Coragem, o cão com temor lovecraftiano escrita por Sr Mokona


Capítulo 1
Nos porões da Loucura


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/576782/chapter/1

Coragem, Muriel e Eustácio tinham acabado de chegar de suas férias em Innsmouth, uma cidade litorânea com um povo bem hospitaleiro; mas Coragem não gostou tanto, como sempre, tinha imaginado coisas.

“Não tem nada demais na aparecia dessas pessoas, Coragem”, tinha dito Muriel.

Mas antes de sair de Innsmouth, eles acabaram conhecendo o Sr. Phillips. Sr. Phillips era um homem alto e magro, com um queixo protuberante e feições severas, que estava procurando um terreno para morar.

“Onde nós moramos – tinha comentado Muriel – há um grande terreno vazio. Adoraríamos ser seus vizinhos”.

Sr. Phillips agradeceu e decidiu acompanhá-los na volta para dar uma olhada no terreno.

No caminho de volta, no trem, Coragem observou Sr. Phillips lendo um grande livro intitulado Necromicon. Coragem sorrateiramente foi por trás do Sr. Phillips e viu um esboço de algo monstruoso entre as paginas do livro. O desenho era tão medonho que Coragem caiu para trás sem ar.

Coragem tinha acordado com um balde d’água jogado por Eustácio e percebeu que o trem estava desembarcando.

Saindo os quatro do trem, Coragem no braço de Muriel, observam dois grupos na estação.

O primeiro eram homens e mulheres com casacos verdes com o nome Dagon bordado e o segundo era mais numeroso, com pessoas com casacos pretos com o nome Cthulhu bordado. Sr. Phillips foi até os dois grupos, falou algo e voltou para Muriel e Eustácio. “Já estou me sentindo em casa”, disse.

***

Quando os quatro haviam acabado de chegar, Eustácio reclamou da viagem e entrou batendo fortemente a porta.

– Que belo terreno vocês tem por aqui, senhora Muriel – diz Sr. Phillips.

– Sim. E bem calmo. É sempre tranqüilo.

– Amanhã mesmo eu Providencio tudo.

– Mas até lá você dorme conosco.

Os três entram e se acomodam para dormir.

De madrugada, Coragem ouve barulhos vindos do quarto do Sr. Phillips e vai verificar. Chegando lá, ele ouve o Sr. Phillips no telefone.

“Você terá que ir na biblioteca de Miskatonic buscar esse livro para mim. Obrigado”, e desliga.

Coragem abre a porta devagar e percebe umas sombras na parede onde fazem formas impossíveis de ser concebidas, então fica indeciso entre a curiosidade e o medo. Mas quando duas dessas sombras parecem ter se unidos para formar uma sombra projetada na parede com uma forma alienígena, fisicamente impossível e inconcebível para a mente de um cachorro, ele foge rapidamente para o quarto de Muriel e se esconde debaixo das cobertas, mas é expulso por Eustácio.

Coragem vai até o computador e digita o nome Cthulhu, que ele havia visto bordado nas jaquetas do grupo na estação.

– Ele é uma entidade cósmica – responde o computador -, sendo um dos Antigos. É adorado por uma seita milenar que busca trazê-lo de volta ao nosso plano astral. Ele se encontra adormecido em R’lyeh, uma cidade submersa no sul do pacifico.

– Um ser dessa magnitude estar adormecido no fundo do mar?! – Coragem se exalta, correndo de lá pra cá – Eu tenho que avisar Muriel.

– Mas avisar para quê, Coragem? Isso não passa de uma lenda – responde o computador.

– Mas a seita! Eu vi a seita!

– Mas não significa que seja real. A não ser que você tenha visto o verdadeiro Necromicon e tenha presenciado algo indescritível.

– Eu vi! – responde Coragem – Com esse Sr. Phillips.

– Desculpe-me Coragem, mas eu acho que dessa vez você está louco.

***

Passado algumas semanas, a casa do Sr. Phillips ficou pronta. Ele chamou Muriel e Eustácio para conhecer a casa, mas Eustácio se queixou e não foi, mas Muriel levou Coragem.

A casa era bonita, bem espaçosa, janelas altas e moveis embutidos eram sempre vistos, mas mesmo após a inauguração, de madrugada eram ouvidos barulhos indecifráveis.

Coragem não sabia formular nada parecido com aquilo, a não ser que era algo anormal. Muriel sempre defendia dizendo que ele deveria estar trabalhando em algo e Eustácio sempre se irritava e ia ao porão em busca de paz.

Alguns dias depois, começou um barulho estranho vindo debaixo da casa de Muriel. Dia após dia, esse barulho foi se afastando e ninguém mais viu o Sr. Phillips.

Em uma certa noite, Coragem, que dormia no sofá da sala, viu umas sombras de uns seres que rastejavam pelas escadas, subindo. Coragem pegou a lanterna e foi ver o que era, mas quando pôs a luz em cima dos seres, ele percebeu que não fez tanta diferença, pois os seres eram tão inconcebíveis quanto na luz da escuridão. Aqueles seres não viram ou não se importaram com a presença de Coragem e abriram (de alguma forma) a porta do quarto de Muriel e Eustácio.

Quando Muriel e Eustácio viram os seres, ambos desmaiaram, o que facilitou o trabalho dos seres de carregarem-nos. Coragem tentou impedi-los, mas não conseguia tocá-los, com se eles estivessem em uma forma que caminhasse em outra dimensão. Coragem então segurou a perna de Muriel e de alguma forma conseguiu livrá-la. Mas quando tentou segurar Eustácio, os seres começaram a descer as escadas e ao observá-los, Coragem foi tomado por uma visão de turbilhões de cores e formas.

Após passar o susto, Coragem pôs Muriel na cama e pôde observá-la que ela estava em estado de choque.

“O que eles viram naqueles seres que eu não vi?”, pensou Coragem.

Coragem vasculha a casa e não encontra nenhuma pista, até que decide ir na casa do Sr. Phillips.

Ao chegar na casa, Coragem percebe que não há ninguém. Ele vasculha a casa e o ultimo lugar que ele vai é até o porão. Nesse porão só tem objetos antigos, como vitrola, TVs e ventiladores. Mas não é só isso. Coragem, com seu dom detetivesco, encontra uma pequena porta que parece dar para outro porão.

Quando Coragem adentrou, percebeu que na verdade não era um porão, mas um grande espaço vazio conectado por vários túneis. Coragem começou a chamar pelo Sr. Phillips, mas nada aconteceu. De repente, após mudar de posição, Coragem viu sinais na parede do qual ele nunca tinha visto, sinais com formatos estranhos e medonhos.

Algo pareceu sair de um desses sinais e escorregar pela parede, uma criatura que forçosamente, se assemelharia com um sapo sem boca e com vários pontos pretos que se pareciam com olhos. Coragem logo correu por um dos túneis gritando pelo Sr. Phillips.

Enquanto corria, Coragem se perguntava como um horror indescritível que exalava de tudo que acabara de ver, não o tinha deixado tão perturbado. Tinha visto seres que já não podia mais descrevê-los nem esboçá-los, mesmo após serem visto a poucos minutos atrás.

Mas a iluminação que vinha das paredes foi diminuindo, até apresentar um pequeno ponto luminoso, que de repente se expandiu e Coragem se vê num grande espaço que parece ser sustentados pelas colunas enormes que pareciam não ter fim. Nesse espaço, só pode ser visto uma estatua do que parece ser um hibrido de água-viva, um cão e um hipopótamo, mas acima havia a imagem de um cão semelhante a Coragem, como se tivesse domando o ser.

Coragem percebe uma dúzia de pessoas atrás da estatua, sendo uma delas o Sr. Phillips. Ao lado da estatua, há um buraco sem fundo onde seres inconcebíveis eram arremessados.

O Sr. Phillips se aproxima de Coragem e diz: - O tempo de Artgraed-nho voltar estar próximo. Logo você tomará o lugar que lhe é devido no Universo e nós seremos parte disso. De todos os Grandes, você será o maior.

– Mas onde estar Eustácio? – pergunta Coragem.

– Ele não agüentou a visão dos servos e o som deles servindo de alimento para Artgraed-nho. Sua sanidade deixou de existir em todas as épocas e o deixamos de volta ao quarto dele.

– Ah, virou um vegetal.

Coragem observou esses seres inconcebíveis e com suas lamurias inconcebíveis indo para o buraco e percebeu que talvez o seu triunfo sobre a loucura seja não conceber algo em um nível quase não-existencial, como se cada vez mais aquilo deixasse de existir, por serem seres que nem mesmo deus poderia conceber.

Mas agora, depois de tudo isso, a pergunta que ficou foi: “Como Coragem vai encontrar o caminho de volta pra casa?”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coragem, o cão com temor lovecraftiano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.