A garota que odiava o Natal escrita por Tia Ems


Capítulo 1
Capítulo 1 - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

HEYO! *O* Aqui está a one de Natal. Bem, está longe de ser perfeita. Talvez não esteja boa, mas... Espero que gostem. Aceitamos criticas construtivas. Não humilhem, por favor. Talvez esteja meio gay, meio dramática. Com certeza vocês vão rir com o excesso de exagero. Espero que gostem, boa leitura! ^^



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— Onde a senhorita pensa que vai? — Dona Zilda se dirige com uma expressão irritada para a filha Katharine.

Essa veia na testa dela ainda vai explodir. Pensa Katharine.

— Passear — responde com indiferença.
Na verdade Katharine queria estar em qualquer lugar que fosse longe de todas aquelas pessoas. Aquelas malditas pessoas, que chamavam de família.

— Mais que falta de educação, a dona da casa ir embora sem nem se quer avisar. O que os outros vão pensar? — Dona Zilda cruza os braços irritada.

Katharine sente pena de sua mãe por estar ali cozinhando para um bando de ingratos, que não se lembram nem da existência dela o ano inteiro, ignoram o fato dela existir, nem abrem a boca para perguntar se está tudo bem, porém lá estão eles no fim do ano. Vamos lá, família! Vamos ignorar o fato de quê brigamos o ano inteiro e sentar nessa mesa enquanto a escrava trabalha igual a uma louca. Yey!

A dona de casa aqui é você. Ela pensa, mas não diz nada.

— Ah, eu vou comprar um CD pra animar essa festa. — mente.

— Ih... Pois acho bom comprar um CD com música de verdade. Ninguém está a fim de dormir aqui, minha querida! - Dona Zilda ri. Katharine continua com a cara fechada. — Venha, vamos avisar a todos. Eles vão notar que você não está aqui.

Eles nunca me notaram, por que notariam agora? Pensa a jovem, mas não diz nada. Dona Zilda a puxa pelo braço.

— Gente, minha filha querida vai comprar um CD pra animar a festa! — Dona Zilda diz animada e todos gritam.

E a baderna começou! Todos gritando nomes e sugestões pra comprar o CD. Katharine aproveitou ao notar que ninguém estava mais prestando atenção nela, foge dali o mais rápido possível. Ficaria em qualquer lugar bem longe deles.

Ah, como odeio o Natal... Pensa a jovem indignada.

Ela começa a caminhar observando às ruas de São Paulo, todas aquelas casas cheias de enfeites. Os bares. As lanchonetes. As lojinhas. Todos estão no clima do Natal.
Como as pessoas são burras. Por que colar foto de Papai Noel na neve? Nem se quer neva no Brasil! Olha só esse calor dos infernos aqui!

A jovem sente um ódio enorme de qualquer coisa do Natal. Em seu ver o Natal só serve para fazer as pessoas idiotas gastarem dinheiro, enquanto elas acham que algo super divino vai acontecer se todos se reunirem em uma mesa pra comer um peru. Sem contar, a falsidade e hipocrisia das pessoas. Faz merda o ano todo, arranja briga com todos, fala mal de todo mundo, só para chegar no fim do ano e dar aquele abraço de "Feliz Natal"! Katharine revira os olhos só de pensar. A pessoa não ajuda ninguém, só para chegar ao fim do ano e resolver ajudar o mundo inteiro. Katharine já havia chegado a sua conclusão: Natal é a pior coisa que existe.

Oh, como sente falta de sua avó. Sua doce e gentil avó. A única pessoa que a ouvia, a única que se preocupava verdadeiramente com sua neta. A única que a entendia.
A jovem não tinha amigos, não tinha namorado, não tinha nada disso. Porém, tinha sua avó. Uma pessoa tão boa. Um coração enorme. Seus olhos azuis claros que expressavam amor. Seu sorriso sincero e simples que nunca saia do seu rosto. Seus cabelos já todos brancos. Única amiga de Katharine. Porém a vida foi injusta e tirou a única alegria de Katharine na vida. Tirou ela em uma véspera de Natal. Katharine nunca se esqueceria da cena.

***

Lá estava dona Elizabeth deitada na cama de um hospital. Fraca. Dependendo de aparelhos para respirar. Elizabeth parecia sensível. Parecia triste. Não parecia ela. Ela não estava com um sorriso no rosto como sempre.
E lá estava Katharine. Ajoelhada no chão. Olhando fixamente pra sua avó. Segurando suas lágrimas. Sentindo que a qualquer momento ela deixará de respirar. Sentindo isso como um martelo no seu coração. Sentia a dor. O que seria dela sem aquela mulher em sua vida? Ela segurou forte a mão de Elizabeth e pôs-se a chorar. Descarregado toda sua dor. Ela ainda estaria viva, mas ela sente como se isso não fosse durar muito tempo. Ela largou da mão de sua avó e colocou suas mãos no rosto. Tapando ele por completo. Enquanto as lágrimas caiam e não pareciam diminuir.

— Não chore... — Katharine ouve um sussurro.

Lá está Elizabeth acordada com seu sorriso no rosto. Olhando para a neta com um olhar emocionado. A jovem a abraça com toda a força do mundo.

— Eu te amo... Eu te amo muito... — diz em soluços abraçando-a.

— Eu também te amo... — Dona Elizabeth sorri. Estava tão fraca que era de dar pena.

Ela acariciava o cabelo de sua neta. O cabelo escuro, liso e macio.

Negro céu

Luz do Luar

Dona Elizabeth começa a cantarolar com sua voz doce e fina. Katharine levanta a cabeça e olha pra ela emocionada. Sorri. A mesma canção que cantava era a canção de ninar que cantava a ela todas as noites antes dela dormir.

Noite véu

Vem-me

Ninar

Ela prosseguiu o canto e Katharine abaixou a cabeça novamente enquanto ela voltava a cantar.

Vai

Céu azul

Pro fim do mundo

Ela parou de cantar por um longo tempo, mas logo prosseguiu.

Vem

Noite do além

Ela sussurrou os últimos versos da música e soltou seu último suspiro.

***

Katharine limpava os vestígios das lágrimas que caíam sobre seu rosto. A jovem olhou espantada para todo aquele movimento que nem havia reparado antes.

De onde surgiram essas pessoas? Ela pergunta pra si mesma.

Teve o prazer de esbarrar na metade das pessoas ao meio da multidão. Pessoas que pareciam mais robôs, pois nem se quer sentiram o empurrão da garota.

Esses celulares acabaram se tornando parte da pessoa. Deve ser por isso que todo mundo age como robô.

No meio de toda aquela multidão robótica, seus olhos a guiaram para os músculos do garoto com cabelos escuros, e olhos azuis escuros. Não que ela tenha reparado muito. Apenas ficou olhando para ele até se desviar daquela multidão. Onde ele se desviou para o lado dela. Fazendo com que eles se esbarrem e o celular dele no qual ele não tirou os olhos nem por um segundo se desaba pelo chão. Rachando toda a tela do celular. A expressão que ele faz é como se tivesse acabado de perder todos os órgãos do corpo.

Oh não! Katharine fecha os olhos preparando para ouvir berros.

— Você. Destruiu. O. Meu. Celular. — Ele diz pausadamente olhando para Katharine. Com o olhar psicótico.

Chama o xamu. Ele vai querer me estuprar, me torturar, me matar, esquartejar meu corpo e deixar meu corpo em exposição no Rio de Janeiro. O que eu faço?

— Não fiz nada. Você que não presta atenção pra onde anda. — Responde dando de ombros.

Ele ignora o que ela diz e continua seu teatro de desespero.

— Eu não acabei de pagar essa merda! — Ele praticamente cospe as palavras. — Olha só o que você fez! Você vai ter que comprar um novo!

Ui, alguém está nervoso por aqui.

— Não vou pagar. — Ela diz cruzando os braços. — Já disse... Foi você que não prestou atenção, ué.

Ele a ignora novamente e pega o celular do chão, olhando com o olhar de decepção. O vidro todo trincado e a câmera arranhada.

— Como vou tirar minhas selfies? — Ele diz em um tom afeminado.

Ela não consegue segurar o riso.

— Como não desconfiei que um homem bonito desses é gay? — Murmura, só que dessa vez não guardou seus pensamentos.

Ele franze as sobrancelhas e chega mais perto dela.

— O que disse? — Ele pergunta irado.

— O que ouviu. E só pra deixar claro, não irei pagar merda nenhuma! Não é problema meu se você não presta atenção pra onde anda. — Katharine diz o empurrando, ele está quase colado nela.

— Você fudeu tudo! — Ele diz irritado.

Quando esse diálogo vai acabar?

— Uma pena. Mas tenho compromisso e não posso perder meu tempo com você. — Katharine diz e vai em direção à loja de CDS.

— Digo o mesmo pra você. — Ele sai indignado.

Ela revira os olhos.

A garota continua andando. Rindo da cena que acabou de ocorrer. Não se desviando do caminho que deve ir. Ao se aproximar da loja ela acha uma carteira preta.

Ela olha para os lados discretamente para ver se alguém está olhando e pega a carteira do chão. Abre a carteira e logo se depara com um par de olhos azuis e cabelos escuros.

Oh não! Ela pensa.

Katharine começa a vasculhar para ver a quantia de dinheiro que tem. E infelizmente só vê algumas moedinhas e uma nota de dois reais. Começa também a ver seus documentos olhando o RG e rindo de sua cara.

Como o estúpido perde a carteira assim?

Ela suspira impaciente. Pensando como poderia entregar isso a ele. Segui-lo não é uma boa opção. Ignora e entra finalmente na loja de CDs e para ajudar com seu mau humor a mulher a cumprimenta da maneira mais alegre possível.

— Boa tarde! Seja bem vindo a CDlândia. — Ela cumprimenta toda animada e Katharine sorri educadamente. — Lhe desejo um feliz natal!

O sorriso se desfaz.

— Boa tarde. — Ela diz sem empolgação.

— Você era a garota que estava enfrentando Caio na rua? — A moça pergunta a Katharine.

Então o nome do viado é Caio?

— Hm? — Katharine se faz de desentendida.

— Caio, aquele pedaço de mau caminho. Com aquele olhos azuis sedutores de deixar qualquer uma louca. — Ela suspira. Katharine franze as sobrancelhas. — Ah, ele é lindo, mas é um chato. Trata todo mundo mal. Nunca vi menino mais folgado, eu hein...

Katharine fica calada e finge estar procurando por CDs.

— Ele mora aqui perto. — Ela prossegue.

Katharine se vira para o balcão.

— Ele deixou a carteira cair. — Katharine diz colocando a carteira no balcão.

— Epa, e tem dinheiro aqui? — A moça parece interessada, mas se decepciona ao ver que só tem algumas moedinhas e uma nota de dois reais. — Bom... Todo dinheiro vale.

Ela guarda em seu bolso.

— Enfim, vou pegar esse CD. — Katharine diz colocando qualquer coisa em cima do balcão.

— E quanto ao Caio? — Ela pergunta. Colocando o CD na sacola.

— Entregue a ele. — Diz dando de ombros.

— Ih... Tá doida... Eu ir a casa dele entregar? — Ela ri. — De jeito nenhum. Ele nem sabe que eu sei sobre ele.

— Ele não vem na loja? — Katharine franze as sobrancelhas.

— Não. — Responde. — Vá você. Ele mora bem pertinho. Só mais umas cinco casas e você já chega lá. Tem uma velha bem chata lá. Porém é meio doida da cabeça. Ele briga muito com ela.

Estou lidando com uma fofoqueira que espiona a vida dos outros.

— Entendo. — Entrego o dinheiro do CD.

Katharine suspira profundamente, pois não quer de jeito nenhum ir à casa de Caio. Katharine franze as sobrancelhas quando percebe que a mulher tem um binóculo em cima do balcão.

Oh Deus, essa mulher é uma obcecada.

Katharine sai da loja, de mau humor por não querer ir à casa do Caio. Só de imaginar ela chegando lá e ele começando á falar merdas sobre o celular quebrado, ela já revira os olhos.

A jovem conta cinco casas e chega a seu destino. A casa parece ser bem agradável pelo lado de fora, com plantas, flores e árvores. Também está decorada com milhares enfeites de Natal. Só de ver tudo aquilo, ela tem um refluxo.

E o boyzinho não consegue pagar um novo celular?

Katharine toca a campainha uma vez. Espera um minuto, porém ninguém atende, e toca mais uma vez impaciente. E novamente ninguém atende. Irritada ela bate na porta e grita:

— Tem alguém em casa?

— Entre Katharine — Uma voz sussurra.

Oh Deus! Esse lugar está marcado para a minha morte!

Katharine se arrepia ao lembrar-se das palavras da moça da loja, disse que Caio brigava muito com a avó e era muito violento.

Ah, foda-se mulheres fofoqueira sempre mentem!

Katharine abre a porta devagar, evitando fazer barulhos.

— Oi? Posso entrar? — Ela pergunta.

— Entre Katharine. — A voz repete.

A voz é doce e suave e trás arrepios á Katharine, lhe trazendo lembranças do passado. Que talvez sejam boas e tragam conforto. Outras são ruins e dão um vazio no seu coração.

Katharine vai andando pela enorme sala, que também está decorada com coisas natalinas, e olha por trás dos cabelos brancos que estão atrás do sofá e vai se aproximando lentamente da senhora que está lá. Não se arrisca a dizer uma palavra. Por algum motivo está soando frio e seu coração está acelerado.

Vê a senhora, enfraquecida, tremendo no sofá. Mesmo assim com um sorriso no rosto. Leva suas mãos a boca. Ela está perplexa. Ela era idêntica a sua avó. Tão sincera e espontânea quanto à mesma. Parecia tão doente, tão fraca. Ela queria poder ajudar. Mas ela ficou ali, parada. Apenas observando o clone de sua avó.

— Katharine, é você, minha neta querida? — Ela pergunta e Katharine se espanta.

— Como raios você sabe meu nome? — Pergunta assustada.

— Oh, não sabe como senti sua falta. — Ela diz ignorando a pergunta da jovem.

— O quê? — Katharine pergunta confusa.

— Não sabe como é triste ficar aqui... Sozinha... Nessa vida solitária... Esperando que alguém se lembre de mim... — Ela diz com a voz triste.

Katharine fica comovida. E sente uma pontada no coração.

— Vó? — Ela pergunta confusa.

Eu devo estar louca.

— Sim, minha jovem. Sou eu. — Ela diz sorridente. O mesmo sorriso sincero que Elizabeth carregava por ai no rosto daquela senhora. — Sente-se comigo.

Katharine a abraçou. E caiu em lágrimas, aquela senhora tão humilde e sincera. Parecia tanto com sua avó. Ela queria saber o que será que estava acontecendo ali. Os olhos pareciam fechados. E ela expressava bastante dificuldade para pegar as coisas.

A fofoqueira da loja tinha razão. Essa senhora tem alguns problemas.

Após algum tempo com essa senhora. A jovem entendeu o que se passava, ela era cega e talvez estivesse sendo confundida por uma neta dessa senhora simpática. No qual Katharine conversava animadamente. Horas e horas conversando com ela. Rindo muito. Desde a morte de sua avó Katharine nunca conversou com ninguém assim. Ela se sentiu bem. Sentiu como se sua avó querida estivesse lá.

— O que você tem nessa sacola? — Ela pergunta pegando a sacola de Katharine.

Katharine dá um sorriso para a senhora. Um sorriso sincero.

— Um CD. — Ela diz sorridente. E ajuda ela a tirar da sacola. — Que tal uma boa música?

— Seria ótimo. — Ela sorri animada.

Katharine se levanta indo em direção ao som. Faz tempo que Katharine não se sente tão feliz assim. Aquela senhora realmente fez com que o Natal dela fosse o melhor. Ela colocou o disco “As Quatro Estações” da banda "Legião Urbana". "Há Tempos" começa a tocar na sala trazendo uma paz. E fazendo Katharine sorrir.

Parece cocaína

Mas é só tristeza

Talvez tua cidade

Muitos temores nascem

— Ah, essa música lembra-me do meu marido. Ótimos tempos... Sentados, dançando. Bebendo champanhe... — Ela diz sorridente. Parecendo se lembrar de coisas boas.

A dona continua falando sobre seu lindo passado. Katharine escuta com prazer enquanto vai pra cozinha e abre um champanhe. Colocando em duas taças que parecem ser caríssimas.

Muitos temores nascem

Do cansaço e da solidão

Descompasso, desperdício

Herdeiros são agora

Da virtude que perdemos.

Há tempos tive um sonho

Não me lembro, não me lembro

Tua tristeza é tão exata

E hoje o dia é tão bonito

Já estamos acostumados

A não termos mais nem isso

Katharine aprecia a cada verso da música e sente seu coração aquecido. Como se tivesse em casa. Ao lado da sua avó.

Ela se sente como nunca se sentia há tempos. De repente a senhora para de falar por uns estantes. Katharine aprecia apenas a música

Os sonhos vêm e os sonhos vão

E o resto é imperfeito

Dissestes que se tua voz

Tivesse força igual

À imensa dor que sentes

Teu grito acordaria

Não só a tua casa

Mas a vizinhança inteira

Katharine pensa em sua avó, e sente uma sensação boa, não tristeza. Ela está feliz. Leve. O sorriso não sai de seu rosto. A garota chega na sala. E lá está a senhora no sofá. Sem se mover. Intacta.

— Olha o que eu trouxe! — A jovem sorri animada. — Só para relembrar os velhos tempos. Que tal?

Ela não diz nada.

— Hm... Você está ai? — Ela pergunta e chega mais perto.

Vê que ela está jogada no sofá. Sem mover um músculo. As taças caem pelo chão. Quebrando em mil pedaços. Katharine sente uma pontada em seu coração. E corre em direção a ela. Coloca a mão em seu pulso para medir as suas pulsações, e a jovem se desespera ao perceber que não deu resultado... E imediatamente as lagrimas escorrem pelo seu rosto. E a única coisa que consegue fazer é abraçar forte a senhora, não conseguindo se soltar nunca, pois não quer perder uma pessoa especial novamente. Mesmo que tenha sido tão pouco tempo, aquela senhora mudou a véspera de Natal da Katharine. Deixando ela feliz. Fazendo ela se sentir bem. Como ela nunca esteve na vida.

Deus, por que isso dói tanto? Por que a vida é tão injusta comigo?

Em prantos como estava na morte de sua avó, estava na morte dessa senhora. Uma senhora que nem sabia o nome. Uma senhora cega. Uma senhora triste e solitária. Uma senhora que precisava de ajuda. Uma senhora que tinha uma neta especial chamada Katharine. Uma senhora igual à dona Elizabeth. Com o sorriso sincero igual ao dela.

Katharine não conseguia parar de chorar. As lágrimas não iriam diminuir. Ela não queria que diminuíssem. Ela estava descarregando toda sua dor. A maldita dor. A vida é engraçada, não? Qualquer sinal de alegria que você possa encontrar, ela destrói.

Não, a vida não é engraçada. Ela é cruel...

A porta se abre Katharine sabe que é Caio, mas não quer olhar para ele. Não quer falar com ele. Não quer falar com ninguém.

Caio se assusta ao ver Katharine abraçada com a sua avó chorando.

— O que diabos você está fazendo na minha casa? — Ele pergunta. Mas não está irritado e sim com pena da jovem garota que está desabando de tanto chorar. Ele está é assustado e confuso.

— Ela se foi... — Katharine sussurra.

— O que? — Caio pergunta confuso.

— Sua avó, Caio... — Ela toma coragem e olha para ele. — Se foi...

O garoto arregala os olhos. E a garota continua a chorar. Ele sai correndo ligando para a ambulância. Sua voz é de choro. E logo que desliga o telefone ele se senta começando a chorar. Ele coloca as mãos sobre o rosto. E desaba ao choro.

Katharine sente pena dele. Por mais que não o conheca, vê-lo chorar a causa dor e sente vontade de abraça-lo e apoia-lo.

Ele deve estar tendo um dia péssimo... Pensa Katharine, aliás, ele quebrou o celular e ainda perdeu a avó. Até mesmo um estúpido feito ele, tem sentimentos...

Ela deixa o corpo morto no sofá e vai em direção a ele. Por mais estranho que isso pareça, abraça-o com força. Ele retribui o abraço dela. Ela se sente protegida com os braços dele ao seu redor e se sente bem. Aquecida. E aquela raiva que teve pelo menino que esbarrou nela e fez um draminha foi embora. Talvez porque ele estava sensível, assim como ela e juntando a dor dos dois... Eles conseguem se entender. Como se toda a dor que ela sentisse fosse passada para ele e vice versa.

***

— Sim, mãe... Estou no hospital... — Katharine diz com uma voz de choro. Mas também está irritada.

— O que aconteceu, minha filha? — Dona Zilda pergunta desesperada.

— Longa história. — Katharine suspira. — Mas não se preocupe, não tem nada a ver com a família.

— Então o que é? Algum amigo seu? — Ela pergunta preocupada.

Oi? Amigos? Que amigos?

— Uhum. — Responde revirando os olhos. Ainda bem que Dona Zilda não consegue vê-la.

— Oh Deus. Que horror! Quer que eu te busque ai? — Pergunta dona Zilda.

— Não se preocupe. Já tenho carona. — Por algum motivo Katharine sorri.

— Ih... Carona com estranhos, filha? Daqui a pouco é natal e- — Ela ia dizendo, mas Katharine a corta.

— Não deixe isso estragar seu natal. Curta bastante. Tá tudo ótimo comigo. Prometo voltar inteirinha pra casa. — Bom, meu coração não estará inteiro. — Vou desligar. Tchau, te amo.

Katharine desliga o celular e começa a chorar. Lá está ela, no hospital. Com o coração partido de novo...

Odeio hospitais...

Caio chega à direção a ela. Um pouco triste.

— Vamos? — Ele sorri desanimado.

Ela só concorda com a cabeça e o segue.

Ele sai de dentro de lá e se senta em um banco que está na frente. Katharine senta ao seu lado. Eles ficam um tempão sem dizer nada, apenas sentados olhando para o nada. Pensativos. Katharine imagina o quanto o garoto deve estar triste. Mas muda de ideia pela pergunta que ele faz.

— E a minha carteira? — Ele pergunta ainda olhando para frente.

Ela revira os olhos e entrega a ele.

— Não acredito que só consegue pensar em seu dinheirinho agora, seu grande egoísta! — Ela diz irritada.

— Não sou egoísta! Ainda não entendi direito a história. — Ele diz e olha para ela.— Essa mulher ai que espiona minha vida. Você sabe o nome dela ao menos?

— Não perguntei o nome dela, por quê? — Ela diz pensativa e olha pra ele.

— Sabe como ela é de aparência? — Ele pergunta a ela.

— Hm... Loira... Morena... E bem alta. — Ela diz tentando se lembrar. — Por quê? Já viu ela?

— Mas ela é bonita? — Ele pergunta e ela o encara com raiva.

—Ela é louca! — Diz irritada. — Você não está nem ai pelo fato de sua avó ter morrido agora? Em plena véspera de Natal?

— Claro que estou. Eu amo minha avó demais. — Ele diz.

— Não é o que parece. Você está ai de boas. E aquela moça disse que você sempre gritava com ela. Isso é horrível!

Ele ri.

— Minha avó odiava a vida dela a cada instante, ela reclamava de tudo. Ela vivia amargurada e triste. Desprezava-me totalmente. — Ele diz parecendo triste. — Eu admito, não sou do tipo que sabe controlar a raiva. Ás vezes gritava com ela. Mas eu a amava, por ser a única pessoa que sobrava na minha vida.

— E o seu pai e sua mãe? — Pergunta Katharine.

— Meu pai morreu de câncer no pulmão. Eu nem o conheci, na verdade. Minha mãe morreu em acidente de carro. — Ele diz sorrindo. Um sorriso triste. — Minha avó cuidou de mim e da minha irmã Katharine, mas Katharine tinha Leucemia e morreu. Desde então minha avó vive amarga e solitária esperando com que ela volte. Ela sempre teve um carinho muito especial por ela, mas do que ela tinha por mim.

— E a sua avó pensou que eu fosse ela. É muito triste toda essa história — Katharine diz com uma voz de choro.

— Pois é, mas já estava na hora da dona Clara morrer. Ela sempre reclamava, não tinha motivo pra continuar aqui... Sofrendo. — Ele diz.

— Tem razão... Queria mesmo que fosse tão fácil esquecer assim. — Katharine suspira.

— Por que se importou tanto com a morte dela? Você nem a conhecia. — Ele pergunta a Katharine.

— Eu não sei realmente o porquê... Ela se parecia tanto com a minha avó. É impossível não se lembrar dela. — Katharine começou a chorar. — Até o sorriso sincero, o modo dela agir...

Katharine se desabou ao choro.

— Eu sinto tanta falta da minha avó. — Ela diz aos soluços. — Ela era a única pessoa que me entendia. Que se preocupava comigo.

O garoto não disse nenhuma palavra. Ele simplesmente a abraçou com força. Fazendo com que a garota se sinta bem. Fazendo a garota sorrir. Fazendo com que ela se sinta segura. Ela não queria que ele o soltasse mais. Se sentia bem com ele ali.

Porém o silêncio se permanece no local. A tristeza ainda está dentro de Katharine, assim como está em Caio. Estão com corações quebrados e Katharine sente um vazio enorme em sua alma. Não ocorreu nenhum milagre natalino. Katharine ainda odeia o Natal. Assim como Caio também odeia o Natal. E esse Natal só deixou esse sentimento de ódio ainda mais forte.

Eles observam todas as pessoas felizes e correndo pelas ruas. Faltam poucos segundos para meia noite e logo será o Natal. Todos estão empolgados e os dois permanecem calados observando toda a diversão. Apenas cinco segundos para meia noite. Todos gritam animados.

Após a contagem regressiva. Jogam seus balões no ar e estouram fogos de artifícios coloridos pelo céu. Alguns formavam “Feliz Natal”. Os fogos de artifícios eram lindos, porém Katharine odiava e reclamava por deixar ela surda. As pessoas corriam gritando: Feliz Natal! E abraçavam umas as outras.

Caio ria de tudo aquilo.

Oh Deus, como odeio o Natal.


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Notas finais do capítulo

"Oh Deus" hahaha. Fanfic gay do caramba, não acham? Hahah, talvez você tenha odiado, achado rídicula, rido muito por ela ser rídicula. Bom, só sei que nos divertimos muuito ao escreve-la. E... Não sei, até que gostamos. Se existe alguém que gostou disso, cara, obrigada. Comente. Mesmo que você tenha odiado. Comente mesmo assim. Não quero que vocês humilhem, por favor. Mas comente sua opinião e o que você acha que deve ser melhorado e tals. Enfim, comentem. Hm... Acho que é só isso. Espero que tenham gostado(se é que alguém gostou) e... Feliz Natal! Hahah. E um próspero Ano Novo! *---*



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