3 anos depois...

– Cara, não acredito que estamos voltando pro Brasil - Michelangelo - Ou Mike, como era conhecido nos Estados Unidos - não parou de tagarelar desde que eles chegaram no aeroporto, eles já estavam no táxi a caminho de sua antiga casa no Brasil

– Mike, não acredito que você tá feliz por estar aqui... - Retrucou Aria

– Não acredito que você não tá feliz por estar aqui, veja isso, aqui tem sol! Lá todo mundo é branquelo... E convenhamos, as mulheres por aqui são bem mais, ahm, lindas

– Cala a boca, Mike, você é nojento

– Você só está com raivinha por não fazerem sua vontade, Ariana

– Michelangelo! Não me chama assim!

– Não me chama assim você!

– Aria! Mike! Podem parar, parecem duas crianças - Ella Montgomery os interrompeu

– Mom... - Aria murmurou

– Sem mas, Aria!

***

– Pelo amor de Deus, não! - Anna Marin e Mona Vanderwall estavam sentadas em uma mesa escolhendo as garotas que iam participar do musical da escola, elas já haviam visto - e infelizmente ouvido - mais de uma dúzia de garotas e nenhuma delas era boa o suficiente

Anna se levantou e andou na direção do diretor Meirelles que estava logo atrás delas

– Olha diretor, eu acho que o senhor devia deixar só Mona e eu sermos as estrelas da peça, sabe, ninguém chega aos nossos pés, o senhor teria que chamar alguém da Brodway

Mona se levantou e também andou até o diretor

– Concordo com a Anna diretor, elas poderiam ser... - Mona olhou para trás, onde as "candidatas" estavam - os arbustos...

– Senhorita Vanderwall, pra começar, no musical não tem arbustos... O que você acha... daquela menina? - O diretor apontou para Ashley Devine, uma das mais perdedoras do colégio Richesse Day - Ela cantou muito bem

– Ahn, mas diretor... ela é bolsista– Anna sussurrou a palavra bolsista como se fosse uma coisa horrível e só de ouvirem-na falar ela seria uma perdedora igual Ashley

– Sim... E qual problema?

Anna bufou e antes que ela dissesse alguma coisa, Mona começou a falar

– Diretor, - Mona olhou no relógio como se estivesse atrasada para alguma coisa - Nós temos uma reunião no clube de literatura, precisamos ir, dispense elas, por favor

– Tudo bem, senhorita Vanderwall

Mona pegou sua bolsa na cadeira e puxou Anna pelo braço até a saída do ginásio, quando estavam longe o suficiente do diretor Meirelles, Mona começou a falar:

– Meu Deus, quem esse novo diretor acha que é? Por isso que eu odeio ele! O antigo diretor pelo menos valorizava quem merecia, não... bolsistas

– Pois é... - Anna concordou

Quando elas já estavam na saída do ginásio enorme, foi aí que Anna se tocou

– Ei, nós não estamos no clube de literatura!

– Eu sei...

E Anna e Mona começaram a rir, Anna amava ter uma amiga como Mona...

***

Spencer tinha acabado de sair da escola, feliz da vida por que tinha acabado de receber a notícia que tinha tirado 10 em todas as provas, quando se deparou com um cartaz que ela infelizmente já conhecia muito bem:

Desaparecida: Alice DiLaurentis

Vista pela última vez há três anos atrás

"Oh, eles ainda estão colocando esses cartazes", pensou Spencer.

Depois de um tempo, Spencer parou de acreditar que Ali voltaria. Ela sempre tentara ser otimista, mas simplesmente não tinha mais forças pra isso.

Ela observou direito o cartaz e notou que a foto era do anuário do sétimo ano, Richesse Day era um dos poucos colégios da região que possuiam anuário.

Ela se lembrava daquele dia como se fosse ontem, logo, as lembranças daquele dia voltaram a sua mente: Todas as meninas do Richesse Day sempre pediam dicas á Ali nos dias de foto para o anuário. "Ssspencerrrrr, ajeite essa maquiagem, você parece uma piranha", Ali falava o nome de Spencer de um jeito engraçado, porque era um nome estrangeiro, afinal, Spencer era londrina. Alice falava que era uma brincadeira carinhosa, mas para Spencer parecia mais uma zoação. Mas, apesar de não gostar, Spencer nunca tivera coragem de reclamar com Ali.

– Ei, você está bem?

Amelia, uma garota do seu time de vôlei, botou a mão no ombro de Spencer, tirando-na de seus devaneios.

– Oh, ei Amy, sim, estou bem

– Loucura né? Nunca imaginaríamos que Ali ia desaparecer

Spencer sentiu vontade de revirar os olhos, aquela garota nunca nem sequer tinha falado com Ali

– Sim, pois é, agora, se me permite, preciso ir pra casa

– Tudo bem, tchau, Spencer

***

Emily ligou seu Ipod, botou em uma música qualquer e começou andar em direção ao Colégio American, o colégio rival ao Richesse Day, que ficava a poucas quadras dali. Quando ela já estava na frente do colégio alguém segurou seu braço:

– Ei, Em!

Isaac a puxou para o lado de trás do colégio onde ficava o parquinho

– Isaac! Você me deu um susto

– Você também! Porque eu achei que você não vinha! Nossa saída ainda tá de pé?

– Sim, mas pra mais tarde

– Por que?

– Ainda estamos com os uniformes de natação...

– E daí?

– E se alguém ver a gente? - Isaac era do time de natação rival ao Shark Team, que era o nome da equipe de natação do Richesse Day, e uma das - milhares - de regras, era não ter envolvimento pessoal com pessoas de outras equipes

– Em, eu não aguento mais viver ás escondidas

– Isaac, faz partes das regras lembra?

Isaac deu um suspiro

– Ok, você me convenceu, nos vemos mais tarde então

– Ok, só vim te dar um beijo

E Emily e Isaac se despediram com um beijo

***

Era terça feira de manhã, o "primeiro dia" de aula de Aria no Richesse Day

– Ansiosa para seu primeiro dia de aula, Aria? - Byron perguntara para Aria

– Tecnicamente, não é meu primeiro dia de aula, eu conheço muito bem esse colégio, e não, Byron,- Os pais de Aria e Mike sempre os fizeram chamar pelo primeiro nome - não estou animada

– Aria, você devia seguir o exemplo do seu irmão, ele está super animado

– Porque ele é um idiota - Retrucou Aria

– Ei! - Reclamou Mike

– Mas é verdade! Como você pode gostar da troca dos Estados Unidos por uma cidade do interior

– Ué, mas é muito parecido com os Estados Unidos

Rosewood Ville era uma cidade do interior de São Paulo fundada por Americanos, - Dá pra perceber pelo nome - por isso muitas pessoas com sobrenomes e nomes americanos, - O pai de Aria, Byron, é americano e Ella era filha de brasileiro e americana - e apesar de ter muita influência dos Estados Unidos, principalmente nos colégios, não era a mesma coisa, não para Aria. Rosewood tinha lembranças ruins, muito ruins

– Seu irmão tem razão, Aria - Ella entrou na conversa - Aqui é o mais próximo possível dos Estados Unidos

Aria soltou um longo suspiro

– Bom, a conversa tá muito boa, mas tenho que ir pra escola. Mike, vem comigo?

Mike limpou a boca num guardanapo

– Opa! Vou sim, tchau povo!

Aria chegou no colégio e estacionou o carro de sua mãe. Mike pulou do carro e foi falar com alguns antigos amigos, mas Aria se sentia extremamente deslocada.

Aria entrou no colégio e começou a andar pelos corredores esperando ouvir pelo menos um "Aria, quanto tempo!". Mas ninguém falou com ela, parecia que ninguém tinha notado a existência dela mesmo que há três anos atrás ela fosse a garota de Richesse Day, não que ela estivesse se gabando é claro, na verdade, Aria não queria lembranças daqueles tempos, então o melhor que ela podia fazer era permanecer invisível.

De repente alguém atrás dela disse:

– Oh, você está bem mais baixa do que eu me lembrava!

Aria se virou, era Mona Vanderwall, mas não a Mona que ela conhecia, era uma Mona bem... melhorada

– E bem mais pálida também, Meu Deus, há quanto tempo você não pega um sol? - Mona começou a examiná-la como se Aria não estivesse lá

– Ahn, oi, Mona

– Oi Arie, quando você voltou?

Aria tinha quase certeza que Mona tinha errado o nome dela de propósito, mas não a corrigiu

– Voltei ont...

– De qualquer forma, foi bom te reencontrar, tchau Arie! - Mona a interrompeu e desapareceu pelo corredor tão fácil quanto apareceu. Ela estava mais maluca do que nunca

O sinal tocou e Aria foi para a primeira aula que era inglês

Aria entrou na sala correndo para que ninguém mais a reconhecesse e se sentou numa carteira no fundo da sala

O professor entrou na sala e começou a escrever algo no quadro, ficando de costas para a classe. Aria não ligou muito para ele, ela não conseguia parar de pensar no cara que conheceu nos Estados Unidos em um bar para brasileiros que moravam lá. O nome dele era Ezra...

– Fitz, meu nome é Ezra Fitz, o novo professor de inglês, bom dia alunos! - Disse Ezra virando de frente para a classe

– Ai. Meu. Deus – Aria sussurrou baixinho

Ezra ainda não tinha reparado em Aria então começou a fitar a classe aluno por aluno com um sorriso no rosto, quando ele chegou em Aria, seu sorriso desapareceu e ele ficou com uma expressão... indecifrável. Aria ficou ruborizada

Ezra sussurrou algo para si mesmo. Aria conseguiu fazer leitura labial em meio a barulheira da sala:

– Oh. My. God – Foi o que ele disse

Depois de eles ficarem se olhando por uns 5 segundos, o celular de Aria tocou. 1 nova mensagem. Aria clicou em ler:

“Como foi o seu reencontro com seu professor, Ariana? Sentiu saudades? – A”.

Aria olhou em volta, mas não tinha ninguém olhando, Ezra agora estava organizando uns papéis. Aria estremeceu

***

“Droga, droga, droga”, Anna pensou.

Ela esquecera o dever de casa de Ciências em seu quarto. Não que isso fosse um problema para ela, ela podia simplesmente mandar qualquer nerd passar pra ela que o ele faria com gentileza. Mas já era tarde demais, Ela só se lembrara agora e a professora já estava pedindo os trabalhos. Ela pensou em fingir desmaio de novo mas já tinha feito isso duas vezes este mês, só lhe restou falar a “verdade”:

– Senhorita Anna Marin, onde está seu trabalho?

– Meu cachorro roeu professora... – Anna fez a cara mais sínica possível

A professora deu um longo suspiro

– Sim... me traga na próxima aula

A professora Luxemburgo trabalhava há anos na escola e tinha todo o tempo cara de cansada, Meu Deus, ela precisava de uma hidratação na pele. Depois de um tempo, a professora desistiu de tentar consertar seus alunos, ela deixava bem claro que só estava ali para dar aula... E que se danem os alunos

Anna voltou para a sua carteira e seu Iphone tocou. “Oba!”, pensou ela, “Talvez seja o Zac me convidando pra sair” – Zac era o novo namorado-perfeito-lindo-e-popular de Anna, mas não era Zac:

“Cuidado com as pequenas mentiras, porquinha. São elas que fazem você perder a credibilidade, preste atenção porque tem pessoas que podem usar essas suas mentirinhas sujas contra você! Conselho de amigo, beijinhos, -A”

Anna olhou pela sala e depois pela janela de vidro enorme que dava para o corredor, havia uma marca de respiração nela, como se alguém estivesse observando.

***

Já era hora do almoço e Spencer estava sentada com Marlee e Celeste, duas meninas tão inteligentes e competitivas quanto Spencer.

– Acho que tirei a nota máxima em todas as provas de ontem! – Gabou-se Marlee – Ainda não soube o resultado, e você Spencer?

Spencer não ouviu, desde que vira o cartaz de Alice no dia anterior, não conseguia parar de pensar no dia em que Ali desapareceu, aquela cena dela sumindo na mata passou várias e várias vezes pela sua cabeça

– Ei, Spencer! Terra chamando! – Celeste passou a mão na frente do rosto de Spencer

– Ahn? Ah, sim, tirei nota máxima. Meninas, vou tomar um pouco de água, está bem? Já volto

Na fila do bebedouro Spencer encontrou Aria Montgomery, uma das antigas amigas dela. Aria notou Spencer quase que na mesma hora em que Spencer notou Aria

– Oh, ei, Ari! – Spencer falou. Ela se perguntou se era muita intimidade chama-la de Ari depois de três anos sem se verem

– Olá, Spence!

As duas ficaram em silencio por uns cinco segundos antes de Spencer quebrar o silêncio

– E aí, quando você voltou?

– Ontem...

– E por que você voltou? – Spencer também se perguntou se soou como se não quisesse ela ali

– Ah, na verdade foram os meus pais que quiseram voltar, sabe, eu preferia mil vezes ter ficado lá!

– Ah...

– Não que eu não goste daqui, nada do tipo, é que lá é como se fosse o meu lugar... – Aria se corrigiu para não ficar como se não gostasse de Rosewood Ville ou algo do tipo

– Sabe, você fez a pior escolha da sua vida – Spencer só falou isso, bebeu água e foi embora

Quando Spencer voltou á mesa onde estava sentada com Marlee e Celeste, as duas mal perceberam que ela havia chegado, pois estavam prestando atenção demais no professor novo de inglês, Ezra Fitz

– Dizem que ele morava nos Estados Unidos e tem um sotaque super sexy! – Disse Marlee

– E o melhor você não sabe! Ele dá aula para todas as turmas! – Respondeu Celeste. E as duas começaram a dar gritinhos

As duas mudaram de assunto e Spencer se sentou. Elas eram tão... típicas... Spencer não se lembrava quando nem porque começara a andar com elas. Ela só se lembrava que precisava de novas melhores amigas depois que Ali desapareceu e as outras se afastaram.

– Ei, Spence! – Celeste a cutucou – Vai ter uma super festa dos Khan hoje á noite, você vai? – Os Khan simplesmente faziam as melhores festas de Rosewood, quando Spencer estava prestes a concordar, Spencer recebeu uma mensagem. Spencer se afastou um pouco para que as duas não pudessem ver e clicou em ler:

“Spence, preciso te encontrar hj á noite! Urgentemente! Beijos, Ian”

– Quem era? – As duas perguntaram em coro, curiosas

– A minha mãe... – Spencer fingiu desapontamento e fez a maior cara de decepção, mas por dentro fervia de felicidade porque ia encontrar Ian – Oh, meninas, me desculpem, não vou poder ir á festa, minha mãe quer que eu fique em casa, passe mais tempo com a família...

– Tudo bem então... – Disse Celeste, meio chateada

O celular de Spencer tocou outra vez e Spencer clicou em ler toda alegre achando que fosse outra mensagem de Ian:

“Mentindo para as amiguinhas, Spence? Saiba que esse é o primeiro passo para um ciclo vicioso. Imagina o que a sua irmãzinha fará quando souber, hein Spence? – A”.

Spencer olhou para trás, quase sem conseguir, paralisada. Ninguém estava olhando para ela e vários alunos estavam no celular, então ela não podia saber quem havia mandado a mensagem. Num ato de impulso, Spencer mandou outra mensagem de volta:

“Quem é você, seu doente?” – Spencer estava tremendo

“Alguém que sabe muito sobre você, então é melhor não brincar comigo, porque quem comanda o jogo sou eu! XOXO – A”

– Quem foi, Spence? Sua mãe de novo? – Perguntou Marlee

– Sim, foi só minha mãe – Respondeu Spencer

***

Era a última aula antes da saída e Emily não conseguia parar de pensar em Isaac. Eles haviam saído ontem á noite mas ele parecia bem mais frio com ela.

A professora começou a chamada e reparou que uma garota chamada Aria Montgomery estava na sua turma de Matemática... Meu Deus, Ari havia voltado!

Emily olhou para trás e viu Aria sentada no fundo da sala: Como sempre, desenhando.

A treinadora do time de natação de Emily, do qual ela era capitã entrou na sala.

– Senhor Toledo, preciso falar com Emily Fields – Falou ela para o professor.

– Senhorita Fields, acompanhe a senhorita Clarice – Disse o professor, Clarice ficou ruborizada, porque todo mundo sabia que ela era solteirona.

Emily seguiu a treinadora até sua sala.

– Emily, tenho uma ótima notícia pra você! – Disse a treinadora toda animada

– Qual? – Perguntou Emily tão animada quanto

– Eu acabei de falar com um olheiro de Harvard! Ele vai ver a competição de sexta agora e se você ganhar, muito provavelmente vai ganhar uma bolsa, Em!

– Ai meu Deus! E com quem vou competir no na sexta?

– Com o Isaac, do Colégio American! Vai ser meio difícil, Em, porque ele é muito bom. Mas você consegue!

O sorriso de Emily desapareceu

– O... Isaac? – Emily murmurou

–Sim, qual o problema? Não se preocupe, Em... Vai dar tudo certo

– Não tem nenhum problema – Emily disse de cabeça baixa

– Ótimo! Treine bastante, Em!

Emily saiu da sala da treinadora, talvez não tivesse nenhum problema mesmo, talvez ela falasse com Isaac e ele entendesse...

Emily estava no meio do corredor quando seu celular tocou e ela clicou em ler nova mensagem:

“Qual é o problema, Em? Tá com medo de competir com seu namoradinho secreto? Se você quiser, eu posso fazer com que ele não seja mais tão secreto assim, beijinhos, -A”

Emily olhou em volta e chamou

– Tem alguém aí? – Obviamente, ninguém respondeu