Blindness escrita por MasterFic


Capítulo 1
A princesa que era alérgica ao sol




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/57626/chapter/1

Alice Kudrow observou bem os passos, o caminhar, o olhar daquela assassina infiel.

 

Paris Arquette caminhou poderosa, ela rebolava até demais enquanto cruzava o salão do palácio.

 

Uma lágrima demorada atravessou o caminho das bochechas de Alice, ela ainda encarava a mulher perversa, de longos cabelos loiros, presos num rabo de cavalo muito bem feito.

 

 “Dois dias?! Você me dá somente, dois dias?!” Alice se levantou. O soco que tinha levado tinha resultado agora em sangue jorrando da sua boca até seu pescoço, ele já estava coagulando, mas ainda ardia no seu corpo.

 

“Eu passei uma vida com eles! E-eu... Amei-os!” Alice mexia as mãos enquanto gritava.

Paris parou de caminhar. Alguma das palavras tinha afetado, mas ‘amei’ não era uma delas.

 

Ela se virou, um sorriso maligno se estampava no seu rosto como se a qualquer momento ela quisesse dar uma risada altamente diabólica.

 

“Alice, não encha meus ouvidos com suas palavras tristes. Se você os amava tanto, devia ter contado no que você se tornou” Paris falava tudo movendo a língua lentamente, tentando disfarçar seus instintos á flor da pele.

 

- Sabe que eu seria destronada! Sabe que nós seríamos! – outra lágrima atravessou o rosto dela. Ela deixou-se cair de novo, seu rosto se encontrou com a madeira escura do grande salão.

 

- Você sabia, sabia que eu seria a nova princesa se descobrissem que você se tornou uma vam-! – a empregada da casa abriu a grande porta no momento em que Paris ia pronunciar a palavra que tinha atormentado os sonhos mais profundos da pequena princesa Alice, mas essa princesa não mandava só no país das maravilhas, ela era a princesa do submundo.

 

A empregada encarou as duas rapidamente, e soltou um breve ‘oh!’ Ao ver a princesa caída.

 

Os olhos vermelhos de Paris rapidamente se tornaram amarelos.

Ela colocou os óculos escuros e se virou, dando um sorrisinho esnobe antes de se retirar.

 

A empregada correu indo ajudar a menina.

Alice foi se levantando sozinha, ainda encarando a porta por onde Paris tinha saído.

 

A empregada se aproximou mais da pequena princesa, pondo a mão nas costas da menina. “Tudo bem princesa Alice?!” Ela falava as coisas num tom de desespero falso, como se quisesse que a menina morresse ali mesmo. Tudo isso porque ela estava demorando em dizer as coisas, torcendo para perder tempo que seria ser precioso para a vida de Alice.

Alice sentiu o cheiro do seu próprio sangue, seus instintos selvagens e predatórios foram ativados...]

 

Em segundos, Alice subia as escadas lentamente enquanto a empregada estava com os olhos virados, morta no meio do salão e com uma poça enorme de sangue saindo de sua boca.

 

**

 

Alice acordou de um pesadelo profundo e tomou ar desesperadamente.

 

Ela olhou em volta, mas não sabia onde estava. Sua cabeça doía, e ela sabia que estava esquecendo de algo muito importante, mas não sabia o quê.

Ela se levantou rapidamente e olhou em volta, na sua cara uma expressão de desespero evidente.

 

O lugar era grotesco e sujo, tinha o aspecto de um metrô sujo e esquecido no meio do nada. Na sua frente um banco feito de cimento onde alguém parecia estar sentado lendo o jornal. Alice engatinhou até estar mais perto do banco, onde se apoiou em seus joelhos e se segurou no banco para procurar alguma informação.

 

“Senhor, com licença, onde estou?” A princesa fez a voz doce que a fazia parecer uma menina dócil e amigável, na maioria das vezes usava isso para encontrar presas.

 

Alice encarava o senhor que usava uma roupa bem estranha para um humano.

 

Alice o encarou por bastante tempo até se cansar e começar a encarar o jornal.

 

“Folha Universal? Que tipo de jornal é esse senhor?” Alice o encarou de novo, se concentrando em um botão estranho no seu casaco azul celeste.

 

O ‘homem’ começou a mover o rosto bem devagar. Rosto não, o casaco que estava disposto sobre sua ‘cabeça’ começou a se mover.

 

Alice demorou um tempo para perceber que o homem não tinha rosto, era somente uma capa azul celeste andando por aí.

 

A princesa tomou um susto e foi se afastando devagar. O ‘homem’ continuava ‘olhando’ pra ela, até que ela apressou o passo e acabou batendo em outra ‘coisa’.

 

Ela olhou pra cima e a figura assustadora de um cão a encarou. Sentiu uma pata tocar suas costas, a fazendo ter um enorme arrepio.

 

Ela empurrou a pata e começou a correr de novo, quando um barulho agudo e enorme invadiu seus ouvidos. Ela se recolheu no chão, tapou os ouvidos e fechou os olhos.

 

O barulho durou alguns minutos até ir parando bem devagar. Alice foi abrindo os olhos quando se deparou com uma figura altamente estranha: uma espécie de trem, mas em forma de centopéia!

 

Alice ficou observando o ‘trem’ atentamente. Para seu susto, do organismo da centopéia começaram a surgir portas de metal, que logo depois se abririam, deixando vários tipos de seres saírem.

 

Alice no embalo se levantou, encarando a multidão e ficando cada vez mais tonta com a repentina movimentação da estação.

Duas figuras estranhas conversavam, e ela estava agora encarando elas duas.

 

“Poderá passar uns dias na casa dos Twenthy, todos conhecem nossa hospitalidade Sr. Meta-humano!” A primeira figura era de uma mulher de cabelos e sobrancelhas roxos, que usava roupas da mesma cor. Ela continuou falando.

 

“Mas não venha com abusos! Nada de meses, deixo você passar uma semana, e nada mais!” Ela fechava os olhos e movia as mãos enquanto falava com a segunda figura, um homem (um aparente ser-humano finalmente) de bela aparência que apresentava um semblante cansado.

 

“Não se preocupe senhorita Purple Twenthy, só desejo passar essa semana mesmo, depois tenho umas coisas a fazer em Lutherville.”

 

‘Lutherville?’ Pensou a princesa ‘Já ouvi falar nesse lugar... ’

Ela voltou a encarar as figuras curiosas, mas não as encontrou em lugar nenhum.

Alguém cutucou suas costas, ela imediatamente virou.

 

“Hora veja só Sr. Archie! Parece que encontramos a foragida princesa Alice do mundo desconhecedor!”

 

Aquelas palavras foram bastante para Alice lembrar de tudo o que lhe ocorrera, sabia que agora estava no submundo, na estação de metrô Damn Creature e que agora a guarda do submundo a procurava por ter matado seus próprios pais.

 

Alice deixara as criaturas estranhas a tempo. Entrara correndo dentro do trem e se escondido debaixo de uma das mesas que ficavam entre os bancos.

 

Passou minutos lá, pensando, confabulando, esquematizando. Quando alguém se abaixou e olhou para ela. O ser tocou seu braço e falou calmamente.

 

“Você não pode ficar mais nesse trem criancinha, espere o outro para poder ir para o seu destino!” O aparente ser humano deu um sorriso, então Alice saiu caminhando rapidamente do trem.

 

Na saída, tentou localizar rapidamente as figuras que a tinham reconhecido, mas de novo estava perdida, agora numa multidão maior.

 

Ela se jogou no meio do povo, e caminhou entre criaturas hora mais altas hora mais baixas que ela. Tivera sorte que nenhum delas a tinha reconhecido pois não teria escapatória se acabasse sendo pega no meio de tanta gente.

 

Ela se esbarrava em diferentes tipos de pele, quando acabou vendo a saída dali. Como de costume, olhou as horas no relógio da estação e estava com sorte, ainda era de noite, mas não muito longe do clarear do sol. Teria que arranjar um lugar para ficar durante um dia, porque senão seria uma princesinha morta.

 

Tirou a visão do relógio e continuou a andar pra frente se focalizando na saída da estação. Os guardas do lugar estavam muito ocupados, e o movimento na saída era tão grande que ela conseguiria sair com facilidade.

 

Rapidamente estava fora da estação, onde pode tomar um pouco de ar.

Ela se dobrou e pos a mãos nos joelhos, e levantou a cabeça, para sua infelicidade.

A moça toda de roxo e o rapaz que aparentava ser humano estavam de tocaia esperando a menina sair, um grande sorriso estava estampado no rosto da moça de roxo, que encarava secantemente a princesinha.

 

“Veja vagalume! A menina finalmente deixou a estação!” Ela começou a caminhar, fazendo Alice ficar mais decidida a correr.

 

Ela apressou o passo e fechou os olhos. Correu uma distancia considerável até ser parada. Ela abriu os olhos e tudo que pôde ver era... Roxo.

 

Uma mão tocou sua cabeça, a apertou e puxou. Alice agora olhava obrigadamente para os olhos profundamente... Roxos da mulher.

 

“Você pode correr rápido vampirinha, mas eu ainda sou Purple Twenthy, aquela que deixa todos de olho roxo, de um jeito ou de outro!” Ela deu uma risada mostrando seus dentes, que por surpresa não eram roxos.

 

Purple a pegou pelo braço e começou a puxar, Alice estava se deixando levar, sabendo que agora tinha encontrado uma oponente realmente forte, de quem não ganharia correndo.

 

“O que vai fazer comigo roxuda?” O apelido inventado pela menina não agradara muito a mulher, que agora tinha mudado de um super-sorriso para uma cara raivosa.

 

“Não ouse repetir este apelido novamente princesinha-sanguessuga! Parece não ir muito com roxo, então não me dê mais motivos para não gostar de você!” A mulher começou a puxar o braço da menina mais rápido, como se a fúria não afetasse só suas feições, mas seu corpo todo.

 

“O que vai fazer comigo?” Alice ainda falou, num tom misto de raiva e esperança.

 

“Já disse que não gosto de você garotinha, mas como minha hospitalidade é essencial, a deixarei morar durante uma (ela tornou esta palavra medonha do jeito grosseiro que falou) semana entendido?”

 

Alice se assustou com a reação da mulher diante dela.

 

“O-obrigado!”

 

“Não há de quê, princesinha!”

 

Alice puxou o braço, e agora andava de mãos dadas com a moça roxa.

 

“Alias, como é seu nome verdadeiro senhorita?” Ela perguntou enquanto caminhavam em direção a qualquer coisa.

 

“Chamo-me Purple Colorful Twenthy!” ela disse como se fosse um nome nobre “Sou da família a cor roxa!”.

 

“Como assim da família?” Alice indagou-se.

 

“A família Twenthy é composta de humanos originalmente, mas como esse é o submundo, nada que não é mágico ou ci-en-ti-fi-ca-men-te provável pode viver neste lugar” Ela tomou um pouco de ar e tossiu “Então os humanos nascidos aqui tiveram que ser transformados pela natureza mágica! Nós da família Twenthy somos um caso especial, cada um de nós tem habilidades de batalha relacionados a cores!” Purple se sentia orgulhosa de contar isso a alguém.

 

“Puxa! Mas, dona Purple, como assim habilidades de batalha?” Alice guardava o semblante de uma criança desconhecidente de nada em volta.

 

“Ré!” Ela fez com a garganta “Esse universo é tão grande, que hoje em dia é impossível ter regras nele. A única regra é lutar pelo o que você acha certo, defender até que alguém desista ou morra em combate!” Alice ficava deslumbrada com o que ouvia.

 

“Então o mundo por aqui é só de guerra, não é?” Alice olhou pros seus pés enquanto continuava caminhando.

 

“Não princesa. Não nos compare com sua ex-espécie inútil, não somos humanos, lutamos pelo o que achamos, pelos nossos pensamentos!” Alice voltou a olhar pra mulher, parecendo mais interessada “Lutamos pelos nossos familiares, lutamos para não sermos roubados, pelas nossas casas, pelos nossos pertences! Felizmente hoje em dia muitas pessoas não saem por ai procurando briga, mas se você é um viajante geralmente vai encontrar brigas feias em cidades perdidas que sejam auto-suficientes! Essa cidade é a capital do submundo, aqui os que brigam são levados para os guardas que levam o dinheiro pela cabeça, dependendo do capturado!” Alice estava tentando compreender algumas das palavras difíceis, e agora se perguntava pra onde iam “Brigas ocorrem mais facilmente em lugares onde os guardas são mais desatentos e etc...”

 

Alice fez um ‘hum!’ Falso que quebrou o assunto.

 

“Bom, parece que eu falo demais não é princesa? Vamos, já estamos chegando!”

 

Purple olhou pra frente e puxou a menina pelo asfalto.

 

“Vamos onde dona Purple?” Alice finalmente perguntou.

 

“Vamos pegar a hidrovia da cidade, a casa dos Twenthy fica na beira da praia!”

Purple deu um sorriso como se chamasse a menina para longas férias de verão.

 

Elas continuaram caminhando rapidamente, o coração da pequena princesa amaldiçoada estava agora jogado no mundo, num mundo onde quem não sabe lutar não sobrevive.

**

 

Em outro ponto da cidade, duas irmãs gêmeas e encrenqueiras conversavam e riam alto, bebendo vinho tinto. Elas seguravam papéis de pessoas procuradas e olhavam com malícia para os zeros dos prêmios.

 

“Veja, minha gêmea Dokei, temos um novo alvo!” a menina estendeu um papel com o rosto de uma menininha para a outra.

 

“Uma princesa vampira? 20 milhões de moedas nela? É nossa, gêmea Dokei!” A menina fez um sorriso enorme.

 

“Veja em que tipo de moedas é o premio, se forem moedas de bronze não vale a pena! Já viu os preços nas lojas, gêmea Dokei? Seis vezes mais caro em moedas de bronze, e quatro mais caro em moedas de prata! Só as de ouro compensam de verdade!”

 

“Não, não! São de ouro sim, essa esta valendo a pena!”

 

Uma estranha imagem invadiu o cenário. Um senhor velho, de cabelos pretos que andava torto encarava as meninas.

 

“Vão se recolher Yuko e Mayumi, amanhã pela noite procuram essa vampira!”

 

As meninas se assustaram com a presença do senhor, mas logo relaxaram.

 

“Sim, Black Master Dad Twenthy…”

**

 

Alice ia causar confusão por ali e nem sequer sabia disso. Quanto ao Black Máster Dad Twenthy, agora sim os curiosos iriam descobrir a origem da sua fortuna.

 

Alice e Purple agora encaravam o SevenRiver, esperando um barco ou algo do tipo. Purple olhava impaciente pro horizonte, franzindo a testa como se estivesse com um sério problema de visão. Do lado direito dela o moço da estação, o que aparentava ser humano, mas que na verdade era um meta-humano.

 

Alice agarrou o braço de Purple impacientemente. Apertava os olhos fortemente, e qualquer um que olhasse diria que eles iam pular rapidamente. Fazia também um biquinho e pra completar o visual seus cabelos divididos bem no centro da cabeça cobriam seu rosto.

 

“Oh! Que demora! Onde estão White e Gold com essa baleia infernal?!” Purple inclinava a cabeça e reclamava de cinco em cinco minutos. O homem olhava fixamente pra qualquer lugar, e os olhos azuis de Alice agora estavam quase que roxos de tanto ela apertá-los.

 

Alice bocejou, e Purple a encarou justamente quando ela fez isso. Purple usou o outro braço para acariciar os cabelos pretos da menina, e logo depois pegou um tipo de telefone todo roxo, o abriu e esperou.

 

Depois de um tempo, alguém pareceu ter atendido.

“Mãe! Eu estou com convidados, e fazendo-os esperarem, vocês podem, por favor, se apressar?” Purple estava escondendo uma raiva titânica.

 

“Apressem-se! Pink devia ter feito isso uma semana atrás! Peguem uma outra que esteja boa! Já estou a tanto tempo aqui que já poderíamos estar em casa, se alguém (ela forçou a palavra) não deixasse de fazer os seus deveres de casa!” Purple começou a andar e puxou Alice consigo. Elas encontraram um banco e depois sentaram.

 

O moço se atrasou um pouco mais, mas ele era misterioso o bastante para despertar alguma coisa em Alice. Quando ele virou o rosto Alice imediatamente se sentiu atraída por ele, seus instintos lhe diziam para atacá-lo já. Seu cheiro era magnífico, o seu sangue parecia ser apetitoso, uma pequena chama invadia Alice, ela chamava de instinto, todos no futuro saberemos que foi amor.

 

Se sentindo estranha Alice rapidamente parou de olhar pro moço, indo encarar seus joelhos mesmo sem querer fazê-lo. Ela foi ficando cada vez mais sem graça, nunca tinha se atraído por alguém que não tivesse matado em seus 12 anos de idade.

Um barulho invadiu seus ouvidos, o som de um animal. O som era nasal, e chamou a atenção da menina.

Alice abriu os olhos e encarou os falados White e Gold Twenthy.

O primeiro era alto e magrelo. Tinha um cabelo longo, liso e branco, e passava a imagem de boçal através do seu rosto. Usava uma capa longa e branca, e sandálias esfarrapadas que um dia foram brancas e agora estavam amarelas. Por baixo da capa um paletó branco de uma marca famosa no submundo. Ele tinha um ar fino e ignorante, como alguém de alta sociedade.

O segundo parecia uma estátua de ouro: sua cor era dos pés a cabeça o dourado mais delicado e precioso existentes. Tinha cabelos dourados e curtos, usava um suéter e calças formais douradas e um sapato de bico fino.

Embaixo deles algo altamente parecido com uma baleia, só que com sua parte de cima longa e achatada, carregando bancos para passageiros.

A baleia soltou um esguicho e pareceu sorrir para Purple.

“Até que enfim!” Purple se levantou mas não puxou Alice.

A menina continuou sentada, assustada.

 

O homem continuou sentado também, e Alice decidiu olhar pra ele, porque Purple, Gold e White pareciam estar ocupados arrumando os lugares.

Alice contemplou o belo rosto dele, ele tinha cabelos castanhos e olhos azuis. Tinha bastante barba, só que ela era bem definida no seu rosto de forma quadrada. Suas sobrancelhas eram grossas, mas não a ponto de serem feias e detestáveis, eram até charmosas e completavam o seu visual misterioso.

 

“Você é humano também senhor?” Alice perguntou por impulso. Viu que ele demorara a responder, e agradecera aos seus que ele não tinha notado. Chamar atenção era algo que ela não queria no momento.

 

O homem pareceu pensar por um tempo. Sorria as vezes, parecia que ele estava se recordando do passado que se relacionava com algo sobre humanos.

Ele piscou lentamente, abriu a boca, mas rapidamente fechou, parecendo sem palavras.

Abriu de novo e então começou a falar de verdade.

 

“Bom... err... Meio que sim, meio que não. Eu sou um meta-humano, eu sou um tipo de humano amaldiçoado que pode hora se transformar em animal, hora se transformar em humano.” Ele voltou a pensar com a cabeça baixa, mas esperando uma resposta dela.

 

Alice esfregou o nariz e comentou.

 

“Como assim amaldiçoado?”

 

“Lembra da história de fadas que o príncipe foi transformado por uma bruxa em sapo?”

 

“Sim! Você era um príncipe?”

 

“Não princesa, eu era só um humano normal. E não precisa ser uma bruxa, qualquer ser humano que tenha contato com magia negra pode transformar outro em qualquer coisa.”

 

Alice começou a mexer os pés, Purple e seus irmãos estavam próximos de terminar então estava se sentindo envergonhada e desconfortável de estar com aquele ser que lhe causava estranhas sensações.

 

“E o que aconteceu com você?”

 

“Eu tive culpa em um acidente que deixou alguém paraplégico. A mãe dela era uma wicca de gerações, depois do acidente só tive mais dois dias antes de me tornar isso que sou hoje. Na hora a guarda do submundo me trouxe pra cá.”

 

“No que você se transforma?”

 

“Eu posso me transformar em um vagalume!”

 

O homem deu um sorriso pra garota e começou a brilhar com uma luz branca e fraca, apesar de brilhar ainda era possível ver toda sua silhueta. Ele começou a diminuir, até desaparecer entre suas roupas.

 

Alice encarou as roupas por um longo tempo, até uma pequena luzinha sair voando de dentro das roupas.

Alice encarou o vagalume por um bom tempo enquanto ele rodeava seu rosto todinho, como se estivesse o mapeando.

 

O vagalume voltou para dentro das roupas, e em pouco tempo já era humano de novo.

 

O homem ficou de pé e encarou Alice por um tempo.

 

“Alice, se quiser vir comigo depois de passar uma semana na casa de Purple você pode. Você sempre pode contar com minha luz daqui em diante para iluminar seu caminho.”

 

Alice ficou encabulada.

 

“Mas eu nem te conheço direito...”

 

“Pense bem, você está sozinha nesse mundo. Não vai encontrar ajuda assim.”

 

Alice tentou dizer alguma coisa, mas então Purple chamou-os.

Alice se levantou mas ainda continuou falando.

 

“Não senhor. Se tem uma coisa que aprendi na vida, foi nunca confiar em estranhos. Por causa de estranhos, hoje eu sou vampira e matei meus pais, compreende?”

 

Archie ficou relutante, sua expressão era calma com um tom de mistério. Eles caminhavam lentamente em direção ao barco, Purple dizia ter terminado, mas ainda fazia ajustes.

 

“Sim princesa. Mas vamos analisar a situação: você acordou no meio de uma plataforma de trem, começou a correr de criaturas “estranhas” para o seu mundo humano, entrou num trem que você não fazia idéia pra onde ia...” Archie contava com os dedos os erros da menina e sorria gentilmente. Ela ria também gentilmente, suas presas ficaram a mostra.

“... Depois correu tentando sair safa da guarda do submundo, de caçadores de recompensa de plantão e de outros tipos de assassinos famigerados, correu pra qualquer lugar que você pudesse estar imaginando depois de sair da plataforma e depois tentou fugir de mim e da Purple. Há! Fugir de mim...”.

 

Alice levantou a sobrancelha.

 

“Como assim ‘fugir de mim? ’, eu sou bem rápida ok? Eu sou vampira! Mas eu fiquei realmente com muito medo da Purple, ela tem alguma influência sobre as pessoas!”

 

Archie riu.

 

“Você nem imagina como!”

 

Alice e Archie estavam esperando agora na frente da baleia achatada. Purple estava ficando impaciente junto com a baleia. White e Gold estavam sendo minuciosos com as palavras para não deixá-la mais irritada.

 

Alice começou a observar Purple, não tivera tempo, tudo tinha acontecido muito rápido. Pra alguém que tinha como lema nunca confiar em estranhos, Alice tinha contradizendo muito seus conceitos nas ultimas horas. Mas vamos dizer a verdade, conceitos não contam num mundo onde sobrevive o mais forte. Ai sim, só os fortes podem conter os conceitos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blindness" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.