O Natal Inesquecível escrita por ALoka


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

"I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All I want for Christmas is you"



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O primeiro Natal na casa de praia foi mais do que especial para Félix e Niko. Não era o primeiro que passavam juntos, mas era o primeiro que passavam como uma familia. Félix já havia adotado oficialmente os meninos e o casal já havia assinado um contrato de união estável. Não houve cerimônia nem nada, apenas uma formalidade jurídica que incluiu a sociedade nos restaurantes. A prioridade era acomodar César, matricular as crianças na escola, inaugurar o restaurante, renovar alguns ítens da casa... era tanta coisa, que não tiveram tempo para celebrar a união.

Naquela época, César ainda andava carrancudo e passava a maior parte do tempo dentro do quarto. Niko afirmava, todos os dias, que as coisas estavam melhorando e que, mais cedo ou mais tarde, César ia se acostumar totalmente com eles e com a vida na companhia do casal. Félix fazia o possível para acreditar nisso.

Eles decidiram que passariam o Natal lá mesmo, em Angra. A ida até São Paulo estava descartada. Enfrentar horas de estrada com César, e duas crianças, para passar o Natal na mansão de Pilar não parecia uma boa idéia. No fundo eles estavam felizes porque iam ter um Natal tranquilo e, mais importante de tudo, juntos.

A nova família se preparava para a data festiva e tudo era motivo de novidade: a primeira árvore, os primeiros enfeites, o que iam comer na ceia e os presentes. Muitos presentes.

Félix não era o mesmo esbanjador de antes, também não tinha mais à sua disposição o dinheiro de Mamy Poderosa. Mas comprou, com sua parte do lucro dos restaurantes, presentes para os filhos, para o pai e até para Adriana. O presente que ele comprou para Niko foi o mais especial de todos. Ele quis caprichar. Mas demorou um pouco até se dar conta de qual era o presente certo.

Ano passado Niko foi tão bom comigo. Me deu um par de sapatos lindo! E, mais do que isso, prometeu me ajudar e ajudou. Foi pedir pra Mamy me aceitar de volta e ainda me levou para almoçar no dia de Natal. Eu eu não dei nada para ele! Preciso de algo especial esse ano.— Com isso na cabeça, Félix pensou por alguns dias qual seria o presente de Natal ideal para o Carneirinho. - Um utensílio de cozinha, não. Ele já tem tudo. Roupa... ele bem precisa de roupa. Ahh não, nossos estilos são diferentes melhor deixar ele escolher, já sei que vai querer casacos com capuz, socorro! Mas ele gosta, fazer o que. Quem sabe um passeio, uma viagem... ihh não, não temos tempo para isso agora. Um livro? Não, ele não tem tempo para ler. Já sei! Um brinquedo erótico! É... melhor não. Natal não fica bem dar essas coisas. E já temos tantos....

Enquanto escolher o que dar de presente para Niko estava sendo difícil, para Jayminho foi super fácil. Ele queria um brinquedo que, para Félix, não tinha graça nenhuma. Ele perguntou algumas vezes para o filho, como quem não acreditava, se aquilo era mesmo o que o menino queria ganhar. Era um jogo que Félix achava extremamente chato.

— Tem mesmo certeza, Jayminho? É isso que você quer ganhar do Papai Noel?

— Papi, é o que eu mais quero!

Foi uma resposta simples e que explicava tudo. Não tem mistério, o melhor presente é aquilo que a pessoa mais quer. Félix concluiu. E daí ele, finalmente, se deu conta do que o Carneirinho mais queria. E decidiu-se. Ia dar para o companheiro, como um presente, exatamente aquilo na noite de Natal. Para Félix era como uma retribuição, um ciclo que se fecharia, que começou no Natal passado.

Ao longo dos dias que antecederam a grande data, tanto Niko quanto Félix iam colocando sob a árvore os presentes que seriam entregues após a ceia. Um dia Félix chegou com uma caixa enorme, vermelha e amarrada com um laço de fita dourada, chamando a atenção de todos. Adriana foi a primeira a perguntar para quem era. Félix deixou claro que era uma surpresa.

— Não seja curiosa, criatura. No dia você saberá.

Todos se perguntavam o que teria lá dentro e para quem seria. Félix não colocou nome em nenhum de seus presentes porque queria fazer surpresa.

Niko também colocou os presentes que ia entregar sob a árvore. Porém, ao contrário de Félix, todas as suas caixas tinham uma etiqueta com o nome de seus destinatários. Na menor de todas podia-se ler “Félix”.

— Nossa, Carneirinho. Por que meu presente é o menor?

— Félix, você nunca ouviu falar que nos menores frascos é que estão os melhores perfumes? Tamanho não é documento!

— Depende né, Niko. Aliás, o senhor mesmo aprecia muito uma coisa que é enor...

— Félix! As crianças!

Enquanto Niko disfarçava o riso, Félix fez o gesto de fechar a boca passando uma chave e logo jogando fora, mas ficou intrigado com o que teria lá dentro da minúscula caixinha de presente. Por mais que ele tentasse arrancar alguma coisa de Niko, não conseguiu. Ficou apenas com a curiosidade.

Entretanto, os dias passaram rápido e logo a véspera de Natal chegou. A ceia estava maravilhosa, toda preparada por Niko com a ajuda de Félix e Adriana, que passou o Natal com eles. A babá, que já era praticamente da familia, optou por ficar já que seus parentes moram muito longe. Ela ganhou presente até do doutor César.

Sim, o grande Papi Soberano participou da ceia e da distribuição de presentes. Mesmo se mantendo calado quase a noite toda, a presença do pai foi uma alegria para Félix.

E ninguém tirava os olhos da imensa caixa vermelha, se bem que desconfiavam quem seria o dono dela. E confirmaram quando, após entregar presentes para todos, Félix a entregou para Niko.

— Carneirinho, esse é meu presente pra você.

— Nossa Félix! Pra mim?

— Ah, Niko, tenho certeza que você já sabia que seria sua, não faz a inocente!

— Tão grande...

— É pra compensar o ano passado quando não te dei nada. Enquanto você... você começou a mudar a minha vida já no dia seguinte, criaturinha cheia de segredos.

Niko imediantamente pôs-se a abrir a imensa caixa retirando com cuidado a fita dourada. Mas Félix o impediu, disse que ele somente poderia abrir mais tarde, quando todos já tivessem ido dormir. E, curiosamente, Niko teve a mesma idéia.

— Félix, que coincidência! O meu presente pra você, aquela caixinha menor, eu também só vou dar mais tarde.

Félix sorriu, aquilo atiçou mais ainda a sua curiosidade e o fez imaginar que poderia ser algo, digamos, íntimo.

Niko recolocou a caixa dele sob a árvore, sob os protestos de Adriana e Jayminho, claro, porque morriam de curiosidade. E até César fez uma cara mais carrancuda ainda, como se fosse possível. Inclusive ele estava curioso. Àquela altura, embalado pelo vinho da ceia, demostrava um certo interesse nos assuntos do filho, mesmo que disfarçando bem.

Félix decretou:

— Amanhã vocês todos vão saber, pela Estrela de Belém! A curiosidade matou o gato, sabiam?

Quando já passava da meia-noite, Fabrício dormia no colo de Adriana que, de tão cansada, quase caía no sofá. Félix colocou o pai na cama equanto Niko se empenhava na difícil missão de fazer o mesmo com Jayminho. O menino relutou, até que cedeu.

— Vamos, filho, eu te ajudo. Adriana, vai dormir, meu anjo, deixa que Félix cuida de Fabrício.

Félix não teve dificuldades, logo Fabricio estava em seu bercinho. Já Niko custou um pouco. Jayminho estava agitado e ansioso, com tantos brinquedos novos que ganhou de presente e queria continuar brincado. Niko levou tempo contando-lhe uma historia até que o menino dormiu.

Quando retornou à sala, Félix havia improvisado, com uma toalha, uma mesa no chão junto a àrvore de Natal com taças de vinho, queijo, frutas secas e frescas. Tudo iluminado apenas pelas mini lâmpadas da decoração natalina. Niko surpreendeu-se e riu.

— Félix, o que é isso? Você tem cada ideia...

— É um piquenique romântico, Niko. Só que, ao invés de à luz de velas, é à luz da árvore. Gostou?

— Amei.

— Vem, Carneirinho senta aqui.

Félix estendeu a mão o convidando com um enorme sorriso.

Enquanto bebiam e saboreavam as delícias que sobraram da ceia, namoravam e contavam histórias de seus Natais mais marcantes do passado. Mas, mesmo assim, entre um beijo e outro, e uma castanha e outra, não podiam deixar de imaginar o que havia nas caixas que ganharam de presente, mas ainda não haviam sido abertas.

Niko imaginou que, daquele tamanho, aquela poderia ser a caixa de uma batedeira ultra moderna, acomapnhada de dezenas de acessórios. - Um eletro-doméstico não era bem o que eu queria mas, vindo do Félix, vou gostar de qualquer maneira. Só espero que não seja roupa. Só falta ele querer me vestir porque sei que ele não gosta dos meus casacos de capuz... Será que é um guarda roupa completo, todo ao estilo do Félix? E ele deve ter errado no tamanho, vai ficar tudo apertado... Ai, Minha Santa Virgem! Por que comi tanto hoje?

Félix não imaginava muita coisa. A caixinha era pequena demais. Estava curiosíssimo e pensou em alguns ítens que se vendem em sex-shops, mas poucos eram daquele tamanho. Quem sabe era mesmo um pequeno frasco de perfume? Até que se deu conta: - É uma caixinha de jóia, só pode. Uma correntinha, uma medalha ou... um anel. Uma aliança! Mas será que eu salguei a Santa Ceia pro Niko me pedir em casamento? Agora?! Não acredito. Só pode, ele vai me pedir em casamento! Mas não me falta mais nada... ah Niko, não. Não!

Ele ficou apreensivo e, por isso, decidiu que estava na hora de abrir as caixas misteriosas.

— Carneirinho, Vamos abrir os presentes, então? Daqui a pouco esse vinho todo vai nos fazer correr lá pro quarto... vamos logo ver o que tem nessas caixas.

— Félix, abre primeiro o que eu te dei.

— Não, você abre primeiro o que você ganhou.

— Abre você, Félix, é menor.

— O que tem ser menor, Niko? Vai, o que eu estou te dando é importante, abre logo.

— O meu é mais importante, aposto!

— Carneirinho, eu juro que você vai ver e vai adorar meu presente pra você. Abre logo!

— Não Félix... Abre você. O que eu dei. Você primeiro, por favor.

Niko pediu por favor. Pediu que Félix abrisse o dele primeiro de um jeito irresistível.

No entanto Félix não queria. Estava convencido que aquela caixinha só podia ser um par de alianças. E, se fosse, o presente que ele comprou, que vinha naquela caixa enorme, não teria a mesma importância. Ele ainda argumentou com Niko que o presente maior devia ser aberto primeiro, que deu trabalho escolher, que foi escolhido com todo amor, que vinha em uma linda, enorme e chamativa caixa vermelha com fita dourada...

— Você não está curioso com uma caixa desse tamanho, Carneirinho?

— Estou sim. Mas... abre primeiro o que eu dei, Félix? Por favor.

Niko estava irredutível.

E quem conseguiria dizer não àquela criatura de olhinhos brilhantes e doce sorriso, que virava a cabecinha para o lado enquanto pedia fazendo biquinho?

Não Félix. Principalmente depois de algumas taças de vinho. Félix não estava em condições de dizer não àqueles olhos pidões que estavam ainda mais lindos sob a tênue e romântica iluminação de Natal. Rendido, ele cedeu. Mesmo que temeroso.

— Tá bom, Carneirinho... tá bom. Me dá essa caixinha, anda.

Niko entregou-lhe a caixa sorrindo fartamente, alegre e, quase, saltitante.

Félix abriu, como sempre, rasgando o papel como uma criança aflita. Enquanto fazia isso ele repetia dentro dele: – Que não sejam alianças de casamento, que não sejam alianças pelas contas de todos os Rosários!

Ele abriu a pequena caixa e encontrou objetos de por nos dedos. Mas não eram alianças, eram anéis. Respirou aliviado.

Niko disse que acreditava que eles mereciam usar anéis de compromisso. Ele entendia que, como assinaram o contrato de união estável com muita pressa, sem cerimônia e quase de surpresa na correria de se mudarem para Angra, não tinham nem pensado nisso. Mas ele sentia falta de um anel. Então escolheu para eles como presente de Natal e mandou gravar os nomes.

— Olha no seu, tem meu nome. E no meu, o seu nome. Gostou?

— Que susto, Niko. Achei que fossem alianças de casamento. - Félix sem perceber, deixou que mais um “sapo” lhe escapasse da boca. Se deu conta do que falou, quando já era tarde demais.

— Susto? Nossa, Félix, se eu te pedisse em casamento você ficaria assustado? Não ia gostar?

Félix tentou se explicar. Disse que o motivo do susto não seria o casamento em si, que não tinha nada contra casar-se. Insistiu que gostou do anel e ainda se desculpou por nunca ter pensado nisso.

— Eu não imaginei usar um anel de compromisso, ou um anel porque assinamos só aquele contrato. Achei que usaríamos apenas alianças quando casássemos.

— Se a gente casassse, né Félix. Se fôssemos casar de verdade. Mas só assinamos um contrato... então, achei que podíamos usar um anel. - Cabisbaixo, Niko prosseguiu concluindo: - Já sei! Voce não gostou. Você não gosta de anéis...

— Não é nada disso, Niko! É claro que eu gostei.

O Carneirinho parecia aborrecido. Félix sabia porque. Ele sabia que Niko queria casar, claro que sim. Com Eron nunca teve nada formalizado em papel, mas agora era diferente. Ele tinha uma família completa como sempre sonhou, faltava apenas um detalhe. Faltava o casamento, a cerimônia, as familias confraternizando e testemunhando a felicidade e a afirmação de compromisso dos dois.

Niko sempre adorou casamentos e se emocionava nas cerimônias. E, conforme um dia comentou com Márcia no casamento de Dona Bernarda, ele sempre achou que Félix tinha a aparência do noivo mais lindo. Ele queria aquele noivo para ele, claro que queria. Mas eles apenas assinaram o contrato de união estável pois era mais rápido, agilizaria a adoção dos meninos por parte de Félix e descomplicaria a sociedade dos dois nos restaurantes.

Naquela hora, quando Félix falou que se assustou com a possibilidade do presente serem alianças de casamento, Niko acreditou que Félix não queria casar como manda o figurino e provavelmente nunca daria esse próximo passo na união deles. Niko concluiu, com tristeza, que Félix não compartilhava do mesmo sonho.

— Olha, Félix, não precisa se assustar, tá? Esse anel não significa que vai ter bolo ou bem-casados. Nem flores, nem celebrante, nem padrinhos, madrinhas, nem festa, nem dama de honra. É só um anel que simboliza a nossa união.

— Tá bom, Carneirinho.

— Posso colocar no seu dedo?

— Claro que sim.

Félix apenas sorriu e disse que adorou o anel. Colocou o outro no dedo de Niko e o beijou com paixão enquanto pensava em perguntar se ele estava chateado. Mas achou melhor não dizer mais nada. A não ser sugerir o que faltava fazer.

— Ainda tem o meu presente pra você. Quer abrir?

— Claro, Félix.

Niko estava sim, chateado, se podia ver. Mas conformou-se. Afinal estava ali com Félix, tinha uma familia adorável, morava em uma casa linda... e agora usavam um anel de compromisso. E era Natal! Aos poucos Niko se animou enquanto retirava a fita dourada do presente.

Quando ele abriu a enorme caixa vermelha, encontrou uma outra, de cor verde, no interior dela.

— O que é isso, Félix?

— É o trenó do Papai Noel... É claro que é outra caixa, Niko! Anda, vai abrindo.

Félix roía as unhas. Ele sorria olhando para o Carneirinho, embora estivesse ansioso. Se fosse ele já havia rasgado todo aquele pacote que Niko, ao seu modo, abria com cuidado.

Ao encontrar uma terceira caixa dentro da segunda, Niko riu com vontade.

— Você tem mesmo que fazer piada com tudo, não é?

— Ah, eu sou assim, você sabe. Vai abrindo!

E assim Niko foi, sucessivamente, abrindo uma caixa e encontrando outra menor de cor diferente no interior daquela.

— Você não tem jeito. Mesmo!

— Anda, Carneirinho, Anda!

Os dois riam e já não havia quase mais espaço no chão da sala, para acomodar tantas caixas que iam saindo uma de dentro das outras.

— Ai Felix... quantas caixas faltam?

Félix apenas ria, ansioso mas se divertindo.

Quando Niko já estava quase chegando ao fim, Félix pediu que ele parasse pois tinha algo a dizer. Emocionado, ele prosseguiu:

— Carneirinho, ano passado você me deu um presente de Natal que significou muito. Além dos sapatos, foi uma promessa que você fez, lembra?

— Claro que lembro.

— Você prometeu que ia me ajudar. E me ajudou. Você me transformou no que eu sou hoje. Assim como essa caixas, que precisaram ser abertas até revelar algo de valor que está escondido lá dentro, você fez isso comigo. Você entende o que eu quero dizer?

— Entendo, amor. Lógico que entendo!

— Sei lá, Niko... eu não sou muito bom em explicar essas coisas... vou ficar dando voltas e voltas aqui se eu tentar... Vai abrindo, vai.

Niko também já se emocionava, mesmo sem fazer ideia do que era seu presente, nem de quantas caixas ainda faltava abrir. Em uma mistura de risos e lágrimas, o Carneirinho prosseguiu abrindo uma após a outra.

Félix percebeu que faltava pouco para que ele chegasse ao final, então voltou a falar:

— Da mesma forma que você começou a mudar a minha vida, no Natal do ano passado, eu quis te dar um presente à altura nesse Natal.

Niko finalmente chegou na última caixa e abriu. Encontrou dentro uma pequena caixinha de veludo vermelho e isso fez com que um arrepio corresse dos seus pés até sua cabeça. Ele olhou para Félix, que apenas sorria emocionado, abriu a pequena caixa e se deparou com um par de alianças, que fizeram seus olhos brilharem como nunca antes em sua vida.

Félix respirou fundo e disse de uma vez só:

— Quer casar comigo, Carneirinho?

Enquanto Niko ainda não dizia nada, apenas sorria, ele prosseguiu:

— Casar de verdade. Com bolo e bem-casados, padrinhos, madrinhas, celebrante, festa, flores, familias... hein? Tudo que temos direito! Quer?

— Eu... eu achei que você não quisesse! Você nunca... você até se assustou quando achou...

— Niko, você entendeu errado. Eu queria que fosse eu a pedir. Por isso tive medo que seu presente fosse igual ao meu... Por isso falei aquilo.

O Carneirinho apenas segurava a caixinha com as duas alianças, olhava para elas, olhava para Félix e sorria... tornava a olhar para elas e para Félix...

— Niko, você me deu um destino. E eu quero te dar o meu nome.

O Carneirinho continuava em uma espécia de transe, enquanto Félix continuava:

— Você me deu uma nova vida, eu quero te dar uma vida nova. Uma vida de casado, que tal? Você sabe que, pra todos os efeitos, ainda somos solteiros porque a união estável...

Félix não terminou de falar.

Num impulso, Niko o interrompeu. Passando por cima de todas as caixas que haviam entre eles pelo chão, e quase derrubando a árvore de Natal que estava ao lado, ele agarrou Félix em um abraço forte e disse em seu ouvido:

— Sim, sim, sim! Sim, Félix.

E os dois se beijaram. Um beijo do tipo que não se tem vontade nenhuma de interromper.

...

Aquele se tranformou em algo mais do que o primeiro Natal que passavam na casa de praia. Aquele era o último Natal de Niko como solteiro. E, porque não dizer, de Félix também. Não somente porque ele já havia se divorciado de Edith há um bom tempo, mas também porque aquele casamento, que ele tinha com ela, podia ser tudo, menos um compromisso verdadeiro onde houvesse amor. Agra ele teria um casamento de fato e de direito.

Após o beijo, eles permaneceram abraçados um bom tempo sem que palavra nenhuma fosse dita. Até alguém quebrar o silêncio:

— Feliz Natal, Carneirinho.

— Feliz Natal, Félix.

A noite ainda não havia terminado. Abraçados, ele foram para o quarto. Combinaram de usar o anel de compromisso que Niko comprou até o casamento, quando trocariam pelas alianças compradas por Félix.

Pela manhã as crianças encontraram todas aquelas caixas coloridas vazias, de diversos tamanhos, espalhadas pela sala. Brincaram mais com elas do que com os brinquedos que ganharam de presente.

Aquele Natal se tornara inesquecível.


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Notas finais do capítulo

Felixz Natal para todos vocês que curtem Feliko.