Segure minha mão escrita por NT


Capítulo 46
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Ei bonitas, tudo bem? Estou de volta tentando normalizar, se aparecer uma galera por aqui até terça posto mais um ;)

Beijos!



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Capítulo 46 — O tempo não apaga

 

Gabriel

 

 

Saí do chuveiro e fui deitar, demorei a pegar no sono, cada vez que fecho os olhos, ela vem na minha cabeça, a foto de seu filho e um rosto imaginário, que seria de seu marido aparecem para mim. É tão difícil, mas, apesar disso não posso culpá-la. Se eu a visse deitada nua, com o Marcos, eu agiria da mesma forma, ou faria pior. Não posso cobrar confiança dela, porque a cena que ela deve ter visto realmente deve ter sido muito ruim. Eu não me lembro de nada, isso dói tanto. Mas eu sei que não transei com a Cecilia, eu sei que não fiz nada. Eu preciso de provas, preciso de alguma coisa... Se um dia a Luiza voltar... Eu posso explicar tudo, mostrar as provas... aí ela vai voltar para mim... Não... ela não vai voltar, ela tem uma família agora, tem um filho...

Com esses pensamentos e depois de chorar, acabei dormindo.

Duas semanas se passaram, era a virada de ano. Fui para a praia com a galera, mesmo não tendo vontade.

— Vamos, Gabriel, se anima! Virada de ano cara! — Diogo disse.

— Estou animado. — falei forçando um sorriso.

— Percebi. — ele disse enquanto Pati chegava, os dois se abraçaram e ficaram lá juntos.

Eu saí andando pela areia, fui até a pedra grande, não tinha ninguém lá, só eu. Aquele lugar não é conhecido, são poucas pessoas que o conhecem.

Sentei na pedra e fiquei vendo os fogos, deu meia-noite, vi casais se beijando e se abraçando dentro do mar, provavelmente fazendo juras de amor, juras que daqui a algum tempo, por causa de alguma briga, ou uma intriga separariam aquele casal feliz. Grande humanidade... sempre deixando os outros estragar o amor verdadeiro. Se eu tivesse acordado dez minutos antes... não teria deixado ela ir. Se eu tivesse...

Minhas lágrimas caiam enquanto lá na praia as pessoas riam felizes.

O começo de mais um ano sem ela.

E assim eu passei esse novo ano, sem ela, praticamente sem vida. Estava fazendo um curso técnico de engenharia, eu fazia outros cursos também e trabalhava, então era para isso que eu vivia, era com isso que eu deixava de pensar um pouco nela.

 

Mais um ano passou. Mais uma virada de ano sozinho na pedra grande. Agora já faz dois anos e meio que ela se foi.

Estamos em abril, em julho eu me formo e já tenho emprego garantido em uma grande construtora. Vai ver, é como diz, azar no amor, sorte no jogo, no caso, trabalho... Hoje tem uma festa na casa da Vic, ela vai fazer os vinte anos dela.

Depois do serviço, fui para o curso, saí de lá onze horas, logo cheguei em casa, era sexta. Tomei banho, me arrumei e fui para a casa dela.

— Gabi! Que bom que veio! — Vic disse vindo me abraçar.

— Claro né, vinte anos da minha prima preferida. — falei dando um beijo no rosto dela.

— Ah, assim eu fico me achando...

— Boba. — dei um abraço nela. — Parabéns viu.

— Obrigada, entra. — entramos e fomos para a sala.

— Aí! Agora sim da pra beber! — Diogo disse.

— Opa! Ainda bem que me esperaram... — falei rindo, já haviam umas seis latinhas em cima da mesinha da sala.

— Demorou de mais, a gente ficou com sede. — Kauã disse me dando uma lata.

— Valeu. — tomei um gole.

Eu estava tentando viver, saía com eles sempre, mas me sentia meio ruim, afinal todos estavam de casal, menos eu. Pi, Kauã e Diogo até tentaram me apresentar umas meninas, mas eu não quis saber de namoro, fiquei, peguei, mas nunca quis nada sério.

— Gente, mensagem da Lu! — Vic disse olhando feliz para o celular. — “Amiga! Achou mesmo que eu ia esquecer? Nunca né! Parabéns! Tudo de bom para ti! Olha o Matheus te desejando um feliz aniver também! Beijos e saudade”. — Vic leu e ficou toda melosa depois — Ah, que lindo, gente, olha o Matheus aqui!

Vic leu a mensagem e logo abaixo estava a foto do filho da Luiza, o celular passou e chegou em mim, olhei aquele menininho, ele tinha carinha de safado. — Ri para mim mesmo vendo a foto — Ele era lindo, como ela.

— Que coisa fofa! —Pati disse.

— Da vontade de amassar as bochechas dele! — Lê concordou.

— Coitadinho, amor! — Pi riu.

— Imagina se ele estivesse aqui... não ia ter mais bochechas. — Diogo falou e nós começamos a zoar ele.

— Cara, você é retardado. — Kauã riu.

— Nem é. — Pati deu um beijo nele.

Peguei o celular outra vez e fiquei olhando aquele garotinho pequeno, não sei de onde vinha aquilo, mas eu sentia tanta vontade de pegar aquele menino no colo, mesmo sendo filho de outro cara. Me sentia como se fosse um pai. Sentei no sofá enquanto a galera ainda zoava com o Diogo, fiquei olhando a foto e a Vic sentou do meu lado.

— Saudades dela, né? — Vic disse.

— Você não faz ideia, Vic. — falei ainda olhando a tela.

— E se ela ainda te amar?

Eu suspirei.

— Ela está há dois anos e meio fora praticamente... ela já me esqueceu.

— E se ela não tiver te esquecido, se ela voltar?

— Voltar? Ela não vai voltar, ela tem um filho, um cara que fez ela me esquecer. — Falei levantando do sofá e indo para fora.

— A Luiza ainda te ama.

— Ela disse isso para você? — Perguntei encarando Vic.

— Eu sei que ela te ama, Gabriel, nada nesse mundo pode tirar você do coração dela.

— Ela teve um filho com outro. — Falei olhando para o nada.

Vic me surpreendeu com uma pergunta.

— E se ela voltasse, o que você faria?

— O que você acha que eu faria?

— Você iria atrás dela?

— E isso ia adiantar? Eu não tenho provas sobre aquela noite.

— O que você passou até hoje já é a prova.

— Mas ela não sabe de nada, não sabe como eu fiquei quando ela partiu, não sabe as noites que eu chorei, não sabe de todas as vezes que vocês tentaram me tirar de casa, não sabe o quanto eu sofri, nem o quanto doeu em mim não tê-la aqui comigo todo esse tempo. Ela não sabe o quanto ainda dói.

— E você, sabe o quanto dói para ela?

— Vic, ela tem uma família agora! — falei num tom mais alto.

— Ela não tem um marido, Gabriel! — Vic devolveu.

— Co... Como assim? Mas... e o pai...?

— Ela não é casada, não tem uma família, ela mora com a Nanda ainda e é solteira.

— O cara deixou ela...?

— Eu... — ela deu uma gaguejada. — eu não devia estar falando essas coisas.

— Devia sim, isso me dá esperança. Eu ainda vou ver ela de novo. — Falei e sorri olhando as estrelas.

— Eu espero que ela volte logo.

— O filho dela... ele é tão lindo quanto ela. — Sorri.

— Você amaria essa criança mesmo não sendo seu filho?

— Se é filho dela, é meu filho também, porque de qualquer maneira, ele vai ter um pouco de mim, já que ela tem o meu coração. — Sorri para Vic.

— Isso foi lindo, Gabriel. — Vic disse emocionada.

— Vamos entrar? — Convidei.

— Vamos.

Voltamos para a sala. Fiquei mais dez minutos e depois resolvi ir embora.

— Galera, vou ir. — falei me espreguiçando.

— Já? Acabou de chegar. — Kauã disse.

— Ah... Estou cansado...

— Tudo bem... Vai lá, a gente se vê. — Vic sorriu.

— Tchau pra vocês. — falei e fui para a porta.

Logo cheguei em casa, entrei e fui dormir, eu estava esgotado.

Sábado Pi, Diogo e Kauã me convidaram para ir pescar, as mulheres deles queriam fazer um programa de mulheres na casa da Vic. Fomos e acampamos na beira de um rio, montamos as barracas e tal... Passamos a noite de sábado lá. Domingo a galera foi para a praia, eu não fui junto, queria descansar.

A saudade da Luiza está tão grande, eu queria poder ver ela, poder tocar nela, ter seu beijo, seu abraço, seu sorriso. Ela me faz muita falta.

Os meses de abril e maio passaram lentos, finalmente chegou junho e o dia da formatura.

— Meu filho, que orgulho! — minha mãe disse emocionada.

— Que isso, mãe... — abracei ela que já chorava.

— Seu pai deve estar tão feliz hoje, vendo o homem que você se tornou.

— Com certeza ele está. — senti um nó na garganta, lembrar meu pai sempre doía muito.

— Hoje é um dia tão feliz!

— Seria mais ainda se a mulher que eu amo estivesse aqui. — falei lembrando da Luiza, já perdi as contas de quantas vezes penso nela todos os dias.

— Um grande amor nunca morre, Gabriel. — minha mãe falou e sorriu, depois virou as costas e me deixou ali parado pensando naquela frase.

— Nunca morre. — falei para mim mesmo lembrando de tantos momentos ao lado dela.

— Aê, Gabriel! Quando virar patrão, eu quero fazer sociedade! — Pi veio me cumprimentar.

— Estou dentro! — Diogo disse.

— Fechou nós quatro então! — Kauã concordou.

— Vocês vão me levar a falência, isso sim. — falei e nós rimos.

— Estou louco para a minha hora chegar! Não vejo a hora de pegar o diploma! — Diogo disse animado.

— Quem diria... — falei e ri, o Diogo com um diploma...

— Olha quem fala... — Ele disse, rimos e ficamos falando besteira, como somos homens, não deixamos de apreciar as minhas colegas naqueles vestidos longos e justos.

— Nossa, aquela do roxinho tem um corpão. — Kauã disse.

— Olha a de rosa... — Diogo cutucou.

— Nada... olha a de azul claro... — Pi falou cutucando também.

— Olha as mulheres de vocês aí atrás... — falei rindo da cara das meninas que estavam paradas atrás deles com umas caras de matadoras.

— Que história é essa, Kauã?! — Vic perguntou braba.

— E você, Diogo?!

— E você, Pietro?!

— Ah, amor... só comentei... mas ela não chega aos seus pés! — Kauã abraçou a Vic.

— Nenhuma bate você! — Diogo disse dando um selinho em Pati.

— Você é a mais linda de todas, não só do salão, mas do mundo! — Pi disse para Lê e mais um beijo rolou para completar minha vela.

— Ô felicidade, que bom que eu posso comentar a vontade... — Dei de ombros.

Nós rimos, o pessoal tentava ao máximo fazer eu esquecer a Lu, me fazer seguir em frente, mas por mais que aquele salão estivesse cheio de mulheres maravilhosas, a mais perfeita não se fazia presente.

A cerimônia de formatura foi muito legal, recebi meu diploma e palavras de incentivo do mestre. Por incrível que pareça, pela primeira vez na vida eu me qualifiquei em primeiro lugar em alguma coisa. Mas realmente aquilo me dava prazer.

— Já está com o emprego garantido então? — Diogo perguntou enquanto tomávamos uma cerveja.

— É, praticamente... semana que vem é a entrevista. — Falei.

— Tomara que de tudo certo! — Vic disse.

— Tomara, mas eu estou tranquilo. — Dei de ombros.

— Vai trabalhar onde? — Pi perguntou.

— Na construtora do Pablo, ele foi sócio do meu pai uma vez.

— Aquela que tem lá do lado da loja de roupas da Mauara? — Pati perguntou.

— É, mas aquela loja fechou... Eu ouvi falar que vai abrir uma galeria de arte e um estúdio fotográfico lá... — Respondi.

— Vai sim! A… — Vic falou, arregalou os olhos e parou — é... eu ouvi falar.

Ficamos conversando mais um tempo ali no salão e depois fomos todos para um barzinho. O celular da Vic tocou.

— Amor, eu vou ali fora um pouquinho, já volto — ela um beijo no Kauã e foi atender.

Ficamos conversando e tomando uma cerveja, olhei para fora e vi a sombra da Vic e de mais uma mulher, as duas se abraçaram e depois Vic voltou para o bar.

— Quem era ela, amor? — Kauã se referia a sombra que já tinha entrado num táxi.

— Ela? Quem? Onde? — Vic se afobou um pouco olhando nervosa para fora.

— Vimos você falando com alguém. — Kauã disse.

Eu ainda olhava fixo para a janela do bar.

— Ah... era uma... amiga. — ela piscou para o Kauã.

— Hum.. — ele sorriu.

Ficamos mais um tempo ali, já era meia-noite.

— Acho que está na hora de ir. — falei levantando.

— A noite é uma criança, Gabi! — Lê riu.

— Eu sei, mas eu vou indo. Amanhã tenho que preparar uma apresentação e segunda vou para a entrevista... Falou aí galera.

— Até...

Domingo, levantei tomei um banho, coloquei um calção e fiquei no computador criando uns gráficos de ideias, Pablo era amigo da minha família, havia sido o melhor amigo do meu pai, ele me deu umas dicas e disse para eu preparar umas ideias, dando opiniões sobre jeitos e tal... Eu gostei. Desenhei a planta de um prédio e de uma casa, como amostras. Também me organizei para parecer responsável (algo que aprendi a ser) e saber o que falar na hora da entrevista.

Domingo fui dormir cedo, nem saí de casa. Segunda acordei rápido, estava ansioso. Tomei um banho, me vesti e fui para a entrevista.

 

Já são três anos e meio sem ela.


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Notas finais do capítulo

Quero ver comentários sobre esse capítulo, vamos lá, e se vocês aparecerem por aqui, eu apareço na terça com mais um quentinho haha

Beijos!



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