Avatar: A Lenda de Thembi - Livro 1: Esperança escrita por MattFonseca


Capítulo 4
Capítulo 3: O Avatar




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17:34 P.M, RIO VALIRA DO ORIENTE, ANDORRA

Thembi conseguiu prever a primeira labareda de fogo, ergueu os dois punhos, fechados, como um escudo, à sua frente, formando uma grande parede de pedra, que anulou as chamas. Afrouxou as mãos, desfazendo a proteção, para logo abrir a mão destra e esticá-la, guiando uma grande torrente de água do rio, à sua direita, contra Akilah, como um míssil. Como sempre, a mulher foi ágil, colocou o braço esquerdo um pouco para trás e fechou a mão direita, esticou-a e prendeu a respiração, lançando um jato de fogo tão forte que cortou ao meio a onda d'água, desviando seu curso.

Estavam naquilo havia horas, mas o rapaz se negava a parar. Estava treinando com Akilah por falta de opção, Tano e Tupac haviam saído para verificar o perímetro, mas ele sabia que não deviam ficar em um mesmo lugar por muito tempo. Não sabia para onde estavam indo, entretanto, não poderia perder tempo, todo e qualquer tempo livre deveria ser utilizado para aprimorar sua Dobra.

A mulher socou o ar duas vezes, e duas potentes labaredas foram ao encontro de Thembi, que com um movimento único das duas mãos, fez um grande paredão d'água, repelindo as chamas. Por sua vez, Akilah, impressionada, ficou admirando a proeza, enquanto ela descia com grande fúria, arremessando-a dentro do rio. Rindo e um pouco envergonhado, o garoto abriu o rio, deixando uma Akilah encharcada no meio das pedras.

– Muito bom, garoto. Você está... - Tentou falar em zulu, tossindo e expelindo água - indo bem.

O menino esticou o braço e a ajudou a voltar à margem. Ela passou a mão nos cabelos e jogou a água no menino, que correu, rindo. Ela iria atrás, se não visse Tupac e Tano, que estava segurando algumas sacolas, chegando por entre as árvores. Eles se aproximaram de Akilah, e Thembi veio logo atrás.

– Dá para ouvir o barulho da água do outro lado da floresta, precisamos ir embora.

– Como? - Perguntou Thembi, em inglês. Tano olhou para o garoto, aprovando.

– Logo após a floresta, e mais alguns minutos de caminhada, encontraremos uma estação ferroviária. Eu dei uma olhada nos horários, e tem um trem que irá passar às 19:47 P.M, ele irá direto para Paris, mas podemos pular antes e continuar nosso caminho.

– Mas não temos dinheiro. - Interpôs Akilah, sabiamente.

– Sim, mas podemos entrar pelo bagageiro, nem precisaremos esperar o trem parar. Basta sermos rápidos que ninguém notará. - Decidiu Tupac, pondo um fim na conversa.

– E então... coisa para eu comermos? - Perguntou Thembi, indicando as sacolas de Tano.

– Algo para nós comermos. - Corrigiu a mulher, colocando a mão no ombro do menino.

– Sim, algo para nós comermos?

– Água, algumas frutas e legumes. - Informou Tano, abrindo a sacola para os outros.

Thembi pegou uma maçã, Tano juntou alguns galhos e os arrumou para Akilah fazer uma fogueira, Tupac dobrou a terra para fazer uma panela, onde colocou um pouco d'água, para cozinhar os legumes.

Durante a pequena refeição, os dois homens relataram o que descobriram durante o tempo em que ficaram fora.

Um jornal local informava que as autoridades haviam descoberto uma possível tentativa de dobradores explodirem a Torre Eiffel, o policiamento foi reforçado e os Caçadores estavam fazendo rondas para o caso de haver algum dobrador pelo local. E na África, uma onda de protestos estava movendo multidões contra os Caçadores, que já haviam sido expulsos de outros países africanos. Nessa parte, Thembi ficou contente em saber que algumas pessoas estavam fazendo algo para mudar aquela realidade.

– Isso pode significar esperança. - Falou, em zulu.

– É o que significa seu nome, e o que você representa. - Respondeu Akilah, no mesmo idioma.

* * *

O chacoalhar do trem não era muito agradável para Tupac, porém não estava em posição de reclamar. Sentou em outra posição, para aliviar a coluna e notou que Akilah ainda estava acordada.

– Alguma noção de para onde estamos indo? - Ela perguntou, falando em zulu, cansada.

–Sim, daqui alguns dias haverá um encontro dos líderes mundiais... É para lá que estamos indo, Genebra.

A mulher ficou em silêncio, absorvendo a informação. Ela olhou para Tupac, depois para Thembi, que ouvia tudo, mas permanecia quieto.

– E o que pretende fazer quando chegar lá? - Continuou ela.

– Eu não sei, ainda estou pensando nisso.

– Tem certeza que pretende fazer isso?

– Não tenho mais certeza de nada. - Ele fechou os olhos, apoiou a cabeça na parede do vagão e tentou dormir.

* * *

Acordaram cedo e pularam do trem na estação de Lyon Part-Dieu, onde encontraram uma bela cidade, com grandes pontes e rios para onde quer que olhasse. Com tempo de sobra para pensar, Tupac decidiu deixar que todos aproveitassem a bela paisagem, mas longe de qualquer contato com outras pessoas. Por segurança, todos resolveram ficar no limite da floresta, na colina Fourvière.

– Como vai o seu treinamento com Akilah, Thembi? - Indagou Tano, enquanto dobrava um pouco d'água na sua frente, fazendo a água pular de uma mão para a outra.

– Vai muito bem, mas eu gostaria de treinar com outro elemento, não só o fogo, entende?

– Entendo. - Tano pensou por um momento e um sorriso travesso lhe cruzou o rosto. - O rio Saône corta essa colina, sabia? É logo ali, podemos treinar sem a interrupção de ninguém.

Logo os dois estavam caminhando em direção ao rio, e, para não haver preocupações, Akilah e Tupac os seguiram.

– Podemos treinar hoje, e amanhã continuar nosso caminho. - Falou o garoto.

– E para onde vai o nosso caminho? - Perguntou Tano, já erguendo um pouco d'água do rio.

– Para Genebra, é claro. Não podemos perder uma reunião importante como aquela.

Akilah olhou para Tupac, que devolveu o olhar. A compreensão cruzou a cabeça dos dois e eles se voltaram para o menino.

– E o que você pretende fazer quando chegar lá? - Tupac questionou.

– Mudar o mundo. - Respondeu o Avatar.

Tupac tentou reprimir um sorriso de satisfação, porém não se conteve.

– Então é melhor que você esteja preparado. - Ele deu um forte chute no chão, a rocha que saltou da terra foi ao encontro de sua mão, que a despedaçou, formando outros pedaços menores. Os fragmentos da rocha começaram a flutuar ao seu redor, de um jeito ameaçador.

–Sim, é o dever do Avatar restaurar o equilíbrio e, para isso, é necessário treinamento. - Argumentou a mulher, que fechou os punhos e incendiou os braços, que formaram longos chicotes.

– É, eu tenho fé em você, Avatar. É por isso que te ajudei até aqui, e você não pode fracassar. - Uma quantidade maior de água saiu do rio, pairou sobre todos e logo formou uma grossa neblina, que dificultou ao máximo a visão de Thembi.

Em meio à neblina, a única coisa que pôde ser vista, foi os olhos do Avatar, que brilhavam em um branco fluorescente.

– Estou pronto.

E então os três avançaram para cima dele.


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