Você me fez ingerir algumas coisas, não posso comparar isso a nada.
Aposto que ainda tenho esperanças que depois dessa febre eu sobreviverei.
Sei que estou agindo feito louca, estou presa, tudo está nebuloso
Com a mão no coração, estou rezando para sobreviver a isso tudo.

Alice estava deitada em sua cama, com o olhar perdido e o pensamento distante. Já se passava da meia noite e a garota ainda não conseguira dormir. Sua mente a forçava relembrar dos últimos acontecimentos, de tudo que viveu e presenciou. De como sua vida mudou após a chegada dele.

Sempre fora uma garota tão cuidados quando se tratava desses assuntos de amor. Sempre fez o possível para não se apaixonar, pois sabia o quanto esse sentimento era destruidor.

Que não importa o tempo que passasse, uma hora ou outra você acabaria sendo esmagado com as decepções e a realidade dolorosa.

Quantas vezes suas amigas não haviam lhe alertado que ele acabaria lhe machucando, que aquele garoto era problema na certa. Que não importasse o quanto dizia que gostasse dela, ele iria se cansar e a largar assim como fez com as outras.

Alice se achava tão tola, tão burra por ter deixado se levar pelo coração e não pela razão.

A cama está ficando fria e você não está aqui
O futuro que temos é tão incerto,
mas eu não vivo enquanto você não me ligar

Virou-se para o lado, numa tentativa de que se mudasse a posição acabaria por adormecer. Mas ela estava enganada. Apenas sentiu o vazio e se lembrou de todas as noites que precisava dela, ele pulava sua janela e dormia ao seu lado, mesmo se ela não visse, mas sentia o calor de seus braços a rodeando.

Já se fazia duas semanas depois daquela briga estúpida que tiveram. Só de lembrar de que teve que o abandonar, e o mandar embora de sua vida seu peito inflava de dor e as lágrimas acumulava em seus olhos.

Acabou e o que restou foi o vazio de sua ausência.

E naquele quarto pequeno, escuro e silencioso a única coisa que poderia escutar era os soluços da garota, que teve seu coração partido por um amor incerto.

Mas Alice sabia que havia agido certo, o futuro deles era incerto. Ela sempre foi a estudiosa, a filha de ouro, a amiga de todas as horas. A que tentava o máximo não se envolver em encrencas, que tinha um coração mole e sempre tentando ajudar o próximo.

Já ele era totalmente ao contrário. Expressões vazias, e emoções frias. Não demonstrava se importar, sempre visto com seu cigarro e com um ar arrogante. Era um ímã para encrencas, ele era o tipo de cara que Alice Longbottom jamais se imaginou sentindo-se atraída, e foi por isso que seu coração bateu forte por ele.

E vou apostar contra tudo que dará certo.
Guarde seu conselho pois não vou ouvi-lo,
Você pode até estar certo, mas eu não ligo.

Desde o momento em que havia olhado para aquele garoto tão misterioso, ela sentiu vontade de decifrar o que passava dentro de Albus Severus Potter. Mas no final ela se decepcionou com o que viu. Mas mesmo assim continuo a tentar, mas dessa vez para ajudá-lo.

Mas ele não queria ajuda, ele não queria que ela o mudasse, por que ele era daquela forma, e nada nem ninguém o faria agir ao contrário. Quantas vezes ele lhe avisou para se afastar, que acabaria se machucando, que ela merecia alguém melhor e menos problemático. Mas Alice jamais o escutava.

Ele poderia estar certo, mas ela não ligava. Pois sabia que atrás daquela máscara de indiferença havia alguém de coração puro, que se importava.

Há um milhão de motivos para que eu te abandone
Mas o coração quer o que ele quer

Tantas lembranças passava por sua mente, tantas coisas que havia passado com ele, e por ele. Albus era o tipo de garoto que você tem todos os motivos para desistir, para manter distância.

Mas, quanto mais ele dava motivos para que Alice desistisse, mais ela se sentia atraída. Parecia que gostava de sofrer, de mendigar amor. Mas ninguém entendia que pequeno gesto vindo dele já fazia com que seu coração amolecesse. Pois ele não era de demonstra, mas quando fazia isso era por que é verdadeiro.

O seu coração queria ele, queria o que ele quer.

Você me partiu em pedaços...
Mas então você desaparece e me deixa esperando

Então uma luz forte invade seu quarto através da sua janela, e um motor de carro a faz levantar rapidamente. Ela conhecia aquele som. Seu coração teve uma breve falha, e sua respiração ficou descontrolada. Será que era ele?

Levantou-se da cama, percebeu que as luzes do farol haviam se apagado. Caminhou lentamente até sua janela e ficou por de trás das cortinas, olhando apenas por uma fresta.

Então ela o viu. Estava parado, escorado na porta no carro, segurava uma garrafa de uísque na mão esquerda e enquanto a outra estava dentro do bolso da calça. Seus olhos estavam vidrados em direção a porta da casa. Parecia pensativo.

Alice queria tanto correr até ele e o abraçar. Senti o cheiro do seu perfume e tocar aquela face tão macia. Queria olhar mais uma vez e ser perder na dimensão verde de seus olhos.

Estava tão perdida em pensamentos que não notou o momento em que olha em direção a janela de seu quarto e percebe que ela estava o encarando. Seu coração acelerou quando seus olhos se encontraram.

Albus a encarava com sua velha expressão fria e indecifrável. Mas Alice podia notar algo diferente em seu olhar, já não havia mais aquele brilho de antes.

E cada segundo é uma tortura
Esse inferno vai acabar
Estou encontrando maneiras de te deixar para trás
Baby, baby, não, eu não tenho saída

Em momento algum eles desviaram os olhos, eles não queriam, eles não conseguiam. Era algo fora do comum, como se um puxasse o outro, era como magnetismo.

Albus levou a garrafa até seus lábios e sentiu o liquido quente escorrer sobre sua garganta. Não sabia exatamente o por que estar ali. Sentiu apenas uma vontade de sair com o carro, e quando viu estava parado em frente à casa dela.

Ele sentiu sua falta. Mesmo tentando mentir para si mesmo que não precisava dela, ele sabia que precisava. Alice era seu porto seguro, era a única pessoa que conseguia lhe proporcionar alguns minutos de paz.

Era a primeira vez em semanas que ele encarava aqueles olhos azuis. Não, na verdade era a primeira vez que era retribuído, pois sempre se pegava a encarando durante os intervalos, e na sala de aula. Até mesmo se arriscava a passar na frente de sua casa e poder vê-la sentada debaixo da arvore lendo seu livro.

Albus sabia o quanto fez ela infeliz, que a machucou com suas palavras, ou das vezes que a usou para se esquecer do passado. Mas era egoísta demais para a deixar ir. Até o dia em que Alice toou a iniciativa e o mandou ir embora da sua vida de vez. Será que ela não percebia que ele precisava dela?

(...)
Esse é um conto de fadas moderno
Sem finais felizes, sem nenhum vento soprando em nossos barcos

Alice apenas o observava. Queria tanto que ele batesse na sua porta, queria tanto que ele demonstrasse que sentia a falta dela, tanto quanto ela sentia a dele.

Mas nada disso aconteceu. O viu abaixando a cabeça e respirando fundo. Depois disso adentrou novamente no carro e sem ao menos olhar novamente para ela deu partida no veículo e foi embora.

Alice não aguentou. Sentiu suas pernas fraquejarem, virou-se para trás e escorou-se na parede. As lágrimas pareciam não acabar. Sentou no chão frio do quarto e escondeu as cabeça por entre as pernas. Ele havia partido novamente seu coração. Era sempre assim, ele vinha fazia a maior bagunça na sua vida e ia embora. Mas ela já deveria não se surpreender com isso.

A garota ficou tanto tempo naquela posição que nem percebeu que novamente um carro parou em frente à sua casa, e só levantou o rosto quando ouviu a campainha da sua casa tocar, e ouvir Albus gritar seu nome.

Mas não imagino minha vida sem
Os momentos de tirar o fôlego acabando comigo

A garota ficou estática. Não conseguia acreditar que ele havia voltado. Talvez fosse sua mente pregando alguma peça. Mas não era.

Albus depois de ter ido embora pensou que seria o certo, ela merecia alguém melhor que ele. Alice era uma garota dócil, amável e extremamente carinhosa. Ela era perfeita, mesmo com seus defeitos e as manias que ele detestava. Mesmo com o jeito de querer contraria-lo toda hora, de como ela revirava os olhos quando ele dizia algo, que para ela, era extremamente ridículo, ou como ela ficava nervosa quando ele chegava perto dela. Ele amava o seu cheiro de jasmim, do corpo quente dela e de sentir o gosto de seus lábios.

“Você pode procurar em outros planetas, galáxias, um alguém que te ama assim como ela, mas não vai encontrar.”

Todos o alertava sobre isso, até seu próprio pai havia lhe aconselhado. Alice foi a única que lhe amou de verdade, que o fazia esquecer o passado. Ela havia trazido novamente luz a sua vida de escuridão. E ele era egoísta demais para a deixar ir, para que outro tomasse seu lugar.

Então deu meia volta, e agora se encontrava em frente a porta da casa da garota gritando desesperadamente pelo seu nome. Pela primeira vez ele pedia a Deus para que o ajudasse.

Foi então que seu corpo travou e um arrepio percorreu seu corpo. A maçaneta da casa girou e a porta se abriu revelando a garota de cabelos loiros, pele extremamente branca e com o rosto vermelho e os olhos inchados por conta do choro. Ele odiava vê-la assim.

Ficaram se encarando por longos segundos. Não sabia o que dizer um ao outro. Alice esperava alguma reação vindo dele. Enquanto Albus tentava procurar palavras que pudesse se redimir, mas sabia que era quase impossível.

– Oi.

Ele disse cortando o silencio entre eles. “Oi? É sério isso Albus? Você só vai dizer um misero oi? Cara eu não estou me reconhecendo.” Ele pensou na frase estúpida que havia falado.

– Oi. – ela respondeu como um sussurro, sem ao menos encara-lo.

Albus sabia que tinha que dizer alguma coisa, e seria agora. Ele a encarou, estava cabisbaixa, parecia não querer encara-lo.

– Alice. – a chamou e caminhou em sua direção. A garota levantou o rosto e ficou surpresa com a aproximação do garoto.

– Por que você tá aqui? – ela perguntou e aquilo o pegou de surpresa.

– Bem, - ele começou enquanto tentava achar as palavras certas. – Não sei. – respondeu incerto de suas palavras. Ele sabia exatamente o porquê de estar ali, mas não sabia como admitir.

Alice o olhou confusa, será que ele estava tentando brincar com ela? Será que sua ex havia lhe dado outro fora e ele veio atrás dela na tentativa de amenizar a dor?

– Olha Albus me desculpa, mas se você veio aqui pensando que ...

Ela não deu tempo de terminar a frase pois sentiu ele segurar seu pulso e a puxar para perto de se, a abraçando fortemente. Alice não soube como reagir, estava estática e confusa com o ato inesperado dele.

Albus por outro lado parecia ter esquecido tudo e todos, e se concentrou em apenas sentir aquele cheiro que ele tanto odiava amar, e sentir o calor daquele corpo que ele tanto ansiava.

Não demorou menos de dez segundo, mas para eles parecia ter sido séculos aquele abraço. Ele a afastou apenas para encara-la. Ela parecia tão frágil, tão delicada. Como se apenas seu toque pudesse faze-la em pedaços.

–P-por que você tá aqui? – Alice voltou a perguntar.

Albus respirou fundo, era agora.

– Eu quero você, eu preciso de você. - Albus não conseguia desviar seus olhos do dela, Alice sabia que estava sendo difícil para ele admitir, sempre foi orgulhoso demais. – Eu quero você de volta.

Alice queria tanto acreditar em suas palavras, mas não conseguia.

– Porque você me quer de volta?

Ela perguntou desconfiada. Provavelmente queria ela de volta como seu escape.

– Eu não sei. Quer dizer, eu sei. – ele a soltou, e passou as mãos pelo cabelo, num sinal de nervosismo. - Eu acho que sei. Bem, parece, tudo indica, acho que decidi que... Argh!

Ele virou as costas. O que estava acontecendo com ele? Por que não conseguia dizer logo de uma vez? Não era tão difícil assim. Era?

Alice o observava em silencio. Era claro que ele estava brincando com ela, tinha sido uma tola por acha que Albus estava ali para se redimir.

– Olha Albus eu tenho que entrar. – o avisou já se virando para entrar, mas ele a impediu segurando seu braço fortemente e a virando novamente.

– Puta merda velho, será que você não percebeu ainda? – ele perguntou nervoso.

– Percebi o que Albus? Que você tá aqui por que sua ex te deu mais um fora, ou que você é orgulhoso demais para aceitar o fato que fui eu que te deixei? – Alice se soltou dele e cruzou os braços, estava ficando nervosa já com aquele teatrinho. – Eu não sou sua marionete Potter, eu tenho sentimentos. – falou apontando em direção ao peito, ele apenas escutava calado. – Sentimentos esse que você fez questão de usar.

Sentiu seus olhos encherem de lágrimas, mas não iria chorar na frente dele novamente. Nunca mais.

Vendo que ela havia ficado calada, Albus resolveu falar:

– Sabe, - começou, - Desde o dia que você se foi senti um aperto aqui. – pegou a mão dela e colocou em seu peito, seu coração pulsava forte e ritmado embaixo de seus dedos. – Sente isso? – perguntou a olhando nos olhos, e ela balançou a cabeça afirmando o encarando de volta. – Você causa isso em mim Alice, por algum tempo eu fiquei com medo dessa sensação, sempre negando você e o amor que você estava disposta a me dar. – ele não sabia exatamente, mas as palavras pareciam sair naturalmente, sem pensar. – Não por que você não seja boa para mim, eu é que não sou bom o suficiente para você.

– Não diga isso. - ela o interrompeu com sua voz embargada pelo choro.

– Mas é verdade, você é incrível garota. – deu um sorriso de canto enquanto limpava as lágrimas daquele rosto delicado com o polegar. – Você merece o universo, enquanto eu sou apenas uma estrela. Você trouxe luz para mim Alice, você me fez ficar viciado em você. Eu preciso de você na minha vida Alice, eu fui um tolo por ter percebido tarde demais. Você me entende melhor que meus pais, você me acalma quando estou enlouquecido, aquece meu coração quando ele está frio, me faz dar valor a vida quando esqueço de viver. – ele segurou o rosto dela com as duas mãos, a fazendo olhar diretamente em seus olhos. – O que eu tô querendo dizer Alice é que, - ele respirou fundo – É que eu te amo.

Há um milhão de motivos para que eu te abandone
Mas o coração quer o que ele quer

Alice o encarou surpresa. Ela não esperava por aquilo, e muito menos por sentir que aquelas palavras fossem tão verdadeiras.

Então o abraçou. Fechou os olhos e sentiu seus braços em volta de si, lhe fazendo acreditar que o mundo pode ser consertado. Lhe fazendo mais uma vez não desistir dele. Albus poderia ser uma bagunça, cheio de defeitos, mas Alice o amava, e quando se ama não desiste.