Sweet Wishes.

Capitulo Um.

-Nico?

Foi o primeiro som que Nico ouviu quando acordou, acompanhado por uma mão pequena tocando seus ombros e os balançando de leve. A delicada pressão de dedos em sua costa era agradável.

-Ni–

-Oi? – Falou ainda meio grogue pelo sono, após interromper o outro.

Nico abriu os olhos lentamente para constatar, através do pequeno despertador digital, que eram 03h34min da manhã, apertou os olhos para depois os abrir novamente, as mãos que estava em seu ombro o envolveram num abraço desajeitado.

-Eu estou com uma vontade estranha, a noite inteira... – O outro falou meio manhoso, a voz doce logo o acalmou e lhe causou aquele efeito estranho que o fazia parecer um drogado, mais conhecido como amor.

Fazia quatro anos que estavam juntos – sem contar os anos de amizade ou sequer como conhecidos – e ele ainda se sentia do mesmo jeito toda vez que a maldita criaturinha se quer olhava em sua direção, como um convite para as malditas borboletas fazerem uma festa em seu estômago.

Ou, como Percy dizia às vezes: “peixes”, peixes fazendo festa em seu estômago.

-O que é dessa vez? – Falou de forma calma, já se levantando preguiçosamente e sentindo a incrível vontade de voltar para cama.

Talvez eles pudessem ver filmes até amanhecer, dormir abraçadinhos ou... transar, é, transar era uma boa opção.

Mas, como Jackson sempre repetia em seu ouvido quando ele reclamava dos seus estranhos desejos, a culpa era sua também. Tá... tudo bem; talvez tenha sido só um pouco, afinal, foi Percy quem resolveu fazer uma surpresa para Nico, saindo do banheiro com um biquíni ao invés de pijamas naquele verão passado. Então dessa forma, não foi nem um pouco culpa dele ter jogado o moreno na cama e o fodido mais de cinco vezes e de todas as formas possíveis.

Com certeza não foi culpa dele àquela noite resultar em um pequeno ser crescendo na barriga de Percy, cerca de três meses atrás. Escolha de nomes, dúvidas sobre o gênero do bebê, festa e preocupações faziam parte do cotidiano de Nico, já que Percy estava tão fissurado no feto que se esquecia de cuidar dos dois.

“Percy, você já comeu alguma coisa desde o almoço?”

“Não, eu estava fazendo carinho no bebê”.

Realmente, Nico havia se casado com alguém muito lerdo.

-Morangos.

-Morangos? – Repetiu meio manhoso, enquanto catava uma camiseta e uma bermuda no armário – Você nunca gostou de morangos!

-Eu sei! Mas eles parecem realmente gostosos agora! – Percy falou, logo depois entortando o nariz – Você não quer que o meu bebê tenha rosto de morango, não é?

-Nosso pequeno bebê, meu grande neném – O moreno fez um biquinho birrento ao ser chamado de neném, e em troca recebeu um aperto na bochecha – Você deveria parar de ser tão fofo.

-Cala a boca e vá comprar meus morangos.

[...]

4:54 AM.

-Então... –

Falou o dono do pequeno armazém vinte e quatro horas, muito bem humorado para as quatro da manhã – O que faz aqui há essa hora? Apenas comprando morangos?

-Gravidez – Curto e direto, era muito cedo para alguém normal ser capaz de desenvolver frases.

O homem riu, passando os morangos junto com uma caneca do Nemo que com certeza faria Percy dar pulinhos, e talvez dar uns beijinhos em Nico.

Não que ele tivesse comprado a caneca só para isso...

-Tão jovem e já vai ser pai? Você tem o quê? 24, 25?

-26 – Falou calmamente ajudando a colocar as coisas na sacola plástica.

O comerciante riu mais um pouco. Como ele conseguia ser tão bem humorado a essa hora da manhã?

-E ela? Vocês já são casados?

Nico resolveu ignorar o “ela” – afinal, coisas de semideuses eram muito difíceis de explicar a mortais – e se deixou sorrir com a lembrança do mais velho.

-28, nos casamos faz quatro anos, mas já nos conhecíamos antes – Disse, entregando a quantidade de dinheiro necessária.

O homem apoiou o cotovelo no balcão e a cabeça na mão, com uma expressão um tanto nostálgica.

-Vá atrás de sua senhora então, devo estar tirando o seu tempo. Desejo a ela ótima gestação.

Um último sorriso, e com isso, Nico voltou ao carro.

[...]

-Nico! – Escutou um grito, mais parecido com um chiado assim que entrou em casa.

-Sim?

Uma figura pequena e encolhida encontrava-se perdida em meio a um cobertor com estampa da Dory, de Procurando Nemo, os seus cabelos estavam bagunçados e caíam no rosto e ele parecia ligeiramente desnorteado.

-Morangos? – Percy choramingou, as suas constantes mudanças de humor o deixavam ligeiramente confuso.

Nico suspirou derrotado e levou a pequena sacola com os morangos para a cozinha.

-Deixe-me lavá-los primeiro...

-Morangos!

Revirou os olhos com a atitude infantil do mais velho, às vezes parecia que Nico era o mais velho do pequeno apartamento.

Contentou-se em suspirar de leve e ignorá-lo.

-Eu tenho uma surpresa para você, em cima da mesa...

Rapidamente Jackson se animou, um sorriso adornou seu lindo rosto e ele segurou o cobertor mais perto de si.

-O que é?

-Você tem que ir lá ver.

Nico deixou-se sorrir de leve quando o outro deu meia volta, deixando-o ter uma visão da tão bonita – e diga-se de passagem: sua – bunda do mais velho.

Ele com toda certeza não tinha comprado a caneca só para isso.

[...]

-Sabia que vão lançar Procurando Dory? Vai ser no ano que vem, eu estou tão animado! Nós podemos levar nosso bebê à estreia, se ele tiver idade, claro...

Nico escondeu o sorriso na curva do pescoço de Percy, aspirando seu cheiro e grudando o peito nas costas dele.

-Vá dormir. Acredite se quiser, mas talvez se você dormir logo não me acorde às 3 da manhã de novo.

-Pare de reclamar! Afinal, a culpa é mais sua do que minha.

-Mas foi você que veio usando um biquíni...

-E foi você quem me fodeu!

E daí a conversa deu-se por encerrada.

Nico não tinha mais argumentos.

Mas ninguém realmente precisa saber...