As semanas entre a “invasão chinesa” e o casamento foram as piores da vida de ambos. O trabalho era um inferno compartilhado e quando chegavam em casa estavam frustrados demais para fazer qualquer coisa que não fosse sentar na frente da tv vendo programas imbecis no escuro para não precisarem ver um espelho de sua expressão miserável no outro antes de passar as próximas horas perfeitamente imóveis na cama enquanto os pensamentos corriam soltos a quilômetros de distancia.

Uma noite, os dedos se esbarram levemente. Em poucos segundos estão entrelaçados. Carl só nota a força com a qual Shirley se agarra a ele quando vê as marcas brancas deixadas em sua mão.

Naquela noite ainda há silêncio, mas um silêncio confortador de pessoas que não precisam de coisas banais como palavras. O silencio que queima ao redor deles, que lhes diz que estão fazendo a coisa certa.

Mais tarde eles estão enrolados nos lençóis. Ela ainda segura a mão dele. Um sussurro incerto pergunta: “Vai dar tudo certo?” e ganha como resposta um outro: “Tudo já está certo”.