Tadaima escrita por Faye


Capítulo 2
Um lugar para retornar


Notas iniciais do capítulo

Capítulo final dessa fanfic. Trabalhei bastante nesse capítulo, então espero que tenham gostado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/576532/chapter/2

Sakura encontrava-se esticada sobre sua cama, com o fino e macio cobertor a cobrir lhe até a cintura. Seu rosado cabelo estava úmido por conta do banho que tomara, e vestia uma delicada camisola verde de seda que parecia fazer parte de seu corpo por conta da suavidade do tecido. Olhando através da alta e estreita janela do seu quarto, conseguia ver o céu, com sua profunda tonalidade de azul, uma meia lua, e o brilho intenso de cada estrela. Sorriu ao ouvir o barulho que a noite abrigava: o vento uivando, o piu de uma coruja ao longe, os murmúrios dos grilos. Havia uma estranha calmaria em tudo aquilo que fazia seus músculos relaxarem.
Estava quase adormecida quando ouviu que batiam a sua porta. Bufou de raiva. Será que não poderia ter nem um minuto de descanso ? Já passava a manhã e a tarde inteira comandando firmemente o hospital, indo de leito em leito para verificar seus pacientes, sem sequer esquecer de uma única pessoa, e ao cair a noite, só o que queria era sua confortável cama e uma bebida para aquecer lhe em dias frios. Resmungou enquanto empurrava o cobertor para longe de seu corpo quente, e ao tocar o chão gelado com os pés nus, resmungou mais uma vez. Gritou para quem batia a sua porta que já estava indo, e caminhou até a escada, descendo os degraus um a um, tomando cuidado para não cair como fazia todos os dias de manhã ao descer para o café. Não era sua culpa. Era culpa daquele estúpido e feio antepenúltimo degrau, no qual ela sempre perdia o equilíbrio. Dizia a si mesma que a manhã em que não cair ao descer as escadas, seria o seu dia de sorte. Seus longos dedos encontraram a maçaneta dourada.
– Ino, eu juro, se for você, é melhor correr, sua porca. – Disse, com uma clara irritação na voz enquanto girava a chave para abrir a porta. Sua melhor amiga a visitava de noite sempre que podia para lhe falar sobre seu relacionamento com Sai. Isso era extremamente chato, mas amava Ino como uma irmã, então tentava mostrar interesse no assunto. Embora muitas vezes falhasse. Por que queria saber que seu namorado tinha dado um livro a ela ? Ino nem mesmo gostava de ler.
Ao abrir a porta, sentiu um vento gelado vindo de fora, provocando arrepios em suas costelas. Não tinha percebido que havia esfriado. O calor da manhã tinha ido embora, dando espaço pra uma noite agradável, que logo foi substituída por um frio repentino. Agora, a meia lua estava quase desaparecida por conta das nuvens cinzentas que pairavam sobre ela.
Lentamente, ergueu seus grandes olhos verdes curiosos para a figura que estava diante de si. Ele era pelo menos vinte centímetros mais alto, trajava uma blusa preta que cobria seus braços e que combinava com a cor de seus olhos. Seu coração bateu tão alto ao vê-lo que jurou que ele pode ouvir. Uchiha Sasuke estava sorrindo, um sorriso que nunca tinha visto em seus lábios. Era doce, gentil, repleto de ternura e de amor. Ele a olhava intensamente. Aqueles olhos negros parecia despir lhe a alma, tornando a vulnerável. Seu corpo estava trêmulo quando percebeu as flores que ele trazia. Aquilo a acalmou, e um sorriso tímido surgiu em seus lábios. Certamente ele se lembrava o que significava essas flores. Sempre foi atencioso quando se tratava dela. Sentiu um nó na garganta e um aperto no coração. Percebeu que queria chorar. Chorar porque ele finalmente tinha voltado.
– Eu cheguei, Sakura. –Disse Sasuke com suavidade enquanto estendia a mão para lhe entregar os narcisos.
Com um doce sorriso, recebeu o presente em silêncio. Seu corado rosto estava iluminado pela fraca luz do luar, e Sasuke não soube reagir diante a sua beleza. Ela estava tão linda, mais linda que da última vez que tinha a visto, se isso era possível. Sabia que não era merecedor dessa mulher, mas o amor que nutria por ela era imensurável, e nunca mais a deixará novamente. Dessa vez, tomará o caminho certo, e quer sua amada ao seu lado. Não a magoará nunca mais. Prometeu que irá recompensa-la por tudo que a fez passar. Irá permitir que cada parte deles se torne somente uma, como tinha que ser desde o início. Irá permitir que seu acalorado riso preencha o seu ser, transbordando-o de amor e felicidade.
– Sak.. – Antes mesmo de chamar seu nome, Sakura pulou em sua direção, envolvendo sua nuca com seus braços magros, aos prantos. Chorava tanto que até soluçava, e suas mãos seguravam firmemente os narcisos. Cambaleou para trás, surpreso com tal atitude, e a segurou pela cintura com toda delicadeza do mundo, como se fosse feita de vidro.
– M-m-mui-muito o-obrigada pelas flores, Sasuke-kun. Elas são lindas. – Disse Sakura, em meio aos soluços. Ele podia sentir seu coração batendo no mesmo ritmo que o dela, acelerado e alto. Apertou-a contra o seu corpo, afagando lhe os cabelos e sentindo o seu cheiro. Cheirava a primavera, tal como se lembrava.
– Assim como você. –Disse. Sakura corou ao ouvir aquelas palavras, se libertando de seus braços. Levou as flores até seu nariz, e saboreou do delicioso cheiro que continha.
– Sasuke-kun, vamos entrar ? Está ficando frio aqui fora. – E de fato estava. O vento que vinha do norte soprava mais forte e gélido a medida que o tempo passava, impiedoso. Sakura limpou as lágrimas com as costas da mão e o fitou com seus olhos verdes umedecidos, aguardando uma resposta.
– Sim. – Seguiu sua amada porta adentro.
A casa tinha as paredes cor creme e uma espaçosa sala com um sofá cor de marfim, com várias decorações: plantas, abajures, quadros com pinturas vívidas, um grande tapete branco que ficava bem no centro da sala, estantes cheias de livros, e uma pequena mesa de canto com fotos sobre ela. Tinha diversas fotos, e uma o irritou profundamente. Teve vontade de espremer o pescoço daquele idiota. Na foto, Naruto abraçava Sakura, com seu típico sorriso de orelha a orelha. No canto, tinha algo escrito com a horrível caligrafia do Naruto. “Para minha irmãzona e melhor amiga”. Um grande idiota. Se lembraria mais tarde de sumir com aquilo e arranjaria uma desculpa qualquer para o futuro “problema”.
– Quer algo pra beber, Sasuke-kun ? – lhe ofereceu enquanto fechava a porta e se encaminhava para a cozinha. Viu Sakura pegar um jarro transparente, enche-lo de água gelada e coloca-lo sobre a mesa junto as fotos. Depositou suas flores ali.
– Não, obrigado. Venha aqui. – Sasuke tinha se acomodado no sofá, fazendo um sinal com a cabeça para que ela o acompanhasse. Sakura caminhou timidamente em sua direção. Tinha os braços e as pernas amostras por conta da sua camisola, o que a deixava um pouco desconfortável. Sentou ao seu lado, cabisbaixa, com as mãos a brincar com a borda de seu pijama. Queria perguntar quanto tempo iria ficar, mas tinha medo da resposta. Não suportaria se separar dele novamente. Já tinha chorado várias noites por sua ausência. Não queria que fosse embora. Queria que ficasse, para que pudessem construir uma vida juntos. Mexeu nervosamente em seu cabelo quando percebeu que ele a observava com uma expressão suave. Não tinha ninguém no mundo que a conhecia melhor do que Sasuke. Ele sabia o que sua amada queria questionar, e então, esperou pacientemente.
– Você vai ficar por quanto tempo, Sasuke-kun ? – Indagou quando finalmente criou coragem, com uma voz carregada de tristeza. Já estava preparada para ouvir um “eu não sei” ou talvez “não por muito tempo”, mas a resposta que obteve foi totalmente contrária a suas expectativas.
– Pra sempre, meu amor. - Ao dizer isso, tomou o rosto de Sakura nas mãos, fazendo seu coração acelerar mais uma vez. – Não fique triste. Eu voltei, e dessa vez não vou embora. - Deu lhe um suave beijo na testa, arrancando de sua mulher um pequeno sorriso.
– Prometa. Prometa que não vai embora novamente.
– Eu prometo, meu amor. Me de uma chance e verá. Te farei feliz todos os dias. Prometo. Todos esses anos em que eu estive longe, te levava no coração. A lembrança de seu sorriso me aquecia e me confortava. Senti tanta sua falta. Ah meu amor, como senti. Cada parte do meu corpo doía por causa da saudades que me consumia como uma doença. Eu prometo que ficarei para sempre ao seu lado. – Ficou surpreso em como as palavras saiam facilmente de sua boca, como se fosse algo natural. Começou a compreender que isso era falar com o coração.
Sakura desabou em prantos novamente, abraçando seu amado com força, como se tivesse medo que ele partisse. E tinha. Mas ele a prometeu que ficaria. Do mesmo jeito que tinha prometido que voltaria para ela três anos atrás. E lá estava ele, numa noite fria de verão. Seu amor durante esses anos permaneceu inabalável, e o amava a cada segundo mais. Nunca tinha desistido de esperar. Nunca tinha o esquecido. Amava tanto aquele homem que chegava até doer.
– Eu te amo, Sakura. Sempre te amei. Você sabe disso, não é ? – Delicadamente, Sasuke segurou as pequenas mãos da sua mulher, e fixou seus olhos nela. Procurava qualquer indício de dúvida em relação ao que tinha acabado de falar, mas ela sabia. Sempre soube no fundo de seu coração.
– Eu também te amo, Sasuke-kun, eu te amo muito. – Disse quando havia parado de chorar, dando lhe seu sorriso mais puro.
Sasuke observou cada traço de seu rosto, maravilhado. O formato de seus cílios, longos e pretos, seu pequeno nariz, sua boca rosada convidativa. Teve vontade de beija-la, e por que não deveria ? Ela era sua, e ele era dela. Se aproximando lentamente, pousou um beijo em sua bochecha, depois outro no canto de sua boca. Sua pele era macia e tinha um gosto viciante.
– Obrigado, Sakura. Obrigado por tudo. – Disse Sasuke.
Finalmente, seus lábios se encontraram. Tinham o encaixe perfeito, e seus corações batiam como se fossem um. Sakura enterrou os dedos em seus cabelos negros enquanto Sasuke a pegava no colo. O barulho de suas línguas se entrelaçando e suas respirações ofegantes eram os únicos ruídos que se ouviam. Vez ou outra, o beijo era interrompido para dar lugar as palavras de amor, sussurradas ao pé do ouvido.
Naquela manhã, Sakura havia caído duas vezes na estúpida escada: ao subir e ao descer. Talvez isso fosse o sinal de sua sorte.
Daquele momento em diante, Haruno Sakura e Uchiha Sasuke se tornaram uma única alma habitando dois corpos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tadaima" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.