Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 13
O mistério do sutiã.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde lindaaas. Espero que gostem, obrigada pelos comentários!
AGRADECIMENTO ESPECIAL À LEITORA, MELYSSA, PELA SUGESTÃO MAIS QUE ESPECIAL PARA NOME DO CAPÍTULO!



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Acordei com a luz do sol em meu rosto. Então me dei conta de onde estava. Eu tinha um lençol, chamado Matthew, ao redor de mim. Sorri da situação, tinha uma perna em cima do meu corpo e o braço em volta da minha cintura. Ele dormia calmamente e era mais lindo ainda com essa expressão tranqüila em seu rosto. Olhei para o relógio no criado mudo, ao lado da cama, eram nada menos que 8h30min. Puta merda! Meu compromisso é ás 9hrs! E agora? Pensei em acordá-lo, mas ele estava dormindo tão gostoso que me deu dó interromper seu sono. Tentei sair o mais delicadamente possível da cama, Matthew resmungou alguma coisa que eu não tinha nem tempo de tentar entender, depois de muito sofrimento, consegui levantar sem acordar ele. Dei uma última olhada nele, que se mexeu e agarrou o travesseiro como se fosse meu corpo e sorri. Beijei seu cabelo.

“Mais tarde a gente se fala bonitão!” Sussurrei.

Sai correndo pra porta e me dei conta de que estava usando só sua cueca e sua camisa. Voltei de novo correndo para pegar minhas roupas, vesti a calça jeans e assim já estava mais que suficiente. Embolei minhas roupas nas mãos, peguei as minhas sapatilhas e nem parei para calçar, desci descalça mesmo. Corri pelas escadas e não entrei no carro, me joguei dentro. Fui às pressas pra casa, tomei um banho super rápido, meu cabelo não estava apresentável, prendi em um coque, peguei o primeiro vestido que vi, coloquei meus saltos e eram 8h50min. Jesus, tenho dez minutos! Peguei minha bolsa de maquiagem, era o jeito terminar de me ajeitar no carro. Desci as pressas novamente, entrei no carro e sai dirigindo feito uma louca mesmo. Tenho certeza que pelo menos umas três multas iriam chegar só por causa de hoje. A cada sinal vermelho eu passava algo da maquiagem. Por fim, quando cheguei finalmente, eram 9h40min. Entrei no salão correndo, aonde Richard já me esperava com uma cara nada amigável.

“Você...” Ele começou a falar com uma voz de raiva.

“Eu sei, eu sei!” O interrompi impaciente. “Atrasada!” Passei por ele e fui sentar na mesa reservada para nós.

Esses eventos eram muito chatos, mas necessários pra manter uma boa reputação no meio dos negócios. Eu estava simplesmente morrendo de fome, não tinha comido nada ainda e só iam servir o almoço ao meio dia. Argh... Que fome! Quase duas horas depois de falação chata e entediante, lembrei de Luke. Será que ele tinha chegado bem? Preciso comprar um celular assim que sair daqui, não posso esquecer disso, preciso entrar em contato com ele urgente. E Matthew? Será que ele já acordou? Preciso focar em outra coisa ou vou ficar louca presa aqui. Finalmente o almoço foi servido, meu pobre estomago não agüentava mais roncar em protesto. Consegui comer e se senti melhor, o mau humor estava passando. O evento acabou 13hrs, sai de lá direto para a empresa. Só ia jogar minhas coisas lá e ia sair pra comprar um celular. Cumprimento Emily, como sempre e entro em minha sala. Quando sento em minha cadeira, respiro fundo e tento por a cabeça no lugar. As últimas 12hrs foram uma loucura. Abri meus olhos e vi uma caixa embrulhada em cima da minha mesa. Peguei ela e rasguei o embrulho, era um Iphone branco, novinho e lindo. Gente... Quem comprou isso? Sai da sala com a caixa na mão e fui até Emily.

“Você que comprou?” Perguntei confusa.

“Não senhorita. O Sr Davis colocou em sua sala um pouco depois de chegar.”

“Ele está aqui? E me comprou um celular?” Falei surpresa. Era muito esquisito pra mim outras pessoas me comprando coisas. Eu só tinha coisas compradas por mim mesma, no máximo recebia algum presente de Luke. Mas, ninguém tinha tido esse trabalho de ir comprar algo pra mim sem que eu mandasse.

“Sim. Chegou a pouco.”

Bati em sua porta e entrei receosa, nem esperei autorização dele pra isso, não sabia o que ele iria falar, não sabia se algo tinha mudado entre nós... E eu esperava desesperadamente que sim. Ele estava sem a gravata rotineira, os dois botões da camisa abertos, as pernas em cima da mesa, uma bolsa de gelo na cabeça e os olhos fechados.

“O que é isso?” Coloquei em sua frente a caixa do aparelho. Ele abriu um olho apenas, olhou para a caixa, depois para mim e fechou de novo.

“É um celular.” Disse calmamente.

“Sim, mas por que você me comprou um celular? Acha que eu não posso comprar um?”

“Eu tenho plena consciência do seu poder aquisitivo. Na verdade com o nosso capital atual, poderíamos comprar uma rede de lojas da Apple.” Ele falou sem se mover.

“Meu capital.” O corrigi.

“Nosso.” Ele se virou pra mim e eu fiz uma cara feia. “Você poderia ser uma menina boazinha só hoje? Só por 24hrs ser tipo a gêmea boa da Sophie?” Ele tirou as pernas da mesa. “Eu estou com uma ressaca dos infernos. Apenas aceite como uma oferta de paz.”

“Oferta de paz?” Ah Matthew, acho que já assinamos uma oferta de paz há algumas horas atrás.

“É.” Ele tirou a bolsa de gelo e começou a passar a mão na cabeça. “Eu fui um grosso com você ontem, falei um monte de merda...”

“É, mas... É que achei que já tinha se desculpado.” Sorri sem graça lembrando de como ele foi gentil comigo ontem. Claro, depois de vomitar em mim e encher meu saco.

“Eu me desculpei?” Ele falou surpreso. “Eu realmente não me lembro. Depois daqui eu sai pra beber, o que foi uma péssima idéia. Acordei em casa e francamente, não faço a mínima idéia de como cheguei lá.”

“V-você não lembra?” Fiquei em choque.

“Absolutamente nada.” Ele colocou o gelo na cabeça de novo. “Devo ter pegue um táxi, meu carro ainda estava no restaurante que eu fui. Aquele mesmo que fomos no meu primeiro dia aqui, lembra?”

“É... Lembro.” Não consegui esconder meu desânimo.

“Mas, enfim. Desculpe de novo e por favor, aceite o celular.” Ele fechou os olhos e eu fiquei lá parada sem saber o que fazer, fiquei olhando para a caixa em cima da mesa. “A propósito, eu falei com Luke mais cedo. Ele chegou bem e vai fazer as fotos amanhã. Eu disse o quão estúpido eu fui com você ontem e ele... Bom... Ele me contou...”

“O que ele contou?” Perguntei nervosa.

“Só que você teve um relacionamento difícil e que foi complicado pra você superar tudo. Enfim, nada demais, só me fez ter certeza do tamanho da minha burrice com você ontem. Eu não deveria julgar você por nada, no geral eu não sei muito sobre sua vida pessoal então...” Ele fez uma careta. “Oh Deus... Minha cabeça...” Ele gemeu de dor.

“Eu vou deixar você descansar um pouco.” Peguei a caixinha e segurei apertado comigo. “Obrigada, pelo presente.” Sorri e sai.

Ele não lembrava de nada. E o que eu faço? Eu conto o que aconteceu, não conto... Não faço idéia do que eu deveria fazer. Voltei pra minha sala, coloquei meu chip no celular e liguei para Luke. Ele me falou que o vôo foi tranquilo, que estava tudo bem com ele e só faltou me esganar por que não contei que Matthew e Lindsay tinham terminado o noivado.

“Eu queria que você só se focasse no seu trabalho Lu... Não foi por mal. Eu ia te contar assim que você voltasse, ia contar tudo.” Tentei me explicar.

“Você tinha que ter contado, por que agora eu estou longe e perdendo tudo isso.”

“Você nem imagina o que está perdendo...”

“Conte tudo! AGORA!”

Falei sobre o ocorrido com Matthew, de ter levado ele pra casa, ter dormido na cama com ele e de como ele não se lembrava de absolutamente nada.

“Bom, se ele bebeu o tanto que você falou... Não é estranho ele não lembrar. Mas o que você vai fazer?”

“Eu não sei Luke... Acho que não tem por que eu ir lá e contar pra ele o que aconteceu sabe? Até por que eu não o ajudei esperando que ele me desse algo em troca.”

“Eu sei que não... Eu não acho certo ele não saber que você o levou pra casa e cuidou dele. Mas, eu entendo você não querer comentar nada com ele também.” Ele suspirou. “Queria estar ai!”

“Não queria não!” Falei brava. “Você vai aproveitar essa viagem, por nós dois. Ouviu?”

“Ai está bem. Agora faça uma boa ação e cuide desse homem agora que ele está consciente.”

“Pode deixar!” Sorri. “Agora preciso ir, mais tarde eu te ligo.”

“Certo, beijo!”

“Outro Lu.” Desliguei o telefone. Acho que ia seguir o conselho do Luke. Cuidar do Matthew agora que ele podia lembrar que eu cuidei dele.

Liguei para um restaurante e pedi estrogonofe de frango com ervilhas e um arroz à grega. Ele adorava comer isso, sempre que iríamos almoçar ele pedia o mesmo prato. Pedi também um suco de laranja e quando o pedido chegou, arrumei tudo em uma bandeja junto com uns analgésicos. Como estava com as mãos ocupadas, não deu pra bater na porta, só a abri e ele estava de cabeça baixa na mesa. Coloquei a bandeja em sua frente e sentei cruzando as pernas.

“O que é isso?” Ele levantou um pouco a cabeça, estava realmente abatido.

“Emily me disse que você não saiu pra almoçar, então eu trouxe o almoço até você.” Sorri.

“É estrogonofe?” Ele levantou mais a cabeça.

“Com ervilhas, como você gosta.”

“Você é um anjo!” Ele esboçou um sorriso e eu sorri de volta.

“Aqui tem uns remédios pra sua dor de cabeça e suco de laranja. Você vai se sentir bem melhor depois que comer.”

“Nossa Sophie...” Ele olhou surpreso tudo o que tinha na bandeja que eu levei. “Muito obrigado, de verdade.”

“Não foi nada.” Fiquei sem graça. “Vou deixar você comer em paz. Qualquer coisa, estou ali do lado.” Levantei.

“Não, não... Por favor, fica.” Ele pegou minha mão.

“É que eu tenho umas coisas pra resolver.” Apertei sua mão. “Por que você não vai pra casa depois que terminar de comer? As coisas por aqui estão tranqüilas, você merece dormir um pouco em um lugar que seja mais confortável do que aqui nessa cadeira.”

“Tem certeza que não quer que eu fique? Eu posso te ajudar, você mesma disse que eu vou melhorar depois que comer, eu tomo um remédio e...”

“Não senhor. Eu fico, você vai pra casa descansar.” Soltei sua mão. “É sério, está tudo em paz aqui. Eu que sou neurótica e vou arranjar o que fazer até tarde da noite.”

“Mas, se você precisar de mim...”

“Eu ligo, pode deixar. Eu tenho um celular novo, posso fazer isso.” Pisquei pra ele e sai. “Emily...” Disse seu nome e ela desviou os olhos do computador. “Matthew vai voltar pra casa, não está muito bem, então hoje somos só nós duas por aqui.”

“Tudo bem senhorita.” Ela sorriu. “Eu tenho alguns assuntos que gostaria de tratar, quando estiver livre podemos conversar sobre.”

“Sim, eu posso te receber agora. Pode vir até minha sala.”

Passamos alguns detalhes importantes de como seria o resto da semana, com o feriado na quinta, decidi dar folga aos funcionários na sexta, muitos tinham família em outras cidades então achei que seria uma boa para eles viajarem, oficialmente a empresa funcionaria só até o dia seguinte.

“Eu estou indo, mas se você me ligar eu volto correndo.” Matthew abriu a porta e disse. Ele ainda estava com uma péssima aparência, ia lhe fazer bem uma tarde de descanso.

“Eu ligarei se precisar, prometo.” Levantei meu celular novo, ele sorriu e fechou a porta. Voltei minha atenção a Emily que me olhava sorrindo.

“O que foi?” Perguntei sorrindo de volta.

“Ele é um bom homem.” Ela disse tranqüila.

“Eu sei que sim.” Assenti e comecei a refazer minhas anotações. “Emily...” Ela levantou o olhar. “Você namora?”

“Bom...” Ela ficou sem graça. “Eu moro com uma pessoa, estamos juntos há quase dez anos.”

“Nossa. É muito tempo.”

“É mesmo...” Emily falou pensativa. “Mas, por que a pergunta?”

“Eu não sei, acho que estou confusa sobre o que eu sinto no momento. Preciso de uma luz divina.” Sorri amarga.

“Se me permite senhorita.” Ela fechou sua pasta e se endireitou na cadeira me olhando seria. “Eu trabalho aqui há quinze anos. Seu pai me contratou e a senhorita, gentilmente, permitiu que eu ficasse quando assumiu, há cinco anos. E em cinco anos, eu nunca a vi olhar para alguém, como olha para o Sr. Davis.” Sua declaração me deixou sem fala. “Só se vive uma vez.” Ela piscou pra mim e eu sorri em resposta.

“Só se vive uma vez!” Repeti.

Cheguei em casa por volta de 21hrs da noite. Havia acabado de desligar o celular com o Luke e fui fazer algo para comer. Eu gostava de preparar minha própria comida, e já que Luke e eu éramos organizados, não havia necessidade de uma empregada em casa todos os dias. Eu pagava uma moça para fazer uma faxina geral uma vez por mês e isso era suficiente. Preparei uma sopa, recostei-me na cama e fiquei jantando e assistindo televisão. Meu celular tocou alertando uma mensagem de Matthew.

Matthew: Já está em casa???

Sophie: Sim, cheguei a pouco. E você? Melhor?

Matthew: Bem melhor ;) Só com de dor de cabeça ainda... Mas vou conseguir sobreviver.

Sophie: Fico feliz. Não posso perder meu vice-presidente.

Matthew: Claro. Em quem mais você iria descontar seu mau humor?

Sophie: Eu tenho milhares de funcionários... Algum deles iria servir pra isso. Ou talvez eu contrate alguém só para me aturar. Que tal?

Matthew: Acho que você vai ter que pagar um bom salário, do contrário, você não teria muitos candidatos ao cargo.

Sophie: Eu pagaria muito bem, sou uma chefe muito generosa.

Matthew: Isso é verdade. A propósito, obrigada por hoje.

Sophie: Disponha J Já fez as malas pra amanhã?

Matthew: Eu decidi passar o feriado aqui.

Como assim passar o feriado aqui? Ok, essa me pegou de surpresa.

Sophie: Sua família deve ter amado...

Matthew: Não aprovaram a idéia, mas preciso de um tempo.

Sophie: Falou com a demônia? Quer dizer, com a Lindsay. J

Matthew: Haha. Acho que minha cabeça ainda está doendo demais pra pensar nela.

Sophie: Bom pra você. Só pensamentos bons por hoje, pelo menos.

Matthew: Você está muito bem humorada. Aconteceu algo?

Ah sim, aconteceu que eu tive uma madrugada muito animada. E foi com você.

Sophie: Nada demais. Só dormi muito bem! Você não sabe os milagres que uma boa noite de sono causam.

Matthew: Na verdade eu sei. Já que tocou no assunto... Sonhei com você noite passada.

Senti meu corpo gelar.

Sophie: E como foi o pesadelo?

Matthew: Não foi pesadelo, com toda certeza. Não lembro muito bem como foi, mas não estou disposto a compartilhar o que eu lembro. ;)

Sophie: Você sendo um chato como sempre... Ok, já que não vai me contar nada, me deixe dormir então. Boa noite!

Matthew: Já vai dormir? Não são nem 23hrs ainda!

Sophie: Estou caindo de sono... Tive uma madrugada animada.

Matthew: interessante... Eu dormi toda a tarde, acho que não vou ter sono tão cedo.

Sophie: Que chefe maravilhosa essa sua. Bom, imagine que eu estou aqui ainda acordada enquanto eu desmaio na minha cama.

Matthew: Ela é terrivelmente maravilhosa. QUANDO QUER. Tudo bem, preguiçosa... Durma bem!

Ri da sua última mensagem, levei meu prato para a pia, escovei os dentes e voltei para a cama com um ridículo sorriso no rosto. Que dia louco...

Acordei bem cedo e disposta. Hoje era um bom dia para correr. O tempo estava muito gostoso, estava nublado, mas não muito frio. Troquei de roupa e desci. Corri por uma hora mais ou menos, voltei para casa, tomei um bom banho, escolhi uma calça de cintura alta branca, blusa rosa e salto, claro. Deixei os cabelos soltos e ondulados, fiz uma maquiagem natural, coloquei meus óculos, fiz meu café da manhã, levando um pouco de café preto para beber lá e fui trabalhar.

Conversei um pouco com Emily e fui pra minha sala. Hoje o dia estava bem calmo, nada de extraordinário para fazer, só coisas bem básicas que comparadas ao resto dos dias loucos, eram nada. Respondi uns e-mails e coloquei meus fones de ouvido e fui escolher no celular o que ouvir.

Vejamos... O que temos para hoje? Ah, Beyoncé. É, vai ser a senhorita mesmo. Selecionei Love on top, comecei a curtir a batida da música, virei minha cadeira para a janela, ficando de costas para a porta e comecei a cantar vendo a paisagem da cidade. Baby it's you, you're the one I love, You're the one I need. You're the only one I see. Confesso que estava cantando mais empolgada do que devia. Mas, fala sério! É Beyoncé! Não dá pra ouvir as músicas sem cantar. When I need you, you make everything stop, finally you put my love on top! Quando comecei a cantar o refrão mais agudo, girei a cadeira novamente e me deparo com Matthew parado na minha frente tentando esconder o riso. Com o susto, derrubei o celular longe!

“Caramba Matt... Vou nem mais reclamar por não bater, não adianta de nada né!” Falei brava me abaixando pra pegar o celular.

“Desculpe...” Ele falou cobrindo a boca com a mão. Ele estava realmente rindo.

“O que foi?” Perguntei impaciente.

“É que você como cantora, é uma ótima empresária!” Ele começou a gargalhar descaradamente. Não me controlei também e comecei a rir.

“Qual é... Não estava assim tão ruim!”

“Não, imagina. Só meus ouvidos quase sangraram.” Revirei os olhos.

“Você veio aqui pra alguma coisa ou só pra me zoar mesmo?”

“Ah sim, ia esquecendo.” Ele abriu a sacola que estava segurando e pôs um sutiã preto em cima da minha mesa. O olhei incrédula.

“Eu espero que você tenha algum ótimo motivo pra ter um sutiã meu.” Reconheci de cara a peça.

“Então você confirma que é seu?”

“Claro que é meu. Isso é renda francesa Matt, que mulher você conhece gasta 400 dólares em uma lingerie?” Falei como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. “Agora pode dizer, por favor, aonde você pegou isso antes que eu comece a achar que você é o maníaco do parque ou algo do tipo?!” Peguei meu sutiã e guardei em minha gaveta.

“Que bom que você perguntou.” Ele sentou na cadeira de frente a mim sorrindo. “Ontem eu estava sem sono e resolvi fazer uma faxina no apartamento. Quando fui colocar a roupa pra secar, encontrei essa peça de roupa tão singela. Então eu que pergunto, como um sutiã seu parou na minha máquina de lavar?”

“Ah... Bom...” Tirei o sutiã da gaveta e comecei a olhar para ele o analisando. “Olhando bem, assim de perto, não é meu. Deve ser da Lindsay e ela esqueceu.” Devolvi pra ele que não pegou de volta.

“Eu namorei com a Lindsay oito anos Sophie. Sei decorado todo o guarda roupa dela, principalmente as peças intimas.” Fiz uma cara feia pra ele. “Enfim, não é o caso. A questão é: Como isso foi parar no meu apartamento?”

“Tá bem...” Bufei. “Eu meio que te levei pra casa ontem.” Ele levantou uma sobrancelha.

“Meio que me levou pra casa?” Ele repetiu chocado. “Conte isso direito.”

“Você quer a história com todos os detalhes ou a versão resumida?”

“Com os mínimos detalhes, por favor.” Ele se recostou na cadeira.

“Eu estava em casa, dormindo, Leonard me ligou e disse que você estava bêbado e queria ir pra casa dirigindo, se recusou a pegar um táxi. Então eu fui até lá e levei você pra casa.”

“Então você saiu de madrugada, sozinha, simplesmente pra ir me buscar?”

“Acho que foi.”

“E como isso explica seu sutiã nas minhas coisas? Não me diga que nós...” Ele arregalou os olhos.

“Não!” Gritei. “Claro que não Matthew. Você não conseguia nem levantar seu braço direito, quem dirá o pênis.” Ele ficou vermelho de vergonha.

“Só continue Sophie.”

“Eu subi com você, fui te arrastando, praticamente, até o quarto e me permita dizer, você é um saco bêbado.” Ele sorriu sem graça. “Ai você começou a falar umas coisas sem sentindo... E ai, me beijou e depois vomitou em cima de mim.” Ele escondeu o rosto com as mãos.

“Eu vomitei em cima de você, depois de te beijar?”

“Sim.” Comecei a rir lembrando, agora parecia engraçado.

“Não ria, por favor, eu queria me enfiar em um buraco agora!” Ele disse constrangido.

“Não tem problema. Mas, voltando, eu te levei pro banheiro e te dei banho, mas não precisa se preocupar, eu não vi o Matthew Jr.”

“Matthew Jr.?”

“É como você chama seu pinto quando está bêbado.” Ele não conseguiu conter o riso. “E você, muito engraçado que é, me puxou pra debaixo do chuveiro e eu fiquei toda molhada. Quando enfim consegui te colocar pra dormir, me dei o luxo de tomar um banho mais decente e coloquei minhas roupas pra lavar. A propósito, eu tive que pegar uma cueca e uma camiseta sua emprestada, mas já estão lavadas e eu te devolvo hoje mesmo.”

“O que?” Ele falou confuso. “Claro que não precisa devolver. Mas, estou com mais raiva de mim no momento por não lembrar dessa cena. Você vestida com minha cueca.” Eu ri sem graça.

“Bom, fim do mistério do sutiã. Eu devo ter esquecido lá.”

“Oh Deus... Vergonha me define no momento!”

“Relaxa Matt, todo mundo já tomou um porre alguma vez.” Sorri.

“E você não ia me contar nada?”

“Sobre eu ter te levado em casa?” Ele assentiu. “É que você não lembrava de nada mesmo, não fazia sentido eu contar.”

“Então se você não tivesse esquecido esse sutiã na minha casa, eu nunca ia saber que você fez tudo isso por mim?”

“Provavelmente não.”

“Eu... Eu não sei o que dizer. Sinceramente. Eu não sei como agradecer o que você fez. Se eu tivesse dirigido, estando daquela forma, eu não estaria aqui hoje, com certeza.”

“Deixa isso pra lá, já passou.” Guardei o sutiã de volta na gaveta.

“Espera.” Ele ficou pensativo por um momento. “Depois que você me pôs na cama e tomou banho, você foi embora?” Oh droga...

“Fui, claro.” Desviei o olhar dele.

“Você mente muito mal Sophie.” O olhei impaciente.

“Está bem, eu não fui. Eu deitei ao seu lado, mas só por que eu estava cansada e preocupada que você vomitasse de novo e engasgasse dormindo.”

“Então eu não estava sonhando.” Ele disse surpreso. “Você estava lá!”

“Estava.”

“Mas... Por que você não esperou eu acordar antes de ir ou me acordou antes de sair?”

“Por que eu tinha um compromisso ás 9hrs da manhã e acordei às 8h30min, com você dormindo todo enrolado em mim. Eu pensei em te acordar, mas você tinha exagerado mesmo na bebida, achei melhor deixar você dormir e sai correndo pra casa. Acho que esqueci o sutiã por isso, na pressa nem lembrei de pegar nada. Só embolei minhas roupas, coloquei uma calça e sai correndo pra encontrar com o Richard.”

“Você teve um dia animado...”

“Nem imagina o quanto!” Sorri.

“Acho que nunca vou conseguir agradecer você direito.”

“Não tem o que agradecer, eu faria isso por qualquer pessoa.” Eu me surpreendi com o que eu mesma disse. Eu não faria isso por qualquer pessoa.

“Não, você não faria.” Ele cerrou os olhos.

“É, não faria. Mas, somos amigos é o que os amigos fazem. Tenho certeza que se eu beber demais você não vai pensar duas vezes antes de ir me buscar. Uma mão lava a outra!”

“Eu não deixaria você beber nem metade do que eu bebi ontem.” Ele disse sério.

“Em todo caso, já está tudo mais que esclarecido.” Matt se levantou e veio ao redor da minha mesa, se abaixou e começou a beijar minha bochecha e pescoço, várias e várias vezes, me fazendo rir de cócegas. Quando ele parou, apoiou as mãos nos braços da minha cadeira e nossos olhos ficaram da mesma altura.

“Ninguém jamais fez por mim o que você fez. Nem a... A demônia” Ele riu quando falou pela primeira vez meu apelido carinhoso. “Só se podia estar cego pra não perceber a mulher incrível que tem aqui na minha frente.” Fiquei calada sem saber como reagir a tudo isso. Meu telefone começou a tocar.

“Preciso atender.” Disse sem desviar os olhos dele.

“Eu sei.” Ele sorriu. “Só queria que soubesse que eu, mais do que nunca, estou feliz por não ter ido pra Califórnia e ter ficado aqui. Com você.” Ele deu outro beijo em minha bochecha, agora próximo a boca e saiu da minha sala.

Preciso me recuperar disso tudo... Lembrei do telefone tocando e fui atender, afim de tentar desviar meus pensamentos para alguma coisa que não seja Matthew Davis.


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Notas finais do capítulo

ALERTA DE SPOILER!

Cena HOT no próximo capítulo hahahaha



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