Deeper escrita por Minerva


Capítulo 1
Capítulo I - Devoção


Notas iniciais do capítulo

84 anos depois uma atualização decente,não prometo prazos cumpridos e sim muita sofrência.



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Deeper - “Algo mais profundo do que simplórios toques e olhares.”

Minerva

 

Capítulo I - Devoção

“Mais uma vez suas palavras me atingem como lâminas,

que dilaceram os resquícios de meus sentimentos.”

 

Com um sopro consigo expulsar a fumaça de minhas vias respiratórias,a mesma que intoxicou meus pulmões rapidamente se dissolveu no ar tornando-se invisível perante aos meus olhos,mas sua presença ainda é perceptível pelo meu olfato.

 

Uma belíssima e mórbida metáfora.

 

Na verdade,não passava de um lembrete metafórico de que por mais que expulsasse-o do meu contato exterior ainda me encontrava aguçada em sentir sua presença interiormente pelo meio mais cruel mentalmente.Ali em meio à um emaranhado de lençóis sedosos,as paredes taciturnas testemunhas de inúmeras noites assombradas pela insônia,cobertas de anotações frívolas sobre a anatomia humana,tudo concreto,verídico ou positivista entretanto algumas frases emocionais ousavam adentrar naquele mundo complexo.

Meus lábios ressecados ficaram por alguns instantes entreabertos novamente permitindo a deixa da nicotina.Recordo-me de um antigo professor questionando o principal motivo que os jovens mesmo com acesso a inúmeros veículos de informação continuam a misturar álcool com direção,sexo sem proteção ou experimentar drogas ilícitas cientes dos efeitos colaterais negativos.Naquela altura a única justificativa pessoal que encontrei para culpabilizar tais atos seria a negligência.

A tal negligência com si mesmo.

E até com as pessoas no qual rotula-as como próximas.

Tal degeneração acarreta em uma  série de consequências  também denominadas como “efeito dominó” resultando na tão temida dor psicológica que assola tanto a juventude. Exatamente o estado que me encontro atualmente,um constante estopim mórbido e isso se torna nítido ao observar o cigarro entre meus dedos.Infelizmente não me torno exceção,o objeto metafórico é utilizado como válvula de escape para suavizar o efeito lâmina - Conjunto de frases cujo objetivo é atingir o âmago além de seus efeitos colaterais são desgastantes,raiva,culpa e rancor são os principais.

Por quê eu estou tragando este cigarro sabendo de todos os malefícios que aplicam sobre mim? - A primeira instância podemos denominar esta pergunta como estúpida e contraditória,mas ao ser analisada cautelosamente há uma hipótese de que o objeto segurado é uma materialização da trágica metáfora dita anteriormente.Não tenho permissão para generalizar,porém garanto-lhes de inúmeros jovens utilizam estes meios que inundam suas veias de adrenalina e êxtase,uma contínua sensação de frenesi,como válvula de escape independente de suas motivações,justificáveis ou não.

“Talvez se eu esperasse menos de você, não surtiria tanto efeito,você não compreende o tanto que se tornou cansativo…”

Após esta supérflua argumentação,permito-me abandonar o objeto de estudo metafórico e levantar da cama em direção ao banheiro se livrar do cheiro da culpa.Ao deparar com as inúmeras gotículas recaindo em trajetória retilínea observo meu reflexo.

Não hesito em pensar:não me agrada o que observo.

Um suspiro escapa de meus lábios,lá se foi:

Um pedido de ajuda.

Ou um pedido de desculpas?

Poderia vir a ser lágrimas também…

Enquanto isso,a reminiscência aproveita a brecha e invade trazendo consigo uma coletânea de recordações,algumas dóceis e outras que carregam certo amargor.Ironicamente,a primeira imagem que me veio mentalmente era a negritude e soturnez de seu olhar,um flashback vem todos aqueles momentos agridoces .Simultaneamente todas as vezes que as frases-lâmina me atingem com precisão perfurando o cerne insinuando o quanto fui ingênua e que deveria ter me protegido com a indiferença.As cicatrizes que carrego são provas verídicas de que foram muitos ataques,muitas perfurações e que sua remediação não teve tanta atenção quanto deveria.

“Seu pedido de desculpas fajuto,tão vazio quanto o dono das palavras,mais uma vez em finjo compreendê-lo, fantasio um perdão inexistente e como consequência marcas são deixadas em meu interior.”

Toda ação tem sua reação até a terceira lei de Newton tenta justificar as mazelas sentimentais diante disso altas doses supérfluas de arrependimento são injetadas na consciência anestesiando e carregando até me tornar cega pelas doses da docilidade dos nossos melhores momentos.Correspondendo a devoção de suas mãos ao percorrerem minhas curvas e o brilho de seu olhar que ao mais tardar ficou subentendido como o  libido desejo.Assim aparece a ilustre presença da paixão e ilusão,-Vindas por minha parte,é claro,mas o suficiente para tornar a remediação eficaz,em contraste,o uso contínuo e incessante devida a extensa coletânea de momentos origina uma overdose  efeito antagônico,ele me intoxica de forma gradativa da mesma proporção que a nicotina atinge meus pulmões.

É nítido minha inconsequência e ingenuidade.

Como dar vivacidade a algo vazio?

Como justificativa ainda de forma desesperada a compreensão fajuta entra em cena por indicação das protagonistas anteriores,vulgo paixão e ilusão procurando incessantemente por razões para continuar o amando,a mesma estava desesperada tentando procurar algo que pudesse persistir aquele sentimento porém foi tola o bastante de se limitar a um lugar estéril.

“E com certa devoção…

Vejo os efeitos anestesiantes recaírem sobre mim.

A melancolia nos acerca.”

Em um típico romance é tradição ficarmos envolvidos num triângulo amoroso,novamente tenho o desprazer de afirmar que não me torno exceção.

A devoção encontrada em seus mais sinceros sorrisos e declarações não foram destinados a mim e sim a ela.Era como se eu fosse uma tentativa em vão te preencher-lo,sendo que aquele vazio pertencia somente a ela.

E finalmente para comprovar de vez a contradição,a melancolia,uma simples figurante.O tempo todo presente porém sua presença era ignorada entra em cena expulsando a compreensão e remendando,os pedaços soltos deixados pelas antigas protagonistas.Ela acerca,toma forma e protege lidando com todo o amor e sua devoção deixando-me alheia a toda dor.A mesma denominada como sentimento negativo é que carrega,traceja e sutura todas os machucados dos mais profundos.

As máscaras são postas.

Não há mais nada, além da doce e sublime ilusão.

A voz martela : - Tudo está bem...Tudo em breve se acertará…

Entretanto, sabemos que a inconformação se alastra como chamas interiormente.

Ela grita.

Ela clama.

Implora.

E espera que ao menos um resquício de orgulho próprio predomine…

A devoção não permite.

Que eu simplesmente ignore sua existência.

As lágrimas descem desobedientes,

E a cada encontro inevitável um suspiro de melancolia talvez inaudível se expõem entre nós dois.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado até breve e deixem seus comentários!



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