Surrender escrita por Maryse Ashryver, Leah Walsh


Capítulo 1
Prólogo




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Eu vagava lentamente e sem rumo pela floresta. Quando tudo ficará bem? Não é fácil continuar quando me sinto aos pedaços.

Andava procurando algum sentido em tudo, mas só o que via eram milhas e milhas de confusão. Por isso que preferia passar meu tempo sozinha no bosque. Era um lugar agradável e calmo. As árvores altas com copas de um verde intenso, assemelhando-se às pedras de esmeralda, faziam com que eu mal conseguisse ver o céu , que agora estava começando a clarear após a forte chuva que caíra. O pouco de luz que passava por entre as folhas era o suficiente para me deixar maravilhada com o que via. Só que nem esse conforto conseguiu me deixar muito relaxada.

Ao alcançar a estrada fiquei distraída com o contraste do verde esmeralda da vegetação por onde viera e do tom cinza do pavimento da pista, que estava um pouco desgastada. Lamentei por não estar com a minha câmera, gostaria de poder capturar essa vista e levá-la sempre comigo. É uma mania minha querer registrar paisagens e momentos aleatórios. Certo tempo depois, ao longe, avistei um automóvel. Quando ele se aproxima, aceno, pedindo carona. O motorista – cuja caminhonete fazia um barulho horrendo – parou na minha frente. O homem rechonchudo aparentava ter em torno de 40 anos, com alguns cabelos grisalhos e barba mal feita. Trazia um sorriso malicioso em seu rosto.

– Está perdida, docinho? – seu mau hálito atingiu meu rosto. Evidentemente alguém aqui não sabia o conceito de higiene. Como não falei nada, ele pigarreou – Para onde deseja ir? – perguntou ele, se esticando para abrir a porta do carro.

– Para a estação de trem mais próxima. – murmuro, entrando no carro.

Enquanto dirigia, meu motorista cantarolava “The Judas Kiss”. Não era a melhor música, mas meu irmão escutara tantas vezes no passado, que a reconheceria em qualquer lugar. Mas eu permaneci em silencio durante todo o percurso.

A estrada parecia não ter fim. Até que ele desviou-se da via principal e entrou em um caminho de terra. Uma onda de medo percorreu meu corpo. Por que ele desviara de sua rota? Mas logo me lembrei que não tinha o que temer, e consegui relaxar um pouco.

– É apenas um atalho. – explicou ele. Ainda assim continuei desconfiada e percebi que a cada vez que o olhava, sentia mais repulsa por ele.

A estrada estava deserta e as árvores ao seu redor davam um ar de sombrio ao lugar. De repente, ele parou o carro, e se virou pra mim.

– Sabe não é todo dia que a gente encontra meninas bonitinhas assim como você. – eu não respondi e ele começou a se aproximar com uma expressão pervertida em seu rosto.

Ele enfiou a mão sob a minha blusa. Eu fiquei congelada pelo susto do que aconteceu. Sua mão estava chegando perto de meus seios e quando alcançou a altura de minhas costelas senti uma explosão de raiva dentro de mim e sua expressão mudou de algo próximo a prazer para uma que mostrava dor excruciante.

Seu corpo foi para trás, ele começou a se debater e a gritar. Suas veias pulsavam, inchadas e visíveis, por todo seu corpo. Depois de alguns segundos, ele não tinha mais nenhum controle sobre seu corpo, o qual, de alguma forma que eu não conseguia entender, foi atirado pela janela do carro. Ao vê-lo convulsionando no chão de barro senti-me forte e vitoriosa. Eu me aproximei do corpo já quase sem vida.

– Sabe, vocês homens são tão estúpidos... – parei por um momento, pegando a carteira do homem, que estava no chão ao lado do bolso de sua calça imunda, e li em voz alta –... Joe Smith. Eu tenho andado há dias na floresta, só queria uma carona. Simples assim. Mas veja o que você está me obrigando a fazer.

Antes que ele pudesse dizer algo, franzi a testa e vi Joe debater-se mais e mais até que de repente ele parou de arquejar e se contorcer. E assim vi a vida se esvaindo de seus olhos.

Pouco durou a sensação de triunfo que eu sentia e logo fui tomada por um sentimento de culpa, que sempre chegava depois de situações como essa. Então vieram aquelas perguntas: e quanto à família desse homem? O quão devastada ela ia ficar? Quando iam superar? Será que superariam? Mas a questão é que nunca deixamos de sentir falta daqueles que amamos, apenas aprendemos a conviver com o enorme buraco deixado pela sua ausência. Infelizmente, descobri isso há algum tempo atrás. Talvez eu tivesse feito um favor a sociedade, mas nunca deixaria de sentir-me culpada por tirar a vida daquele homem.

Olhei para o céu e pude ver que começava a anoitecer. Voltei para a caminhonete e dei partida, tentando seguir em frente e fingir que não tinha acabado de abandonar o corpo de alguém em uma estrada.


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Notas finais do capítulo

Bem, por hoje é só! Espero que tenham gostado. Não sejam leitores fantasmas, comentem!



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