— The Mad Prince —

Rhaegar sempre foi meio obcecado pela história de Azor Ahai. Desde quando sua mãe contou-lhe — enquanto acariciava o seu rosto com aquelas mãos suaves que apenas Rhaella Targaryen tinha — que ele era, tinha certeza, o príncipe prometido, Azor Ahai — o maior herói das histórias de canções que ele tanto adorava tocar em sua harpa — Rhaegar nunca esquecera aquilo. A partir daquele dia, treinou com todo afinco para ser um bom espadachim e equiparar-se ao nível que esperava-se daquele que lutaria contra a segunda longa noite.

Porém, apesar de todos os seus esforços, Rhaegar não era o príncipe prometido, de acordo com aquela mesma bruxa que predissera a profecia para o seu avô, Jaehaerys II. Porém, a bruxa acrescentou, Azor Ahai estava destinado a renascer de sua semente.

E quando a pequena Rhaenys nasceu — princesa, não príncipe — Rhaegar sentiu que morreria de decepção. Podia até mesmo amar a filha, mas, ainda assim, o que desejava era um príncipe, o seu príncipe prometido.

Temia estar se tornando tão obcecado quanto o seu avô, que obrigou os filhos a se casarem e viverem toda a vida infelizes apenas por uma profecia.

Porém, quando Aegon nasceu... Rhaegar sabia que aquele só podia ser o seu príncipe. E acreditou nisso...

...Até o torneio de Harrenhal, quando viu pela primeira vez aquela menina-loba com gelo no olhar. Lyanna Stark era jovem e impetuosa, e aquele seu olhar passava a impressão de poder congelar qualquer homem que se atrevesse a chegar perto de mais; Rhaegar a desejava, mas sabia que estava além disso. Era necessidade. Ela era gelo. Ele, fogo. Assim que a viu, soube que o seu príncipe prometido só poderia ser gerado por Lyanna Stark.

E — mesmo com Lyanna sendo noiva de Robert Baratheon, mesmo com ele tendo Elia — ele a raptou, da mesma forma que dizia-se que os selvagens das terras pra lá da muralha faziam com as mulheres ao sul desta. E, apesar de toda a guerra, toda a carnificina, todo o caos gerado por sua obsessão, Rhaegar ainda achou que valia a pena, quando ouviu Lyanna dizer com uma voz fria, apesar dele poder sentir o medo por baixo da frieza:

— Minha regra está atrasada e... Acho que estou grávida.

E, quando Robert Baratheon enterrou aquele monstruoso martelo em seu peito e ele viu os rubis pulando de sua armadura apenas uma frase lhe veio à mente:

Lyanna está grávida.

As últimas palavras morreram em sua garganta, mas ele sorria. Sorria porque teria seu príncipe prometido, e era isso que importava, afinal.