Ctem - Homens de Branco escrita por Anna_Rosa


Capítulo 14
Gente grande




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O dia seguinte chegou nublado, trazendo com ele repolhudas nuvens cinza escuro, uma tempestade ameaçava cair a qualquer momento. Já passava do meio dia quando Raffiane adentrou a sala com cara de muitos inimigos.

-Boa tarde Raffiane! – exclamou Anthonyo com um sorriso bobo, enquanto a mulher sentava no sofá.

-Não enche Anthonyo! – respondeu ela secamente – E só se a tarde for boa pra você...

-Ei! – disse Anna entrando na sala – Ele não tem culpa se você esta brava.

-Ah mãe... – disse ela começando a chorar – ate você esta contra mim...

Anna respirou fundo antes de sentar ao lado de Raffiane estender os braços e dizer:

-Vem cá... – Raffiane abraçou a mulher, as lágrimas escorrendo pelo rosto – o que aconteceu?

-O-o Gre... Gregoryo brigou comigo... ele... ele di-disse que eu não sou nada pra ele...

-Entendo – disse Anna afagando os cabelos de Raffiane –, e o que você respondeu?

-Que... que... a culpa é toda minha, eu sou uma idiota e estrago tudo sempre...

-Foi isso que você disse ele? – perguntou Anthonyo rindo – porque se foi... – mas parou ao receber um olhar reprovador da mãe.

-Não, eu disse... umas coisas ruins, disse... disse...

-Tudo bem – respondeu Anna docemente – e onde ele está agora?

-Eu não sei!! – respondeu ela caindo no choro outra vez – Ele saiu furioso ontem e não voltou... e se ele foi morto...

-Ele deve estar bem Raffiane – respondeu ela – daqui a pouquinho ele chega. Mas, enquanto isso, porque você não sobe, toma um banho e depois come alguma coisa, isso já passa meu bem.

-Ai, ai... – disse Anthonyo assim que Raffiane saiu de vista – não sei por que eles não põem um fim nisso e cada um segue o seu caminho...

Anna apenas bagunçou os cabelos encaracolados o filho, que lhe deu um grande sorriso.

A tarde foi chegando ao fim, mas não havia sinal algum do paradeiro de Gregoryo, chovia fortemente, e Raffiane já estava a ponto de explodir, brigando com qualquer um que olhasse para ela, quando Rafael entrou na salinha dando noticias sobre o CTEM.

-Capturaram mais bruxos adultos, três homens e duas mulheres, eles estão se aproximando, as capturas foram feitas no povoado vizinho...

-Agora chega! – gritou Raffiane fazendo todos se assustarem – Eu vou atrás dele!

-Ah não vai não! – respondeu Luis autoritário – Ele não é criança, e com certeza não foi capturado...

-O Gregoryo pode estar em perigo! – gritou ela – Você não pode me impedir...

-Mas eu posso – respondeu uma voz fria vinda da porta – eu não preciso que ninguém vá atrás de mim, muito menos você! 

-Gre... Gregoryo! – disse Raffiane.

-Onde você esteve? – perguntou Luis

-Isso não é da conta de vocês, tenham uma boa noite!

E dizendo isso saiu da sala, deixando atrás de si apenas um caminho de pegadas enlameadas e água.

* * * * * * * * * * * *  * * *  * *

Conforme o tempo ia passando, o clima só piorava entre Gregoryo e Raffiane, havia três dias que os dois mal se falavam, e quando se encontravam ocorria, geralmente, outra briga.

-O senhor não gosta mais dela? – perguntou Tiago certa tarde, sentado embaixo de uma árvore quase sem folhas.

-Não! – respondeu Gregoryo decidido – Ela é uma metida, arrogante, prepotente, insuportável...

-Sei, mas você ainda a ama – disse Lily com os olhos brilhando – dá pra ver na sua cara.

-Não Lily, eu não a amo, eu a amava...

-Mas porque tudo mudou assim, do nada? – questionou Hugo – Meus pais brigam às vezes, mas eles se amam.

-Sim Hugo, mas eu e a senhora ingrata podemos, no máximo, ser amigos.

-Mas eu não entendo... – começou Tiago.

-É o que ela quer Potter! – respondeu Gregoryo pondo um fim no assunto

-Mas o senhor não vai fazer nada? – perguntou Hugo – Digo ir atrás dela...

-Eu já corri de mais atrás dela, e também, eu já estou cansando daqui...

-Como assim? – perguntou Lily

-Vou voltar pra casa...

-O que? – exclamou Rosa derrepente, se aproximando do homem – Voltar...

- Sim, eu já comprei a passagem.

-Mas... mas... – começou a ruivinha.

-Você não sente falta de casa Rosinha? – Perguntou ele afagando a cabeça da menina.

-Muita, mas é que...

-Pensamos que o senhor ia casar com a Raffiane – disse Alvo confuso.

-Não é tão simples assim – respondeu o homem.

-É sim – disse Tiago – os adultos é que complicam!

Gregoryo apenas sorriu, pensando como era ingênua a simplicidade com que as crianças viam as coisas, pra eles parecia tudo tão mais fácil, mais encantador...

-Ei – gritou Hugo – aonde o senhor vai, não terminamos nossa conversa!

O homem olhou para trás, já estava a meio caminho da porta, sorriu ao ver a cara indignada do menino e acenou, continuando seu caminho para dentro da casa.

* * * * * * * * * * * * * * * *

-Ah, nem vem! – disse Rosa decidida, enquanto conversavam na salinha.

-Que nem vem o que! – continuou Tiago no mesmo tom – Já conversamos com o Gregoryo – disse apontando para si, Hugo e Lily.

-É mas nós é que escutamos a conversa! – exclamou Al

-Grande coisa – continuou Lily.

-Não, que é isso – disse Alvo sarcástico – só descobrimos tudo...

- Mas a idéia e a conversa foram nossas! – continuou Hugo.

-O que estão planejando? – perguntou Luis – cochichando assim...

-Nada!! – responderam os cinco juntos

-Sei, porque vocês não desaparecem lá pra fora e aproveitam o tempo que falta pro por do sol – disse Luis sarcástico.

-Ótima idéia! – exclamou Rosa.

-É seria muito bom... – começou Alvo

-Mas – disse Tiago com um brilho nos olhos – já esta tarde e a Raffiane mandou a gente ficar aqui dentro, alem do que, tínhamos outros planos. Não é Al...

-Não! – disse o mais novo.

-Façam o que quiserem – disse Luis – mas se tirarem algo do lugar, sujarem, rasgarem, quebrarem ou aprontarem alguma coisa – continuou fazendo uma cara de mal – vão se ver comigo! Estão avisados.

Os cinco concordaram com os olhos arregalados, e observaram o homem sair da salinha.

-Então tudo certo – disse Lily vitoriosa – vocês dois tem mais ou menos uma hora e meia para pensarem no que dizer pra ela.

-Queria ver vocês nos obrigarem... – começou Rosa.

- Ótimo! – disse Tiago – Não precisam ajudar, só depois não reclamem quando ela virar a “super rabugenta” e vocês serem os culpados pelo fim de um possível quase feliz futuro casamento.

-Não somos culpados por eles terem terminado o que nem existia! – disse Alvo.

-Mas vão ser os culpados de nunca existir se não ajudarem. – continuou Hugo.

-É – disse Tiago maldosamente – sem contar que faremos questão de contar a todos os primos a falta de coragem de vocês, e ao tio George também...

-Não fariam isso... – perguntou Rosa – fariam?

-Acho que vocês mudarão de idéia logo, logo – terminou Hugo saindo da sala com Tiago e Lily.

* * * * * * * * * * * * * *  * * * 

-Isso é tão injusto! – reclamou Rosa uma hora e alguns minutos mais tarde caminhando ate o quarto de Raffiane.

-Se a idéia foi deles, então porque eles não vem falar com a senhora insuportável...

Alvo parou de falar no momento que um homem enorme, que eles sabiam se chamar Waldemar passou pelos dois, com um olhar de puro veneno e um frasco contendo uma poção de aparência assustadora.

-Esse lugar me da medo sabia – continuou o menino – já imaginou ficar preso aqui.

Rosa sorriu nervosa

-Ela – disse a menina indicando o quarto – me da mais medo que esse lugar...

Alvo concordou e abriu a porta do quarto, o local estava silencioso, vazio, calmo de mais...

-Mas, - começou o moreno – o Tiago disse que ela estava aqui!

-O que vocês dois estão fazendo?!

-RAFFIANE!!! – exclamaram os dois ao mesmo tempo.

-O que estão fazendo aqui?

-Nada – disse Rosa – é só que eu durmo aqui e...

-Você estava chorando? – questionou Alvo.

-Não – respondeu ela disfarçando – porque eu estaria chorando.

-Por causa do Gregoryo – respondeu Alvo sentando-se ao lado da mulher Rosa sentou em frente a eles na cama de Lily.

-Por eu choraria por um... um idiota, galinha metido a sabe tudo...

-Porque você é tão complicada? – perguntou Rosa entrando na conversa.

-Eu não sou complicada Rosa – respondeu ela enxugando uma lagrima.

-É que, eu não entendo, se você ama ele, porque não perdoa de uma vez?

-As vezes é bom fazer os outros sofrerem um pouco, para aprender...

-Mas Raffiane – disse a ruivinha confusa – é você quem está sofrendo!

-Não estou não! – disse ela secando outra lágrima – E o que é que vocês dois querem afinal – perguntou lançando um olhar penetrante à Alvo.

-Eu... eu... é quarto – gaguejou o menino – i-isso mesmo, do-dor quarto!

Dizendo isso saiu correndo do quarto, Raffiane virou lentamente para Rosa que deu um sorrisinho amarelo para a mulher.

-Então? – a menina abriu a boca, mas não disse nada – o Gregoryo mandou vocês virem aqui?

-Não! – respondeu a menina – nós só – continuou ela olhando em volta – viemos buscar meu xadrez!

-Você é uma péssima mentirosa Rosa!

-Eu sei... digo é verdade! O senhor Gregoryo não mandou a gente vim aqui! Serio!

-Mesmo – disse ela com sarcasmo – e porque seu primo saiu correndo daqui quando perguntei o que realmente queriam?

- Eu sei lá – disse ela – ele deve ter esquecido alguma bolinha auto-explosiva ligada em algum canto, ou deve ter pegado alguma coisa do Tiago que agora esta apitando, combinado algo com o meu irmão ou Raffiane, você perdoaria o Gregoryo se ele te pedisse perdão agora?

-Acho que você sabe a resposta – disse Raffiane colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha – e eu não vou te responder por que ele está ai na porta.

-Ahm, oi Raffiane – e olhando para Rosa – pode nos dar licença?

-Eu não tenho nada pra falar com você! E te dar licença, por favor, o quarto é meu...

-Pedi licença à ela, e não a você – disse ele indicando Rosa, que levantava da cama com um sorriso no rosto.

-Nem pense em sair desse quarto garota! – disse Raffiane rispidamente fazendo o sorriso da menina desaparecer.

-Sai Rosinha! – disse Gregoryo

-Fica aqui! – continuou Raffiane

-SAI!

-FICA!

-Ah! – exclamou a menina pegando o pijama – quer saber...

-Aonde você vai? – perguntaram os dois ao mesmo tempo

-Pro banheiro! – e vendo os dois confusos – assim não desobedeço ninguém, não saio do quarto, nem fico aqui!

-Crianças! – exclamaram os dois observando a menina se afastar, Alvo que observava tudo do lado de fora do quarto deu um tapa na própria testa.

-Então, podemos conversar? – perguntou ele educadamente.

-Eu tenho outra escolha? – disse ela com rispidez.

-Tem, se você não quiser conversar comigo, eu saio do quarto, sem problemas.

-Não, tudo bem – disse ela sem graça – o que você quer falar?

-Bom – começou ele sentando ao lado dela – é que eu vou fazer uma viagem longa, talvez demorada.

-Com quem? – perguntou ela virando-se para encará-lo.

-Sozinho! – respondeu ele – é uma viagem...

-Ótimo – exclamou ela – vai mesmo! É só ficar sem falar com você dois dias...

-Três...

-Que seja – continuou ela quase gritando – três dias e você já arranja uma qualquer e ainda por cima vai viajar com ela!

-Raffiane eu...

-Faça o que quiser! Eu não preciso da sua companhia para sobreviver...

-Raffiane cala a boca e me escuta! – gritou ele – Eu não vou viajar com ninguém, ate porque a única mulher que eu amo é você!

-Mas...

-Sem mas, cansei dos seu ataques de ciúmes idiotas! Eu vou voltar pra casa, para a minha família, para o lugar de onde eu nem devia ter saído. Não por você!

-Você vai pro Brasil? Mas e... – Raffiane tentava conter as lágrimas.

-Vai ser melhor assim – disse ele dando um beijo na testa da mulher – para nós dois... Adeus minha amiga.

Dizendo isso ele saiu do quarto, decidido, não ia voltar atrás. Raffiane foi ate a porta do banheiro e bateu calmamente.

-Abra a porta Rosa, e por favor, não diga nada.

A menina abriu a porta, Raffiane encarou aqueles olhos azuis antes de falar com raiva contida na voz.

-Você, vocês sabiam não é? Que ele estava indo embora!

-Tentamos te avisar o dia todo...

-Me deixa sozinha, por favor – pediu ela entre dentes – não quero descontar em você algo que não é sua culpa.

A menina abriu a boca, mas novamente não falou nada, se dirigiu ate a porta, encarou a mulher que ainda estava de costas e não se conteve.

-Mas você não vai impedi-lo? Ele vai partir em 10 minutos, ainda há tempo!

-Não Rosa, não há! As coisas não são tão simples quanto parecem.

“Gente grande – pensou a menina ao sair do quarto – porque eles tem que ser tão complicados.”

Raffiane sentou-se na cama as lágrimas teimando em cair de seus olhos, aquele era fim para os dois, ele estava indo embora, embora para longe, muito longe dela. Gregoryo partia, olhou uma ultima vez para o BOSB, nunca se imaginara indo embora assim, tão vazio, mas ele não ia voltar atrás, não agora, era melhor assim, para os dois.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora em postar o capitulo, é tudo culpa da escola, estudar em tempo integral vai acabar me matando...
O capitulo não ficou lá grande coisa, mas eu precisava dele... espero que gostem ^^
Ate logo...



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