[One-Shot] Just A Dream escrita por quixoticHeart


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Minha primeira obra sobre Homestuck, tem DaveJade sim por que tem pouco desse ship maravilhoso nesse site e por que eu adoro e eles merecem.



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Do momento que Jade abriu os olhos, ela soube que estava em uma dreambubble. Recordava ter deitado no sofá com olhos sonolentos a algum tempo. Mas não recordava conhecer o lugar onde estava. E se uma coisa havia aprendido depois de dois anos convivendo com a realidade das dreambubbles no lugar dos seus sonhos, era que elas funcionavam do mesmo jeito que eles: projetavam as suas memórias de lugares que você já esteve. E se por acaso você sonhasse com algo que você nunca viu na vida, era sinal de que ou você é um grande mentiroso ou que esta memória não te pertence.

E Jade sabia que essa memória não era dela. Ela estava parada no meio de um extenso corredor cinza, e o ar era confinado. Parecia estar num laboratório. Hm, de quem será esta memória…?

A garota conferiu o corredor á sua frente e atrás. Ninguém. Engraçado, normalmente, as memória possuem um aspecto muito mais lavado e nebuloso. Jade geralmente sabe instantaneamente quando está numa memória graças aos seus sentidos de Bruxa do Espaço. Mas esta não parecia ser uma. O concreto das paredes frias parecia bastante físico, como se a matéria estivesse mesmo ali. Seria possível?

Aquilo não era uma memória. Mas como era possível? Ela estava dormindo, sabia disso. Apesar de seu corpo apresentar uma consistência, ela podia sentir que ela era apenas uma projeção.Não estava mesmo ali. Mas o cômodo existia de verdade.

Aradia nunca a contara que existia essa possibilidade. Se soubesse antes, teria tentando encontrar os amigos mais vezes. Projetar seus pensamentos de forma que eles a levassem até o meteoro.

Estranho como ela nunca conseguira fazer isto antes. Talvez fossem só em ocasiões especiais. Quem sabe o meteoro pudesse atravessar fisicamente uma bolha, de forma que Jade pudesse localizar os amigos dentro desta? Seria magnífico!

Será que este era o lugar?

Espalmou a mão sobre a superfície lisa da parede, procurando sentir a matéria e o solo debaixo dela. Ela pode sentir um edifício longo e complexo se estendia a sua frente, e abaixo dele um solo rochoso e recheado de crateras. Era o meteoro. Era o laboratório. Eram os seus amigos!

Um grito de fúria a tirou de seus pensamentos. Seria aquele… Karkat?

Jade seguiu o som de uma discussão feia até a porta mais próxima. A porta era pesada e abafava boa parte do som, mas mesmo assim ela podia ouvir a discussão lá dentro. Karkat estava discutindo com alguém, provavelmente uma pessoa que ela nunca conheceu. O tom de voz da outra pessoa era relativamente mais calmo se comparado ao do troll. É claro que Karkat fazia um escândalo por qualquer coisa e era bem irritadiço, mas esta raiva era genuína e estava misturada com algo… Talvez mágoa. Esta era definitivamente uma conversa que ela não gostaria de interromper. Decidiu por não abrir a porta, e não era por causa do aviso dizendo “FUCK OFF”.

Deixando a discussão para trás, Jade abandonou a porta e deixou de lado seus poderes de God Tier por um minuto. Seus sentidos caninos eram mais conveniente agora que a busca era mais fácil. Não há necessidade pra gastar poderes tão legais assim a toa, né?

Jade inspirou o ar, a procura de cheiros conhecidos. Seu olfato aguçado consegue reconhecer, entre muitos cheiros, um aroma doce e refinado do perfume favorito de Rose. Sua melhor amiga.

Seguindo o aroma, Jade alcançou uma nova porta, esta decorada com alguns panos estampados, glittler e citações de autores que provavelmente já estão mortos. Quer dizer, antes do jogo explodir os planetas, é claro.

Risadas e barulhos estranhos vinham daquela porta. Estalos e sons de respiração pesada. Mais risinhos. Parece que Rose estava ocupada com alguém. A bruxa farejou levemente o ar procurando reconhecer o outro cheiro, mas haviam uma mistura tão grande de álcool, papel velho, tecidos e um aroma férrico, que era impossível identificar outro cheiro. Pelo menos o perfume de Rose conseguiu ser forte o suficiente para sobressair estes outros cheiros horríveis.

Será que devia entrar? Rose parecia ocupada. Mas Jade logo decidiu que depois de dois anos sem ver ninguém, valia a pena tentar. Entretanto, apesar de ter sido criada no meio de uma florestar tropical, Jade havia sido devidamente educada e sabia que devia bater na porta antes.

Seria uma falta de educação interromper algo sem avisar.

Jade então deu três toques na parte descoberta por panos da porta.

– Estamos um pouco… Hihihi, ocupadas. - a voz de Rose surgiu, apesar de abafada. - Volte outra hora, por favor.

Então mais risada vieram.

Parece que a vidente tinha achado alguém para passar o tempo com além de seu irmão.

Argh, porque ela tinha que lembrar dele agora?

Perfeito. O estrago já estava feito. A garota logo se viu pensando em Dave Strider, seu melhor amigo, sua paixonite de infância, e pior… Davesprite.

Fazia 3 meses. Ela já devia ter superado. Ela também devia ter superado a queda por Dave a muito tempo. Era só uma queda boba de criança. Pelo menos era o que ela tentava se convencer. Aparentemente ela não conseguiu. Não conseguia largar o sentimento. Foi por isso que ela começou a namorar Davesprite em primeiro lugar. Foi por isso também que ela acabou quebrando o coração dele sem querer. E ele terminou com ela, deixando um vazios ainda maior.

Era injusto. Ela devia estar feliz com Davesprite. Os dois tiveram um bom namoro pelo tempo que durou, mas ambos sabiam que não ia dar certo. Estavam adiando o inevitável. Alguma hora iriam sair daquele navio e encontrar o verdadeiro Dave. E tudo ia ficar mais confuso.

Talvez ela não devesse ir atrás de Dave. Só ia deixa-la mais confusa. Mas ela não conseguia resistir.

Ela mal percebeu quando começou a farejar por Dave. Ele estava aqui em algum lugar, ela sabia disso. Podia sentir um fraco odor de colônia masculina no ar. Davesprite também tinha este cheiro, por isso ela estava familiarizada.

Argh, e lá vamos nós de novo.

Jade chacoalhou a cabeça para se livrar dos pensamentos.

– Tez, pergunta muito importante: - a voz de Dave ecoou pelo corredor. Ele estava perto.Virando o corredor.

Naturalmente, Jade correu até a curva da parede e encontrou mais um corredor vazio com mais portas.

–… Você pode ou não farejar a minha sensualidade? - o timbre agora levemente mais grosso do garoto vinha da segunda porta.

A garota se aproximou em passos lentos e silenciosos, ouvindo a conversa e tomando coragem para bater na porta. Mas, será que deveria?

Hesitante, tomou alguns passos para trás.

Não posso fazer isso. Não devo. Quer, dizer, como o Dave vai reagir? Ele nem deve lembrar quem sou eu. Até onde eu sei, ele pode ter arranjado uma namorada troll. Deve ser esta que está ai dentro com ele agora mesmo.

Eu até poderia, Dave, se ao menos houvesse alguma sensualidade para ser cheirada >:] - Uma voz feminina e engraçada respondeu.

– Você deve ser cega mesmo… Ah não, pera… - o garoto caçoou.

Cega? Tinha uma troll cega?

Sou cega, não estúpida. Sei que você está sem camisa exibindo um torso devidamente trabalhado. Mas isso não é exatamente um fator de atração física para os trolls, Dave.

Opa, pera ai.

Ugh, vocês não sabem apreciar o que é bom na vida, isso sim. Como quiser, está perdendo um visão.

Hmm… Uma espiadinha não mata ninguém né?

Conferindo dos dois lados do corredor, Jade ajoelhou em frente a porta e espiou pela fechadura pra dentro do quarto.

Jade fez uma anotação mental para lembrar-se de agradecer ao irmão de Dave quando chegasse na nova sessão. As sessões de luta no telhado do prédio desde pequeno renderam ao garoto um físico… Ah! Incrível.

A garota se afastou um pouco da fechadura para respirar fundo e se recuperar. Mas quando procurou a figura de Dave de novo, não conseguiu ver nada além da garota de pele acizentada e roupas pretas. Seu cabelo batia na altura de seus ombros mas ela não podia ver muito além pois ela estava virada de costas para a porta, encarando Dave com as mãos na cintura.

Um garota troll trancafiada num quarto com Dave sem camisa?

Uma onda alucinante de raiva atingiu Jade, e ela mal percebeu quando começou a rosnar.

– Você ouviu isso? - a troll virou a cabeça para o lado, revelando um par de óculos vermelhos.

Jade tapou sua boca imediatamente.

– Não ouço nada. - disse Dave.

– Parou agora, seu duh. Parecia um rosnado, ou…

– Ta bom, Tez. - o garoto disse em descaso. Ele apoiou as mãos atrás da nuca, o que dava a -Jade a inesperada mas muito bem vinda visão de seus braços flexionados.

– Eu tô te falando, eu ouvi. E não é só isso. Faz um tempinho que eu tenho sentido esse cheiro muito estranho dessas bestas peludas que você humanos chamam de bichinho de estimação.

– Como um gato? - ele perguntou, confuso.

– Eu sei o que é um gato, idiota. O lusus da Nepeta era um gato, quase que a própria Nepeta era uma gata. Eu estou falando da outra besta peluda.

– Um… Cachorro?

Jade arregalou os olhos. Será que ela cheirava tão mal assim? Por que Jonh nunca falou nada?

– Isso. - a garota troll se virou completamente para a porta. - Está em algum lugar por aqui.

Ela começou a se mover, fungando o ar e direcionando-se para a parede do outro lado. Ela logo estava fora do campo de visão da fechadura.

– Ok, isso é besteira, Terezi, não tem nenhum cachorro nesse meteoro.

– Meu nariz não mente, Dave! - ela disse de algum ponto no lado direito do quarto.

O som de fungada estava se aproximando bastante, mas Jade ainda não podia ver a garota.

Onde você está…?

Um grito alto e agudo preencheu o corredor. A troll surgiu de baixo com um pulo e cobriu todo o campo da fechadura. Seu olhos eram completamente vermelhos e encaravam Jade diretamente.

Jade tropeçou em seu próprio pé e caiu para trás com o susto.

– Aí está você! - a troll disse, abrindo a porta do quarto.

Jade ainda massageava o bumbum que amorteceu a queda quando foi surpreendida (assustada) de novo pela garota, que se aproximou num nível não muito saudável da bruxa, violando seu espaço pessoal e cheirando seu pescoço, colo e ombros.

– É você mesmo, com cheiro de cachorro!

– Ahn, e-eu…

– Não me diga! Morena, olhos verdes, heroína do espaço… Você deve ser a Jade! É bom te conhecer finalmente.

A garota se levantou, oferecendo sua mão para levantar Jade do chão.

– Meu nome é Terezi.

Jade aceitou a mão e levantou-se, ainda um pouco embasbacada.

– Jade… Mas você já sabia disso. — ela sorriu.

– E como! Mas admito que estou agradecida que finalmente tive a chance de encontrar. Sinceramente, eu estava começando a achar que os rumores sobre humanos sem alterações horríveis no tom do cabelo pra ele ficar amarelo eram falsas. É bom saber que existem humanos de cabelo normal.

Jade riu, junto com a garota. Talvez ela não fosse tão má assim.

– Também fico agradecida por que agora talvez Dave para um pouco de falar sobre vocês. Você principalmente. - a troll complementou.

– Uh… O que? - Jade corou, rindo na tentativa de disfarçar.

– Awn, ela é mesmo fofa, Dave. Eu quero ficar com ela. - Terezi virou-se, abrindo a visão para que Jade pudesse olhar Dave por completo.

Dave não estava se mexendo. Ele estava completamente imóvel, de olhos fixos em Jade como se tendo dificuldade em assimilar as coisas. Talvez estivesse tomado pelo choque de encontrar Jade depois de tanto tempo. Fazia muito tempo. Dois anos. Muita coisa havia mudado. Dave devia ter crescido uns bons cinco centímetros.

– Dave? Não vai vir falar com a sua amiga? - Terezi indagou.

Ele ainda não se mexia. Jade começou a ficar preocupada. Ela estava com medo. Não queria desencadear uma reação negativa de Dave. Ela não queria que ele tivesse esquecido dela.

Ela sabia que não deveria ter vindo em primeiro lugar. Devia ter dado meia volta enquanto podia e ido o mais longe possível daquele meteoro.

O silêncio fazia Jade ficar desconfortável, mas ela também não se mexia. Não sabia o que fazer. Por que Dave estava parado? Será que ele lembrava dela?

– Argh, eu tenho que fazer tudo por aqui. - reclamou a troll, enquanto empurrava gentilmente Jade pelas costas.

Ela a deixou para no meio do quarto e foi buscar Dave, empurrando-o pelos ombros até Jade. Terezi então se pos entre os dois, olhando de um ao outro, esperando por uma reação. A única coisa que os humanos fizeram foi continuar a se encarar.

– Jegus, eu não posso acreditar… - Terezi massageou suas têmporas, logo se endireitando e coçando a garganta para começara falar.

– Dave, esta é a Jade, sua melhor amiga, que você não cala a boca sobre e não ve a dois anos.

Ela encarou Dave esperando pela resposta. Nada.

Decidiu então virar para a morena, acreditando que esta seria mais racional.

– Jade, este é Dave, seu melhor amigo, que apesar de estar agindo como um completo mongol agora é um cara muito legal, acredite em mim.

Jade queria responder que sim, ela sabia disso, mas estava com muito medo de demonstrar uma reação. Ela não sabia o que fazer e estava sinceramente começando a ficar desconfortável.

A bruxa mordeu seu lábio inferior, nervosa, e desviou o olhar para os seus pés.

– Jade? - a voz de Dave a chamou de volta.

Ela olhou para ele, que ainda tinha aqueles malditos óculos de sol que ela tentou tirar tantas vezes.

– Hey, Da—

Dave a interrompeu enlaçando sua cintura num aperto forte, e a tirando do chão. Dave rodopiou Jade pelo quarto de forma que a garota não teve outra opção a não ser agarrar-se ao pescoço do loiro por segurança. E rir. Rir bastante.

Ele também estava rindo. Ao longe ela ainda podia ouvir a voz de Terezi reclamar algo sobre humanos e declarar que tinha feito seu trabalho. Jade presumiu que ela tivesse saído, o que era ótimo. Obrigada, Terezi.

Dave finalmente pôs Jade de volta ao chão, ainda sorridente.

– Você está mesmo aqui, isso é incrível! - ele proclamava, tocando cada centímetro do rosto da garota para ter certeza que ela era real. - Ah meu deus!

– É bom ver você de novo também, Dave!

– Você tem orelhas de cachorro agora?

Jade tocou suas orelhas brancas e peludas, sorrindo. Ela logo procurou algo diferente nele também,e foi aí que se lembrou que o garoto estava despido do tronco pra cima.

Não é preciso mencionar que Jade corou violentamente.

– Ahn, eu deveria pegar uma camiseta né?

– Provavelmente- ela mordeu seus lábios com vergonha.

Ela preferia sem, mas não ia dizer isso á ele.

Deus, como ela preferia sem.

Dave virou-se com sua velha camisa branca de mangas vermelhas e quase flagrou Jade ochecando.

– Onde estão os outros? Jonh, o gato da Rose, até o Davesprite?

– Eu, hm, vim sozinha. - ela cruzou os braços.

– O que aconteceu com eles? Como você saiu de lá? - o garoto perguntou, confuso.

– Eu não saí de lá, Dave.

– Como assim? Eu achei que você tinha conseguido sair daquele vortex de espaço-tempo louco em que vocês estavam e alcançado a gente.

– O que? Não!- Jade riu - Dave, eu não estou aqui de verdade. Isso é só uma projeção minha. Eu estou sonhando. Vocês estão atravessando a minha dreambubble.

– Ah… - Dave suspirou, triste. Aos pouco um sorriso brincalhão começou a crescer no canto de seus lábios.- ...Quer dizer então que você está sonhando comigo?

A rapidez com a qual a feição de Jade mudou de triste para sorridente foi assustadora. Também foi assustadora a força da garota quando socou o braço de Dave.

– Ei! - ele esfregou o local atingido.

– Me desculpe. Mas a culpa não é minha se você é um grande mané.

– Bom, esse mané é um herói do Tempo, e ele não tem tempo pra perder. - ele puxou-a para sentar-se na cama com ele. - Me conte tudo, faz muito tempo, inclusive, tempo demais na minha opinião.

Jade sentou, rindo da sequêcia de piadas bobas envolvendo o aspecto do garoto.

– Como você está? Como tá o Jonh? - ele perguntou mais calmamente.

– Eu estou bem. Jonh também, fica me fazendo assistir filmes horríveis com ele o tempo todo. Nanna cozinha três bolos diferentes todo dia, e Jaspers me irrita três vezes mais do que o normal agora.

– Ah cara isso deve ser muito louco, você correndo atrás do gato tipo um cachorro mesmo. Hilário. - Dave fez sinal de perfeito. - E o meu parça, o Davesprite?

Jade engoliu em seco.

– Ele… Está bem.

– Tem alguma coisa errada, não é? - Dave parecia preocupado.

– Nós dois tivemos um desentendimento. Só isso.

– Você não está brava comigo por causa dele? - ele perguntou preocupado.

Jade levantou o olhar e encarou Dave. A mesma cara que quebrou seu coração.

– Não. - ela sorriu.

– Ótimo, por que eu preciso de todo o seu bom humor agora.

– Pra que, eu posso perguntar?

– Por que eu acabei de pensar em uma série de cantadas pra ir junto com seu novo status de Dog Tier.

– Ah meu deus…

– Não, é sério. Checa só: gata, se você fosse uma picanha você estaria ao ponto.

– Dave… - Jade cobriu o rosto com as mãos com vergonha. O que Dave achou terrivelmente fofo, e por isso mesmo decidiu continuar.

– Ei, essas roupas são do Espaço?

– Sim, por que?

– Por que a sua bunda parece ser de fora deste planeta.

– Dave! - Jade deu-lhe outro soco no ombro.

– Ai! - ele reclamou, apontando para o local anteriormente machucado.

– Desculpa! Mas isso foi muito inadequado!

– Eu sou inadequado.

Jade riu.

– Então tente ser menos inadequado se não quer outro soco. Pelo menos faça um esforço pra ser mais romântico nessas cantadas.

– Mais romântico, você diz? - ele sorriu torto.

Dave pulou para fora da cama, se ajoelhando na frente de Jade e tomando a sua mão num gesto romântico, assumindo sua melhor expressão irônica de apaixonado.

Se ao menos ele soubesse como ela estava caindo por aquele teatro todo.

– Rosas são vermelhas... Violetas são azuis... Meu nome é Dave Strider, quer ficar comigo?

– Ah, qual é Dave. - Jade puxou sua mão da de Dave, e este sentou no chão, rindo. - Você é o mestre dos raps, pode fazer melhor que isso!

– Posso mesmo. Mas assim fica mais irônico. - ele ajeitou os óculos. - Acha que pode fazer melhor, vai em frente.

Jade hesitou um pouco.

– Ahn, acho que tudo bem… - ela se endireitou e começou a recitar. - Sweet Bro é vermelho, Hella Jeff é azul. Você é uma escada? Por que eu estou caindo por você.

Dave levou alguns segundos para processar a informação. O dela tinha sido muito melhor e ele sabia. Um pequeno sorriso repuxou o canto esquerdo dos seus lábios.

– Ah cara, isso foi perfeito. Não rimou e ainda fez sentido. Harley, pare de ganhar de mim no meu próprio jogo.

– Vá em frente e tente. - ela respondeu num tom desafiante.

– Ah, então vai ser assim, é? - Dave levantou uma sobrancelha. - Pois então prepare-se para o furacão conquistador de Strider que está por vir.

Dave pulou para cima da cama. Ele logo esticou um mão para tocar levemente a bochecha de Jade de modo gentil, arrancando-lhe arrepios.

– Jade, se beleza fosse medida em tempo, você seria infinita. - disse com a voz calma e baixa.

A bruxa sorriu involuntariamente e deixou-se perder no momento como uma tola. Até que o loiro a trouxe de volta a realidade com apenas um sorriso brincalhão, afastando-se um pouco.

Droga. Esta não tinha sido uma boa ideia.

– Falaí, foi de arrepiar essa.

Jade não respondeu. Esta embaraçada. Ainda sentia o calor correndo por suas bochechas. Ela olhou para o chão, procurando uma desculpa para não encarar Dave. Deus, isso foi real?

Última chance de me bater, Harley.

Jade encarou Dave.

Ela podia ser uma boba apaixonada por um cara idiota, mas se tinha uma coisa que Jade nunca ia deixar de ser era competidora. Ela nunca perdia uma aposta. Esta não seria sua primeira vez.

Assumiu sua pose mais sexy e ergueu uma sobrancelha. Ela se aproximou de Dave lentamente, mordiscando os lábios e fitando os de Dave ao mesmo tempo. Dave parecia embaraçado por um instante. Foi quando Jade olhou Dave nos olhos, por debaixo das lentes escuras, e disse:

– Senhor Strider, isto nas suas calças é uma espada quebrada ou você só está feliz em me ver?

Dave levantou uma sobrancelha e sorriu.

– Muito boa. - Dave se afastou, ponho uma distância segura entre ele de novo. - Mas não o suficiente. Agora, prepare-se para o meu gran-finale.

Jade sentou-se mais para trás afim de dar a Dave o seu espaço. Ele começou a fazer um beatbox genérico para então soltar a letra de um rap fresquinho:

“Hoje eu tava assistindo tevê,

ouvindo um CD,

por que nessa joça não tem nada pra fazê.

A Rose fava me ensinando francê,

eu nada conseguia aprendê,

porque, Jade, eu não conseguia pensar em mais nada além de você.”

– Awn, isso foi fofo! - Jade aplaudiu.

Ela secretamente achava que tinha sido bem fraco, mas Dave gostava quando ela aprovava seus raps, por piores que eles fossem. Então ela sempre o faziapara agradá-lo. Até por que, se ela não o fizesse, ninguém mais faria.

– Obrigado, minha fangirl número #1.

Jade riu.

– Sabe, eu tenho mais umas rimas frescas pra soltar. Se tiver interessada, eu posso…

Dave foi interrompido por uma sensação de ondulação leve mais perceptível. Ele olhou paraJade e soube que ela também sentiu.

– O que foi isso? - ele perguntou.

– Não, sei. Deixe-me ver se posso descobrir.

Jade levantou da cama e se aproximou da parede do quarto de Dave. Ela espalmou a mão sobre a superfície lisa de cimento e concentrou-se. Podia sentir que as ondas chacoalhavam todo o meteoro. Podia também sentir uma finas e leve camada de memórias percorrer toda a superfície da rocha a alguns quilometro a frente. E depois, não podia sentir nada.

Ela abriu os olhos bruscamente, alarmada.

– Jade, o que aconteceu? Você está bem? - Dave perguntou, preocupado, levantando-se e indo até ela.

– É a bolha. - ela respondeu, falando baixo. Queria poupar Dave desta informação mas sabia que ele tinha o direito de saber. Estava acabando.

– O que tem a bolha?

– Vocês estão saindo da bolha. Ela já está tocando o solo, não falta muito até que chegue aqui. Eu não vou poder continuar falando com você quando sair da bolha.

Dave piscou um pouco.

– Você não pode desacelerar o meteoro? - ele perguntou com urgência.

– O que? Não— Jade tentou explicar.

– Então eu vou tentar chamar a Aradia. - ele saiu apressadamente, abrindo a porta para o corredor.

– Dave! - Jade o chamou, indo atrás dele.

– …Ela colocou a gente em movimento, pode também fazer a gente parar.– ele continuou, seguindo pelo corredor em passos rápidos.

– Não, Dave! - Jade o alcançou, se pondo na sua frente e o fazendo parar de andar. - Eu posso fazer vocês pararem, mas não vou fazer isso. Se eu desacelerar o meteoro vocês nunca vão chegar na nova sessão.

– Mas eu ainda não acabei de falar com você!

– Eu também não acabei, mas nós vamos ter tempo pra isso quando a gente se encontrar na nova sessão, eu prometo. - Jade o acalmou.

Ela podia sentir a camada de memória do final da bolha se aproximando perigosamente rápido, então decidiu apressar as coisas.

– Escuta, dá um beijo na Rose por mim e mande abraços pro Karkat e pra todo mundo, até pra Terezi. Peça desculpas por eu não poder me despedir direito. Pode falar também que a culpa é sua.

O garoto riu, assentindo. Jade podia ver a parede líquida e brilhante virando o corredor e se aproximando dos dois.

Sem pensar muito, e não tendo tempo pra isso de qualquer forma, Jade laçou os braços ao redor do pescoço de Dave mais uma vez, se despedindo. Ele abraçou-a de volta, temendo o momento que teria de soltá-la.

Felizmente ou não, este momento nunca chegou. Quando a parede finalmente tocou os dedos de Jade, ela trancou a garota dentro, a forçando a se afastar de Dave. Jade observou enquanto Dave ficava mais longe.

– JADE! - O loiro gritou, correndo atrás da garota. Ele logo perceberia que era inútil.

– Eu não posso parar! - a morena gritou de volta.

– Jade por favor! - ele pediu mais uma vez, competindo contra a bolha para alcançar a mão da menina.

Jade podia ouvir alguém gritando “QUE GRITARIA É ESSA?” em alguma lugar atrás dela. Ela logo viu Karkat passar por ela rapidamente.

– Me desculpe! Até logo, Dave! Eu vou sentir saudades!

– Jade, NÃO! - ele exclamou um última vez, e observou a parede do final do corredor sugar a bruxa para longe.

Ele não desacelerou a tempo o suficiente e foi freado pela mesma parede. Deu dois socos de frustração no cimento frio e um chute.

– Dave? Está tudo bem? - Ele ouviu a voz acalante de Rose perguntar.

Ele se virou lentamente e viu todo com a cabeça para fora de seus quartos, confusos pela gritaria que ele tinha feito. Ignorou a todos os olhares confusos e irritados e andou até Rose, dando um beijo na testa da irmã.

– A Jade que mandou. - explicou com uma voz triste e voltou para o seu quarto, trancando a porta.

==>

Jade acordou sendo chacoalhada. Abriu os olhos mas logo se arrependeu, pega de surpresa pela claridade do navio. Tinha se acostumado com o escuro no curto período que passou naquele laboratório.

Jonh estava ocupando todo o seu campo de visão, checando cada centímetro do seu rosto, com uma expressão preocupada.

– Jade! Ela acordou! - ele virou-se para trás. Então voltou para a garota. - Você tá legal?

– Jonh querido, de espaço para ela respirar. - A voz doce e aconchegante de Nanna chegou aos seus ouvidos. Ela tocou gentilmente o rosto de Jade. - Como se sente, querida?

– Bem, só estou um pouco tonta. - ela respondeu, pondo a mão na cabeça. Se apoiou nos seus cotovelos e olhou por cima do espectro de Nanna. Todos estavam lá, os consortes de todos os planetas, Jonh, Jaspers… Até o Davesprite, apesar de estar mais distante dos outros. Estavam todos preocupados com Jade.

– O que aconteceu? - a morena perguntou.

– Você estava tendo um sono bastante conturbado, meu bem. Parece que teve uma viagem bem agitada pelas dreambubbles! Hoo hoo!

– É, o que aconteceu? Voc~e encontrou algum troll malvado e lutou com ele?

– Não. - Jade riu. Ela lembrou de sua viagem ao laboratório e levou o olhar para longe, suspirando. - Eu sonhei com os nossos amigos.


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Notas finais do capítulo

SPOILERS (talvez): E aí, a Condessa chega e fode com tudo. Obrigada por ler, deixe um comentário me falando o que achou, o desenvolvimento dos personagens e talz, me de críticas, opiniões e sugestões também, por favor!