Fantasmas do Natal escrita por Shin Damian


Capítulo 5
O Destino Final




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.:Afrodite:.

Mesmo que eu corresse o máximo que pudesse, não consegui chegar a tempo da ceia de Natal, então, desisti de ir pra aquele lugar. Mandei uma mensagem pro italiano “Assim que acabar a ceia, encontre-me no restaurante perto de casa, não vou conseguir chegar aí a tempo.”... Pelo menos essa ele respondeu com um breve. “Ok”.

Um breve ok, seguido de uma demora de uma hora e meia pra frente. Algumas famílias estavam no local e aquilo ainda me deixava constrangido. De fato, ainda me acho um ser extremamente belo, belo acima da média, muito acima e quando uma menina que aparentava seus sete anos se aproximou e sorriu.

“Moço, você parece um anjo.” Foi o que a pequena dissera. Sorri e pela primeira vez, não soube o que falar a alguém. Realmente sou belo, mas admito que tento melhorar sempre o corpo, os cabelos, tudo de maneira sutil, sem procedimentos.

— Realmente, você chama muita atenção. – a voz rouca e levemente irritada atrás de mim era reconhecível. Abri um meio sorriso e virei para encará-lo.

— Vincy. – olhei o relógio do celular. – Demorou bastante. Muito ocupado com o pessoal?

— Na verdade eu não fiquei pra comer. Só peguei trânsito. – fazia um sinal com as mãos enquanto falava.

Fui para um canto mais calmo com o canceriano e inicialmente pedimos algo para comer, mas logo vimos que os pratos estavam muito bonitos e especiais pela época do Natal. Pedimos vinho branco enquanto ele me dizia o que havia ganhado no amigo secreto.

Novamente, perdia-me naqueles lábios finos e no meio sorriso que eles esboçavam. Aquele típico cafajeste e conquistador, o amante italiano com todo o ar de mafioso. Até mesmo sua risada era gostosa de ouvir.

— Sabe... Até que o Natal não é tão ruim. – comentei enquanto comia o pernil.

— Não é. – sorriu. – Você não deveria se isolar tanto, os outros perguntaram por você, até o Camus.

— Hunm... Ele não é tão mal humorado quanto imagina, só é na dele. – respirei fundo e bebi o vinho. Eu não sabia bem o que dizer, mas teria de acertar as coisas antes que ficassem ruins pro meu lado. Admito que não me arrependo do meu passado ou nada do tipo, mas temo o futuro. – Vincy, quer passar o restante da noite comigo? Realmente preciso de distração e temos muito a conversar.

— Já estou passando o “restante” da noite com você. – comentou enquanto partia uma fatia da carne no prato.

— Refiro-me a passar lá em casa e de preferência fazendo outras coisas, aquelas impróprias para menores.

Vi o mesmo parar de comer, enquanto eu prossegui normalmente. Sei que é uma reação de surpresa, até porque, eu não pediria isso se não fosse realmente o que quisesse. Servi-me vinho e um tanto mais da comida, coisa que nunca fazia em dias normais, no entanto, o prato era leve e a ocasião festiva.

Vi seu olhar desconfiado sobre mim e também percebi que tentava entender o que passava em minha mente. Se o fizesse, com certeza pediria para que explicasse, porque em relação aos sentimentos estou muito confuso. Quero-o perto, mas não quero mudar meu jeito. Não posso. Esse sou eu e ponto, do jeito que ele me conheceu e provavelmente gosta.

— Por que esse pedido? Por que hoje? – parecia confuso.

— Porque um corvo me contou que certo alguém tem negócios a resolver na Itália e eu não quero que esse certo alguém vá sem antes ter um motivo pra voltar. – esse talvez fosse o máximo que eu poderia dizer a ele naquele momento ou em qualquer outro. Não entendia a razão daquilo, mas eu o queria e tenho plena certeza de que também sou desejado por ele. Juntarei a fome com a comida.

— Você está ciente de que se eu voltar, vou querer mais, não é? O que vai fazer? Eu não vou querer só uma noite e você sabe muito bem os motivos.

— Eu sei. Você gosta de mim, mais do que a amizade... E eu admito, sinto uma imensa atração por você. – isso, apenas para não falar que se ele usar os argumentos e a sedução correta...

Vi a risada dele e o pedido da conta. Ergui uma sobrancelha sem entender muita coisa, afinal, sempre dividíamos o almoço, o lanche, o jantar, o que quer que fosse. Em um meio sorriso, estiquei-me sobre a mesa e pousei os lábios sobre os dele, deixando-o sem ação, um pouco sem graça, talvez.

— Começando a seduzir desde o restaurante, Vincy, desse jeito... – aproximei os lábios de seus ouvidos. – Desse jeito eu me apaixono.

— Ah! Caspita! Não fale isso assim! – estalou a língua e deixou aquele jantar belíssimo pago em plena noite festiva.

Era um fato que quando andávamos naquela rua, as pessoas olhavam. O vento frio e a neve que caía, realmente eram inspiradores pra algo dentro de casa. Minha mão foi segurada e antes de chegarmos ao prédio, fui colocado contra a parede, tento os lábios tomados de maneira ávida.

A pele quente e também o jeito que me prendia. Era como uma dominação que eu fazia questão de sentir. Acariciei seus cabelos e o olhei diretamente.

Apressado. Isso é o que o define, mas eu também não tenho jeito, não hoje. Desejo o Vincenzo, mais do que qualquer coisa nesse momento. Subimos pelo elevador trocando amassos e continuamos assim, até chegar na porta do apartamento.

Quando entramos, aquelas mãos que antes passeavam sobre minhas roupas, tomaram rumos completamente distintos. Arrancaram peça por peça antes mesmo que eu ligasse o aquecedor do apartamento.

Pra que? Desnecessário. Em passos cambaleantes e lentos, fomos ao quarto, caminho que ele sabe muito bem e faria vendado se fosse o caso. Deitou-me na cama e despiu-se, não sozinho. Fiz questão de tirar também, peça por peça daquele corpo definido e acariciar a pele quente, roçando de leve as unhas.

Não paramos por aí. Não mesmo, a noite só estava começando e eu realmente queria que fosse a melhor da minha e também da vida dele. O motivo? Oras! Se o meu futuro fosse mesmo aquele, estaria até aceitável, eu me tornaria um estilista e não teria que me exibir a ninguém menos que meu marido.

.:.

...

No dia seguinte...

...

.:.

Eram dez horas quando Afrodite acordou. Estava frio, muito frio e o ar condicionado que servia de aquecedor estava ligado a 26 graus. “Não entendo” foi que pensou ainda torpe e levemente cansado da noite que tivera.

Ainda sem sair das cobertas, vestia as roupas, vendo o italiano ressonar ao seu lado. Definitivamente os dois juntos eram um risco à moral e aos bons costumes. Despudorados na cama, não conheciam limites e pensar nisso, fazia o sueco corar.

Quando o mesmo se levantou e fora em direção ao banheiro social, viu que o outro acordara também e estava apenas mantendo a preguiça matinal “em dia”. Sorriu suavemente, quase em um jeito terno e ajeitou os cabelos.

— Eu te vi desgrenhado hoje mais cedo, é tarde demais pra tentar parecer bonito. – comentou o canceriano em um tom divertido, que fez o loiro virar o rosto, levemente irritado.

— Bom dia pra você também, Vincy.

— Ótimo dia. Depois de uma “Noite Feliz” daquelas, é claro que é um ótimo dia. – levantou-se e foi até ele, segurando-o pelos braços. – O que acha de ser um “Dia Feliz” também, hein?

— Não. Você terá de se contentar com isso até voltar da sua viagem da Itália. Depois disso terá o “Dia Feliz” que quiser.

Em um sorriso malicioso, o mais baixo passou uma das mãos pelas costas do pisciano, causando um arrepio por estarem quentes. Arranhou levemente a pele macia e beijou-lhe o pescoço, rente a orelha.

— Isso quer dizer que ganhei um namorado de Natal?

— Não, Vincy... Isso quer dizer, que eu ganhei caso fixo, com estreitos laços afetivos e importância social.

Em outras palavras, o sueco apenas confirmava o que o outro havia falado. Afrodite nunca foi o tipo de homem de dizer claramente seus sentimentos, pelo menos não com palavras, os sorrisos cúmplices de ambos demonstravam também o jeito nada comum que se entendiam. O jeito torto de se tratarem e mais ainda, um jeito egoísta, porque os dois eram.

Vincenzo só pensava em seus sentimentos, mesmo quando saltava entre um relacionamento e outro, Sigvard pensava em sua própria comodidade. Definitivamente, um casal ambicioso, egoísta e de certo modo, maldoso, acabava de ser formado.

Em completa certeza, os fantasmas do Natal, falharam em sua missão, pois o sueco não mudara em anda.


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Notas finais do capítulo

Então, tudo o que posso dizer é que "Pau que nasce torto, morre torto." XD

É isso!!! Até a próxima, meus amores!!!



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