conseguir vestir meus shorts de academia.

“Sophie, você abre lojas mais rápido do que troca de roupa.” Ele entrou em meu closet parando de frente para mim, com os braços cruzados e eu o olhei impaciente.

“O que está querendo, exatamente?”

“Quero que não vá trabalhar e fique em casa comigo hoje, exatamente isso.”

“Mas...” Bufei. “Eu queria ir, trabalhei muito nessa loja! É o meu primeiro projeto desde que eu saí do hospital, é importante para mim!”

“Eu sei que é importante.” Ele se abaixou. “Mas é importante a gente aproveitar o tempo que temos para ficar juntos.”

“Teríamos mais tempo juntos se você não tivesse aceitado esse trabalho...” Levantei uma sobrancelha e ele se afastou um pouco.

“E você não perde a oportunidade de passar isso na minha cara.”

“Eu não estou passando na cara, eu só não entendo por que você não pode tirar folga quando eu quero que tire, mas eu tenho que faltar ao trabalho quando você quer.”

“Por que eu não sou dono de onde eu trabalho, eu cumpro horários, tenho um emprego de verdade!” Ele disse exaltado.

“Então você acha que eu não tenho um emprego de verdade?” Desci da prateleira o olhando incrédula com o que tinha ouvido.

“Não foi isso que eu quis dizer...” Ele passou a mão na cabeça.

“Mas foi o que você disse.”

“Eu só quis dizer que você tem um horário mais flexível que o meu, você mesma disse isso para mim outro dia, que pode trabalhar de casa quando quiser!”

“Não quando tem algum evento Ethan, não posso comparecer via Skype em uma inauguração.”

“Pra isso você tem aquele outro trabalhando pra você, pra ir aos lugares que você não quer ir.”

“Mas eu quero ir, esse é o ponto da coisa.”

“O único motivo pra você ir é só pra ter esse gosto de fazer o que eu não quero que faça. Não é assim com você o tempo todo? Só você quer falar, só você pode ter razão... É sempre assim!” Ele gritou.

“Ethan, você sequer pediu decentemente pra que eu não fosse, você já foi querendo me dar ordens me impondo uma vontade sua. Não é assim que as coisas funcionam! Eu tenho tentado ser compreensiva sobre o fato de você passar o dia atirando em coisas e mexendo com bombas e só Deus sabe mais o quê, por que não pode ser compreensivo comigo também?”

“Por que você está sendo egoísta!”

“Você que está sendo egoísta!” Falei com raiva e ele saiu andando para fora do closet.

“Quer saber? Faz o que quiser!” Ele disse com desdém. “Aproveita e se arruma bastante pra ficar bem bonita pro Matthew, já que é o único motivo pra você querer ir tanto nessa merda de loja!” Ele bateu a porta do closet com força. Aonde você pensa que vai rapazinho? A discussão só acaba, quando eu disser que acabou.

Saí do closet, voltando para o quarto. Ele estava deitado na cama, com a televisão ligada, andei ficando bem de frente na televisão, impedindo que ele a assistisse.

“Não vai dizer mais nada? Já cansou de falar besteira então?” Disse irônica.

“Não é besteira e você sabe!”

“O que eu sei, é que acho que você que está afim do Matthew, já que toda conversa que temos sempre acaba no mesmo assunto!”

“Será que é por que ele tem jantado aqui quase todos os dias?” Ele falou com sarcasmo.

“Ethan, pela última vez, ele não vem jantar aqui sozinho comigo. Vem ele, Brian, Luke e Kenny, que inclusive é seu próprio irmão!”

“Por favor...” Ele me olhou cético. “Todo mundo sabe que é questão de tempo até você enfeitar minha cabeça com esse cara.” O olhei chocada. “Nem sei por que ainda estou aqui, quando é óbvio que você não quer que eu esteja.”

“Você tá me ofendendo, Ethan. Eu jamais fiz ou faria alguma coisa que te faltasse com o respeito, você está sendo injusto. Tenho te pedido há semanas pra tentar conseguir alguma folga pra fazermos alguma coisa e eu não quero você aqui? Tem certeza? Eu posso até ser egoísta, mas não sou a única daqui.” Andei em direção a porta e o senti atrás de mim, me abraçando.

“Desculpa, mil desculpas!” Ele beijou meu ombro. “Eu sei que jamais iria fazer algo pra me machucar, só estou cansado e mal humorado, por que sinto sua falta.”

“Eu sinto sua falta também.” Suspirei e virei para ele. “Nunca estamos juntos e quando estamos, a gente briga direto, não éramos assim, não quero ficar brigando o tempo todo com você!”

“Eu também não quero ficar brigando, odeio brigar com você.” Ele me abraçou e depois beijou minha testa. “Desculpa, está bem?”

“Está bem e me desculpa também. Você tem razão, é só uma inauguração de loja, vão ter muitas ainda, eu posso faltar uma vez.”

“Não, é importante pra você não é? Então tudo bem, você está certa em ir.”

“Tem alguém importante pra mim aqui em casa hoje.” Sorri. “Eu vou ligar para a Emily, eu digo que não vou poder ir e nós vamos aproveitar o nosso dia. Combinado?”

“Combinado!” Ele riu. “Olha só para nós dois...” Ethan colocou as mãos em minha cintura. “Aprendendo a ceder, se desculpando...”

“Sim, estamos ficando grandinhos!” Disse rindo. “O que me faz lembrar que você não me deu um beijo decente sequer desde que acordou.”

“Não seja por isso...” Ele colocou as mãos em meu rosto e me beijou.

Ouvi a campainha tocando e afastei-me um pouco de Ethan.

“Deve ser a Mabel...”

“Tudo bem. Vou tomar banho e já vou para a sala.” Assenti e ele me deu um beijo no rosto.

Saí do quarto e Luke estava abrindo a porta para Mabel, com Baby do lado.

“Bom dia!” Disse sorrindo, dando um beijo em Luke e cumprimentando Mabel. “Drew não vem?”

“Bom dia!” Mabel entrou. “Não vai poder, estamos com muitos pacientes no hospital. Vários acidentes com motocicletas.”

“Eu tinha uma moto, até que me obrigaram a me desfazer dela.” Luke me olhou, me acusando.

“Odeio motos...” Dei de ombros e fiquei fazendo carinho em Baby.

“Não são os meios de transporte mais seguros, realmente.” Mabel riu. “Vamos começar?”

“Vamos!” Disse animada.

Luke voltou para o seu quarto, levando Baby, enquanto Mabel e eu fazíamos a minha rotina de exercícios. Estava deitada no chão enquanto ela alongava minha perna, sem a bota.

“Olha...” Ela começou a falar e eu me mantive concentrada no que estávamos fazendo. Minha meta era conseguir esticar toda a perna, mas ainda não tinha conseguido. “Qual é a do Brian?”

“Brian?” Repeti confusa. “Que Brian?” Mabel me olhou como se eu tivesse dito algo estúpido. “Ah... Ah ta, meu irmão Brian...” Se ela estava perguntando sobre ele, só tinha um motivo. “Honestamente Mabel, Brian é o típico galinha sem vergonha que não vai querer nada sério com você e só vai te dar dor de cabeça.”

“Mas e se eu não quiser nada sério com ele também?” Ela me olhou sem graça e eu abaixei a perna me sentando.

“Vocês tem se falado? Como?” Disse sem entender pra onde essa conversa estava indo.

“Ele conseguiu meu número mexendo no seu celular.” Ela sorriu, com aquele sorriso de quem está caidinha por alguém. “E a gente tem conversado e eu vi que ele não é assim tão ruim... Mas eu quero que você saiba que não fizemos nada, eu não quis aceitar sair com ele antes de vir falar com você e saber se está tudo bem.”

“Bom... Isso foi... Surpreendente, devo admitir.” Falei chocada. Já tinha visto Brian dar em cima dela mil vezes e ela sempre se esquivar, agora ela praticamente me pede autorização para sair com ele... Isso era muito confuso. “Mas vocês dois são adultos, se vocês querem sair, se conhecer melhor ou sei lá mais o quê, apenas vão e façam.” Esbocei um sorriso. “Só me promete, pelo amor de Deus, que quando ele aprontar alguma coisa, por que ele vai, você não vai pedir demissão. Eu não me dou bem com todo mundo e você foi uma exceção.”

“Eu prometo.” Ela riu. “E obrigada.”

“O prazer é meu.” Voltei a deitar e continuamos de onde paramos.

Quando terminamos, Mabel, Ethan e eu ficamos conversando sobre uma possível cirurgia, ela explicou que tudo iria depender de como eu iria reagir aos medicamentos e a fisioterapia, mas que eu estava indo bem e que não deveria me preocupar com isso agora. Após ela ir embora, liguei para Emily e disse que não poderia ir à inauguração por que não estava me sentindo muito disposta, mas que não era nada sério, apenas não queria abusar, ela me falou que iria avisar ao Matthew e que ele iria entender, com certeza.

Já era de tarde, Luke tinha ido para a academia com Kenny, por que eles queriam ficar sexys e gostosos para o casamento, eu estava na cama lendo alguns e-mails e Ethan, para variar, estava dormindo, aliás, passou o dia dormindo... Mas como ele parecia muito cansado ultimamente, resolvi não ser uma pessoa tão ruim e deixá-lo dormir a vontade. Uma hora ele vai ter que acordar... Estava com uma mão no mouse pad e com a outra, alisando a barriga de Baby. Meu celular começou a vibrar, era Matthew ligando, eu levantei indo atender e levando Baby para fora do quarto para não incomodar a bela adormecida.

“Oi Matt!”

“Hei! Só pra saber se está tudo bem com você, queria ter ligado mais cedo, mas foi uma correria daquelas.”

“Eu imagino... Está tudo bem sim, só pegamos pesado na fisioterapia hoje, não ia agüentar ficar em pé me fingindo de boa moça educada recepcionando todo mundo.” Falei e ele riu. “Mas correu tudo bem?”

“Sim, foi tudo ótimo... Muitas peças vendidas e muito dinheiro pro seu bolso.”

“Ah que maravilha...” Suspirei dramatizando.

“Richard veio para a inauguração, achei que ia gostar de saber.”

“Sério? Ele nunca compareceu a nenhuma...”

“Pois é, mas deu várias entrevistas falando como está se dedicando na sua recuperação e como vocês têm passado ótimos momentos juntos.”

“Filho da mãe...” Resmunguei.

“Olha a boca!” Ele me repreendeu, como sempre.

“Eu sei, eu sei.” Disse impaciente. “Mas não preciso fazer a linha ‘mulher fina’ com você.”

“Nunca nem tentou ser fina comigo, ia ser novidade se começasse agora...” Ele disse com diversão.

“Que calúnia Davis!” Disse incrédula. “Eu sou uma verdadeira dama com você!”

“Você come mais que eu na maioria das vezes, grita mais que eu, arrota mais alto que eu...”

“Por que você come, grita e arrota igual mulherzinha.”

“Isso sim é uma calúnia Trammer! Eu sou um rapaz educado, é diferente.”

“Educado? Matthew, você comeu 16 pedaços de pizza quando a gente inventou de almoçar naquele rodízio!”

“Seria falta de educação deixar sobrar comida, só por isso eu comi...” Ele disse indignado e eu comecei a rir. “Mas falando em comida, sabe aquele restaurante oriental que a gente adora, mas morre de preguiça de ir por que é longe?”

“Aquele com o frango agridoce mais perfeito do mundo?”

“Esse mesmo. Abriu no fim de semana um que fica há umas cinco quadras do prédio.”

“Não acredito! Como a gente não sabia disso?”

“Na verdade mandaram um convite pra gente ir, mas a gente nunca abre as correspondências...”

“Odeio abrir correspondência...” Disse pensativa. “Então a gente vai comer lá amanhã né?”

“Com toda certeza. Chama o Kenny e Luke pra comer com a gente.”

“Vou chamar, espero que aceitem. Eles estão em uma dieta pré-casamento, você precisa ver... Parece comida de passarinho.”

“Quem diria que já é nesse fim de semana... Passou voando.”

“Passou mesmo. Meu bebê vai casar!” Disse de forma dramática. Olhei para o lado e vi Baby com seu ritual de ficar correndo atrás do próprio rabo. “Ow gênio, eu já disse que vai doer se você morder a porra desse rabo!” Gritei, ele parou de correr e sentou me olhando e inclinando a cabeça.

“Isso é você brigando com o Baby?”

“Ele não é normal! Passa o dia correndo atrás desse rabo enorme, depois morde, chora e volta a ficar rodando atrás de morder de novo. Você devia ter feito algum exame nele pra saber se ele tem algum tipo de problema mental.”

“Ele mora com você, já é motivo suficiente pra não ser normal.”

“Você tá muito engraçado esses dias, quase não consigo para de rir.” Falei ironicamente.

“Estou de bom humor, me processe por isso!” Ele riu. “Preciso desligar, alguém aqui precisa trabalhar.”

“Isso mesmo, faça raiva a pessoa que paga seu salário, está indo no caminho certo...”

“Não comece com as ameaças! Até amanhã, Sophie.”

“Até Matthew!” Desliguei e chamei Baby para mim.

Ele apoiou as patinhas na minha perna e eu fiquei lhe fazendo carinho. Quando levantei e voltei para o quarto, Ethan estava acordado.

“Até que enfim!” Falei me jogando na cama e ele me puxou para mais perto.

“Nem dormi tanto assim...”

“Quase nada, só o dia todo.” Disse rindo.

“Acho que eu estava com sono atrasado...” Ele sorriu sem graça.

“Não tem problema.” Beijei seu nariz. “Mas é bom que você tenha dormido e descansado bastante.”

“Ah é? E por quê?”

“Por que você vai me levar para jantar fora.”

“Eu vou? Não estava sabendo disso!”

“Mas agora você está sabendo.”

“Eu tenho uma proposta melhor...” Franzi a testa e o ouvi atentamente. “E se a gente jantasse em casa? Eu ligo e peço uma pizza.”

“Uma pizza?” Repeti desanimada. “Mas eu queria sair, ir ver um filme, comer em um lugar bem romântico, só nós dois... Muito mais legal, não é?”

“Filme a gente pode ver aqui, podemos comer no quarto, só nós dois... Quer mais romântico que isso?”

“Não é nada romântico, Ethan.” Sentei na cama. “É exatamente a mesma coisa que fizemos na última vez que você tirou folga.”

“Eu sei amor, mas eu passo tanto tempo fora de casa que quando tenho oportunidade quero passar o dia aqui, com você.”

“Comigo? Mas você passou o dia dormindo.”

“Mas você estava do meu lado!” Ele disse cinicamente e eu o olhei feio. “Olha, eu vou passar o resto da semana servindo, mas na próxima vão me dar a semana toda de folga, ai a gente faz alguma coisa que você queira. Vamos no cinema, jantar, almoçar e todas essas besteiras de casal, está certo?” Besteiras de casal?

“Certo.” Esbocei um sorriso. E foi pra isso que eu faltei o trabalho? Pra ficar vendo essa sua bunda preguiçosa imóvel na minha cama? “Vou ligar para a pizzaria...” Levantei para buscar meu celular na sala.

“Essa é minha menina.” Ele me deu um selinho e ligou a televisão, disponibilizando toda sua atenção para ela.

Fiquei me perguntando em que ponto deixamos o romantismo pular pela janela. Ethan e eu estávamos namorando há apenas alguns meses e já tinha chegado nesse ponto em que ele só passava o dia de pijama, deitado na cama, vendo televisão ou dormindo e que tinha preguiça até de pensar em nós dois saindo. Eu não queria que fossemos o típico casal acomodado, queria que tentássemos, pelo menos, manter a chama acessa... Mas o problema era tentar sozinha. Então essa tinha sido a nossa noite muito animada e romântica. Comemos pizza com Luke e Kenny, tomamos banho juntos e transamos no banheiro, exatamente como na última vez e ficamos assistindo televisão até cair no sono.

Ouvi um barulho e acordei assustada, o relógio marcava 5:10min da manhã. A luz do banheiro estava acessa, sentei na cama, piscando algumas vezes até conseguir enxergar direito. Ethan saiu do banheiro, já usando a farda camuflada.

“Te acordei?” Ele disse sentando ao meu lado, colocando as botas pretas. “O que houve?” Ele me olhou preocupado.

“Não gosto de você nessa roupa.”

“Não devia sentir tesão pelo seu homem de farda?” Ele disse rindo, mas eu permaneci séria.

“Não me dá tesão algum, me dá uma dor no coração isso sim.” Falei e ele me puxou para o seu colo. “Se eu te pedisse, por favor, por nós dois, não vai... Você ficaria?” Disse sentindo um nó formando na minha garganta.

“Eu tenho que ir.” Ele alisou meu rosto. “Mas próxima semana sou todo seu, eu juro.”

“Preferia quando todas as suas semanas eram minhas.” Falei rispidamente.

“Olha pelo lado bom, é gostoso sentir saudade.”

“Não é gostoso, é torturante.”

“Sophie já tá na minha hora, a unidade é longe e se não for agora vou me atrasar.” Ele disse e eu saí de cima dele, voltando a deitar. “Eu te aviso quando chegar lá.” Apenas assenti e ele me beijou rapidamente. “Eu te amo.” Assenti novamente.

Ele pegou suas coisas e saiu, indo embora. Babaca. Eu sabia que não adiantava tentar, eu não ia mais conseguir dormir. Peguei meu computador para tentar fazer o tempo passar, coloquei meus óculos, o chat da empresa fez o login automaticamente e ao lado do nome Matthew Davis, estava escrito Online. Cliquei duas vezes abrindo a janelinha. Deve ter dormido e esqueceu o chat aberto...

Sophie Trammer: Acho que alguém caiu no sono com o computador ligado.

Enviei para ele e quando ia apertar para fechar a janela, ela piscou.

Matthew Davis: Não, o alguém apenas ficou sem sono. Qual sua desculpa?

Sophie Trammer: Perdi o sono também... Eu deveria estar indo correr, mas sou uma semi-aleijada, como você mesmo me classificou.

Matthew Davis: Realmente não é seguro para semi-aleijadas saírem a essa hora para correr.

Ri da sua resposta. Levantei e fui até a cozinha, peguei as várias amostras de bolo, um garfo e voltei para a cama. Na tela do computador havia uma solicitação de Matt para ligar a webcam, eu aceitei e coloquei os fones de ouvido. Quando a imagem apareceu, ele estava deitado, de camiseta branca e com um controle na mão.

“Isso tudo é vontade de ver minha linda cara a essa hora?” Disse e ele começou a rir.

“Não, isso é preguiça de digitar mesmo.” Sorri e dei uma garfada em um dos bolos. “O que você tá comendo?”

“Mandaram uns 50 tipos de bolos diferentes para os rapazes escolherem o do casamento.” Dei outra garfada. “Nossa senhora... Esse é muito bom.” Levantei a embalagem para saber do que era.

“Custa nada levar uns pra mim né?”

“Os que eu não gostar, eu levo mais tarde pra você.”

“Hahaha... Não teve graça.” Ele voltou a olhar para a televisão mudando os canais. “Nossa, olha o filme que tá passando...”

“Qual filme?”

“Dirty Dancing.”

“Qual canal? Eu amo esse filme!” Peguei o controle da televisão e a liguei.

“No 71. Minha mãe me obrigou a ver esse filme com ela o que me fez querer aprender a dançar. Obviamente eu não tenho muita vocação para isso.”

“Ah você não dança ruim... Não é nenhum Patrick Swayze, mas dá pro gasto.” Disse rindo e coloquei no canal do filme.

Para minha sorte, não tinha começado a muito tempo, Matt e eu ficamos debatendo sobre ele até que o dia já estava clareando e chegou na parte da tão esperada dança final.

“Isso sim que é homem gostoso viu.” Disse me referindo ao Patrick Swayze. “O resto é brincadeira...”

“Eu sou mais gostoso que ele.” Matt disse se fazendo de ofendido.

“Não é mesmo. Pegava ele fácil.”

“Naquele tempo não tinha chapinha?” Ele falou se referindo ao cabelo da Jennifer Grey e eu gargalhei.

“Acho que não tinha. E não são todas que tem a sorte de nascer com um cabelo bom.” Joguei meu cabelo para o lado e ele começou a rir.

“Mas ela é jeitosinha...” Ele falou com a mão no queixo.

“Pegaria ela?”

“Eu pegava.”

“É...” Falei pensativa. “Se eu fosse homem, eu pegaria ela também. Você pegaria o Patrick se fosse mulher?” Comecei a beber o café que tinha acabado de fazer.

“Querida...” Ele disse afinando a voz. “Eu dava com gosto e trataria de engravidar de primeira deste bofe.” Eu engasguei com o café e comecei a rir histericamente da imitação de gay que o Matthew havia feito. “Olha como tá linda... Toda babada de café!” Ele falou debochando de mim. “Isso as revistas não mostram né? Eu devia tirar um print desse momento e vender pra algum site...”

“Nem ouse fazer isso!” Falei ainda rindo. “Você imita gay muito bem, tem vocação pro negócio viu. Se nada der certo, você vira viado.”

“Totalmente, partiu virar viado.”

O refrão de Time of my life começou a tocar e eu tive que cantar junto.

“No I've never felt this way before. Yes I swear it's the truth…” Cantei, ou melhor gritei junto.

“Pelo amor de Deus... Meus ouvidos tão sangrando, cala a boca!” Matthew disse fazendo uma careta.

“Eu tô sentindo a música Matt, tá vindo de dentro sabe?”

“Não é a música que você tá sentindo, é dor de barriga do tanto de bolo que você comeu.”

“Isso é inveja dos meus dons artísticos... Da minha voz super afinada.” Falei me fingindo de séria.

“Mas com certeza... Uma voz dessa não se acha todo dia, você é um talento nato!” Ele disse irônico. “O papo tá legal, o filme foi ótimo, você é uma companhia maravilhosa, mas eu vou me arrumar pra trabalhar.”

“É e eu tenho que limpar essa mancha de café...” Olhei para minha blusa, meu celular começou a tocar e era Ethan. “Caso a gente não se veja, bom dia, boa tarde e boa noite.”

“O show de Truman!” Matt disse sorrindo. “Adoro esse filme.”

“Eu também.” Sorri. “Até já já.”

“Até já.” Desliguei a webcam e atendi Ethan.

Ele avisou que chegou bem e que quando pudesse, me ligaria mais tarde. Apenas concordei e desejei um bom dia. Apoiei o queixo na mão, pensativa. Será que a crise dos 7 anos tinha chegado, antes de sequer fazermos 7 meses?


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